sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Triple Bottom line: profit, people & planet

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Triple Bottom line: profit, people & planet
A visão tripla: lucros, pessoas e planeta
A regra que não mudou o mundo

Será que a visão tripla – lucros, pessoa e planeta – vai mudar o mundo? Claro que não, os três pilares devem estar juntos, mas não no mesmo grau de importância.

Vamos explicar melhor.

Os ambientalistas acertaram muito e em muitas áreas, já os economistas ignoram a dimensão ambiental e humana. Esse erro aparece aqui também: alguns ambientalistas mais práticos falham em não olhar a dimensão econômica e humana. Fica cada um deles nos seus extremos. Os ambientalistas acertaram bem em dizer que a natureza é o sistema mais importante de todos, a Economia Ecológica vai pelo mesmo caminho. Mas alguns ambientalistas erram em esquecer que o ser humano não brotou do nada, ele também é parte da natureza e inter-age com ela. Os economistas falham também em achar que a economia brotou do nada. Os erros são muito parecidos, a única diferença é que cada erro está num ponto cardeal diferente. Um dia, ambos terão o mesmo modelo mental e as três dimensões (planeta, pessoa e economia) estarão sendo consideradas juntas e na ordem de importância devida: planeta é o mais importante, as pessoas vem em segundo lugar e em último vem a economia, que na verdade depende das pessoas e do planeta.

Segue a redefinição de sustentabilidade do ponto de vista ambiental presente em minhas palestras:

A economia é um subsistema da natureza. Por essa razão, tem que imitar o seu funcionamento. Qualquer empreendimento/projeto ou país para contribuir para o desenvolvimento sustentável tem que ser: circular, regenerativo e finito. Nada pode ser considerado desenvolvimento sustentável se uma ou mais dessas características não estiver presente.

Essa definição não inclui a questão social, mas define qual é a relação do sistema econômico-humano com o planeta. Presume que uma vez assim definido, as questões sociais serão melhor endereçadas, mas a rota de colisão do sistema econômico humano com o planeta é hoje uma das nossas maiores urgências. Aquecimento global é uma delas, mas não a única, estabelecer uma prioridade aqui é inglório.

De qualquer forma, para começar a resolver questões ambientais e sócio-econômicas, a ótica tem que ser invertida. Abaixo, segue a realidade: a economia na verdade depende do planeta e das pessoas:



A realidade não é seguida. A ótica que define quase 100% das decisões de todos vem logo abaixo: os economistas firmemente acreditam que a economia pode ser maior que o planeta e ao insistirem nesse erro irão só continuar agravando a rota de colapso que irá produzir retrocessos ambientais, sociais e econômicos monumentais, tal qual Santa Catarina hoje. Note que sob essa ótica surrealista, o sistema mais importante é a economia. Isso é assustador, porque o economista criou um bicho - a economia - que não tem boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa) e não tem nem intestino nem reto (para onde vão os resíduos pouco importa). Esse bicho não tem contato algum com o meio ambiente, só tem sistema circulatório e poderia estar em qualquer lugar do universo. Nada poderia estar mais errado que isso.




Enquanto mantivermos o sonho que crescimento econômico e economia são mais importantes que equilíbrio ambiental e a sociedade e que conseguiremos ter uma economia maior que o planeta, estaremos só agravando a situação na qual já nos encontramos. A ordem do dia dessa discussão quilométrica e entender que é do planeta que tudo depende e que no futuro não haverão vencedores, pois todos nós estamos no mesmo barco, o planeta Terra que ao que tudo indica irá continuar sua jornada inesperada no universo sem muitos de nós.

E ainda seguimos acreditando na lógica: “Eu nunca morri, portanto, nunca morrerei.” Desde quando o fato de eu que vos escrevo agora, nunca ter morrido, isso significar que não morrerei um dia? E quem nem devo me preocupar com a minha morte? O mesmo vale para o planeta: “O planeta nunca expulsou a humanidade da Terra, sempre recebeu a nossa arrogância e crueldade animal descabida.” O fato de humanidade que só está aqui há 140.000 anos (enquanto gatos e lagartixas estão há 50 milhões de anos) não ter sido expulsa, em escala geológica e planetária de forma alguma elimina a possibilidade disso acontecer.

É hora de começarmos a nos preocupar com a nossa morte.

Hugo Penteado

2 comentários:

Eduardo Lima disse...

Caro Hugo, um bom exemplo da falta de sentido do foco irrestrito na economia e no seu principal indicador, o PIB, é que a tragédia em Santa Catarina estimulará a economia local! É de pasmar, mas todos os gastos para reconstruir tudo que foi destruído entrará no PIB catarinense. Contará a reconstrução de estradas e pontes, a reforma dos sistemas de tratamento de água e esgotos, as indenizações, os gastos hospitalares, etc.
Só não entrará na conta do PIB o trabalho voluntário, a ajuda dos amigos e parentes, entre outros aspectos importantíssimos, mas que são igonrados no cálculo do PIB.

Simone Mello disse...

Hugo, é realmente encantandor ler um artigo de um economista que nos remete a importância de aprendermos com a natureza e fico a refletir em que momento isto deixou de acontecer, pois é assustador tirarmos as coisas dos lugares em que estão no planeta sem ao menos refletir antes se não há um porque para este algo estar lá... me lembra um professor do curso de Biologia que dizia>> se a natureza colocou tantas árvores na mata desconfie de que há uma boa razão para isso...um abraço e que haja uma oportunidade de assistir alguma palestra sua.

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