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segunda-feira, 24 de setembro de 2012

ÁRTICO É A NOVA FRONTEIRA DE RECURSOS NATURAIS

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Não se preocupem: nos jornais que costumo ler (Financial Times, Wall Street Journal, NYT, etc.) estão todos comemorando o acesso a estoques incalculáveis de minérios, gás e petróleo. Já há uma preocupação grande dos países que não tem assento no Conselho do Ártico para poderem escarafunchar os meandros do até então inatingível Ártico.

SENSACIONAL!

Meu cenário agora não é de um carro sem freio numa estradas com visibilidade zero, que termina num precipício. Meu cenário agora é de um carro que quando ficar sem chão ainda vai alçar voo, dando uma falsa sensação de que estamos como Leibniz, vivendo melhor no melhor dos mundos.

Os(as) jornalistas que escrevem essas matérias de maior exploração do Ártico por acaso foram expulsos do inferno? Provavelmente não possuem prole alguma na Terra, embora isso não pareça fazer grande diferença para todos.

Hugo Penteado

Novo recorde de degelo no Ártico soa alerta

Estadão

24.09.2012

O drástico degelo da calota do Oceano Ártico finalmente acabou por este ano, anunciaram na semana passada cientistas, mas não antes de derrubar o recorde anterior e de provocar novos alertas quanto ao ritmo acelerado das mudanças na região.
A reportagem é do The New York Times e reproduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-09-2012.

Em 2012, a menor extensão da camada foi alcançada no último dia 16, segundo o Centro Nacional de Dados sobre Neve e Gelo dos EUA. A instituição informou que naquele dia a camada de gelo sobre o mar cobria cerca de 3,42 milhões de km2, ou 24% da superfície de todo o Oceano Ártico. A extensão menor registrada anteriormente, em 2007, foi de 29%.

Quando, no final dos anos 70, começaram as medições por satélite, a menor extensão do gelo registrado no verão cobria cerca da metade do Oceano Ártico, embora declinasse havia décadas. "O Ártico é o aparelho de ar-condicionado da Terra, e o estamos perdendo", advertiu Walt Meier, pesquisador do centro, uma agência patrocinada pelo governo.

A agência esperou alguns dias antes de anunciar o recorde para ter a certeza de que o gelo marinho começava a congelar novamente, como acontece normalmente nesta época do ano, quando o inverno se instala rapidamente no Ártico. Nos próximos meses, uma capa de gelo cobrirá grande parte do oceano, mas muito provavelmente será fina e tenderá a derreter com a volta do verão.

Relatório

Os cientistas consideram o rápido aquecimento da região uma consequência da emissão pelo homem dos gases do efeito estufa, e veem o derretimento como um alerta de grandes mudanças no resto do mundo.

Alguns acreditam inclusive que o colapso da calota ártica já começou a alterar os padrões atmosféricos no Hemisfério Norte, contribuindo para maiores extremos das temperaturas nos EUA e em outros países, mas isto ainda não foi comprovado.

O gelo do mar está se reduzindo muito mais rapidamente do que previa o último grande relatório da ONU sobre a situação do clima, publicado em 2007. As análises mais sofisticadas deste relatório feitas por computador sugeriam que o gelo não desapareceria antes da metade do século.

Agora, alguns cientistas acham que, já em 2020, o Oceano Ártico poderá perder grande parte de sua extensão de gelo nos meses de verão. Por sua vez, os governos não responderam à mudança com uma urgência maior para limitar as emissões dos gases do efeito estufa. Ao contrário, sua reação principal foi planejar a possibilidade de explorar os minérios do Ártico, agora acessíveis, inclusive com operações de perfuração em busca de mais petróleo.

"A comunidade científica se dá conta de que temos uma emergência planetária", disse James E. Hansen, especialista do clima da Nasa. "É difícil para o público admitir este fato porque ele põe a cabeça fora da janela e não vê nada disto acontecer."

Em certo momento do verão passado (inverno no Hemisfério Sul), o derretimento da superfície estava ocorrendo em 97% do lençol de gelo da Groenlândia, fenômeno que ainda não tinha sido visto na era das medições por satélite, embora a pesquisa geológica sugira que já aconteceu no passado.

Atualmente, o mar está subindo à média de 33 centímetros por século, mas cientistas como Hansen acreditam que esta média aumentará à medida que o planeta for aquecendo, colocando em risco toda a linha costeira habitada.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Troca de cartas

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Hugo,

Na Exame que está nas bancas (edição 987, de 9/3/2011), na página 116 tem uma matéria sobre “O Poder do Petróleo”.

Ela diz que “mesmo com a alta repentina, a situação ainda está sob controle, pois a soma do gasto mundial com petróleo hoje equivale a 4% do PIB global, percentual bem abaixo dos registrados a partir de 1979 e em 2008.”

Ou seja, sugere que, se não existir mais petróleo, o impacto na atividade econômica será em torno de 4%!

Me parece o mesmo raciocínio míope daquele economista (quem era mesmo?) que disse que o problema alimentar não era relevante, pois a participação da agricultura no PIB mundial seria em torno de 3%.

Ou seja, sugere que, se não existir mais alimentos, o impacto na atividade econômica será em torno de 3%!

Abraço,

CE

Carlos,

É uma idiotice manter uma relação direta entre importância e participação no PIB, que também apareceu nos alimentos (não lembro o nome do bestunto), quando os cientistas alertam para os riscos contra produção agrícola que emergem da crise climática atual (pois é, já podemos chamar de crise). Eu até brinquei, quando li isso, que nós teremos que nos preparar para comer carros e celulares. Mas você deve saber isso, o primeiro a fazer essa crítica foi Roegen. Outros devem ter feito também: a importância das coisas não é nada relacionada ao seu valor monetário, avisava o coitado do Roegen. Isso em termos biológicos, ecológios, mas até na atividade profissional temos certeza disso, quando compararmos uma enfermeira ou professora com um jogador de futebol ou apresentador de televisão. Depende do que significa importância, conceito relativo também, para impedir silogismos dos insatisfeitos. NEF tem uns trabalhos bons sobre isso, na parte de profissões.

Vou mandar lá de casa uma troca que eu tive com uma autor de artigos controversos sobre Malthus, Ehrlich e Simon. Enfim, o processo de negação é muito forte, os mitos se multiplicam a uma velocidade incrível, como uma derivação inevitável da negação e da dissociação individual dos riscos (quando só nos deveria interessar a questão coletiva). Está no fim, na minha opinião, a zona de conforto que muitos estão. É a hora do fim do ataque à razão.

Abraço

Hugo

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Rússia investe na perfuração oceânica de petróleo no Ártico

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A exploração de petróleo é prova da nossa ineficiência energética e do mito que falta energia para nos atender, quando na verdade, se a eficiência energética fosse adotada, conseguiríamos manter o sistema atual com 73% menos energia produzida globalmente, segundo a New Scientist e com isso, os mecanismos de sustentação da vida na Terra, dos quais dependemos, não estariam tão ameaçados...

Rússia investe na perfuração oceânica de petróleo no Ártico

O oceano Ártico é um lugar proibido para a perfuração de petróleo. Mas isso não impediu a Rússia de mergulhar nele – ou as companhias de petróleo ocidentais de a seguirem ansiosamente.
A Rússia, onde as reservas de petróleo em terra estão lentamente se esgotando, assinou no mês passado um acordo de exploração do Ártico com a gigante do petróleo britânica BP, cujas perspectivas de perfuração oceânica nos Estados Unidos se reduziram por conta do desastre no Golfo do México no ano passado. Outras companhias de petróleo ocidentais, reconhecendo a abertura de Moscou para novas perfurações oceânicas, estão em negociações similares com a Rússia.
As novas reservas de petróleo russas se mostrariam essenciais para o fornecimento mundial nas próximas décadas, agora que o país ultrapassou a Arábia Saudita como maior produtor de petróleo mundial, e enquanto a demanda global por petróleo continuar aumentando.
Mas à medida que as iniciativas da Rússia em alto mar avançam, as companhias de petróleo estarão se aventurando onde outros grandes países em torno do oceano Ártico – principalmente os EUA e o Canadá – temem permitir que a exploração de reservas de petróleo avance, tanto por motivos de segurança quanto por motivos ambientais.
Depois que o acidente da BP no Golfo no ano passado evidenciou as consequências de um derramamento catastrófico no oceano, as agências reguladoras dos EUA e do Canadá se concentraram nos desafios especiais do Ártico. A camada de gelo e os icebergs representam grandes ameaças para as plataformas de perfuração e para as equipes. E se houver derramamento de óleo no inverno, a limpeza aconteceria em meio à escuridão total que engolfa a região durante esses meses.
Na semana passada, a Royal Dutch Shell postergou planos para perfurar na costa do Ártico no Alaska, enquanto a companhia ainda enfrenta obstáculos por parte de reguladores cautelosos em Washington.
Os russos, que controlam uma área de perfuração mais promissora no oceano Ártico do que os EUA e o Canadá juntos, têm uma visão bem diferente.
À medida que suas reservas na Sibéria envelhecem, a produção diária da Rússia, sem nenhuma nova exploração, poderá ser reduzida em quase um milhão de barris até 2035, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Com sua economia dependente do petróleo e do gás, que respondem por cerca de 60% de todas as exportações, a Rússia vê pouca escolha a não ser perfurar o oceano – usando parceiros estrangeiros para fornecer a tecnologia e dividir os bilhões de dólares de custos de desenvolvimento.
E além disso, o desastre do golfo encorajou a Rússia a seguir adiante com a BP como sua primeira parceira. Na visão do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, hoje a BP é a companhia mais segura de se contratar para fazer o trabalho no oceano, depois de ter aprendido sua lição no Golfo.
“Um homem que já apanhou vale por dois que nunca apanharam”, disse Putin, citando um provérbio russo, depois que a BP assinou seu acordo no Ártico com a Rosneft, a companhia de petróleo estatal russa. A parceria demanda que as companhias explorem três seções no Mar de Kara, um corpo de água costeira cercada por gelo ao norte da Rússia central.
O acordo da BP não obteve muita reação da população na Rússia, em parte porque o movimento ambientalista é fraco, mas também porque os políticos da oposição não têm como impedir ou bloquear o processo.
O Ártico tem um quinto das reservas mundiais de petróleo e gás natural não descobertas e passíveis de extração, estima a Pesquisa Geológica dos EUA. De acordo com um relatório de 2009 do Departamento de Energia, 43 das 61 reservas significativas de petróleo e gás do Ártico estão na Rússia. O lado russo do Ártico é particularmente rico em gás natural, enquanto o lado norte-americano é rico em petróleo.
Enquanto os EUA e o Canadá hesitam, outros países estão abrindo espaço no Ártico para o setor. A Noruega, que no ano passado resolveu uma disputa territorial com a Rússia, está se preparando para abrir novas áreas de perfuração no Ártico.
No ano passado, a Groenlândia, que se tornou semi-autônoma em relação à Dinamarca em 2009, permitiu que a Cairn Energy fizesse algumas perfurações preliminares. A Cairn, uma companhia escocesa, está planejando quatro ouros poços este ano, enquanto a ExxonMobil, Chevron e Shell também devem começar a perfurar na área nos próximos anos.
Mas dos cinco países com costa no oceano Ártico, a Rússia é o que mais se beneficiaria com a exploração e o desenvolvimento da região.
“A Rússia é uma das peças fundamentais do fornecimento mundial de petróleo”, disse Daniel Yergin, historiador do petróleo e presidente da IHS Cambridge Energy Research Associates. “Ela tem um papel crucial na balança global de energia. O Ártico será um dos fatores críticos para determinar quanto petróleo a Rússia produzirá em 15 anos e exportará para o resto do mundo.”
Seguindo o modelo do acordo da BP, a Rosneft está negociando acordos de parceria com outras grandes companhias de petróleo impedidas de atuar na América do Norte e com intenção de explorar o fundo o Ártico na costa norte da Rússia. Entre elas está a Shell, disse o seu diretor-executivo no ano passado. O diretor-executivo da Rosneft, Eduard Y. Khudainatov, disse que outros representantes de companhias de petróleo estrangeiras fizeram fila do lado de seu escritório nos últimos dias. Artur N. Chilingarov, explorador polar, tornou-se um símbolo das ambições de Moscou no Ártico desde que andou num minissubmarino e colocou uma bandeira da Rússia no fundo do oceano sob o Pólo Norte, alegando a posse do local pela Rússia numa expedição de 2007.
“O futuro está no fundo do oceano”, disse Chilingarov, membro do Parlamento russo, numa entrevista. “Já perfuramos a terra até secá-la.”
A Rússia tem sido uma potência dominante do petróleo no Ártico desde que a União Soviética começou a fazer descobertas importantes nas reservas em terra de Tazovckoye, no litoral da baía de Ob na Sibéria em 1962. Os EUA não ficaram muito atrás, com a descoberta da reserva da baía de Prudhoe, em águas rasas, no Alaska, cinco anos depois.
A novidade é a movimentação em direção ao oceano.
As águas do Ártico são particularmente perigosas para a perfuração por causa do frio extremo, longos períodos de escuridão, neblinas densas e ventos com força de furacão. O gelo cobre a região por oito a nove meses durante o ano e pode bloquear a passagem de navios de socorro no caso de uma explosão. E, observam os ambientalistas, as baleias, ursos polares e outras espécies dependem dos frágeis habitats da região.
Essas preocupações impediram novas perfurações nas águas árticas do Alaska desde 2003, apesar de um grande declínio na produção de petróleo no Estado e do lobby intensivo das companhias de petróleo.
No Canadá, a perfuração oceânica no Ártico foi postergada enquanto o Conselho Nacional de Energia revê as regulações após o derramamento do Golfo.
Mas a Rússia está pressionando para seguir adiante. A decisão central para abrir o Ártico russo foi aprovada pelo parlamento em 2008, como uma emenda a uma lei sobre recursos do subsolo. Ela permitiu ao Ministério de Recursos Naturais transferir trechos do oceano para companhias de petróleo estatais num processo sem concorrência que não envolveu relatórios ambientais detalhados.
Até recentemente a Rússia via o mar de Kara, onde a BP e a Rosneft pretendem perfurar, como um lixão de gelo. Durante anos, a marinha soviética jogou lixo nuclear no mar, incluindo vários reatores usados de submarinos que foram jogados de embarcações em lugares não revelados.
Executivos da Rosneft dizem que sua perfuração exploratória não produzirá radiação.
Mas em todo caso, Chilingarov, o defensor das alegações da Rússia sobre o pólo, diz que um pouco de radiação não é nada para se preocupar. Ele disse que seu filho nasceu em Novaya Zemlya, um local de teste de armas nucleares no Ártico durante a Guerra Fria, e hoje é “um pouco mais alto” que ele.
“Em pequenas doses”, diz Chilingarov, “a radiação é boa para o crescimento.”
Tradução: Eloise De Vylder

http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/02/21/russia-investe-na-perfuracao-oceanica-de-petroleo-no-artico.jhtm

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quase 80% do petróleo derramado no Golfo continua no oceano, dizem especialistas

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Ao grupo Ecoeco:

A Terra nunca nos ofereceu problema como fornecedora de recursos, mas como absorvedora do impacto das nossas atividades. Esse problema é cada vez maior, apesar disso, insistimos em manter as causas inalteradas. Alberta, Pré-sal, Afeganistão...

Quando alguns economistas ou cientistas cegos olharam para a questão planetária, olharam para a questão da quantidade ou a posição da Terra como fornecedora e concluíram que não existe limite algum, como tentamos apontar. Há dois erros aí. Um olhar para o lado quantitativo e não para o qualitativo. E, finalmente, o fato de que se o limite não foi atingido, isso pudesse levar à conclusão que ele não existe, da mesma forma que por não termos morrido ainda, isso de alguma significar que não iremos morrer.

Seguimos sem revisão alguma do modelo e do crescimento econômico ininterrupto que são as causas desse problema – e as eleições me apavoram.

Abraço Hugo


Quase 80% do petróleo derramado no Golfo continua no oceano, dizem especialistas

WASHINGTON, 18 agosto 2010 (AFP) - Quase 80% do petróleo derramado do poço avariado da companhia de petróleo britânica BP no Golfo do México ainda estaria no oceano, estimaram especialistas, o que sugere que as avaliações do governo foram otimistas demais em relação à quantidade de cru retirado.

Em um relatório divulgado no dia 4 de agosto, o governo americano indicou que tinha eliminado 74% dos 4,9 milhões de barris (779,1 milhões de litros) de petróleo que tinham sido derramados no oceano entre 20 de abril e 15 de julho.

"Grande parte do petróleo do vazamento da BP evaporou-se, foi incendiada, foi recuperada do mar ou se dispersou", indicou então o administração nacional oceânica e atmosférica (NOAA, por suas siglas em inglês).

Mas cientistas da Universidade da Geórgia consideraram que a análise do governo ignora o fato de que boa parte do petróleo derramado permanece no mar, em pequenas gotas ou disperso, e que se baseia em falsas suposições.

"Voltamos a analisar o informe do governo federal e calculamos a quantidade de petróleo que provavelmente ainda está no oceano. O resultado é que entre 70% e 79% ainda deve estar lá", disse na terça-feira à AFP Charles Hopkinson, um dos autores do relatório.

"Um dos principais erros é pensar que o petróleo que se dissolveu na água desapareceu e é inofensivo", advertiu o oceanógrafo. "Este petróleo permanece no oceano, sob a superfície, e serão necessários anos para que se degrade totalmente".

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Petróleo faz do Canadá novo vilão do clima

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CCS significa o seguinte: eu jogo um balde de lama na sala, totalmente inútil... porque vai vir uma máquina limpar. O correto não seria não jogar o balde de lama na minha sala?

Essa cornucópia tecnológica vai nos causar nosso fim ecológico...

Credo : será quando que vão entender que não precisamos de mais energia, já que desperdiçamos horrivelmente mais da metade?


Petróleo faz do Canadá novo vilão do clima

Antes e depois: nos arredores de Fort McMurray, a bela visão da floresta boreal e de afluentes do rio Athabasca desaparece subitamente…

A van segue veloz pela rodovia 63, rumo ao norte. O asfalto perfeito da estrada canadense e a agenda apertada animam o motorista, que acelera – até a hora em que aparece o carro de polícia e manda encostar. O guarda se aproxima, avisa que o limite de velocidade foi ultrapassado, pede documentos e se retira. Mas quando retorna, minutos depois, quebra o script rotineiro: “Você é do Greenpeace, não é?”. Essa reação inusitada mostra como a polêmica e rentável exploração das areias betuminosas é um tema delicado no Canadá.

… e é substituída pelo cenário sombrio das minas de extração de betume, onde não sobrou uma única árvore

No norte de Alberta, a província do Canadá que está ganhando todo tipo de fama por abrigar o maior projeto energético do mundo, o que era para ser uma multa por excesso de velocidade se transforma em um comboio policial de três viaturas para escoltar três ambientalistas, um fotógrafo e uma jornalista. É deste jeito que entramos pelas ruelas de Fort MacKay, a pacata comunidade onde vivem, segundo a placa de madeira na entrada, exatas 273 pessoas. Há alguns trailers estacionados e playgrounds de plástico nos jardins. Celina Harpe, de 70 anos, a líder da etnia cree, acena da porta de uma casa verde, na beira do rio.

Espantalhos no lago: ideia é evitar dramas como o dos 500 patos que pousaram nas lagoas da Syncrude em 2008; só dois sobreviveram ao óleo e às toxinas
Há um mês, na véspera do encontro entre o primeiro-ministro canadense, Stephen Harper, e o presidente dos EUA, Barack Obama, 25 ativistas do Greenpeace entraram na mina Albian, da Shell, pararam por várias horas a produção e penduraram faixas gigantes: “Tar Sands: Climate Crime”. É um crime climático, além de causar dano a recursos naturais e à saúde das pessoas, dizem ambientalistas.

Mas a trajetória da vizinha cidade de Fort McMurray, mostra o outro lado da história. Seria só mais um local caipira do norte canadense não fosse a extração do tal do “betume”. É evidente que se trata de um centro superaquecido. A população, de 66 mil habitantes, dobrou em dez anos, e o preço das casas triplicou. Motoristas solitários dirigem aqueles jipões enormes. No pequeno aeroporto, cartazes fazem propaganda de empresas de petróleo. Tem muito trabalho naquele pedaço do mundo.

Por ali, enterrado sob a bela floresta boreal, há um enorme campo de areias petrolíferas. É uma mistura de areia, argila, água e um petróleo bruto muito pesado conhecido por betume. O problema começa em como tirar o betume do solo e como separá-lo do resto – sem mencionar que se trata de um combustível fóssil dos mais sujos.

Existem dois métodos de extração, dependendo da profundidade da jazida. Cerca de 20% dos campos estão próximos da superfície, e o betume é extraído em mineração aberta. É preciso arrancar a floresta, remexer a terra, retirar água do rio e formar imensas lagoas. No outro caso, o betume é retirado com o bombeamento de muito vapor. A extração é cara, exige alto consumo de água e de energia e o resultado final não é um petróleo de grande qualidade. Mas a questão não é essa: as jazidas de betume de Alberta são imensas.

A primeira petroleira a chegar, nos anos 60, foi a canadense Sincor. Uma década depois veio outra canadense, a Syncrude. Por muitos anos a operação ficou nisso, restrita a essas duas. Era muito caro separar o óleo da areia. Mas o preço do petróleo subiu, a tecnologia avançou e a extração do betume explodiu em Alberta. Em abril de 2008 havia 91 projetos ativos na região. A produção diária atual é de 1,3 milhão de barris e deve saltar para 3,3 milhões em 2025.

Os números da indústria são gigantescos. Em 25 anos, segundo estimativa do Instituto de Pesquisa Energética do Canadá, as areias betuminosas podem agregar US$ 1,8 trilhão ao PIB do Canadá e criar 456 mil empregos. Esse petróleo do solo já torna o país o segundo maior produtor do mundo, perdendo apenas para a Arábia Saudita. Desde 2001, o país é o maior fornecedor de petróleo aos EUA, desbancando os sauditas. No site da Syncrude há dados impressionantes: os três depósitos de petróleo de Alberta (Athabasca, Cold Lake e Peace River) poderiam suprir a necessidade energética do Canadá por 475 anos ou toda a demanda mundial por 15. O potencial pode ser cinco vezes maior que as reservas sauditas. “As areias de petróleo são uma das pedras fundamentais da economia de Alberta e do Canadá”, diz Don Thompson, presidente da Oil Sands Developers Group, entidade que reúne as petroleiras.

Acontece que o outro lado desta moeda é muito sinistro. O Canadá está na contramão de todos os esforços internacionais de reduzir os gases de efeito-estufa e combater o aquecimento global. O país assinou o Protocolo de Kyoto, mas não só não cumpriu o corte que havia prometido fazer como aumentou as suas emissões. Segundo o relatório “energy [r]evolution”, do Greenpeace-Canadá, as emissões de gases-estufa do país eram 592 milhões de toneladas em 1990 e viraram 721 milhões em 2006 – um aumento de 21,7% sobre os níveis de 1990 e de 29,1% sobre as metas do país em Kyoto. “O Canadá é um fora-da-lei internacional” diz o jornalista canadense Andrew Nikiforuk, autor do livro ” Tar Sands”. Segundo ele, cada barril de betume produz três vezes mais gases-estufa que um barril de petróleo convencional. “As ‘tar sands’ explicam porque o governo do Canadá gastou mais de US$ 6 bilhões em programas de mudança climática nos últimos 15 anos e não conseguiu cumprir nenhuma meta”, diz ele.

Nas contas da ONG Global Forest Watch Canada, os moradores da província de Alberta emitiam 71 toneladas de CO2 equivalente (uma medida padrão para os gases-estufa) per capita em 2005, ou quatro vezes a emissão do resto dos canadenses. As emissões per capita ali só perdem para as dos moradores do Qatar. A região tem 10% da população do país e responde por 32% de suas emissões.

A indústria do petróleo corre para desenvolver a tecnologia que sequestrará carbono, a chamada CCS, o que aliviaria a emissão. Alberta está investindo US$ 2 bilhões nisso. “Mas os projetos CCS não ficarão prontos em 2020, e a mudança climática está acontecendo agora”, diz, cética, Emily Rochon, “campaigner” de clima e energia do Greenpeace International.

Há outras prováveis consequências da extração das areias betuminosas que arrepiam ambientalistas. Peter Lee, diretor da Global Forest, diz que as reservas de gás natural do Canadá só dão para a extração de 29% do betume. “Serão necessárias 14 usinas nucleares para substituir o gás”, estima. “O Canadá será o único país do mundo a usar energia nuclear para produzir combustíveis fósseis” ironiza Melina Laboucan-Massimo, a “Tar Sands campaigner” do Greenpeace. “Esta atividade não é sustentável para o ar, a água, a saúde, o clima, o direito dos povos indígenas” prossegue. Segundo ela, as indústrias lançam no rio Athabasca 11 milhões de litros de efluentes com mercúrio, amônia, cobre e outros metais pesados. Há risco de contaminação dos aquíferos. Para produzir um barril de petróleo, usam três a quatro vezes a mesma quantidade de água. “Afinal, que tipo de legado estamos deixando às futuras gerações?” questiona.

Os depósitos de betume se espalham por 140 mil km2, uma área do tamanho da Flórida. Segundo o Greenpeace, o projeto inteiro mexerá numa área de floresta boreal das dimensões da Inglaterra. Só se tem ideia da proporção do estrago sobrevoando a área. O hidroavião decola, e os primeiros minutos são de surpresa frente ao belo panorama da floresta. Ali ainda vivem ursos e alces. O grande Athabasca faz suas curvas, pinheiros altos em cada margem. A floresta abraça Fort McMurray. E, de repente, some.

Basta o avião superar os limites de Fort McMurray para que as árvores desapareçam de uma só vez. É uma imagem horripilante. O que se vê é um cenário de “Mad Max”, só que não é ficção. O mundo parece ter perdido a cor, só há tons de cinza e negro, enormes lagos escuros de águas paradas, canteiros de obras e um frenesi de caminhões.
Don Thompson, da associação das indústrias, diz que já foi reconstituída uma “área grande”, mas que “as árvores da floresta levam 80 anos para crescer, e as que plantamos ainda parecem grama. É preciso lembrar que esta indústria só tem 40 anos de idade”. Pode até ser, mas o que se vê hoje é desolador. A ativista canadense Maude Barlow, famosa no mundo todo pela luta pela água, chama as minas de Alberta de “Mordor”. Para quem não leu o livro e não viu o filme, Mordor é o centro sombrio do Mal no mundo imaginário de Tolkien em “O Senhor dos Anéis”.

“Tínhamos água limpa e peixes, era uma vida boa”, diz Celina Harpe, a líder cree, que vive com o marido, Edward, numa casa simples em Fort McKay. “Isto foi há 30 anos. Agora o veneno das lagoas está indo para o rio.” Ela é interrompida pelo telefonema de um vizinho, que quer saber porque a polícia está estacionada ali em frente. Celina não se intimida. De um armário junto à TV, tira fotos do tempo em que Edward curtia pele de castores no abrigo de madeira que ele mesmo construiu. Lembra do dia em que as crianças da escola se sentiram mal e tiveram que ser socorridas por ambulâncias. “Foi amônia que vazou, mas nunca nos explicaram nada nem pediram desculpa.” O cheiro de ovo podre, emissão da indústria, não dá trégua.

No aeroporto de Fort McMurray, uma loja vende um suvenir curioso: um suporte de madeira com cilindros de acrílico de conteúdo duvidoso, variando do amarelo ao negro. Vem com legenda: areia, enxofre, petróleo cru, betume. Muita gente em Alberta têm orgulho da indústria do petróleo, do trabalho e riqueza ela que gera. “A gente não quer que as pessoas fiquem desempregadas. Mas temos que batalhar por empregos verdes e pensar em como será a vida dos nossos filhos”, diz a bióloga Luana Adário, 23 anos, voluntária do Greenpeace em Manaus e que participou de uma ação da ONG nas instalações da Shell, em Alberta. Roland Woodward, líder cree em Anzac, vive à beira do lago Gregoire. Ali, o ar não cheira mal, mas ele desconfia da água. “Quando era criança as pessoas morriam de velhice, de acidente ou ‘matadas’. Agora só se morre de câncer. Até jovens morrem de câncer. É estranho.”

(Fonte: Valor Econômico/ Daniela Chiaretti, de Wood Buffalo, Canadá)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Colapso ambiental

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Isso é uma prova que países com a China e Estados Unidos já entraram em colapso ambiental, mas conseguiram ultrapassar essa restrição sugando água, petróleo e serviços ecológicos das demais regiões do mundo através da falsa benesse imposta aos países exportadores do comércio global – onde não se contabiliza impactos sociais, humanos, culturais nem ambientais em nenhum momento. Como a natureza é regida por matéria e energia e só existe matéria e energia à nossa volta, a variável esquecida nas importações de bens de todos os países é a contribuição dada pela natureza. Outro esquecimento é não mensurar que o colapso dos países importadores está sendo exportado para os países exportadores e embora tenha possibilitado aos países como os do norte de Europa e outros mais desenvolvidos ou megalomaníamos como Estados Unidos e China escamotear seus próprios desastres ambientais, isso só é possível entre países, mas não planetariamente. Essa é a razão pela qual estamos em vias de um colapso global pela primeira vez na história da humaidade, cujos retrocessos (de produção, bem estar, de paz entre as nações, de saúde) estão já sendo observados.

É rizível alguns autores de economia ecológica menos atentos acreditarem que o que os países “limpos” fizeram isoladamente através de transferência de produção suja para outros lugares do mundo pudesse ser feito planetariamente. Fico pasmo quando autores dessa vertente se encaixam tranquilamente nos erros atrozes da economia tradicional, evidenciados há mais de 60 anos.

Today on a segment of the "Glen Beck Show" on FOX (Fox Cable News) was the following:

"Today, even though President Obama is against off shore drilling for our country, he signed an executive order to loan 2 Billion of our taxpayers dollars to a Brazilian Oil Exploration Company (which is the 8th largest company in the entire world) to drill for oil off the coast of Brazil! The oil that comes from this operation is for the sole purpose and use of China and NOT THE USA! Now here's the real clincher...the Chinese government is under contract to purchase all the oil that this oil field will produce, which is hundreds of millions of barrels of oil".

http://online.wsj.com/article/SB10001424052970203863204574346610120524166.html

sábado, 2 de maio de 2009

Petróleo agora é a salvação do Brasil...

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Na matéria abaixo, a jornalista Denise Luna e a editora Camila Moreira devem viver em outro planeta que não a Terra: em nenhum momento elas mencionaram a necessidade de se migrar da energia obtida de combustíveis fósseis, que causa o aquecimento global, que é a maior ameaça jamais enfrentada pela humanidade inteira. Em nenhum momento elas mencionaram que o petróleo é uma energia que deveria ser evitada, por ser degenerativo e causar uma transformação da nossa finíssima atmosfera. Enfim, a matéria parece datada dos anos 50, quando nenhuma das preocupações climáticas e atmosféricas ainda não eram sequer conhecidas.

Atenciosamente,

Hugo Penteado

Pode ser lida aqui:

http://economia.uol.com.br/ultnot/reuters/2009/05/01/ult29u67283.jhtm

ou abaixo:

RIO DE JANEIRO (Reuters) - O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, comemorou a extração com sucesso do primeiro óleo do campo de Tupi, no pré-sal da bacia de Santos, nesta sexta-feira.

"Começou a produção e está muito bem, fluindo como o esperado, é um óleo muito bom, de 28 graus API", disse Gabrielli, que entregou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva um barril contendo o primeiro óleo extraído, que marca a primeira exploração em águas ultra-profundas da região.

O campo de Tupi, o primeiro que será desenvolvido dos 10 blocos já descoberto na bacia de Santos, vai produzir durante o Teste de Longa Duração entre 14 mil e 15 mil barris diários, e não mais 30 mil barris diários como planejado anteriormente.

"O teste deve chegar a 14 mil, 15 mil, porque temos a limitação do 'flare' (queima de gás)", informou o executivo. O preço de extração, segundo ele, é inferior ao preço do petróleo no mercado internacional atualmente.

A Agência Nacional do Petróleo limita o volume de gás natural que uma empresa pode queimar durante a operação.

Gabrielli informou que o teste vai durar 15 meses em dois poços, e o resultado vai "depender da evolução dos poços, vamos testar 3 meses um, 6 meses outro, tudo como o planejado", afirmou.

"Estamos iniciando realmente uma nova etapa, a descoberta foi feita em 2006, nenhuma outra descoberta desse tamanho teve o primeiro óleo em 3 anos", destacou.

"É uma demonstração da capacidade da Petrobras de realmente desenvolver essa área", afirmou Gabrielli.

A Petrobras prevê produzir 100 mil barris diários de petróleo em Tupi no Plano Piloto, que será iniciado em 2010, e projeta para 2020 cerca de 1,8 milhão de barris diários em Tupi e outros blocos que serão desenvolvidos, praticamente o mesmo volume produzido atualmente pela companhia .

(Por Denise Luna, Edição de Camila Moreira)

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Perguntas e respostas sobre petróleo.

No link abaixo, temos perguntas e respostas sobre petróleo. As perguntas são de jovens querendo posições, empregos na área de petróleo: ou seja, não importa que essa seja a última "rave" planetária, importa é se eu vou pegar um pouquinho da festa. Desinformação, ganância, interesse próprio, o que mais justificará o extermínio da humanidade senão o modelo mental que nos faz tomar as piores decisões possíveis e pior, como se nós fôssemos deuses dominantes e controladores da natureza, ao invés de uma mera espécie animal.

http://oglobo.globo.com/economia/tireduvidas/default.asp?tema_id=2&msg=Pergunta%20enviada%20com%20sucesso&busca=&pagina=1

"Por ventura, foste tu que deste lei à luz da manhã?" Pergunta Deus a Joh numa passagem bíblica. A megalomania do pré-sal é um grande problema e não solução de nada e apesar de enormes descobertas científicas, estamos pensando em nos suicidar mais rápido, por isso resolvi escrever e perguntar ao professor Arlindo Charbet para ver se ele em algum minuto considerou algo mais que o o imediatismo e o curto prazo que tanto caracteriza nosso sistema econômico atual e todas as decisões à nossa volta, Wall Street que o diga.

Sinceramente, essa será mais uma pergunta sem resposta, tal como na pergunta que fiz à Livraria Cultura sobre se usaram madeira certificada na reforma, à L´Occitane se poderiam abandonar o desperdício das embalagens e adotar uma postura mais amigável ao meio ambiente.

Somos como crianças quando pegas fazendo arte: acabamos nos fingindo de mortos e para não levar uma coça ainda fazemos cara de coitadinhos...
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Prezado Professor Arlindo,

Porque continuamos pensando em tirar petróleo da crosta terrestre, material que está lá há milhões de anos e a natureza não o vê portanto há muito tempo e não há ciclos regenerativos para ele, o que no final produz uma poluição atmosférica gigante que já tornou as cidades grandes insuportáveis e com uma epidemia de alergias e problemas respiratórios?

Não era hora de mudar a matriz energética e abandonar o petróleo com as evidências tristes de aquecimento global (embora para quem não acredita, não dá para negar que a queima de combustível fóssil na nossa finíssima atmosfera é algo tão antinatural que não dá para respirar)? E aquecimento global não é o problema, é um dos problemas, nesse processo maluco econômico causamos, de acordo com a paleontologia, e isso é pouco comentado, a maior extinção da vida na Terra dos últimos 65 milhões e os cientistas avisam que é muita ingenuidade achar que a extinção jamais se voltará contra os causadores.

O que o senhor acha da proposta do governo do Equador de não retirar mais petróleo da crosta terrestre? Essa busca por mais petróleo não parece ir contra o alerta de Eisntein que disse que aquilo que fez parte do problema, não pode fazer parte da solução?

Obrigado, aguardo ansiosamente suas respostas,

Hugo Penteado

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terça-feira, 29 de julho de 2008

Ninguém lamenta as descobertas de petróleo

Tudo indica que ainda iremos comemorar com descobertas de petróleo, ao invés de lamentá-las. Tudo indica que não entendemos ainda o risco de extinção que a queima de combustível fóssil na nossa finíssima atmosfera já provocou e continuará provocando. O aquecimento global não é o problema, mas um dos problemas, mas embora muitos considerem "o" problema, ainda vemos a sabedoria comum comemorando as descobertas do petróleo sem enxergar os grandes riscos que isso representa.

O nosso modelo mental está longe de mudar. Deriva de uma crise de valores seculares, apoiado por uma visão econômica alimentada por governos, empresas e finalmente por economistas, que não passa de uma teoria falsa, com resultados falsos e com uma clara tendência inequívoca ao colapso ou guerras.

Em primeiro lugar, o mais espantoso é ninguém falar do excesso de demanda de energia, da crescente demanda de energia, do desperdício, da ineficiência, pois sabemos claramente que se adotássemos consumo eficiente a demanda por energia no Brasil reduziria 50%, se atualizássemos tecnologicamente as usinas já existentes e as linhas de transmissão teríamos um ganho de oferta equivalente a 90% em um ano! Para quê, se podemos construir usinas nucleares e usinas hidrelétricas? A maior ameaça do aquecimento global é o fim da água e não é a única ameaça, precisamos frisar isso. A maior ameaça da destruição da Amazônia e do Cerrado é o fim da água, pois 95% dos recursos hídricos da região sudeste e do aqüífero Guarani dependem desses ecossistemas.

O mais estranho é que ninguém questiona uma visão pela qual assume que se há fome no mundo, é porque falta produção de alimentos e não desperdício, ineficiência e excesso de gente num planeta finito como a Terra, não só em recursos tangíveis, mas em serviços ecológicos irreproduzíveis por qualquer tecnologia e que sem os quais nenhuma forma de vida irá sobreviver. Um bom exemplo é a crise das abelhas do hemisfério norte. Nós somos totalmente dependentes da natureza, na verdade, todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos.
Mas o ataque ao planeta se justifica pelas enormes benesses sociais que irão ser geradas, sem percebermos que o emprego é um resultado tautológico da expansão econômica, sem a qual os empregos desaparecem e pior, o número de empregos não revela a situação de bem estar, de aprendizado, de liberdade e de independência dos trabalhadores. Desde 1970 os indicadores sociais dos países ricos vem caindo, lado a lado com concentração de riqueza recorde.

O ataque ao planeta não vai acontecer, antes disso iremos percer, porque replicar o modelo dos países ricos é impossível, posto que esses países só conseguiram ficar ricos sem causar um colapso planetário porque fizeram isso sozinhos. E quando esses países atingiram o seu próprio colapso ambiental local, começaram a exportar para o resto do mundo via comércio global, comemorado por todos, e a custo zero, porque no nosso sistema de preços - ratificado pela teoria econômica falsa - o custo ambiental e social é sempre zero. Agora estamos numa situação de desigualdade social enorme e o planeta acaba na hora que todos forem atrás do atraso, dentro do mesmo modelo econômico da economia do descarte, do desperdício, da ineficiência e da necessidade de crescer sempre, embora fisica e planetariamente isso seja uma rota suicida. Ou mudamos esse modelo, ou perecemos. Está na hora de mudar tudo: matriz energética, teoria econômica, modelo de produção e consumo, pois o tempo é mais do que curto, por conta do feedback positivo planetário, da mudança que pode ocorrer contra a vida não ser linear e sim abrupta e pelo fato de termos um inventário apavorante de atrasos ecológicos se intensificando com a continuidade dos mesmos processos de sempre que transformaram a Terra numa lixeira e conosco dentro. E vivos, o que é muito pior.

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Da série: querida, acho que destruí o mundo! Capítulo 1

Biocombustíveis, energia nuclear, extração de petróleo nas reservas de vida selvagem do Alaska, na Amazônia e agora no Ártico: no modelo atual o problema nunca é nem será o excesso de demanda, o desperdício e a ineficiência e sim falta de produção, construção, investimentos... - com isso estamos contratando a nossa extinção.

Essa é uma carta em inglês que escrevi para o editor chefe da Bloomberg em Nova Iorque. Abaixo vai a tradução.
Dear Mr. Cox,

There is no line in your article mentioning the biggest challenge that humankind is facing with the fossil fuel being continously burned in our tiny atmosphere. It is really possible that some people can disbelieve global warming, but that is undeniable: fossil fuels and other materials were cumulated in the crust during billions of years and that was the reason why life was possible in this planet. When we extract materials from the crust, like oil, we are introducing materials that can not be naturally recycled and it is a definite pollution and threat.

Those that do not believe in global warming, will find hard to deny the bad air we breathe in the biggest cities of the world. These anti-natural processes are spreaded not only in energy area, but in all economic sectors, because we forgot that we are an animal species and totally nature dependent. We also forgot that the countries territories are finite and that ecological services, that are irreproducible, are more finite than the tangible space. Oil is a problem. Growing demand is a problem. Economic growth that is not delivering social benefits mainly in the advanced nations is also a problem. Economic theory is false and the scientists know this very well since 1920. Economists assumed that the economic system is neutral to Nature and that Nature (or the planet with all natural services) are inexhaustible and infinite for growing and bigger productions and populations. This is our sin.

The only way US became so rich without causing a planet collapse, was because it did alone. When all the countries are trying to catch up, we are going to face collapses or wars. And, the only way US and other rich nations were able to keep their progress was importing natural resources and services through the global commerce. After reaching their local environmental collapses, the advanced nations started to export them to the poor countries, creating for the first time ever the risk of global collapse for the entire world. Without a change in our mindset and theories, we are lost. Anyway, I am very tired of seeing articles about new oil discoveries without even a word about what this means for humankind, that is, the risk of our own extinction.

It is the same to say that we are not happy in putting all forms of life in the biggest extinction process of the last 65 millions of years. We need to extend this extinction to us! Just a counterview for you to think, forgive me the intromission. I have reasons to be worried, during the last 13 years of Fernando Henrique Cardoso and Luis Inacio Lula da Silva mandates, using official data, Amazon forest destrucion increased 3.000% and during this short period we got 34% of cumulated destruction since 1500. We are just copyying US (that destroyed 99% of its natural forests) and Europe (that destroyed 99.7% of its natural forests). We are just copying the same wrong economic model based in false economic theories, that is the reason why US is in a mess with the housing sector: economists do not look to inventories, only to flows. Why the hell they should think about inventories if the environment is assumed inexhaustible? In 1900 US had 1.000.000 houses, in 2000 190.000.000 houses, the territory is the same, because is finite. One day someone will receive a nobel prize just to remember that country territories are finite...
Best wishes, Hugo from Brazil
Tradução:
Prezado Sr. Cox,

Não há nenhuma linha em seu artigo mencionando o maior desafio que a humanidade está enfrentando com a queima contínua de combustíveis fósseis na nossa fina atmosfera. É realmente possível que algumas pessoas não acreditem no aquecimento glboal, mas isso é inegável: combustíveis fósseis e outros materiais foram acumulados na crosta terrestre durante bilhões de anos e essa foi uma das razões pela qual a vida foi possível nesse planeta. Quando extraímos materiais da crosta, como o petróleo, introduzímos materiais que não podem ser naturalmente reciclados e isso é uma poluição definitiva e uma ameaça.

Aqueles que não acreditam no aquecimento global, acharão difícil negar o péssimo ar que nós respiramos nas grandes cidades. Esses processos anti-naturais estão presentes não só na área energética, mas em todos os setores econômicos, porque nós esquecemos que somos uma espécie animal totalmente dependente da natureza. Nós também esquecemos que o território dos países é finito e que os serviços ecológicos, que são irreproduzíveis, são mais finitos ainda que o espaço tangível. Petróleo é um problema. Demanda crescente é um problema. Crescimento econômico que não está entregando benefícios sociais principalmente nos países desenvolvidos é também um problema. A teoria econômica é falsa e os cientistas sabem isso muito bem desde 1920. Os economistas assumiram que o sistema econômico é neutro para o meio ambiente e que a Natureza (ou o planeta com seus serviços naturais) são inesgotáveis e infinitos para atender crescentes e maiores produções e populações. Esse é nosso pecado.

A única forma pela qual Estados Unidos tornou-se tão rico sem causar um colapso planetário foi porque ele fez isso sozinho. Quando todos os países vierem atrás, nós iremos enfrentar colapos ou guerras. E, o único motivo pelo qual Estados Unidos e outros países ricos foram capazes de manter seu progresso foi importando recursos e serviços naturais através do comércio global. Quando eles atingiram seu próprio colapso local, eles começaram a exportá-lo para os países pobres, criando pela primeira vez na história o risco de colapso global. Sem um mudança no nosso modelo mental e teorias, nós estamos perdidos. De qualquer forma, eu estou muito cansado de ver artigos comemorando novas descobertas de petróleo, sem mesmo uma palavra sobre o que isso significa para a humanidade, que é o risco da nossa própria extinção.

É o mesmo que dizer que nós não estamos felizes em ter colocado todas as formas de vida na maior processo de extinção dos últimos 65 milhões de anos. Nós precisamos estender essa extinção para nós. Isso é apenas uma visão contrária para você pensar, perdoe-me a intromissão. Eu tenho razões para estar preocupado, durante os últimos 13 anos dos governos do Fernando Henrique Cardoso e do Luís Inácio Lula da Silva, usando dados oficiais, a destruição da floresta Amazônica aumentou 3000% e durante esse curto período foi feito 34% da destruição total acumulada desde 1500. Nós só estamos copiando Estados Unidos (que destruiu 99% das suas florestas naturais) e a Europa(que destruiu 99,7%). Nós só estamos copiando o mesmo modelo econômico errado, baseado em teorias econômicas falsas e essa é a razão porque Estados Unidos está nessa confusão com o setor imobiliário: economistas não olham para estoques, só para fluxos. Porque diabos eles deveriam olhar para os estoques, se o meio ambiente é assumido inesgotável? Em 1900 Estados Unidos tinham 1.000.000 de moradias, em 2000 190.000.000. O território é o mesmo, porque é finito. Um dia alguém irá receber o prêmio Nobel apenas por lembrar que o território dos países é finito.

Atenciosamente,
Hugo Penteado

Colaboradores