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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Dieta Vegetariana é recomendada

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Além de não fazer mal, faz bem, diminui a crueldade com os animais, o desmatamento e o aquecimento global.

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Associação Dietética Americana passa a indicar a dieta vegetariana na prevenção de doenças
As dietas vegetarianas são eficazes em todas as fases da vida, incluindo na gravidez, na lactação, na primeira infância, na adolescência e para atletas

RIO - Seguir uma dieta vegetariana pode ser uma boa maneira de diminuir o risco de doenças crônicas como diabetes, obesidade, hipertensão e câncer, afirma a Associação Dietética Americana (ADA), que publicou esta semana uma atualização de suas recomendações sobre alimentação saudável no "Journal of the American Dietetic Association". Segundo os nutricionistas da ADA, não há dúvidas de que uma dieta vegetariana bem planejada é uma opção saudável para crianças, adolescentes e adultos.

A Associação Dietética Americana reconhece que uma dieta vegetariana bem planejada, incluindo o vegetarianismo completo (que exclui todo tipo de carne e ovos) e o veganismo (que exclui carnes, ovos e laticínios), pode ser saudável, nutricionalmente completa e traz benefícios na prevenção e no tratamento de certas doenças. As dietas vegetarianas são eficazes em todas as fases da vida, incluindo na gravidez, na lactação, na primeira infância, na adolescência e para atletas", divulgaram em nota os nutricionistas Winston Craig e Reed Mangels, conselheiros da ADA.

Os nutricionistas aproveitaram para enfatizar o bom resultado de inúmeros estudos que ligam uma dieta com menos carne a um risco menor de uma série de doenças. Quem é vegetariano ou exclui a carne do cardápio alguns dias da semana tem menos colesterol alto, problemas cardiovasculares, hipertensão e diabetes tipo 2, afirmaram Craig e Reed. Quem segue este tipo de dieta também tende a comer menos gorduras saturadas e mais fibras.

As informações completas sobre as novas recomendações da ADA podem ser encontradas no site www.eatright.org - http://www.eatright.org/cps/rde/xchg/ada/hs.xsl/media_22003_ENU_HTML.htm

Fonte:
http://oglobo.globo.com/vivermelhor/mat/2009/07/06/associacao-dietetica-americana-passa-indicar-dieta-vegetariana-na-prevencao-de-doencas-756675964.asp

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Dia de chuva em São Paulo

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Quando em 1998 o ABN AMRO, banco onde eu trabalhava, comprou o Banco Real, eu fui premiado com a seguinte notícia: você irá trabalhar na Avenida Paulista. Eu morei perto de 1998 a 2008, portanto 11 anos, e caminhei a pé de casa para o trabalho e ainda almoçava em casa. Era uma delícia que eu havia me acostumado sem perceber o quanto é bom fazer as coisas num perímetro pequeno da cidade. Nos fins de semana, temos o hábito de ir a lugares por perto, outro privilégio é morar onde há tudo. Carro só para visitar amigos distantes ou viajar. Sem aborrecimento algum e eu não tinha noção do quanto essa cidade virou um inferno até o final de 2008, quando o Santander comprou o Banco Real. Recebi uma péssima notícia: você vai trabalhar do outro lado da cidade, num prédio na marginal, perto da Berrini.

Não tinha conta do quanto isso seria dificil de se ajustar, nem do tamanho da perda, mas decidi ser forte, porque eu sei que muitas pessoas vivem assim na cidade de São Paulo e em situação muito pior e que eles são os verdadeiros heróis, as pessoas que merecem meu total respeito e eu sou apenas um covarde. A covardia falou mais alto: informei ao meu chefe que para evitar os horários de tráfego intenso, eu iria entrar às 6 da matina e sair as 16 horas, alterando meu horário da Paulista que era das 8 até as 18 horas. Como sou analista, posso ter horários diferentes, não estou preso em mercados ou em atividades com hora certa. Foi aceito.

Comecei acordando 5 e 15 da manhã. Vi que de manhã levava 12 minutos mais ou menos para chegar até lá. Mudei para 5 e 30. Há dias que eu acordo 6 e 20 e entro às 7 horas. Sou honesto comigo mesmo, antes de com a empresa, qualquer coisa que fazemos de errado ou qualquer intenção escondida, para mim é karmático. Eu sempre vejo a hora que cheguei e coloco mais 10 horas e já sei: hoje vou sair tal hora. Isso decorre da minha incrível dificuldade de chegar cedo que aumentou no horário do verão: de um dia para outro estava tentando me levantar às 4 da matina. Realmente estou conseguindo, mas nem tudo é perfeito. Quem disse que consigo sair do banco às 16 horas todos os dias?

Foi aí que eu redescobri a cidade que sempre achei um erro, um atropelo, como um amigo meu me disse: cidades com mais de 1.000.000 de habitantes são aberrações em todos os sentidos e completamente insustentáveis. Eu tento respirar em São Paulo e não consigo, entendi muito bem o que ele quis dizer e lamento as autoridades não reconhecerem isso e não terem decretado imediatamente para São Paulo moratória: moratório de carros, de construções e de incrementos populacionais. Os economistas e os governos que os seguem só vão entender que isso é impossível num espaço urbano finito quando o perecimento for grande o suficiente para corrigir o desequilíbrio.

Eu achava uma aberração que andar a pé de casa para o trabalho mal conseguia respirar. Quando morava perto do trabalho, e lutava contra isso usando máscara, achando que isso era o pior dos mundos, não percebi que isso era o paraíso. Quando saio tarde do trabalho me deparo com uma marginal, uma Berrini e todos seus eixos completamente parados. Uma hora é o prazo mínimo para chegar em casa, mas rezando, claro, para que não chova. E foi isso que aconteceu quando choveu em São Paulo e os políticos e executivos se esquivando, enquanto os pontos de ônibus alagados ficavam repletos de pessoas esperando ônibus parados por mais de uma hora, cheio de gente. Esses são os heróis. Eu não sei como não entrei em depressão depois disso. Acho que entrei um pouco, disse para mim mesmo: eu vivia numa bolha. Não sirvo para nada mesmo.

As cenas da cidade que eu vejo de trânsito me parecem um cenário lúgubre de guerra. Quando chove, fico com a sensação de apocalipse. Teve um dia que choveu tanto que ficamos presos no prédio sem coragem para sair, olhando lá do alto da torre os carros enfileirados, amontoados e parados. Parados dentro das garagens dos prédios. Esse é o maior exemplo da estupidez do crescimento econômico que tantos economistas famosos – a lista é infinda – defendem. Defendem, mas não vivem, estão nas suas bolhas. Ainda escutamos políticos supostamente inteligentes falando em solução do trânsito sem falar na moratória que eu mencionei antes, como se o território das cidades e dos países e os serviços ecológicos que nossa espécie animal não pode prescindir crescessem e se tornassem infinitos. Essa discussão com pessoas que não acreditam nisso nem travo mais: é como se a gente discutisse se é ou não é correto explodir crianças em guerras estúpidas como assistimos toda hora.

Está crescendo em mim um protesto maior. Eu já protestei ao decidir que não compro mais automóvel, mantendo o meu velho e ineficiente Ford Ecosport 2003 até o fim da minha vida. Agora cogito mandar ele para o desmanche e ficar sem nada. Falta-me coragem, sou covarde e ainda tenho diante de mim os mesmos políticos de sempre e os de outrora com a mesma visão de mundo que nada nos foi útil e continuará sendo. Não se enganem meus leitores, quando vi na campanha política os clamores para mais crescimento da nossa cidade de São Paulo, senti um calafrio na espinha como se um asteróide estivesse na nossa direção. Não tem nesse modelo e nessa visão de mundo como as coisas melhorarem e eu lamento muito, muito e profundamente pelas pessoas nas janelas dos ônibus, nos carros, nos pontos de ônibus, totalmente encarceradas, tristes e miseravelmente esquecidas. Lamento pelo seu destino estar nas mãos de muitos homens que muito pensam valer, mas que mais valeriam se estivessem mortos e enterrados.

Outra fatalidade que enfrentei além das dificuldades do trânsito foi a saúde. Dores, sono e rigidez no corpo foram conseqüências dessa mudança. Mas a pior delas foi me submeter a comer comida fora de casa. Dois fatos me atropelaram e me colocaram nas mãos da comida industrializada que envenena a humanidade: minha empregada não pôde mais trabalhar comigo e eu não tinha mais jantar à noite; e o almoço, por estar longe de casa, era feito em restaurantes. Em pouco tempo, verifiquei que minha saúde fraquejou. Fiquei gripado pela primeira vez na minha vida, tive mais dores de cabeça do que o costume, aftas, herpes e mais indigestão ou alterações no intestino. Tudo isso porque minha comida era quase 100% orgânica, natural, eu não compro praticamente nada industrializado ou já pronto e de repente caí em comida industrializada. Costumava dizer para a Andréia que trabalhava comigo quando íamos no supermercado: “Embalou, coloriu, veneno.” “Andréia, não compra nem alho em pote para mim, você já viu como fica o alho depois de picado na geladeira?” Mudança de alimentação para pior teve resultado palpável: todos os meus exames de sangue da minha avaliação médica anual pioraram. Estão dentro do intervalo normal, mas caminharam para os limites inferiores. Pior que ainda há médicos que defendem que a alimentação moderna industrializada não é problema. Tem razão, trânsito e alimentação não são problemas mesmo, são atrocidades contra nós. Carros que tem velocidade média hoje igual às carroças do século XIX e corpos cuja alimentação traz como benefícios menos metabolismo, muita obesidade e muita doença e envelhecimento precoce, realmente não são problemas nem aberrações.

Em tempo: achei um restaurante vegetariano orgânico perto da Berrini e não sei o nome, embora vá lá quase todo dia e o dono vai ficar chateado comigo por conta disso...

domingo, 19 de outubro de 2008

Soberania alimentar e a agricultura

Saiu na folha hoje. Conta só uma parte da história. Por isso, hoje, 90% dos meus alimentos são naturais, orgânicos e de cooperativas. Produtos sem marca é minha prioridade de consumo, ficar longe de grandes redes e supermercados idem, porque elas não respeitam as economias locais e destroçam as pequenas lojas e pequenos comércios no qual gerações de famílias se mantinham e hoje ficaram sem nada. Enquanto as empresas não tiverem um contrato social, não dá para continuar participando dessa que é hoje a maior destruição social e ambiental da história humana na Terra.

Hugo Penteado

16 de outubro é o Dia Nacional da Alimentação



TENDÊNCIAS/DEBATES

Soberania alimentar e a agricultura

JOÃO PEDRO STEDILE e TOMÁS BALDUINO



Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e o comércio agrícola mundial


EM 1960 , havia 80 milhões de seres humanos que passavam fome em todo o mundo. Um escândalo! Naquela época, Josué de Castro, que agora completaria 100 anos, marcava posição com suas teses, defendendo que a fome era conseqüência das relações sociais, não resultado de problemas climáticos ou da fertilidade do solo.
O capital, com as suas empresas transnacionais e o seu governo imperial dos Estados Unidos, procurou dar uma resposta ao problema: criou a chamada Revolução Verde. Ela foi uma grande campanha de propaganda para justificar à sociedade que bastava "modernizar" a agricultura, com uso intensivo de máquinas, fertilizantes químicos e venenos. Com isso, a produção aumentaria, e a humanidade acabaria com a fome.
Passaram-se 50 anos, a produtividade física por hectare aumentou muito e a produção total quadruplicou em nível mundial. Mas as empresas transnacionais tomaram conta da agricultura com suas máquinas, venenos e fertilizantes químicos. Ganharam muito dinheiro, acumularam bastante capital e, com isso, houve uma concentração e centralização das empresas. Atualmente, não mais do que 30 conglomerados transnacionais controlam toda a produção e comércio agrícola.
Quais foram os resultados sociais?
Os seres humanos que passam fome aumentaram de 80 milhões para 800 milhões. Só nos últimos dois anos, em função da substituição da produção de alimentos por agrocombustíveis, de acordo com a FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação), aumentou em mais 80 milhões o número de famintos. Ou seja, agora são 880 milhões.
Nunca a propriedade da terra esteve tão concentrada e houve tantos migrantes camponeses saindo do interior e indo para as metrópoles e mudando de países pobres para a Europa e os Estados Unidos. Somente neste ano, a Europa prendeu e extraditou 200 mil imigrantes africanos, a maioria camponeses. Há oito milhões de trabalhadores agrícolas mexicanos nos Estados Unidos. Setenta países do hemisfério sul não conseguem mais alimentar seus povos e estão totalmente dependentes de importações agrícolas. Perderam a auto-suficiência alimentar, perderam sua autonomia política e econômica.
O pior é que, em todos os países do mundo, os alimentos chegam aos supermercados cada vez mais envenenados pelo elevado uso de agrotóxicos, provocando enfermidades, alterando a biodiversidade e causando o aquecimento global. Isso acontece porque as empresas transnacionais padronizaram os alimentos para ganhar em escala e lucros. Os alimentos devem ser produzidos de acordo com a natureza, com a energia do habitat.
A comida não pode ser padronizada, uma vez que faz parte de nossa cultura e de nossos hábitos. Diante disso, qual é a saída? O Estado, em nome da sociedade, deve desenvolver políticas públicas para proteger a agricultura, priorizando a produção de alimentos. Cada município, região e povo precisa produzir seus próprios alimentos, que devem ser sadios e para todos. Assim nos ensina toda a historia da humanidade. A lógica do comércio e intercâmbio dos alimentos não pode se basear nas regras do livre mercado e no lucro, como pretende impor a OMC.
Por isso, consideramos o alimento um direito de todo ser humano, e não uma mercadoria, como, aliás, já defende a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Cada povo e todos os povos devem ter o direito de produzir seus próprios alimentos. Isso se chama soberania alimentar. Não basta dar cesta básica, dar o peixe. Isso é a segurança alimentar, mas não é soberania alimentar. É preciso que o povo saiba pescar!
No Brasil, com um território e condições edafoclimáticas tão propícias, não temos soberania alimentar. Importamos muitos alimentos, do exterior e entre as regiões do país. Mesmo em nossas "ricas" metrópoles, o povo depende de programas assistenciais do governo para se alimentar. A única forma é fortalecer a produção dos camponeses, dos pequenos e médios agricultores, que demandam muita mão-de-obra e têm conhecimento histórico acumulado.
A chamada agricultura industrial é predadora do ambiente, só produz com agrotóxicos. É insustentável a longo prazo.

Por isso, neste 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, as organizações camponesas, movimentos de mulheres, ambientalistas e consumidores faremos manifestações em o todo mundo para denunciar problemas e apresentar propostas para que a humanidade, enfim, resolva o problema da fome no mundo.


JOÃO PEDRO STEDILE , 54, economista, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina.
DOM TOMÁS BALDUINO
, 85, mestre em teologia, bispo emérito da Diocese de Goiás, é conselheiro permanente da CPT (Comissão da Pastoral da Terra), órgão vinculado à CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).


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domingo, 13 de julho de 2008

O mundo deveria ser só assim...

Se para sobreviver de forma mais sustentável, eu tivesse que matar uma galinha, eu mataria, apesar de ser vegetariano. Falo isso por causa do artigo abaixo, que foi encaminhado por Luís Donadio, cuja lista de artigos que me envia são sempre muito interessantes. A postagem anterior, sobre a ONU, também veio de um de seus artigos, ele está trabalhando em dobradinha comigo sem saber. Mas voltando, mataria a galinha desde que fosse rápido para ela e antes de comer eu rezaria por ela, que deu a vida por mim, com o maior respeito que um ser vivo pode ter pelo outro. Seria uma atitude extrema, eu tentaria claro evitar. Mas comprar um frango da indústria, que é tratado cruelmente, que é entupido de hormônios que causam todo tipo de câncer e o de mama principalmente nas mulheres não. Esse frango também é carregado de antibióticos tudo porque a indústria faz os pobres frangos atingirem a idade do corte em tempo recorde só para aumentar os lucros. Esses eu jamais compraria, nesse caso optaria em morrer de fome. Ou optaria em ser vegetariano, uma das principais razões por ser vegetariano e a crueldade da produção de carne. A segunda, por ser ecologicamente devastador, planetariamente inviável comer carne, principalmente depois que deixamos a população humana atingir 7 bilhões de pessoas quase e já estamos produzindo alimentos à custa de atrasos ecológicos e resiliência da natureza e é praticamente impossível escaparmos hoje de um fome mundial por conta dessa cegueira de um sistema que primeiro cria os problemas para depois ir atrás das soluções. Para que acabar com os problemas, como vamos então justificar a existência de tantos políticos e suas promessas? Como vamos justificar tantas atividades inúteis que poderiam ser evitadas, como por exemplo despoluir e descontaminar o que foi poluído, ou desaquecer a Terra que foi aquecida?

Esse livro do artigo abaixo vale a pena dar uma olhada e comentar depois, aguardo comentários, eu estou adquirindo-o para a lista infinda de leituras que já tenh
o. O mundo deveria ser só assim, como os protagonistas do livro e do artigo abaixo viveram. Enfim, nós deixamos as empresas destruir nosso futuro. As indústrias alimentícias então, não são nada diferentes da indústria bélica. Nós temos hoje indústrias da destruição total da humanidade e da sobrevida da humanidade. Sobrevida, porque o planeta tem um limite para sustentar a vida, dada a entropia e isso é inexorável; a questão é como negociamos a exaustão da entropia com a Terra. Nem preciso dizer que nós negociamos para ser a única espécie animal da Terra que resolveu se aniquilar e aniquilar todos os demais seres vivos no prazo mais curto que qualquer outra espécie durou nos 4,5 bilhões de anos desse planeta, apenas para satisfazer os bushes, os lulas, os eikes batistas, os blairos maggis, os fhcs...

Esse é o tipo de desconstrução do sistema que iremos passar, por vontade própria ou por colapso, mas iremos passar. E só será vencedor quem decidir fazer parte dessa construção; quem não decidir irá desaparecer, por colapso:

11/07/2008 - 16h51

Família come só alimentos orgânicos para provar sustentabilidade

FLÁVIA GIANINI

Colaboração para a Folha de S.Paulo

Ela não protestou nua, nem fez greve de fome, nem abraçou árvores, mas conseguiu uma vitória considerável para qualquer ativista ecológico. Para provar a viabilidade da agricultura sustentável e a importância de pensar a alimentação politicamente, a escritora Bárbara Kingsolver e sua família viveram um ano só comendo alimentos orgânicos que produziam na própria fazenda ou trocavam com pequenos agricultores vizinhos.

A experiência hercúlea, narrada sem perder o bom humor, é contada no livro "O Mundo É o que Você Come" (ed. Nova Fronteira), que está sendo lançado no Brasil.

Formados em biologia, a autora e seu marido, Steven L. Hopp, sempre foram ligados ao campo e à natureza. O casal tentava ao máximo levar um estilo de vida natural e saudável com as duas filhas em Tucson, segunda maior cidade do Estado americano do Arizona. Eles moravam em um sítio, cultivavam legumes e passavam as férias na fazenda da família no interior da Virgínia. Mas dois anos de seca na região de clima árido geraram uma piora progressiva na qualidade de vida.

Assim, os antigos planos para uma vida rural ficaram mais atraentes a partir de 2004. "Bebíamos a água que as autoridades garantiam ser potável, mas elas desaconselhavam o uso nos aquários porque matavam os peixes", disse a filha mais velha do casal, Camille, 21, em entrevista por telefone à Folha. A estudante de biologia garante que a mudança foi compartilhada por todos. "Havia o plano de produzir alimentos próprios. Mas o Arizona era um deserto com poucas opções de culturas familiares viáveis."

A fuga do Arizona ensolarado era uma tentativa de alinhar a vida com a cadeia alimentar e abandonar o comportamento de "leitores de rótulos desconfiados". Mas a despedida da antiga vida passou longe do ecologicamente correto. Antes de encarar os cinco dias de carro até a Virgínia, eles pararam para abastecer o tanque de combustível e a bolsa com um pouco de "junk food".

Ao chegar à fazenda, o primeiro desafio foi definir o cardápio de acordo com as estações do ano. No desafio, exceções para óleo, azeite, vinagre e alguns grãos, de produção e processamento improvável naquela região dos EUA.

O planejamento e a experiência não evitaram os percalços. A perda das hortaliças com a chegada do frio foi só um dos problemas. "Deu medo de não ter o que comer no dia seguinte", conta a estudante. Criatividade era a solução. "Durante uma semana, a base do cardápio foi abóbora. Teve pão, torta, sopa e cozido. Até a sobremesa era de abóbora", lembra.

Matar os frangos que criaram desde pintinhos também não era fácil. "Conflitos morais eram inevitáveis no início, mas aprendemos a valorizar o consumo consciente e a importância desses animais na nossa alimentação durante o inverno", afirma Camille.

A jovem pretende se especializar em nutrição após concluir o curso de biologia. Se abater os frangos já era difícil, imagine perus de mais de 20 quilos. "Precisávamos estocar tudo o que fosse possível antes do inverno", diz. A família produzia artesanalmente salsichas, lingüiças e mussarela.

Receita possível

Todo o trabalho de subsistência era feito em grupo e as dificuldades deixavam as vitórias maiores. Camille se lembra da festa de aniversário de 50 anos da mãe. "Alimentamos mais de cem pessoas apenas com alimentos da região. O cardápio incluía entrada, prato principal e sobremesa", conta.

Ela e o pai participaram do livro. Cada um tem espaço próprio, onde abordam questões sobre política alimentar e produção orgânica. Camille, que durante o ano na fazenda entrou na universidade, fala sobre as dificuldades de manter seu estilo de vida comendo a comida do campus. Também é a responsável pelas receitas criadas, adaptadas ou testadas pela família no período. Ela garante que é possível alimentar crianças avessas a legumes com cookies de abobrinha.

Barbara escreve que, se o atual padrão de consumo gera desgaste ao ambiente, pequenas mudanças têm grandes resultados. "A comida na prateleira de um mercado americano percorreu uma distância maior do que a maioria das famílias percorre nas férias. Em média, 2.500 km. Se cada americano fizesse uma refeição por semana com alimentos locais, 1,1 milhão de barris de petróleo seriam economizados."

A escritora não economiza críticas ao "american way of life". O discurso político ácido, porém, tem argumentação sólida, baseada em dados sobre a cadeia de produção de alimentos. Guardadas as devidas proporções, as críticas servem aos padrões da maioria das grandes cidades.

Hoje, a fase radical passou. A família vive na fazenda, mas compra boa parte do que consome, desde que seja produzida de forma sustentável, de preferência orgânica. Entrar em contato com a terra, consumir alimentos de procedência conhecida, escolher de acordo com a estação e aproveitar ao máximo os recursos naturais: essa é a receita da família para não agredir o ambiente.

O Mundo É o que Você Come

Editora: Nova Fronteira

Site da família: www.animalvegetablemiracle.com





terça-feira, 10 de junho de 2008

MINC: COMBATE AO DESMATAMENTO ENGLOBARÁ TAMBÉM A CADEIA PRODUTIVA

Broadcast – 10/06/2008
São Paulo, 10 - Entrevistado do Roda Viva, da TV Cultura, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, anunciou que, a partir de 15 de junho, as grandes empresas do País - ele enfatizou frigoríficos, siderúrgicas, madeireiras e indústria alimentícia - terão de informar quais são os seus fornecedores. "As empresas serão co-responsabilizadas pelos crimes ambientais cometidos pelos seus fornecedores e arcarão com as penas da lei", disse. Para Minc, é hora de "controlar" a cadeia produtiva. Além disso, segundo o ministro, o governo está fazendo alterações na operação Arco de Fogo, que desde março combate a exploração ilegal de madeira na Amazônia.

Para Minc, a Amazônia não é apropriada para a expansão do cultivo de cana-de-açúcar para a produção de etanol, nem de soja para biocombustível. "Temos suficiente área já desmatada em outros Estados do País para implantar e dinamizar a produtividade dessas culturas. Devemos buscar a preservação da maior área possível da floresta."

O ministro disse que o governo não tratará todas as empresas sediadas na Amazônia indiscriminadamente. "Quem for sério e respeitar as regras será igualmente respeitado. O que faremos é fazer valer a lei", garantiu.

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