quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É possível alimentar sete bilhões de pessoas?

Por favor se comentar deixe um email para contato.


Infelizmente não partilhamos do otimismo do Boff e dos cientistas.  Boff é sensacional, alguém que devemos ler e acompanhar. Espero que ele esteja certo com a mudança e não eu.

Há uma passagem bíblica na qual Deus pergunta a Joh: Por Ventura Forte Tu Que Deste Lei à Luz da Manhã?  A resposta dos cientistas é um sonoro não.

Portanto, teríamos que negociar melhor com a Terra e se como não fizemos, iremos pagar por isso.

Não há mais como ter 9 bilhões de pessoas, nem 7 bilhões, resta saber quantos seremos num futuro não muito distante.

Um fato é certo: jamais seremos 9 bilhões. Talvez sejamos 0.

Hugo

É possível alimentar sete bilhões de pessoas?

13/12/2011 13:44,  Por Leonardo Boff
Já somos 7 bilhões de habitantes. Haverá alimentos suficientes para todos? Há várias respostas. Escolhemos uma do grupo Agrimonde (veja Développement et civilizations, setembro 2011), de base francesa, que estudou a situação alimentar de seis regiões críticas do planeta. O grupo de cientistas é otimista, mesmo para quando seremos 9 bilhões de habitantes em 2050. Propõe dois caminhos: o aprofundamento da conhecida revolução verde dos anos 60 do século passado e a assim chamada dupla revolução verde.
sustentabilidade
Um dos caminhos para salvar o planeta é instalar a Dupla Revolução Verde
A revolução verde teve o mérito de refutar a tese de Malthus, segundo o qual ocorreria um descompasso entre o crescimento populacional, de proporções geométricas e o crescimento alimentar de proporções aritméticas, produzindo um colapso na humanidade. Comprovou que com as novas tecnologias e uma melhor utilização das áreas agricultáveis e maciça aplicação de tóxicos, antes destinados à guerra e agora à agricultura, se podia produzir muito mais do que a população demandava.
Tal previsão se mostrou acertada pois houve um salto significativo na oferta de alimentos. Mas por causa da falta de equidade do sistema neoliberal e capitalista, milhões e milhões continuam em situação de fome crônica e na miséria. Vale observar que esse crescimento alimentar cobrou um custo ecológico extremamente alto: envenenaram-se os solos, contaminaram-se as águas, empobreceu-se a biodiversidade além de provocar erosão e desertificação em muitas regiões do mundo, especialmente na África.
Tudo se agravou quando os alimentos se tornaram mercadoria como outra qualquer e não como meios de vida que, por sua natureza, jamais deveriam estar sujeitos à especulação dos mercados. A mesa está posta com suficiente comida para todos; mas, os pobres não têm acesso a ela pela falta de recursos monetários. Continuaram famintos e em número crescente.
O sistema neoliberal imperante aposta ainda neste modelo, pois não precisa mudar de lógica, tolerando conviver, cinicamente, com milhões de famintos, considerados irrelevantes para a acumulação sem limites.
Esta solução é míope senão falsa, além de ser cruel e sem piedade. Os que ainda a defendem não tomam a sério o fato de que a Terra está, inegavelmente, à deriva e que o aquecimento global produz grande erosão de solos, destruição de safras e milhões de emigrados climáticos. Para eles, a Terra não passa de mero meio de produção e não a Casa Comum, Gaia, que deve ser cuidada.
Na verdade, quem entende de alimentos são os agricultores. Eles produzem 70% de tudo o que a humanidade consome. Por isso, devem ser ouvidos e inseridos em qualquer solução que se tomar pelo poder público, pelas corporações e pela sociedade; pois, se trata da sobrevivência de todos.
Dada superpopulação humana, cada pedaço de solo deve ser aproveitado mas dentro do alcance e dos limites de seu ecossistema; devem-se utilizar ou reciclar, o mais possível todos os dejetos orgânicos, economizar ao máximo energia, desenvolvendo as alternativas, favorecer a agricultura familiar, as pequenas e médias cooperativas. Por fim, tender a uma democracia alimentar na qual produtores e consumidores tomam consciência das respectivas responsabilidades, com conhecimentos e informações acerca da real situação da suportabilidade do planeta, consumindo de forma diferente, solidária, frugal e sem desperdício.
Tomando em conta tais dados, a Agrimonde propõe uma dupla revolução verdeno seguinte sentido: aceita prolongar a primeira revolução verde com suas contradições ecológicas mas simultaneamente propõe uma segunda revolução verde. Esta supõe que os consumidores incorporem hábitos cotidianos diferentes dos atuais, mais conscientes dos impactos ambientais e abertos à solidariedade internacional para que o alimento seja de fato um direito acessível a todos.
Sendo otimistas, podemos dizer que esta última proposta é razoavelmente sustentável. Está sendo implementada, seminalmente, em todas as partes do mundo, através da agricultura orgânica, familiar, de pequenas e médias empresas, pela agroecologia, pelas ecovilas e outras formas mais respeitadoras da natureza. Ela é viável e talvez tenha que ser o caminho obrigatório para a humanidade futura.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mobilidade versus carrocentrismo

Por favor se comentar deixe um email para contato. 

Abramovay

Parabéns pelo seu artigo, gostaria que fosse lido e levado a sério e que gerasse políticas de abandono do carro, mas a falsa crença que gera empregos, sem se contabilizar a perda de bem estar nem o impacto antropológico (destruição dos espaços sociais urbanos, distanciamento de uns contra os outros, etc.) impede essa mudança.  Automóveis causam custos muito maiores para quase nenhum benefício, exceto para alguns se sentirem superiores aos outros por terem um carro melhor.

Por isso vou e volto de bicicleta para o trabalho em 16 quilômetros diários.  É uma das poucas coisas que faço, por assim dizer, que me faz ter orgulho.

Abraço Hugo

Mobilidade versus carrocentrismo

Ricardo Abramovay

Ampliar espaços de circulação para automóveis individuais é enxugar gelo, como já bem perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades
Automóveis individuais e combustíveis fósseis são as marcas mais emblemáticas da cultura, da sociedade e da economia do século 20.
A conquista da mobilidade é um ganho extraordinário, e sua influência exprime-se no próprio desenho das cidades. Entre 1950 e 1960, nada menos que 20 milhões de pessoas passaram a viver nos subúrbios norte-americanos, movendo-se diariamente para o trabalho em carros particulares. Há hoje mais de 1 bilhão de veículos motorizados. Seiscentos milhões são automóveis.
A produção global é de 70 milhões de unidades anuais e tende a crescer. Uma grande empresa petrolífera afirma em suas peças publicitárias: precisamos nos preparar, em 2020, para um mundo com mais de 2 bilhões de veículos.
O realismo dessa previsão não a faz menos sinistra. O automóvel particular, ícone da mobilidade durante dois terços do século 20, tornou-se hoje o seu avesso.
O desenvolvimento sustentável exige uma ação firme para evitar o horizonte sombrio do trânsito paralisado por três razões básicas.
Em primeiro lugar, o automóvel individual com base no motor a combustão interna é de uma ineficiência impressionante. Ele pesa 20 vezes a carga que transporta, ocupa um espaço imenso e seu motor desperdiça entre 65% e 80% da energia que consome.
É a unidade entre duas eras em extinção: a do petróleo e a do ferro. Pior: a inovação que domina o setor até hoje consiste muito mais em aumentar a potência, a velocidade e o peso dos carros do que em reduzir seu consumo de combustíveis.
Em 1990, um automóvel fazia de zero a cem quilômetros em 14,5 segundos, em média. Hoje, leva nove segundos; em alguns casos, quatro.
O consumo só diminuiu ali onde os governos impuseram metas nesta direção: na Europa e no Japão.
Foi preciso esperar a crise de 2008 para que essas metas, pela primeira vez, chegassem aos EUA. Deborah Gordon e Daniel Sperling, em "Two Billion Cars" (Oxford University Press), mostram que se trata de um dos menos inovadores segmentos da indústria contemporânea: inova no que não interessa (velocidade, potência e peso) e resiste ao que é necessário (economia de combustíveis e de materiais).
Em segundo lugar, o planejamento urbano acaba sendo norteado pela monocultura carrocentrista. Ampliar os espaços de circulação dos automóveis individuais é enxugar gelo, como já perceberam os responsáveis pelas mais dinâmicas cidades contemporâneas.
A consequência é que qualquer estratégia de crescimento econômico apoiada na instalação de mais e mais fábricas de automóveis e na expectativa de que se abram avenidas tentando dar-lhes fluidez é incompatível com cidades humanizadas e com uma economia sustentável. É acelerar em direção ao uso privado do espaço público, rumo certo, talvez, para o crescimento, mas não para o bem-estar.
Não se trata -terceiro ponto- de suprimir o automóvel individual, e sim de estimular a massificação de seu uso partilhado. Oferecer de maneira ágil e barata carros para quem não quer ter carro já é um negócio próspero em diversos países desenvolvidos, e os meios da economia da informação em rede permitem que este seja um caminho para dissociar a mobilidade da propriedade de um veículo individual.
Eficiência no uso de materiais e de energia, oferta real de alternativas de locomoção e estímulo ao uso partilhado do que até aqui foi estritamente individual são os caminhos para sustentabilidade nos transportes. A distância com relação às prioridades dos setores público e privado no Brasil não poderia ser maior.

RICARDO ABRAMOVAY é professor titular do Departamento de Economia da FEA, do Instituto de Relações Internacionais da USP e pesquisador do CNPq e da Fapesp.
Twitter: @abramovay 


São Paulo, quarta-feira, 14 de dezembro de 2011Opinião

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Monbiot, futuro contratado e extinção

Por favor se comentar deixe um email para contato. Monbiot defende energia nuclar, apesar de 99% dos resíduos acumulados de toda a sua produção feita até hoje não ter um destino definitivo!!!!!!! (Ted Trainer, capítulo 9). Sem falar que ele mostra uma insensatez danada, quando fazendo as contas, o urânio conhecido não ´´e capaz de gerar energia a ponto de substituir as fontes atuais e fazer qualquer diferença ao que ele acredita ser "carbon free" e que na verdade não é. O comissionamento e descomissionamento das usinas e dos combustíveis não é feito com uma vara de condão. Roegen mostrou que somos a única espécie exossomática da Terra, portanto, o impacto sobre os ecossistemas deriva do número de pessoas e do nosso materialismo. Ambos são problemas, não um ou outro. Ter menos filhos é necessário sim, pelo menos enquanto houver crianças abandonadas nas ruas. A Europa teve um problema severo de infância abandonada no século XIX e criou um esquema chamado Roda, no qual a adoção era compulsória e durava até os 18 anos. Estava num dos livros antigos do meu avô. Não vejo mudança alguma do modelo de desenvolvimento e é mais fácil acabar com tudo, inclusive serviços da natureza, do que mudar isso. Pelo menos as tendências atuais não negam. Max Neef explica: “The economic arrangement of society is to the liking of those who profit most from it. And it is no coincidence that they are exactly those who yield the power — the power to maintain intact the arrangement that suits them,” -Manfred Max-Neef in "Economics Unmasked". Agora com um acordo do clima que permite elevações de temperatura de 3,5 graus Celsius, a nossa sobrevivência na Terra como espécie animal acabou de virar roleta russa. Abraços Hugo Hugo, a nossa sobrevivencia como especie sempre foi uma roleta russa. Amanha pode cair um meteoro na terra e acabar com tudo; uma epidemia severa e desconhecida pode dizimar milhoes; a explosao de algumas ogivas nucleares, que estao ai desde antes de sonharmos com mudancas climaticas, tambem pode ter esse efeito. Por que voce acha que as mudancas climaticas mudaram esse cenario? Abraco Sr. Jones É duro reconhecer isso, mas simplesmente porque não temos decisão alguma sobre o fato de um meteoro cair na Terra ou não, mas temos total decisão sobre a falta de solidariedade com a teia da vida da qual dependemos totalmente. O maior processo de extinção em massa dos últimos 65 milhões de anos foi criado por nossa própria conta e risco e pela nossa inconsciência e é muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores. Somos todos um, do ponto de vista biológico e planetário e também talvez estejamos unidos por outros pontos que ignoramos. A água só existe através dos animais e plantas, fiquei surpreso de não ter aprendido isso desde que nasci. Os fatores aleatórios de extinção da vida não tiram a nossa culpa e responsabilidade por isso. Nosso sistema imunológico é tão incrível que é praticamete impossível a dizimação total da nossa espécie animal a partir de um invasor. Foi provado cientificamente que a mulher na escolha do seu parceiro "milagrosamente" obtém aquele que dará a maior e melhor combinação possível de diferenciação imunológica da sua prole. O sistema imunológico possui uma combinação infinita. Eu ficaria exasperado com o fato desses fatores aleatórios e dos riscos já criados pelos nossos próprios erros, como energia nuclear, pudessem nos eximir dessa responsabilidade, porque aí sim o nosso senso de coletividade desapareceu por completo. Nós já contratamos nossa extinção ou parte da extinção da vida. Isso não é o futuro, é o presente, o número de espécies animais e vegetais perdidas para sempre podem ser contados por dia, a destruição dos ecossistemas é diária, a cada dia amanhecemos com menos sistemas naturais pressionados cada vez mais pelo nosso sistema de consumo e produção, até o ponto que a resiliência da natureza será rompida. O mais incrível é que nessa roleta russa não há senso de urgência alguma. Se houver um dia, só poderemos salvar parte do que iremos perder. Poucos de nós sabem que sem a Amazônia (sem a natureza) estaremos todos mortos, parafraseando Keynes que disse no longo prazo todos estaremos mortos e ele se esqueceu que como espécie animal somos praticamente imortais. O sentido da frase dele é individualista, quando para existirmos dependemos de uma enorme, vasta e delicada solidariedade em todos os sentidos. Abraço Hugo

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Desesperador

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Os números desses papers (link no fim do texto) só serão atingidos se o mundo do faz de conta dos economistas não for faz de conta e sim real.
Faz de conta que a produção brota do nata.
Faz de conta que a economia está totalmente separada da natureza, do tamanho do planeta, dos serviços ecológicos.
Faz de conta que o crescimento econômico jamais é deseconômico.
Faz de conta que o crescimento gera justiça social e bem estar e não guerras e devastação.
Faz de conta que poderemos dessalinizar e ressalinizar a água dos oceanos a um custo energético mínimo.
Faz de conta que a economia pode ser maior que o planeta.
Faz de conta que iremos usar terras de outros planetas para depositar nossas produções.
Faz de conta que a produção, a partir de um determinado ponto crítico, irá se tornar imaterial.
Faz de conta que as leis da termodinâmica são falsas.
Faz de conta que a economia não é uma pseudo-ciência autista que não se comunica com nenhuma outra descoberta científica relevante, como aquecimento global e a maior extinção em massa de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões de anos causadas por nossa espécie.
Faz de conta que do ponto de vista da biologia não somos todos um e que o ser humano não faz parte dessa teia da vida sem a qual não teríamos água, ar para respirar, comida.
E para finalizar,
Faz de conta que todo esse faz de conta não rege universalmente todas as decisões governamentais e empresariais a nossa volta e que isso não irá causar a extinção da vida desse planeta e da nossa espécie animal.
Faz de conta.



Colaboradores