Mostrando postagens com marcador folha de são paulo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador folha de são paulo. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Fim da água em São Paulo à vista?

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Amigos,


A entrevistada é do Instituto Socioambiental, que faz parte da Aliança pela Água (www.aguasp.com.br).

Meus comentários:

A questão da água é resultado direto de uma teoria econômica que ignora os elos do sistema econômico – e sua dependência – com a natureza.  Nicholas Georgescu Roegen mostrou mais de 50 anos atrás porque através de um erro epistemológico sério os economistas assumiram corajosamente a total separação entre o sistema econômico e o ambiental.   Mesmo assim, a explicação esquisofrênica em defesa desse modelo econômico é que a regra de escassez e os mercados irão resolver o problema ambiental (e social).  Na verdade com esse erro, os mercados só agravam a situação, o modelo teórico e mental que precisa ser revisto, do contrário, suicídio coletivo.

Conforme apontado por Paulo Roberto da Silva, como a regra de escassez só se aplica aos bens econômicos (oferta limitada e sujeita a apropriação) e não se aplica aos bens livres (inesgotáveis e não sujeitos a apropriação e inclui aqui todos os itens da natureza e seus serviços), a escassez desses últimos jamais é observada (finitude planetária ou da natureza) e as leis do mercado (preços mais altos como limitador do consumo) não valem aqui.  Ao contrário, como já escreveu várias vezes Hugo Penteado, quanto mais viável for economicamente uma atividade, mais inviável ela é do ponto de vista ambiental (e social).  Esse conflito não foi resolvido, porque para tal, é necessário a revogação dos erros da teoria econômica tradicional, algo que a Economia do Meio Ambiente que conhecemos, em grande parte ligada a essa visão neoclássica, também não resolveu (e o tratado de Kyoto expirou em 2012 sem nenhuma grande fanfarra...).

Na prática vivemos um suicídio coletivo progressivo.  Conforme se retira  mais água de reservatórios que vão sendo degradados (desmatamento, poluição, mudança climática), não há nenhum estímulo de demanda para evitar o seu consumo e o extremo desperdício dos paulistas e paulistanos.  Todos seguem lavando a calçada com mangueira e construindo piscinas, não há limitação alguma para outorga de água, mesmo que seja em sacrifício de atividades e populações do interior.  O desperdício galopante se observa em regiões como a de São Paulo cidade e satélites, mesmo com uma proporção per capita de água comparada a regiões semi-áridas (ou desertos), de apenas 200 litros /dia (à guisa de comparação, o estado tem 2800, Brasil 8200 e a ONU recomenda como limite mínimo 2000).   Portanto, toda a distribuição, usinas de filtragem, estações de tratamento, conexões de reservatórios, etc. disponibilizaram uma oferta acima do que rezava a finitude desse recurso na região a ponto de criar a possibiilidade de um colapso total que irá requerer que 20 milhões de habitantes sejam evacuados, porque sem água, a única opção é caminhão-pipa, mas a magnitude é impensável. Dos 13 hospitais da região da Paulista, só um, o Hospital das Clínicas requer 350 caminhões pipa por dia...

Além da água, o fim das reservas pesqueiras é um exemplo idêntico.  Você começa retirando peixes com cada vez maior frota de pesqueiros. O preço cai e a demanda sobe, culminando com nova alta de preços.  Aumenta a frota e retira-se mais peixes. O ciclo vai se repetindo até a reserva pesqueira colapsar com uma quantidade grotesca de barcos acima da linha do mar à toa.  As atividades ganham subsídios do governo para piorar.  Das 17 reservas pesqueiras mundiais, 11 entraram em colapso e as outras já estão bem encaminhadas na mesma direção. A indústria pesqueira mundial suicida tem rede suficiente para embalar a Terra sete vezes.  O mais assustador é que mesmo após a proibição da pesca em lugares importantes, não houve melhora, o colapso foi irreversível.  Mas essa “falsa escassez” fomentou uma outra atividade, nociva à saúde humana (uso de antibióticos, hormônios, tintas, metais pesados) que é a cultura de peixes fora do mar.  Salmão cultivado foi relatado num artigo do Guardian Sustainability Blog como um dos alimentos mais nocivos à saúde humana do mundo, senão o pior.

Jamais foi impedida pelo mercado e pela escassez a morte do solo em regiões agrícolas como no vale do Paraíba do Sul com o ferro e fogo arrasador na Mata Atlântica braslieira e o café, seguido por um êxodo e fuga ambiental de porte elevado na nossa história.  Nada se tirava do solo de alimentos, essa destruição é visível até os dias de hoje.  O modelo econômico opera até o colapso, não há nenhuma regra pertinente ao uso dos recursos da natureza que detenha esse suicídio ou que produza ganhos de eficiência, tecnologia, contenção da demanda que deveria engerar o limite ecológico.  Isso porque outro erro dessa teoria autista é que os bens da natureza são considerados substituíveis, o que podemos chamar de mito tecnológico e da substituição perfeita ou quase perfeita dos fatores.

Na prática é o que vemos na proposta do governo estadual e federal: na crise hídrica atual as três obras propostas (usina de reúso, canais transposição da água dos rios São Lourenço e Paraíba do Sul) são como se fossem substitutos para água.  Vamos imaginar que por conta do desmatamento, poluição, comprometimento de nascentesm, etc. a água não seja mais produzida nesses rios. As obras “substitutas” irão criar uma estrutura que não poderá ser usada.  A água é insubstituível e ela vem da natureza. Ponto. Podem construir as usinas e canais cinzas, eles podem ficar secos.  Isso tudo antes da morte da Amazônia e da mudança climática. Ou seja, como não fazemos nada como espécie animal, o pior ainda está por vir...

No limite, somente com finitude da demanda ou sua redução (decrescimento de matéria e energia e não do PIB, que já deveria ter sido abolido há décadas) conseguiremos amenizar a situação.  Não é mais possível revertê-la, isso era possível décadas antes, não agora com uma pegada ecológica global acima da capacidade terrestre, de 1,5 planeta (hoje mesmo li uma matéria que até 2050 o número de carros no Brasil irá quadruplicar, não só é uma cegueira total, como estamos copiando o modelo carrocentrista monodirigido que claramente não pode ser replicado para todos).  O quadro de alterações planetárias é irreversível e tudo indica que estamos levando o sistema para o limite, onde não podemos mais descartar cenários possíveis de ruptura.

Tudo isso para dizer que apesar dessa evidência – o fim da água - contrária ao pensamento tradicional, os economistas seguem acreditando que a água vai ser regulada pela escassez e pelos mercados, mas não explicam porque mesmo com essas regras pré-existentes não se conseguiu evitar a situação extrema que temos diante dos nossos olhos em várias áreas, as mais importantes, água, energia e clima.   Hoje existe um risco palpável de colapsar o reservatório da Cantareira até o terceiro volume morto e acabar totalmente a água se o regime de chuvas for tão ruim quanto em 2013-2014 ou se a perda de impermeabilidade for muito mais severa do que se imagina (uma vez que o fim do primeiro volume morto e o esgotamento do segundo e seu efeito sobre o eservatório nunca foi observado antes).  Quando isso acontecer, gostaria de ser o primeiro a perguntar aos economistas onde estão o mercado e a escassez que iriam evitar esse colapso? Por que não funcionaram?  Será que irão sustentar as suas falsas teorias mesmo após isso? Ou vão fazer como os mafiosos: só assumem a culpa por alguma coisa quando podem atribuir a alguém...

O volume morto guardava o selo da impermeabilidade da Cantareira, mas com o seu fim hoje 80% do fundo do reservatório está exposto a céu aberto e totalmente craqueado.  Apesar de tudo isso, a única estratégia do governo é esperar chuvas que tragam 75% da vazão no mínimo da média histórica para recuperar o reservatório para 10% acima dos dois volumes mortos já utiilizados.  Todas as três obras – que não são solução – só ficarão prontas depois do próximo ano hídrico (de outubro de 2014 a setembro de 2015).  A relação chuva e vazão pode ter quebrado, ou seja, para a mesma quantidade de chuva de antes, não se produz a mesma vazão histórica, ou seja, os reservatórios podem não encher mesmo com chuvas acima ou na média histórica.  Finalmente, a aposta de chuvas já não deu certo: outubro e novembro teve chuvas e vazão ridiculamente baixas (tanto por poucas chuvas quanto por falta de impermeabilidade nos reservatórios).  Dezembro vai pelo mesmo caminho.  Se janeiro a março continuar assim, evacuação das cidades à vista ou paralisação de todo o trânsito motor da cidade para deixar apenas centenas de milhares de caminhões-pipa circularem. Ah, e quem vai pagar a conta deles? Qual vai ser seu preço? Porque aí a escassez dos economistas autistas se aplica: quantos caminhões-pipa existem para movimentar água na cidade?

Virasin Ohmni

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Tecnologias e o fim do mundo

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Comentário de Carlos Eduardo Lessa Brandão

Mais raro do que juntar sete Prêmios Nobel de Química concordando sobre as causas das mudanças climáticas, é conseguir que apenas um deles entenda também de Economia e de Ética, para não propor apenas avanços tecnológicos como solução.

Se estivesse vivo, o Prêmio Nobel de Química de 1921, Frederick Soddy teria feito propostas mais abrangentes e consistentes do que seus 6 colegas – e estaria de acordo com Walter Kohn: energia nuclear é mais uma tecnologia para consertar problemas gerados por outras tecnologias e que, em pouco tempo, se tornaria mais um problema (a ser solucionado por uma nova tecnologia, e assim vai...).

A possibilidade de conter a mudança climática sem diminuir o crescimento da população ou do nível de vida no planeta é outra ilusão irresponsável proposta pelo grupo.

A grande fonte de solução para a sobrevivência da civilização e de outras espécies que habitam o planeta conosco está na “tecnologia social”: ajustar as regras do jogo econômico e os princípios éticos para tratar da realidade que construímos nos últimos duzentos anos. A tecnologia deveria se subordinar às novas regras do jogo.

Detalhe: a visão sobre Economia de Frederick Soddy é capaz de lidar com as mudanças climáticas, ao contrário da dos economistas que vem ganhando o Prêmio do banco central da Suécia em homenagem a Alfred Nobel, inadequadamente denominado de prêmio Nobel de Economia.

-----------------------------------------------------------------------------------------------

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ciencia/fe0107200901.htm

São Paulo, quarta-feira, 01 de julho de 2009


Energia nuclear é inevitável para salvar clima, diz Nobel
Sete laureados reunidos na Alemanha pedem ação imediata contra gases-estufa
"Não deveríamos jogar roleta com o planeta", diz Mario Molina, que elucidou papel de gás industrial no buraco da camada de ozônio


MARCELO LEITE - ENVIADO ESPECIAL A LINDAU (ALEMANHA)

Kai Füsterling - 01.jun.09/Efe

O mexicano Mario Molina, que desvendou o buraco no ozônio

Há poucos lugares no mundo, além de Estocolmo, onde se podem juntar numa mesa sete prêmios Nobel de Química. Aconteceu ontem de manhã numa cidadezinha do sul da Alemanha, durante a 59ª Reunião de Prêmios Nobel em Lindau, diante de seis centenas de jovens pesquisadores. Talvez ainda mais raro, todos concordaram: a mudança do clima é criada pelo homem e por ele tem de ser resolvida. Com urgência. E a maioria acha que talvez não dê para abrir mão da energia nuclear.

Se Nobel é sinônimo de craque em ciência, esse grupo deveria bastar para convencer de que o aquecimento global não é invenção de ambientalistas: Gerhard Ertl, alemão (2007); Robert Grubbs, americano (2005); Walter Kohn, austríaco (1988); Harold Kroto, britânico (1996); Rudolph Marcus, canadense (1992); Mario Molina, mexicano (1995); e Sherwood Rowland, americano (1995).


Molina, talvez a maior estrela entre os 23 Nobel presentes em Lindau, relacionou o que o planeta está vivenciando: decréscimo de 7% ao ano na extensão das geleiras, duplicação das regiões áridas, aumento estatisticamente significativo de enchentes, incêndios florestais e secas, de 1950 para cá.
"Não deveríamos jogar roleta com o planeta", disse Molina, também conselheiro científico da Presidência dos EUA. "São as atividades humanas que estão mudando o clima, esse é o consenso científico."


O mexicano, da Universidade da Califórnia em San Diego, afirmou que o ritmo, a amplitude e o padrão do aquecimento da atmosfera já observados não se encaixam em nenhum precedente conhecido de alteração do clima em muitos milênios.


Ele deve saber do que está falando. Molina e Rowland dividiram o Nobel de Química de 1995 com o holandês Paul Crutzen por seu trabalho sobre a destruição da camada de ozônio. Foram pesquisas como essas que levaram ao bem sucedido Protocolo de Montreal (1987), banindo os gases CFCs.


Os efeitos de Montreal podem ser sentidos agora. O buraco no ozônio sobre a Antártida e a Patagônia, na primavera, vem diminuindo de tamanho.
Apesar de muito mais grave, a mudança climática global só contou até agora com o modesto e fracassado Protocolo de Kyoto (1997). A expectativa se volta agora para a conferência de Copenhague, em dezembro, que deveria finalizar um tratado sucessor para Kyoto, para vigorar depois de 2012.


A atmosfera demora a reagir

Gases produzidos hoje podem ficar dezenas ou centenas de anos em ação. É o que ocorre com o principal gás do efeito estufa, o dióxido de carbono (CO2). Para estabilizar sua concentração daqui a cem anos, é preciso cortar emissões pela metade nas próximas décadas.


Da plateia veio a pergunta que não queria calar, sobretudo quando por haver nela 45 pesquisadores indianos e 27 chineses: é inevitável diminuir o crescimento da população ou do nível de vida no planeta para conter a mudança climática?


Mais uma vez foi Molina quem falou pela maioria: "Inevitável, não".
Para ele, a humanidade já dispõe das tecnologias para enfrentar o problema. "Só é um desafio gigantesco."


Na primeira rodada da mesa, cada um havia listado contribuições que a química poderia dar para ajudar a atacar o desafio. Muitas: baterias mais eficientes, novos materiais para abaixar o custo e melhorar o desempenho de painéis fotovoltaicos e de turbinas de vento, processos para retirar CO2 da atmosfera e armazená-lo.
Resvalando da química para a física, a energia nuclear também foi lembrada. A fusão de átomos para obter energia, que três décadas atrás era encarada como a grande solução, permanece ainda como promessa - para daqui a 50 ou cem anos.


Já a fissão (quebrar núcleos atômicos), base das atuais usinas nucleares, tem um papel mais ou menos garantido, reconheceram quase todos, meio a contragosto. No mínimo é preciso intensificar a pesquisa para avançar a nova geração de reatores, mais seguros.


A voz discordante veio de Walter Kohn
: "Sou velho o bastante para ter testemunhado as bombas atômicas no Japão e jovem o bastante para ler jornais e saber do que está acontecendo na Coreia do Norte e no Irã". Disse que, para satisfazer as necessidades crescentes de energia, centenas de reatores teriam de ser construídos, trazendo o risco de proliferação.


"Será uma pressão enorme", concordou Harold Kroto, mas com um eufemismo: "A probabilidade de comportamentos repreensíveis aumentará dramaticamente. Temos de pensar nisso com cuidado".




MARCELO LEITE viajou para a Alemanha a convite da 59ª Reunião de Prêmios Nobel em Lindau

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Estudo derruba ligação entre raios solares e aquecimento global

Por favor se comentar deixe um email para contato.

mudanças climáticas
04/04/2008

Estudo derruba ligação entre raios solares e aquecimento global


Cientistas britânicos produziram novas e convincentes provas de que a mudança climática atual não é causada por mudanças na atividade solar.

A pesquisa contradiz a teoria favorita dos "céticos" do aquecimento global, segundo a qual raios cósmicos vindos para a Terra - e não as emissões de carbono - determinam a quantidade de nuvens no céu e a temperatura no planeta.

A idéia é que variações na atividade solar afetam a intensidade dos raios cósmicos, mas cientistas da Universidade de Lancaster descobriram que não houve nenhuma relação significativa entre as duas variáveis nos últimos 20 anos.

Apresentando suas descobertas na revista científica "Environmental Research Letters", a equipe britânica explicou que foram usadas três diferentes maneiras para procurar uma correlação, e praticamente nenhuma foi encontrada.

Esta é a mais recente prova a colocar sob intensa pressão a teoria dos raios cósmicos, desenvolvida pelo cientista dinamarquês Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional da Dinamarca.

As idéias defendidas por Svensmark formaram o principal argumento do documentário "The Great Global Warming Swindle" (A Grande Fraude do Aquecimento Global, em tradução livre), exibido pela televisão britânica, que intensificou os debates sobre as causas das mudanças climáticas atuais.

Caminho errado

"Começamos este jogo por causa do trabalho de Svensmark", disse Terry Sloan, da Universidade de Lancaster.

"Se ele está certo, então estamos no caminho errado tomando todas essas medidas caras para cortar as emissões de carbono; se ele está certo, podemos continuar a emitir carbono normalmente."

Os raios cósmicos são refletidos da superfície da Terra pelo campo magnético do planeta e pelo vento solar - correntes de partículas eletricamente carregadas vindas do Sol.

A hipótese de Svensmark é que, quando o vento solar está fraco, mais raios cósmicos penetram na atmosfera, o que aumenta a formação de nuvens e esfria o planeta. Quando os raios solares estão mais fortes, a temperatura na Terra sobe.

A equipe de Terry Sloan estudou essa relação analisando partes do planeta e períodos de tempo em que se registraram a chegada forte ou fraca de raios cósmicos. Eles então verificaram se isso afetou a formação de nuvens nesses locais e nesses momentos e não encontraram nada.

No curso de um dos ciclos naturais de 11 anos do Sol, houve uma frágil correlação entre a intensidade dos raios cósmicos e a quantidade de nuvens no céu. Mesmo assim, a variação dos raios cósmicos explicaria apenas um quarto das mudanças nas nuvens.

No ciclo seguinte, nenhuma relação foi encontrada.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), em sua avaliação sobre a questão feita no ano passado, concluiu que desde que as temperaturas começaram a aumentar rapidamente nos anos 70, os gases de efeito estufa produzidos pelo homem tiveram um peso 13 vezes maior no aquecimento global que a variação da atividade solar.

"Tentamos corroborar a hipótese de Svensmark, mas não conseguimos. Até onde podemos constatar, ele não tem nenhuma razão para desafiar o IPCC - o IPCC está certo. Então, é melhor continuarmos a cortar as emissões de carbono", disse Terry Sloan.
(Fonte: Folha Online)

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Lições de Santa Catarina: de Brasília a Poznan

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Folha de S.Paulo, 2/dez 2008

TENDÊNCIAS/DEBATES

Lições de Santa Catarina: de Brasília a Poznan
ROBERTO SMERALDI


--------------------------------------------------------------------------
Mete-se a mão no bolso do contribuinte para enfrentar os danos
da calamidade, mas não se realizam os investimentos
--------------------------------------------------------------------------


ESTÃO (parcialmente) errados os observadores que atribuem o recente desastre de Santa Catarina apenas ao desmatamento na Amazônia. É verdade que esse é um forte determinante -tanto por meio de mudanças climáticas regionais quanto globais- dos fenômenos climáticos extremos, assim como tudo indica que aquilo que aconteceu nos últimos dias faça parte dessa categoria.

A ciência já identificou -apesar de não explicar completamente- a complexa relação que vincula as alterações na troca de umidade entre a floresta e a atmosfera na região amazônica tanto com o regime pluvial na bacia do Prata quanto com a convecção do vapor que afeta a temperatura da camada superficial dos oceanos, importante fator na geração de furacões e outros eventos catastróficos.

Mas a natureza extrema do fenômeno climático que afetou Santa Catarina não é suficiente para explicar a dimensão dos impactos. Há também a vulnerabilidade sem precedentes do nosso território diante de um clima exacerbado.

Independentemente de nossa capacidade de adotar medidas efetivas para mitigar a crise climática, teremos, de qualquer forma, uma intensificação de eventos extremos nas próximas décadas, além do que ocorreu nesta, já sem precedentes. Podemos e devemos fazer muita coisa, agora mesmo, para mitigar essa tendência na segunda parte do século e naqueles vindouros, mas, infelizmente, já é tarde para evitá-la no curto prazo.

A vulnerabilidade extrema do território de Santa Catarina -e de outras importantes regiões do país- é devida principalmente a desmatamento local, com alterações expressivas no uso do solo e na gestão das águas.

Se o Código Florestal tivesse sido respeitado, especialmente no que diz respeito às áreas de preservação permanente (APP) -que incluem topos de morro, encostas e mata ciliares-, não veríamos erosão e assoreamento nessa escala.

Fator agravante é a crescente população localizada em áreas de risco, o que reflete peculiar sensibilidade social por parte de nossos governantes: se preocupam tanto pelas populações mais carentes que até se negam a retirá-las de onde a morte as ameaça.

Mas há outras contradições paradoxais, na contramão da história: enquanto as manchetes contabilizam as vítimas, no Congresso Nacional se cogita -acredite se quiser- "flexibilizar" o Código Florestal, tanto no que diz respeito ao desmatamento em geral (a chamada reserva legal) quanto em relação às citadas APPs. Em ambos os casos, a base do raciocínio é o reconhecimento do fato consumado.

Prevalece ainda a hipócrita cultura do perdão, que, por trás de sua fachada de bondade, implica a socialização dos prejuízos e, muitas vezes, assume a vitimação até mesmo de seus supostos beneficiários.

Isso caracteriza a relação de um regime autoritário com seus súditos, e não de uma democracia com seus cidadãos, que exige responsabilidade, certeza do direito e cobrança mútua.

Assim, mete-se a mão no bolso do contribuinte para enfrentar os danos da calamidade, mas não se realizam os investimentos, bem mais modestos, que poderiam fomentar a restauração das florestas, a recuperação das áreas alteradas e a proteção civil do território, além do desenvolvimento de uma economia de uso dos recursos florestais.
Se tivermos, como contribuintes, de subsidiar alguma coisa no interesse supremo da sociedade, deveria ser a eliminação dos passivos.

Ao contrário, subsidia-se, mediante a impunidade e a tolerância, a manutenção desses passivos, o que custa muito, muito mais caro.

Nosso Plano Nacional sobre Mudanças Climáticas foi lançado ontem -o que vale uma comemoração-, mas com metas pífias para a Amazônia e sem meta para cerrado -que se tornou hoje a primeira fonte de emissões do país- e mata atlântica, essencial para diminuir a vulnerabilidade de nossa população.

Prevalece ainda pernicioso provincianismo, pelo qual, ao reduzirmos de fato nossas emissões, estaríamos atendendo a interesses alheios antes dos nossos legítimos. Daí a preocupação em não assumir compromissos de descarbonização competitiva da nossa economia sem contrapartida no contexto internacional.

Quantos mortos são necessários para entender que estamos entre os países mais vulneráveis à mudança climática? Nesta semana, em Poznan, se reúne a convenção de clima: o Brasil está no topo da agenda da "mitigação" -por estar regularmente entre os cinco principais poluidores-, mas também daquela da "adaptação", por sofrer as conseqüências mais graves da mudança em termos de saúde, segurança costeira, agricultura e eventos catastróficos.

--------------------------------------------------------------------------------
ROBERTO SMERALDI , jornalista, é diretor da Oscip Amigos da Terra -
Amazônia Brasileira.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

O enxofre, a omissão e a demagogia

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Folha de S.Paulo
Sexta-feira, 21 de novembro de 2008

TENDÊNCIAS/DEBATES

O enxofre, a omissão e a demagogia
CARLOS MINC

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
No impasse do teor de enxofre no diesel, sofremos fortes pressões para adiar, alterar ou criar exceções para a resolução. Não cedemos
----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------

EM ARTIGO publicado neste espaço ("Sentença de morte", 13/ 11), o sr. Oded Grajew omite informações e faz ataques infundados, com a fúria típica de um recém-convertido à causa ambiental.

Ele ofende o Ministério Público Federal, o Ministério do Meio Ambiente e a Petrobras com o destempero de quem jogou para a platéia, querendo faturar politicamente no impasse no caso do teor de enxofre no diesel.

Ele omitiu que o governo do Estado de São Paulo e a Cetesb, co-autores da ação judicial, assinaram o TAC (termo de ajustamento de conduta) após participar de dezenas de reuniões com o Ministério Público, no que se supõe que suas demandas, ao menos na maior parte, foram contempladas.

A não-assinatura do TAC levaria o caso para a Justiça, sabe-se por quantos anos, com prejuízos ambientais, econômicos e sociais. As medidas compensatórias não seriam exercidas, oito fábricas de ônibus e caminhões seriam fechadas, 10 mil trabalhadores seriam demitidos e a
qualidade do ar não melhoraria.

A resolução 315/02 do Conama determinou que os novos ônibus e caminhões, em 2009, teriam emissão equivalente à dos motores Euro 4 e do diesel S-50 (com 50 partes por milhão de enxofre). Mas nada vinha sendo feito para seu cumprimento. No primeiro mês de nossa gestão, porém, reunimos cinco ministérios, ANP, Anfavea, Petrobras, Sindicato de Distribuidoras de Combustível, governos do Rio de Janeiro, de Minas Gerais e São Paulo e Ministério Público Federal. Uma fundação independente elaborou metodologia de cálculo para avaliar as conseqüências para a saúde da população geradas pelo atraso no cumprimento da resolução.

Sofremos fortes pressões para adiar, alterar ou criar exceções técnicas para a resolução. Não cedemos e anunciamos que nenhum caminhão ou ônibus novo a diesel sairia das fábricas em 2009 sem atender à resolução ou obter acordo judicial com o Ministério Público Federal.

Propusemos ainda uma nova etapa do Proconve (Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores), instituindo um padrão, para 2012, equivalente ao do Euro 5 e do S-10, cinco vezes menos poluidor do que o S-50. O atraso da resolução 315/02 não poderia justificar um recuo, e sim um salto para nos igualarmos ao padrão europeu, já que os pulmões são idênticos. Apresentamos então nova resolução ao Conama, que a aprovou, incorporando emendas dos ambientalistas. Estamos elaborando um Plano Nacional de Qualidade do Ar, envolvendo vistoria veicular obrigatória das emissões, como a que existe há nove anos no Rio de Janeiro, por causa de lei estadual de nossa autoria. O Rio é o único Estado com esse procedimento, que reduz as emissões.

A decisão do TAC ficou por conta do MPF de São Paulo. A procuradora da República Ana Cristina Bandeira Lins ouviu durante três meses as partes, criou um núcleo técnico de alto nível com profissionais da Cetesb, do Ibama e de fundações e realizou 20 reuniões de avaliação técnica das emissões e das medidas compensatórias apresentadas pela Petrobras e pela Anfavea, incluindo a importação de milhões de litros de diesel S-50, a regulagem de dezenas de milhares de ônibus e caminhões e a antecipação da fase do S-10.

Sem demagogia: todos sabiam que a resolução não seria cumprida devido a omissões de cinco anos. O que se avizinhava era um desastre ambiental, institucional e social. O Conama seria desrespeitado, e o ambiente, agredido por emissões sem nenhuma compensação. A não-assinatura do TAC implicaria a importação de 200 mil novos ônibus e caminhões a diesel, o fechamento de fábricas e a demissão de trabalhadores.

Na assinatura do TAC, a Cetesb e o governo de São Paulo exigiram medidas suplementares, como a ampliação das regulagens de outros milhares de ônibus e caminhões pela Petrobras e Anfavea, além do fornecimento de S-50, em 2009, às regiões metropolitanas do país e às
frotas cativas de ônibus. O Ibama exigiu cronograma para a substituição definitiva do S-2.000 no interior e do S-500 em todas as regiões metropolitanas.

Mas não comemoramos. A resolução 315/02 deveria ter sido cumprida. Do ponto em que enfrentamos o problema, não cedemos à postergação da resolução e ainda avançamos com o S-10. O TAC é de responsabilidade dos que o assinaram. Vamos fiscalizar o cumprimento integral do TAC e da nova resolução do Conama; aprovar a vistoria obrigatória nos Estados e ampliar a participação do etanol e do biodiesel na matriz energética, num crescimento de 11% ao ano. Em defesa do clima e dos pulmões.

------------------------------
------------------------------
CARLOS MINC é ministro de Estado do Meio Ambiente.

domingo, 13 de julho de 2008

O mundo deveria ser só assim...

Se para sobreviver de forma mais sustentável, eu tivesse que matar uma galinha, eu mataria, apesar de ser vegetariano. Falo isso por causa do artigo abaixo, que foi encaminhado por Luís Donadio, cuja lista de artigos que me envia são sempre muito interessantes. A postagem anterior, sobre a ONU, também veio de um de seus artigos, ele está trabalhando em dobradinha comigo sem saber. Mas voltando, mataria a galinha desde que fosse rápido para ela e antes de comer eu rezaria por ela, que deu a vida por mim, com o maior respeito que um ser vivo pode ter pelo outro. Seria uma atitude extrema, eu tentaria claro evitar. Mas comprar um frango da indústria, que é tratado cruelmente, que é entupido de hormônios que causam todo tipo de câncer e o de mama principalmente nas mulheres não. Esse frango também é carregado de antibióticos tudo porque a indústria faz os pobres frangos atingirem a idade do corte em tempo recorde só para aumentar os lucros. Esses eu jamais compraria, nesse caso optaria em morrer de fome. Ou optaria em ser vegetariano, uma das principais razões por ser vegetariano e a crueldade da produção de carne. A segunda, por ser ecologicamente devastador, planetariamente inviável comer carne, principalmente depois que deixamos a população humana atingir 7 bilhões de pessoas quase e já estamos produzindo alimentos à custa de atrasos ecológicos e resiliência da natureza e é praticamente impossível escaparmos hoje de um fome mundial por conta dessa cegueira de um sistema que primeiro cria os problemas para depois ir atrás das soluções. Para que acabar com os problemas, como vamos então justificar a existência de tantos políticos e suas promessas? Como vamos justificar tantas atividades inúteis que poderiam ser evitadas, como por exemplo despoluir e descontaminar o que foi poluído, ou desaquecer a Terra que foi aquecida?

Esse livro do artigo abaixo vale a pena dar uma olhada e comentar depois, aguardo comentários, eu estou adquirindo-o para a lista infinda de leituras que já tenh
o. O mundo deveria ser só assim, como os protagonistas do livro e do artigo abaixo viveram. Enfim, nós deixamos as empresas destruir nosso futuro. As indústrias alimentícias então, não são nada diferentes da indústria bélica. Nós temos hoje indústrias da destruição total da humanidade e da sobrevida da humanidade. Sobrevida, porque o planeta tem um limite para sustentar a vida, dada a entropia e isso é inexorável; a questão é como negociamos a exaustão da entropia com a Terra. Nem preciso dizer que nós negociamos para ser a única espécie animal da Terra que resolveu se aniquilar e aniquilar todos os demais seres vivos no prazo mais curto que qualquer outra espécie durou nos 4,5 bilhões de anos desse planeta, apenas para satisfazer os bushes, os lulas, os eikes batistas, os blairos maggis, os fhcs...

Esse é o tipo de desconstrução do sistema que iremos passar, por vontade própria ou por colapso, mas iremos passar. E só será vencedor quem decidir fazer parte dessa construção; quem não decidir irá desaparecer, por colapso:

11/07/2008 - 16h51

Família come só alimentos orgânicos para provar sustentabilidade

FLÁVIA GIANINI

Colaboração para a Folha de S.Paulo

Ela não protestou nua, nem fez greve de fome, nem abraçou árvores, mas conseguiu uma vitória considerável para qualquer ativista ecológico. Para provar a viabilidade da agricultura sustentável e a importância de pensar a alimentação politicamente, a escritora Bárbara Kingsolver e sua família viveram um ano só comendo alimentos orgânicos que produziam na própria fazenda ou trocavam com pequenos agricultores vizinhos.

A experiência hercúlea, narrada sem perder o bom humor, é contada no livro "O Mundo É o que Você Come" (ed. Nova Fronteira), que está sendo lançado no Brasil.

Formados em biologia, a autora e seu marido, Steven L. Hopp, sempre foram ligados ao campo e à natureza. O casal tentava ao máximo levar um estilo de vida natural e saudável com as duas filhas em Tucson, segunda maior cidade do Estado americano do Arizona. Eles moravam em um sítio, cultivavam legumes e passavam as férias na fazenda da família no interior da Virgínia. Mas dois anos de seca na região de clima árido geraram uma piora progressiva na qualidade de vida.

Assim, os antigos planos para uma vida rural ficaram mais atraentes a partir de 2004. "Bebíamos a água que as autoridades garantiam ser potável, mas elas desaconselhavam o uso nos aquários porque matavam os peixes", disse a filha mais velha do casal, Camille, 21, em entrevista por telefone à Folha. A estudante de biologia garante que a mudança foi compartilhada por todos. "Havia o plano de produzir alimentos próprios. Mas o Arizona era um deserto com poucas opções de culturas familiares viáveis."

A fuga do Arizona ensolarado era uma tentativa de alinhar a vida com a cadeia alimentar e abandonar o comportamento de "leitores de rótulos desconfiados". Mas a despedida da antiga vida passou longe do ecologicamente correto. Antes de encarar os cinco dias de carro até a Virgínia, eles pararam para abastecer o tanque de combustível e a bolsa com um pouco de "junk food".

Ao chegar à fazenda, o primeiro desafio foi definir o cardápio de acordo com as estações do ano. No desafio, exceções para óleo, azeite, vinagre e alguns grãos, de produção e processamento improvável naquela região dos EUA.

O planejamento e a experiência não evitaram os percalços. A perda das hortaliças com a chegada do frio foi só um dos problemas. "Deu medo de não ter o que comer no dia seguinte", conta a estudante. Criatividade era a solução. "Durante uma semana, a base do cardápio foi abóbora. Teve pão, torta, sopa e cozido. Até a sobremesa era de abóbora", lembra.

Matar os frangos que criaram desde pintinhos também não era fácil. "Conflitos morais eram inevitáveis no início, mas aprendemos a valorizar o consumo consciente e a importância desses animais na nossa alimentação durante o inverno", afirma Camille.

A jovem pretende se especializar em nutrição após concluir o curso de biologia. Se abater os frangos já era difícil, imagine perus de mais de 20 quilos. "Precisávamos estocar tudo o que fosse possível antes do inverno", diz. A família produzia artesanalmente salsichas, lingüiças e mussarela.

Receita possível

Todo o trabalho de subsistência era feito em grupo e as dificuldades deixavam as vitórias maiores. Camille se lembra da festa de aniversário de 50 anos da mãe. "Alimentamos mais de cem pessoas apenas com alimentos da região. O cardápio incluía entrada, prato principal e sobremesa", conta.

Ela e o pai participaram do livro. Cada um tem espaço próprio, onde abordam questões sobre política alimentar e produção orgânica. Camille, que durante o ano na fazenda entrou na universidade, fala sobre as dificuldades de manter seu estilo de vida comendo a comida do campus. Também é a responsável pelas receitas criadas, adaptadas ou testadas pela família no período. Ela garante que é possível alimentar crianças avessas a legumes com cookies de abobrinha.

Barbara escreve que, se o atual padrão de consumo gera desgaste ao ambiente, pequenas mudanças têm grandes resultados. "A comida na prateleira de um mercado americano percorreu uma distância maior do que a maioria das famílias percorre nas férias. Em média, 2.500 km. Se cada americano fizesse uma refeição por semana com alimentos locais, 1,1 milhão de barris de petróleo seriam economizados."

A escritora não economiza críticas ao "american way of life". O discurso político ácido, porém, tem argumentação sólida, baseada em dados sobre a cadeia de produção de alimentos. Guardadas as devidas proporções, as críticas servem aos padrões da maioria das grandes cidades.

Hoje, a fase radical passou. A família vive na fazenda, mas compra boa parte do que consome, desde que seja produzida de forma sustentável, de preferência orgânica. Entrar em contato com a terra, consumir alimentos de procedência conhecida, escolher de acordo com a estação e aproveitar ao máximo os recursos naturais: essa é a receita da família para não agredir o ambiente.

O Mundo É o que Você Come

Editora: Nova Fronteira

Site da família: www.animalvegetablemiracle.com





Colaboradores