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sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o mundo com minha SUV, meu churrasco, minhas viagens para Disney e meus eletrônicos"

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Previsão que já circula por aí é que em poucos anos a aviação estará inviabilizada pelas alterações atmosféricas. Assim como aconteceu com o começo da aviação nos anos 1950, quando as janelas quadradas foram convertidas para ovais e evitavam a ruína do casco do avião em pleno vôo como começou a acontecer com frequência.  Dessa vez o caso será mais sério, antes foi só uma questão de engenharia que ceifou muitas vidas até ser descoberto o motivo, agora será uma alteração global na atmosfera.  Há alguns que dizem que certos males virão para o bem. O Financial Times escreveu que o transporte aéreo já se tornou o inimigo ambiental número um.

Inmet confirma tornado em Brasília, o primeiro da história do DF


Fenômeno registrado na capital é semelhante aos de grandes proporções que causam prejuízos nos Estados Unidos e na Ásia. No entanto, há várias categorias e o de Brasília é um dos mais leves, de categoria 0 ou 1. A escala vai até 5.
·         Notícia

·         Vídeo

Renato Alves
Publicação: 01/10/2014 18:08 Atualização: 01/10/2014 19:40


Leitores do Correio Braziliense registraram um tornado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, durante a forte chuva desta terça-feira, que acabou causando estragos no terminal aéreo e fechando a pista para pousos e decolagens. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é a primeira vez que um tornado é registrado e confirmado no Distrito Federal. O fenônemo foi considerado de pequena proporção e aparentemente não ofereceu risco por ter acontecido em uma área descampada.
Tornado registrado perto do Aeroporto de Brasília (Kleber Alves dos Santos/Divulgação)
Tornado registrado perto do Aeroporto de Brasília


O tornado registrado na capital é semelhante aos de grandes proporções que causam prejuízos nos Estados Unidos e na Ásia. No entanto, há várias categorias e o de Brasília é um dos mais leves, de categoria 0 ou 1. A escala vai até 5.

A imagem do alto desta página foi enviada ao Correio pelo sargento Kleber Alves dos Santos, do Grupamento de Aviação Operacional do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, que tem um hangar no aeroporto. Já a imagem abaixo é do leitor Alexandre Rios, feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados.
Imagem feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados (Alexandre Rios/Divulgação)
Imagem feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o planeta"

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Somos todos um, do ponto de vista biológico. Charles Darwin escreveu que nada diferencia o ser humano dos demais animais.  Essa perda ou extinção é aterradora, porque podemos ter certeza, ela irá se voltar contra nós. Portanto, é muito importante que todas as atividades acessórias que estão sendo criadas (energia limpa, sustentabilidade, mecanismos de desenvolvimento limpo, economia verde, precificação dos serviços da natureza, tecnologias, crédito socioambiental, investimentos responsáveis, etc.) consigam provar ou mostrar que esse quadro de extinção da vida e de mudança climática está sendo revertido com essas atividades.  Se a resposta for não, temos que rever todas essas propostas e entender porque elas estão dando com os burros n´água.

Planeta perdeu 50% de sua fauna em 40 anos

Herton Escobar
30 setembro 2014 | 17:02
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/hi_257770-1024x681.jpg
Um gorila das montanhas em Ruanda, país assolado por pobreza e guerras. Foto: © Andy Rouse / naturepl.com

O planeta perdeu metade de seus animais nos últimos 40 anos, segundo um relatório divulgado hoje pela rede WWF, em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres. Segundo o estudo, chamado Living Planet Report (Relatório Planeta Vivo), ao mesmo tempo que a população humana cresceu substancialmente, a população global de animais vertebrados terrestres, aquáticos e marinhos encolheu 52% desde 1970.
Em outras palavras, o número de animais em terra firme, nos rios e nos mares de todo o planeta (a soma de todos os elefantes, ursos, tucanos, onças, peixes e baleias, etc) caiu pela metade em menos de meio século, enquanto que o número de seres humanos seguiu o caminho inverso: praticamente duplicou no mesmo período, passando de aproximadamente 3,5 bilhões para mais de 7 bilhões de pessoas. Uma coisa, obviamente, tem tudo a ver com a outra.
E a tendência é que a situação piore ainda mais daqui para frente, considerando que a população humana global poderá passar de 12 bilhões de pessoas até o final deste século, conforme relatei na semana passada, no post: Água no feijão, que mais 5 bilhões de pessoas vêm aí
O quadro mais preocupante é justamente na “casa do Brasil”, a América Latina: a redução populacional dos vertebrados no continente foi de 83% desde 1970, segundo o WWF.
Apesar de não ser uma publicação científica propriamente dita, o relatório está em consonância com vários trabalhos publicados por cientistas nos últimos anos, que apontam nessa mesma direção de uma “sexta extinção em massa” provocada pelo homem. Em julho, a revista Science publicou uma edição especial dedicada ao tema, com o título Vanishing fauna(Fauna em desaparecimento). Um dos artigos da edição, intitulado Defaunação do Antropoceno, é de co-autoria do pesquisador brasileiro Mauro Galetti, da Unesp de Rio Claro. O artigo destaca que 322 espécies de vertebrados terrestres foram extintas desde o ano 1500, e que as populações das espécies remanescentes mostram declínios da ordem de 25% para vertebrados e 45%, para invertebrados.
Um planeta e meio. Segundo o relatório, a espécie humana já consome e deteriora recursos naturais (incluindo itens básicos de sobrevivência como água, comida e fertilidade do solo) numa velocidade 50% maior do que a Terra é capaz de repor naturalmente. O que significa dizer que, pelas nossas práticas atuais de consumo, nós precisaríamos de um planeta 50% maior para garantir nossa sobrevivência a longo prazo.
Precisaríamos de 1 Terra e meia; mas, infelizmente, só temos 1. Qual a consequência disso para o futuro? Basta pensar no que aconteceria se você gastasse 50% mais do que o valor do seu salário a cada mês: Você pode até viver uma vida de bacana por um tempo, mas em algum momento a conta chega, e aí a casa cai.
Os números de biodiversidade do relatório são baseados na avaliação de mais de 10 mil populações de mais de 3 mil espécies de vertebrados de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. (ou seja, não leva em conta os invertebrados, como insetos e moluscos, que também passam por maus bocados)
Abaixo, mais alguns destaques do sumário executivo do relatório, que pode ser baixado aqui: http://goo.gl/DJCFim. A versão na íntegra, em inglês, está disponível aqui: http://goo.gl/rtMHq4
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/rinoceronte-semhorn.jpg
Um jovem rinoceronte que teve seu chifre arrancado por caçadores. Veja reportagem: Matança de rinocerontes é recorde na África do Sul
Espécies Terrestres:
“Espécies terrestres diminuíram 39% entre 1970 e 2010 e esta tendência não mostra sinal de desaceleração. A perda de habitat para abrir o caminho para atividades humanas – particularmente para a agricultura, desenvolvimento urbano e geração de energia – agravada pela caça, continua a ser uma grande ameaça.”
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/P1040135.jpg
Peixe fisgado no Sri Lanka. Foto: Herton Escobar/Estadão — Veja reportagem sobre a crise da pesca em São Paulo: Cadê o peixe que estava aqui?
Espécies de água doce:
“O LPI (Living Planet Index) de espécies de água doce diminuiu em média 76%. As principais ameaças para espécies de água doce são a perda e fragmentação de habitat, poluição e espécies invasoras. Mudanças no nível da água e conectividade dos sistemas de água doce – causado, por exemplo, por irrigação e represas de usinas hidrelétricas – têm um grande impacto nos habitats de água doce.”
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/14-Smooth-Stingray_Australian-National-Fish-Collection-CSIRO1.jpg
Uma raia marinha australiana. Foto: Australian National Fish Collection, CSIRO — Veja reportagem: 25% das raias e tubarões correm risco de extinção
Espécies marinhas:
“Espécies marinhas diminuíram 39% entre 1970 e 2010. A redução mais acentuada aconteceu no período entre 1970 e meados dos anos 80, seguido por um período de certa estabilidade, antes de outro período de declínio em anos recentes. As reduções mais marcantes são nos trópicos e Oceano Austral– espécies em declínio incluem tartarugas marinhas, várias espécies de tubarões, e grandes aves marinhas migratórias como o albatroz-errante.”

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Querida, acho que destruí o planeta

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Mais uma da série "Querida, acho que destruí o mundo e o bom é que ninguém está vendo isso"

Gelo no Ártico derrete mais rápido e impressiona cientistas

7/9/2012 12:46,  Por Redação, com BBC - de Londres
http://correiodobrasil.com.br/imagens/bbc.gif
Ártico
A camada de gelo no Ártico está cada vez mais fina
Cientistas da Noruega estão alertando para o fato de que o gelo no Ártico está derretendo a uma velocidade maior do que a média. Pesquisadores afirmam que o mar de gelo está ficando cada vez mais fino e vulnerável no norte do planeta. No mês passado, o derretimento deixou o gelo do Ártico no seu menor nível em mais de 30 anos, desde que começaram as medições via satélite.
Os cientistas acreditam que isso possa influenciar até mesmo o clima na Europa. O derretimento deve continuar por pelo menos mais uma semana, atingindo o seu auge na metade de setembro, quando as temperaturas ainda permanecem acima do ponto de congelamento.
O diretor do Instituto Polar Norueguês, Kim Holmen, disse à agência inglesa de notícias BBC que a velocidade do derretimento é maior do que o esperado.
– Isso é uma mudança maior do que nós imaginávamos há 20 anos, ou mesmo há dez anos – diz Holmen.
O instituto está enviando um navio quebra-gelo para pesquisar as condições entre a Groenlândia e a ilha de Svalbard – a principal rota por onde passa o gelo que sai do Oceano Ártico. Durante uma visita ao porto, um dos cientistas, Edmond Hansen, disse que estava “impressionado” com o tamanho e a velocidade do degelo.
– Como cientista, eu sei que isso é algo sem precedentes em pelo menos 1,5 mil anos. É realmente impressionante… É uma mudança enorme e dramática no sistema – diz Hansen.
Segundo o cientista, “isso não é um fenômeno de curta duração – isso é uma tendência contínua. Você perde mais e mais gelo e está se acelerando – é só olhar os gráficos, as observações, e você pode ver o que está acontecendo.”
Gelo fino
Dados importantes são registrados não só pelos satélites como também por uma série de técnicas diferentes. Uma equipe foi enviada ao gelo para perfurar buracos e coletar dados que possam revelar a origem do gelo. Desde os anos 1990, boias especiais ligadas ao leito do mar usam sonares que captam dados constantes sobre a superfície do gelo.
Um equipamento eletromagnético conhecido como EM-Bird é suspenso de um helicóptero, sobrevoando o gelo. O instrumento capta dados sobre a espessura da camada do gelo na superfície. Os dados mais recentes ainda estão sendo analisados, mas o cientista Sebastian Gerland disse que já é possível perceber um padrão recorrente a cada ano.
– Na região onde trabalhamos, nós vemos uma tendência geral de gelo mais fino – afirma.
Onde o gelo desaparece por completo, a superfície perde a sua coloração branca que reflete a radiação solar. A coloração escura absorve a radiação, aumentando ainda mais a temperatura. Algumas previsões indicam que o Ártico pode não ter mais gelo nos verões de 2080. No entanto, alguns cientistas acreditam que isso possa acontecer ainda antes.
Ventos
Kim Holmen levanta a possibilidade de as mudanças climáticas afetarem o clima na Europa. Segundo ele, o trajeto e a velocidade do vento são determinados pela diferença de temperatura entre os trópicos e o Ártico. Uma mudança climática no polo poderia provocar mudanças nos ventos que sopram pela Europa.
– Quando não houver gelo no Ártico, a região não será mais branca e absorverá mais luz do sol, e essa mudança poderá influenciar sistemas de ventos e onde a precipitação ocorre. No norte da Europa, isso pode significar precipitação maior, enquanto o sul da Europa pode se tornar mais seco – afirma Holmen.
Essa opinião é compartilhada pelo Centro Europeu de Previsão do Tempo de Médio Alcance, entidade baseada em Reading, na Grã-Bretanha. O diretor da entidade, Alan Thorpe, acredita que ainda é preciso evoluir na pesquisa sobre o impacto que as mudanças no Ártico terão no clima europeu.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Mais uma da série "Querida, acho que destruí o mundo..."

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Como existe uma "mega escassez de energia (idéia falsa, mas amplamente difundida)" para "satisfazer o mega desperdício de energia (idéia verdadeira, mas amplamente ignorada)", não é de se admirar que vamos alagar a Amazônia inteira se preciso for e, qualquer problema com isso, significa que o Brasil não será capaz de sustentar nem 10 milhões de pessoas, caso a floresta pereça com nossas investidas variadas. Não se enganem, porque todo dia de manhã, aparecem mil novas idéias criativas para satisfazer a nossa megalomania do crescimento de demandas inúteis, num modelo onde vigora soberano o mito de total separação entre economia e meio ambiente, onde a valoração do planeta, da biodiversidade, dos seus serviços ambientais é nula. Por que valorar a natureza, se ela é inesgotável e o sistema econômico é neutro para o meio ambiente? Mais do que isso, porque ficar preocupado, se sabemos que o planeta é um subsistema da economia, que pode de fato sem maior que o planeta pela nossa inventiva tecnologia, mito do qual faz parte até o mito de energia limpa - "road to hell is paved with good intentions" é um ditado que não poderia ser tão bem aplicado como agora. Isso só terá fim quando não ser mais possível viver sobre esse planeta. Tamanho erro negado até por aqueles que não deveriam negar e que embarcam na defesa da energia nuclear, cujo custo de limpeza, só de Fukushima, será de 250 bilhões de dólares...


*POR-USINAS-GOVERNO-VAI-REDUZIR-ÁREAS-DE-PROTEÇÃO*

Unidades de conservação ficam na Amazônia e têm alta biodiversidade

Documentos do Instituto Chico Mendes mostram que redução pedida pela
Eletronorte não tem estudo técnico

*CLAUDIO-ANGELO*
Folha de S. Paulo, 7/jun11

O governo vai reduzir sete unidades de conservação na Amazônia para
permitir a construção de seis hidrelétricas- uma delas seria a quarta
maior do país.

O palco da nova investida energética do Planalto é o vale dos rios
Tapajós e Jamanxim, no Pará, uma das áreas mais preservadas e mais
biodiversas da floresta.

O movimento acontece num momento em que o Brasil sofre pressão
internacional por causa do aumento no desmatamento, relacionado ao
Código Florestal, e do licenciamento da hidrelétrica de Belo Monte, no
rio Xingu.
Segundo o ICMBio (Instituto Chico Mendes para a Conservação da
Biodiversidade), a ideia é ter um projeto de lei ou Medida Provisória
determinando a redução das áreas protegidas até agosto.

Documentos internos do instituto, obtidos pela Folha, mostram que a
proposta foi feita sem estudos técnicos e tem oposição unânime dos
chefes das unidades.
Segundo eles, as usinas alagariam 3.200 km² (duas vezes a área da
cidade de São Paulo). Sua instalação subverteria a razão de ser das
unidades de conservação.

LAGOS

O pedido de redução foi feito em janeiro pela Eletronorte. A estatal
entregou ao ICMBio mapas com as partes das áreas protegidas que serão
alagadas pelos reservatórios.

A megausina de São Luiz do Tapajós, a principal do complexo, terá
6.133 megawatts, quase a potência somada de Jirau e Santo Antônio, no
rio Madeira.

Seu lago deve atingir parte do parque nacional da Amazônia, o mais
antigo da região Norte, e das Flonas (Florestas Nacionais) de Itaituba
1 e 2. A segunda maior usina do complexo, Jatobá, terá 2.338 megawatts
e alagará parte da Flona Itaituba 1.

SEM ESTUDOS

Os parques integram o mosaico de unidades de conservação da BR-163,
criado pela então ministra Marina Silva (Meio Ambiente)em2005para
conter o desmatamento e a grilagem de terras na região. É o maior
conjunto de áreas protegidas do país.

A maioria não estudos detalhados de biodiversidade.

Os chefes das áreas protegidas afirmam que a proposta de redução da
Eletronorte foi feita "na caneta", sem estudo técnico nem ambiental. O
mapa elaborado pela estatal da área a ser alagada no parque nacional
da Amazônia, por exemplo, inclui um trecho da Transamazônica, que
teria de ter seu traçado refeito -passando por dentro do parque.

Procurado pela Folha, o presidente do ICMBio,Rômulo Mello, disse que
as reduções estão sendo discutidas e ainda não têm aval do instituto.
Ele afirmou, porém, que a redução dos parques não é nenhuma surpresa.

"Quandoas UCs[unidades de conservação] foram criadas, já havia acordo
entre os ministérios" sobre os estudos para a construção das usinas. A
Eletronorte afirmou, por meio da assessoria, que não pode se
manifestar sobre o tema, pois o assunto está em discussão na
Presidência. O Ministério de Minas e Energia não havia se pronunciado
até o fechamento desta edição.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Mais uma da série, "Querida, acho que destruí o planeta"

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Interessante: ao invés de atacar a causa do problema (emissões), a saída é tirar elas da atmosfera.

Pode ser, claro, que o estoque de emissões exija tal tecnologia – cuja eficiência está longe de ser comprovada e nem em sonho será carbono neutra ou ambientalmente limpa ela mesma.

Mas em relação ao fluxo, só há uma solução: cortar emissões.

Com energia limpa? Bom, nem em sonho temos energia limpa para trocar pela atual energia suja – infelizmente.

A única forma de cortar emissões de forma imediata é cortando o desperdício e abandonar o modelo de crescimento eterno e, claro, continuar investindo no desenvolvimento de tecnologias mais limpas e mais eficazes e em outras formas de produção, consumo e distribuição com menos concentração de riqueza ativamente estimulada pelos governos todos.

15/01/2010 - 10h25

Cientistas holandeses criam técnica barata para tirar CO2 do ar

RICARDO MIOTO
da Folha de S. Paulo

Um novo dispositivo apresentado nesta quinta-feira (14) por cientistas pode um dia se tornar uma máquina para salvar o planeta do aquecimento global: ele tira o dióxido de carbono (CO2) do ar e o transforma em compostos de carbono que podem ser vendidos como matéria-prima à indústria.

Os pesquisadores holandeses autores da invenção, porém, afirmam que ainda não é possível aplicá-la em grande escala.

O que os cientistas fizeram foi criar uma estrutura que ajuda o CO2 do ar a se transformar em uma substância chamada oxalato de lítio. O mecanismo usa um composto do tipo que os cientistas chamam de catalisador, que serve para estimular e acelerar reações químicas.

Conseguir que uma placa feita de um material complexo à base de cobre fizesse isso não foi fácil. Estruturas com cobre expostas ao ar geralmente reagem com o oxigênio (O2), não com o gás carbônico (CO2).

Isso ocorre porque o oxigênio tem muito mais facilidade para participar de reações químicas. Ele é mais instável, se agrupa facilmente com outras moléculas. A estrutura criada pelos holandeses, entretanto, quebra a expectativa e reage com o CO2.

Mistério

Nem os cientistas entenderam direito como conseguiram a façanha. "Por que isso aconteceu, nós não entendemos", disse à Folha Elisabeth Bouwman, da Universidade Leiden, na Holanda, que publicou, com sua equipe, a descoberta na revista "Science".

Eles são especialistas em estruturas sintéticas úteis como catalisadoras em reações com carbono.

Eles ficaram especialmente animados por três motivos. Um deles é que a substância final em que o CO2 se transforma, o oxalato de lítio, é bastante estável. Isso significa que o carbono está bastante preso dentro dela --não vai voltar para a atmosfera tão cedo.

O segundo é que o oxalato de lítio pode servir como insumo na fabricação de produtos de limpeza doméstica ou de substâncias úteis para uso em componentes de refrigeradores.


Editoria de Arte/Folha Imagem


http://f.i.uol.com.br/folha/ambiente/images/1001588.gif

O último é que o catalisador que criaram é "reciclável". Ou seja, ele pode ser utilizado de novo após oxalato de lítio ser removido dele. Isso torna o mecanismo mais viável.

Começo

O processo, porém, ainda está longe de sair dos laboratórios e ganhar escala. Dificilmente se tornaria viável rápido o suficiente para conter o aquecimento global nas próximas décadas. Segundo Bouwman, seu estudo "é só o começo".

Ainda assim, é um grande passo. Todos os mecanismos propostos até hoje para tirar CO2 da atmosfera e transformá-lo em outra substância gastavam uma quantidade proibitiva de energia. O mecanismo holandês, entretanto, é mais simples e, assim, tem um consumo elétrico pequeno.

Algumas substâncias usadas no processo, porém, ainda encareceriam um ganho em escala. Uma delas é o lítio. Por isso, diz Bouwman, o próximo passo é fazer pequenas modificações nas estruturas usadas.

O trabalho vai adiante em um constante processo de tentativa e erro. "Fazemos as modificações e observamos o que acontece: se o complexo fica mais reativo, se a reação vai mais rápido."


quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o planeta!"

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Mudanças aceleradas
29/9/2009

Agência FAPESP – O Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em fevereiro de 2007, chamou a atenção dos meios de comunicação e alertou o público em geral de forma inédita sobre um dos mais preocupantes problemas na atualidade.

Mas, de acordo com uma nova análise, as estimativas do relatório podem ter sido modestas. O motivo é que tanto o ritmo como a escala das mudanças climáticas globais já teriam superado o que havia sido previsto há dois anos.

Os impactos estariam chegando mais rapidamente, segundo diversos indicadores, como a perda de gelo nas montanhas e no Ártico ou a acidificação dos oceanos. A conclusão é do relatório Climate Change Science Compendium 2009, divulgado no dia 24 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Produzido por cientistas de diversos países, o relatório destaca a extrema importância de que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro, chegue a um novo acordo global para o clima para vigorar com o fim do Protocolo de Kyoto, em 2012.

“A COP15 tem importância fundamental para a sobrevivência do planeta, pois só com um esforço coletivo do qual participem todos os países, desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento, será possível estabelecer metas elevadas de redução da emissão de gases de efeito estufa e, efetivamente, atingir essas metas dentro de 20 anos”, disse Carlos Alfredo Joly, professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas e coordenador do Programa Biota-FAPESP.

O relatório do Pnuma destaca alterações por todo o planeta. Na Europa, além da aceleração do derretimento do gelo nos Alpes e Pirineus, há o aumento da aridez no solo que se espalha do Mediterrâneo para o norte e o deslocamento de espécies vegetais para altitudes mais elevadas.

Água mais ácida que pode corroer uma substância chamada aragonita, fundamental para o crescimento de corais e das conchas de moluscos, chegou à costa da Califórnia, décadas antes do que modelos haviam previsto.

O derretimento de glaciares e mantos de gelo nas regiões polares está mais rápido. No manto da Groenlândia, por exemplo, o derretimento observado recentemente foi 60% superior ao recorde anterior, em 1998.

O relatório destaca que novos estudos apontam que a elevação dos níveis do mar pode ser maior do que se estimava anteriormente. Os aumentos podem chegar a 2 metros até 2100 e de cinco a dezes vezes mais nos séculos seguintes.

Outra preocupação é que alterações drásticas podem ocorrer em algumas décadas, ou antes, em sistemas climáticos importantes, como as monções no Sudeste Asiático, Saara e oeste da África e sistemas que atuam no ecossistema amazônico.

Segundo o relatório, perdas de gelo em montanhas nas regiões tropicais e temperadas afetariam de 20% a 25% da população humana nessas áreas com prejuízos na irrigação e perda de água potável.

Tendências atuais de emissão de dióxido de carbono, de acordo com o documento, poderão levar a uma alteração irreversível nas condições em certas áreas na América do Sul, principalmente no Nordeste do Brasil, incluindo um aumento de 10% na aridez durante a estação mais seca.

O texto destaca ainda que é possível evitar a maior parte dos impactos que serão promovidos pelas mudanças climáticas, mas que isso só ocorrerá durante a existência da civilização atual se houver “ações imediatas, coesivas e decisivas para cortar emissões e auxiliar países mais vulneráveis a se adaptarem”.

Papel do Brasil

“O Climate Change Science Compendium 2009 é um alerta: o tempo de hesitar acabou”, alertou Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). “Precisamos que o mundo inteiro realize, de uma vez por todas, que a hora de agir é agora e que devemos trabalhar juntos para enfrentar esse desafio monumental. Esse é o desafio moral de nossa geração”.

O compêndio do Pnuma reúne e revisa dados obtidos por cerca de 400 estudos feitos nos últimos três anos. O objetivo, segundo os responsáveis pelo programa, não é substituir os documentos do IPCC – que prepara o quinto relatório de avaliação –, mas atualizar o mais recente deles.

“O conhecimento científico sobre as mudanças e previsões climáticas tem avançado muito rapidamente desde o relatório do IPCC de 2007”, disse Achim Steiner, subsecretário da ONU e diretor executivo do Pnuma.

Nesse cenário, o coordenador do Biota-FAPESP ressalta a importância fundamental da COP15 e do papel brasileiro na conferência. Segundo Joly, o sucesso do encontro em dezembro passará por uma mudança substancial da postura do Brasil nas negociações, “saindo da defensiva que caracterizou nossa atuação nos últimos dez anos para uma participação propositiva e de liderança”.

“O Brasil é o único país que, em função de sua matriz energética, pode reduzir substancialmente a emissão de gases de efeito estufa sem que isso afete o seu desenvolvimento. Pelo contrário, para o Brasil, reduzir a taxa de emissão de gases de efeito estufa é sinônimo de um novo modelo de desenvolvimento, que tem como um dos sustentáculos uma economia de baixo carbono, baseada nos serviços ambientais da floresta e nos recursos gerados pelo uso sustentável da biodiversidade”, disse Joly à Agência FAPESP.

“Ao pararmos de incinerar nossa rica, e em grande parte ainda desconhecida, biodiversidade, dando uma oportunidade para que as gerações futuras se beneficiem do uso sustentável desse nosso patrimônio natural, estaremos, voluntariamente, atingindo uma meta significativa de redução de emissão de gases de efeito estufa”, afirmou.

O relatório do Pnuma pode ser lido em www.unep.org/compendium2009.


quinta-feira, 30 de abril de 2009

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o mundo..."

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Lá vamos nós na crença que os ecossistemas e a biodiversidade estão aí para atender nossas demandas crescentes - e injustificáveis. Sem saber, a floresta produz água e a água produz a floresta e seus seres vivos. Quando ou se toda a vida sumir, a água some. A água só existe por causa dos seres vivos que habitam a Terra. Inclusive nós, nós fazemos parte do ciclo, claro. Sem os seres vivos, o planeta seca. A água é uma combinação de fatores da vida que aqui existe. Surrealista, eu estou admirado em pensar que a água de 60 ou 70% do meu corpo é um presente de vários seres vivos e eu não sei como agradecer, mas a única forma de agradecer é preservando-os. Assim como estou admirado em lembrar que meu coração bate porque um ser vivo armazenou a luz do sol para mim e eu nem consigo agradecer, exceto preservando-os. E estou admirado (ou assustado) com a nossa arrogância: mesmo tendo nos transformado em praga planetária à beira do colapso, ainda discutimos o sexo dos anjos e damos ouvidos a quem jamais merecia ser ouvido, como Bjorn Lomborg, que recentemente publicou mais um dos seus aplaudidos textos inúteis. Ainda andamos por aí sacudindo as benesses da modernidade, como sacolas plásticas e descartáveis, carros entupidores de almas e celulares emudecedores, deixando de lado o óbvio.

Código Florestal: Estudo de pesquisador da Embrapa sobre tamanho de área agrícola será debatido amanhã no Senado

Tese polêmica opõe ruralistas e ambientalistas

Daniela Chiaretti, de São Paulo
28/04/2009

O embate entre ambientalistas e ruralistas deve ter um novo e acalorado round amanhã, em Brasília. Uma audiência pública, organizada pela senadora Katia Abreu (DEM-TO), também presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), reunirá no plenário do Senado representantes das 11 comissões permanentes da Casa para debater a legislação ambiental. O pivô das discussões será um estudo polêmico, de um pesquisador da Embrapa, que pretende mostrar qual a disponibilidade de terras para ampliar a produção de alimentos e energia no Brasil - e a conclusão é "menos de 30%". No pano de fundo, os enfrentamentos na revisão do Código Florestal.
"Estamos há oito anos nos arrastando neste debate do Código Florestal e o que ocorre? Ficamos sempre uns contra os outros", diz Katia Abreu, que conseguiu que seu requerimento de audiência pública para discutir o tema fosse aprovado nas 11 comissões, expediente inédito no Senado e que indica a temperatura do assunto. "Como isso não tem um fim e ninguém está arbitrando, nós da CNA queremos que a ciência nos oriente de forma mais efetiva, do que é certo e errado", continua. "Quero ouvir os ecólogos, os cientistas, os que têm formação. Ouvir o que este pessoal tem a dizer para acabar com esta pendenga." Os ambientalistas também querem ouvir o que diz a ciência - o problema, no caso, é que não reconhecem este estudo como científico, sério, ou mesmo da Embrapa.

"É importante que os senadores tenham contato com diferentes visões e estudos", aplaude a senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. "Mas as discussões hoje não se resumem a ter ou não estoque de áreas disponíveis, mas também tem a ver com o estoque de áreas degradadas semiabandonadas", registra. "Sei que os estudos que serão apresentados ainda não são conclusivos, são parciais. O importante é não tomá-los como uma receita. O próprio professor Evaristo admite isso", pondera.
Evaristo Eduardo de Miranda, chefe da Embrapa Monitoramento por Satélite, é o autor do controverso "O Alcance da Legislação Ambiental e Territorial", onde se conclui que tirando as unidades de conservação e as terras indígenas, sobram 29% do Brasil para ocupação agrícola - "apenas 29%", grifa. "Cerca de 71% do território está legalmente destinado a minorias e a proteção e preservação ambiental", continua o estudo, e "como mais de 50% do território já está ocupado, configura-se um enorme divórcio entre a legitimidade e a legalidade do uso das terras e muitos conflitos", conclui.

Os conflitos começam na própria Embrapa. Muitos pesquisadores da instituição discordam dos critérios, métodos e conclusão do trabalho. Dizem que os números foram divulgados e revistos três vezes e apontam incongruências. "Este estudo é da Embrapa", diz Geraldo Eugênio de França, presidente em exercício da instituição, para, logo na sequência, relativizar: "É um estudo importante, de um colega, mas não necessariamente a voz da instituição. É uma das vozes da instituição. A Embrapa é plural e temos muitos centros no Brasil estudando este tema sem termos, ainda, uma visão comum". Segundo ele, a Embrapa montou um grupo de trabalho com Miranda, Gustavo Ribas Curcio, da Embrapa Florestas (o outro pesquisador convidado por Katia Abreu a falar no Senado sobre seus estudos em Áreas de Proteção Permanente, as APPs) e outros quatro pesquisadores para, aí sim, "termos uma visão conjunta e institucional sobre o Código Florestal", diz França.

Miranda explica que seu estudo quis colocar no mapa o alcance territorial das leis promulgadas no Brasil envolvendo terras indígenas e ambiente. "Fizemos o trabalho a pedido da Presidência da República, que queria saber quanta terra disponível o Brasil tem para expandir a agricultura e energia, mas dentro da lei", conta. "Isso não quer dizer que em uma área protegida não se possa coletar açaí ou viver da pesca. Mas não é o que me perguntaram. Queriam saber quanto lugar o Brasil tem para plantar arroz, cana, milho, café, implantar pasto, produzir economia", continua. "A produção de laranja no Brasil não é no meio da mata. Você tem que remover a cobertura vegetal."
O trabalho seguiu quatro etapas usando mapas e imagens de satélite e modelos matemáticos. Em primeiro lugar, jogou-se no mapa todas as unidades de conservação federais e estaduais criadas no Brasil e as terras indígenas. Estas terras somariam 27% do território nacional. "Sobra 73% de Brasil", continua. Então calculou-se quanto deve ser destinado à reserva legal, um percentual previsto no Código Florestal que pode variar de 80% na Amazônia a 20% na Mata Atlântica. "No meu trabalho não me interessa se o cara cumpre ou não, estou apenas vendo o alcance territorial da legislação", continua. Chegou a 32% de território brasileiro que deve ir para a reserva legal. Depois, lançou as APPs, faixas ao lado de rios, em nascentes, topos de morros, encostas com declive, áreas que não deveriam ser ocupadas pela agricultura e chegou aos 29%. "Não estou dizendo se está certo ou não, meu trabalho foi só mapear isso aí", diz Miranda

Os ambientalistas apontam uma série de erros conceituais e de método. "O estudo tem problemas", diz André Lima, pesquisador do programa de mudanças climáticas do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, IPAM, e que até 2008 era o diretor de políticas de combate ao desmatamento do Ministério do Meio Ambiente. "Ignora instrumentos de flexibilização previstos na lei, o que, no caso da Amazônia, dá diferenças de até 85%", continua. O equívoco, aponta Lima, faz com que o estudo salte de 291 mil quilômetros quadrados de área disponível na Amazônia, na primeira versão do trabalho, para 539 mil quilômetros quadrados, nas contas do Ipam. No Acre e em Rondônia, Estados que têm zoneamento econômico e ecológico, em áreas abertas ilegalmente, mas que hoje são consideradas aptas para agricultura, é possível recuperar 50% e não os 80% de antes. Este estoque de terras, somado ao de influência da BR-163 no Pará e parte do Mato Grosso, dá entre 65 mil e 85 mil quilômetros quadrados, que o estudo ignora.
Sergio Leitão, diretor de campanhas do Greenpeace, aponta outros erros. O estudo considera que, aplicada a lei, haveria 7% de áreas possíveis de serem usadas na Amazônia e que seriam, na verdade, 14%. O trabalho também não considera que pode haver exploração madeireira nas florestas nacionais e reservas extrativistas, por exemplo. "Qual é o grau de honestidade deste trabalho?", questiona Leitão. "Ele considera todas as unidades de conservação como restritivas. É como dizer: 'Os ambientalistas são maus, só querem deixar 7% da Amazônia para uso'", continua. "Este estudo veio dar o 'verniz científico para a tese que é preciso mudar a legislação ambiental. O problema é que o verniz é de péssima qualidade. Merece a lata de lixo."
Técnicos da Embrapa apontam que se trata de um estudo falso e de uma falsa questão. "Mas se estivesse certo, 30% do Brasil são 240 milhões de hectares, é coisa para caramba", diz um deles. "Daria quatro vezes a nossa safra, então, qual é o problema?", continua. "A questão real é aumentar a produtividade agrícola e recuperar as áreas degradadas."

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Da série: querida acho que destruí o mundo! Capítulo 2

Paul Krugman é um economista extremamente preocupado com os maus resultados da teoria econômica, mas como a grande maioria, ao invés de enxergar nesses resultados indícios de uma teoria falsa, de um modelo fracassado, ele prega messianicamente a necessidade de dar mais do remédio amargo que está colocando o paciente na direção da morte. O remédio amargo é o crescimento econômico, que não é a solução, mas o problema. Basta lembrar que o setor imobiliário dos Estados Unidos aumentou o número de casas de 1.000.000 em 1900 para 190.000.000 no ano 2000 e, pasmem, o território do país ficou constante. Mas os economistas sempre vão achar uma solução (ou os governos...): demolir as casas abandonadas para reconstruí-las. A parcela marginalizada de milhões de pessoas nos Estados Unidos cada vez mais brasilinizado na miséria pouco importa, essa atividade de demolição é positiva para o PIB (contratar empresas e pessoas para demolir, lógico que as pessoas num trabalho ingrato...) e reconstruir (as construtoras agradecem). O impacto ambiental de demolir e reconstruir, na varinha mágica da teoria dos economistas é zero!!!

Por isso escrevi uma carta ainda sem resposta para esse economista. Ver abaixo a versão em inglês e em português (sem tempo para maiores correções de texto):

Dear Mr. Krugman,

I have three requests to you.

First one, I would like you to prove that economic growth, like US did, it is possible to be done for all world nations without creating a planetary collapse. It seems to me that US and advanced nations progress was planetary possible just because they did this alone. And after advanced nations got their local environmental collapse, they started to export to other places of the world through global commerce at a null cost. I would like to see what is going to happen to the planet if the BRICs try to catch up. I also see that in economic theory, the role of natural resources is until today absolutely dismissed. If it is so irrelevant, why US do not stop importing them? And why US do not stop doing wars for them? Economists only think about tangible natural resources, they even care about natural non-irreproducible services, like polinization. This are some points I would like you to use in your response. In sum, my question is: infinite economic growth is planetary possible, without putting humankind in the risk of its own extinction (considering that we already created the biggest life extinction of the last 65 millions of years)?

Second, I am not convinced that job creation and social benefits are a direct result from economic growth, I think they are just tautological results. If economy growth accelerates, job will be there; otherwise, if growth decelerates, say good bye to the jobs. Wealth concentration is at the records mainly in advanced nations. Moreover, I am not sure if current economic statistics, like GDP and unemployment rates capture the real human situation at work (if they are happy, if they are free, if they are learning, if they have plan B instead of being scared of being fired, etc.). Nordhan University Social Health index and other studies showed very different results, very bad ones. That is very important, because the planet devastation is justified by social benefits created by the eternal economic growth.

Last, not the least, do you think we need Nature?

Tks in advance for your attention, I will be glad to see your thoughts about these questions.

Best wishes,


Hugo Penteado from Brazil, where during the last 13 years (FHC and Lula mandates) Amazon forest destruction accelerated 3.000% and we are just copying the same economic model from US (that destroyed 99% of its natural forests) and Europe (99,7%).

Prezado Sr. Krugman,

Eu tenho três solicitações para você.

Primeiro, eu gostaria que você provasse que o crescimento econômico, igual ao dos Estados Unidos, é possível para todas as nações do mundo sem provocar um colapso planetário. Tudo indica que o progresso dos Estados Unidos e das nações desenvolvidas só foi planetariamente possível porque eles fizeram isso sozinhos. Depois que os países ricos atingiram seu colapso ambiental local, eles começaram a exportá-lo para outros lugares do mundo através do comércio gloabal a custo zero. Eu gostaria de antecipar o que vai acontecer ao planeta se os BRICs (Brasil, Rússia, Índia e China) tentarem fazer o mesmo. Eu também percebi que na teoria econômica o papel dos recursos naturais é até os dias de hoje completamente ignorado. Se é tão irrelevante, porque os Estados Unidos não páram de importá-los? E porque os Estados Unidos não param de fazer guerra por eles? Economistas só pensam em recursos naturais na sua tangibilidade, eles nem se preocupam em analisar os serviços naturais irreproduzíveis, como a polinização natural. Esses são alguns pontos que eu gostaria que você usasse em sua resposta. Em suma, minha questão é: crescimento econômico infinito é planetariamente possível, sem colocar a humanidade no risco da sua própria extinção (considerando que já criamos a maior extinção da vida dos últimos 65 milhões de anos)?

Segundo, eu não estou convencido que criação de empregos e benefícios sociais são um resultado direto do crescimento econômico, eu acho que são resultados tautológicos. Se crescimento econômico se acelera, os empregos estarão lá; se o crescimento desacelera, diga adeus aos empregos. Concentração de riqueza é recorde principalmente nas nações desenvolvidas. Acima de tudo, eu não estou tão seguro se as estatísticas econômicas convencionais, como PIB e taxa de desemprego, capturam a situação humana real no trabalho (se eles são felizes, se eles são livres, se eles estão aprendendo, se eles têm um plano B, ao invés de recearem uma demissão, etc.). O Índice de Saúde Social do Nordhan University e outros estudos mostram resultados muito diferentes, muito ruins. Isso é muito importante, porque a devastação planetária é justificada pelos benefícios sociais criados pelo crescimento econômico eterno.

Último, mas não menos importante, você acha que nós precisamos da natureza?

Obrigado antecipadamente pela sua atenção, ficarei feliz em ver seus pensamentos sobre essas questões.

Cordiais saudações,
Hugo Penteado do Brasil, onde durante os últimos 13 anos (governos FHC e Lula), a destruição da floresta Amazônica acelerou 3.000% e nós estamos apenas copiando o mesmo modelo econômico dos Estados Unidos (que destruíu 99% das suas florestas naturais) e da Europa (99,7%).

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Da série: querida, acho que destruí o mundo! Capítulo 1

Biocombustíveis, energia nuclear, extração de petróleo nas reservas de vida selvagem do Alaska, na Amazônia e agora no Ártico: no modelo atual o problema nunca é nem será o excesso de demanda, o desperdício e a ineficiência e sim falta de produção, construção, investimentos... - com isso estamos contratando a nossa extinção.

Essa é uma carta em inglês que escrevi para o editor chefe da Bloomberg em Nova Iorque. Abaixo vai a tradução.
Dear Mr. Cox,

There is no line in your article mentioning the biggest challenge that humankind is facing with the fossil fuel being continously burned in our tiny atmosphere. It is really possible that some people can disbelieve global warming, but that is undeniable: fossil fuels and other materials were cumulated in the crust during billions of years and that was the reason why life was possible in this planet. When we extract materials from the crust, like oil, we are introducing materials that can not be naturally recycled and it is a definite pollution and threat.

Those that do not believe in global warming, will find hard to deny the bad air we breathe in the biggest cities of the world. These anti-natural processes are spreaded not only in energy area, but in all economic sectors, because we forgot that we are an animal species and totally nature dependent. We also forgot that the countries territories are finite and that ecological services, that are irreproducible, are more finite than the tangible space. Oil is a problem. Growing demand is a problem. Economic growth that is not delivering social benefits mainly in the advanced nations is also a problem. Economic theory is false and the scientists know this very well since 1920. Economists assumed that the economic system is neutral to Nature and that Nature (or the planet with all natural services) are inexhaustible and infinite for growing and bigger productions and populations. This is our sin.

The only way US became so rich without causing a planet collapse, was because it did alone. When all the countries are trying to catch up, we are going to face collapses or wars. And, the only way US and other rich nations were able to keep their progress was importing natural resources and services through the global commerce. After reaching their local environmental collapses, the advanced nations started to export them to the poor countries, creating for the first time ever the risk of global collapse for the entire world. Without a change in our mindset and theories, we are lost. Anyway, I am very tired of seeing articles about new oil discoveries without even a word about what this means for humankind, that is, the risk of our own extinction.

It is the same to say that we are not happy in putting all forms of life in the biggest extinction process of the last 65 millions of years. We need to extend this extinction to us! Just a counterview for you to think, forgive me the intromission. I have reasons to be worried, during the last 13 years of Fernando Henrique Cardoso and Luis Inacio Lula da Silva mandates, using official data, Amazon forest destrucion increased 3.000% and during this short period we got 34% of cumulated destruction since 1500. We are just copyying US (that destroyed 99% of its natural forests) and Europe (that destroyed 99.7% of its natural forests). We are just copying the same wrong economic model based in false economic theories, that is the reason why US is in a mess with the housing sector: economists do not look to inventories, only to flows. Why the hell they should think about inventories if the environment is assumed inexhaustible? In 1900 US had 1.000.000 houses, in 2000 190.000.000 houses, the territory is the same, because is finite. One day someone will receive a nobel prize just to remember that country territories are finite...
Best wishes, Hugo from Brazil
Tradução:
Prezado Sr. Cox,

Não há nenhuma linha em seu artigo mencionando o maior desafio que a humanidade está enfrentando com a queima contínua de combustíveis fósseis na nossa fina atmosfera. É realmente possível que algumas pessoas não acreditem no aquecimento glboal, mas isso é inegável: combustíveis fósseis e outros materiais foram acumulados na crosta terrestre durante bilhões de anos e essa foi uma das razões pela qual a vida foi possível nesse planeta. Quando extraímos materiais da crosta, como o petróleo, introduzímos materiais que não podem ser naturalmente reciclados e isso é uma poluição definitiva e uma ameaça.

Aqueles que não acreditam no aquecimento global, acharão difícil negar o péssimo ar que nós respiramos nas grandes cidades. Esses processos anti-naturais estão presentes não só na área energética, mas em todos os setores econômicos, porque nós esquecemos que somos uma espécie animal totalmente dependente da natureza. Nós também esquecemos que o território dos países é finito e que os serviços ecológicos, que são irreproduzíveis, são mais finitos ainda que o espaço tangível. Petróleo é um problema. Demanda crescente é um problema. Crescimento econômico que não está entregando benefícios sociais principalmente nos países desenvolvidos é também um problema. A teoria econômica é falsa e os cientistas sabem isso muito bem desde 1920. Os economistas assumiram que o sistema econômico é neutro para o meio ambiente e que a Natureza (ou o planeta com seus serviços naturais) são inesgotáveis e infinitos para atender crescentes e maiores produções e populações. Esse é nosso pecado.

A única forma pela qual Estados Unidos tornou-se tão rico sem causar um colapso planetário foi porque ele fez isso sozinho. Quando todos os países vierem atrás, nós iremos enfrentar colapos ou guerras. E, o único motivo pelo qual Estados Unidos e outros países ricos foram capazes de manter seu progresso foi importando recursos e serviços naturais através do comércio global. Quando eles atingiram seu próprio colapso local, eles começaram a exportá-lo para os países pobres, criando pela primeira vez na história o risco de colapso global. Sem um mudança no nosso modelo mental e teorias, nós estamos perdidos. De qualquer forma, eu estou muito cansado de ver artigos comemorando novas descobertas de petróleo, sem mesmo uma palavra sobre o que isso significa para a humanidade, que é o risco da nossa própria extinção.

É o mesmo que dizer que nós não estamos felizes em ter colocado todas as formas de vida na maior processo de extinção dos últimos 65 milhões de anos. Nós precisamos estender essa extinção para nós. Isso é apenas uma visão contrária para você pensar, perdoe-me a intromissão. Eu tenho razões para estar preocupado, durante os últimos 13 anos dos governos do Fernando Henrique Cardoso e do Luís Inácio Lula da Silva, usando dados oficiais, a destruição da floresta Amazônica aumentou 3000% e durante esse curto período foi feito 34% da destruição total acumulada desde 1500. Nós só estamos copiando Estados Unidos (que destruiu 99% das suas florestas naturais) e a Europa(que destruiu 99,7%). Nós só estamos copiando o mesmo modelo econômico errado, baseado em teorias econômicas falsas e essa é a razão porque Estados Unidos está nessa confusão com o setor imobiliário: economistas não olham para estoques, só para fluxos. Porque diabos eles deveriam olhar para os estoques, se o meio ambiente é assumido inesgotável? Em 1900 Estados Unidos tinham 1.000.000 de moradias, em 2000 190.000.000. O território é o mesmo, porque é finito. Um dia alguém irá receber o prêmio Nobel apenas por lembrar que o território dos países é finito.

Atenciosamente,
Hugo Penteado

Colaboradores