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segunda-feira, 7 de abril de 2014

Economia continua contra o meio ambiente

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O crecimento medido pelo PIB e aumento da economia material é rota de colisão com a Terra. Isso não pode continuar mais, a menos que tenhamos desistido de manter a vida nesse planeta.

Precisamos cortar os exageros, os desperdícios, as ineficiências e no limite estancar o crescimento absoluto (não relativo) de populações e estruturas.  Num planeta finito como a Terra, não só em serviços ecológicos, mas em água e solo para comportar tudo isso, o crescimento já virou decrescimento das bases de sustentação dos seres vivos e fim da qualidade de vida há muito tempo. 

Num novo modelo sem as ideologias dominantes, o foco seria distribuição, equilíbrio com os ecossistemas e qualidade de vida.

O que precisamos mais além de ficar sem água em São Paulo numa das anomalias mais grotescas no Brasil inteiro desde final de 2013 para acordar?

O fim da vida?  Essas análises da pressa da licença ambiental, não correspondem a realidade atual do planeta. Mas continuam dentro da teoria econômica pela qual os recursos da natureza são considerados totalmente irrelevantes para o processo econômico e isso ainda é ensinado até hoje (ver matéria abaixo). Nenhum dos lados está certo enquanto não houver um equilíbrio e uma escala de importância e acima de tudo uma avaliação dos resultados sociais e ambientais das atividades implementadas de forma coerente, coesa e sistêmica.

Hugo


Burocracia faz concessão de usina da Votorantim vencer antes de gerar energia
Na divisa entre SP e PR, a usina foi concedida por decreto presidencial em 1988 à Companhia Brasileira de Alumínio e, desde então, passou por três estudos de impacto ambiental, uma licença prévia suspensa e muitas mudanças no projeto
RIBEIRA (SP) E ADRIANÓPOLIS (PR) - Em quatro anos, a concessão da Hidrelétrica de Tijuco Alto, na divisa entre os Estados de São Paulo e Paraná, vai acabar sem que nenhum centímetro de barragem tenha sido erguido e nenhum megawatt de energia, gerado. Concedida em setembro de 1988, por meio de decreto presidencial, a usina é o exemplo do quanto é complexo e burocrático o processo para conseguir levantar um projeto no Brasil.
Durante 26 anos, a hidrelétrica - da Companhia Brasileira de Alumínio (CBA), do Grupo Votorantim - fez parte de uma verdadeira novela, com idas e vindas. Foram três estudos de impacto ambiental, uma licença prévia suspensa e várias mudanças no projeto para se adequar às exigências de órgãos ambientais, de patrimônio histórico e das comunidades. Ainda assim, não há uma posição concreta sobre a obra de R$ 600 milhões.
Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), o processo está com a análise técnica encerrada, mas a emissão da licença prévia depende de manifestação positiva da Fundação Cultural Palmares. Em 2012, a instituição deu parecer favorável ao empreendimento, de 144 MW. Mas, no mesmo ano, voltou atrás sob a alegação de que novas consultas deveriam ser feitas com as comunidades quilombolas na área de influência da usina. As reuniões, previstas para janeiro, ainda não foram feitas. Procurada, a fundação não respondeu à reportagem.
Calcula-se que a empresa já gastou mais de R$ 50 milhões em projetos, audiências públicas e compra de propriedades. Sem saber da dificuldade que enfrentaria para tirar o projeto do papel, a CBA comprou 60% (5.511 hectares) da área necessária para a construção da usina. Além disso, comprou equipamentos para a hidrelétrica, como grades das comportas do reservatório. Uma parte do material se perdeu. Outra está à espera da liberação da usina.
O canteiro de obras, onde cerca de 80 pessoas trabalharam para elaborar os estudos na década de 90, continua intacto na beira do Rio Ribeira de Iguape. Os escritórios ainda guardam materiais informativos da época das audiências públicas e os mapas com a localização da barragem, da casa de força e de toda a área de influência da usina.
Histórico. Os entraves na construção da hidrelétrica começaram em maio de 1994, três meses depois de a Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo conceder a licença prévia. O Ministério Público Federal suspendeu a decisão, alegando que o licenciamento teria de ser feito pelo Ibama. A partir daí, teve início a novela que virou o empreendimento.
A cada ano que passava, uma nova exigência era feita e as posições iam mudando. Enquanto um órgão aprovava, o outro dava um passo atrás. Em 2007, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) deu parecer favorável ao projeto, enquanto o Instituto Chico Mendes, à época recém-criado, pediu mudanças para preservar as cavernas localizadas na região. No ano seguinte, o Iphan mudou de ideia e também solicitou novos estudos sobre as cavernas.
Um dos pontos de discórdia era a Gruta do Rocha, famosa na região e que foi classificada como grau máximo de relevância por ser hábitat de uma nova espécie de escorpião. Mas, segundo o presidente da Votorantim Energia, Otavio Rezende, esse problema já foi superado. Uma nova solução de engenharia foi criada para evitar que as cavernas fossem inundadas com a construção da hidrelétrica. Ele explica que um muro será construído para evitar qualquer tipo de prejuízo às grutas.
A solução, no entanto, não convence o exército de ambientalistas contrários ao empreendimento. O coordenador do Programa Vale do Ribeira do Instituto Socioambiental (ISA), Nilto Tatto, diz que há na região cerca de 500 cavernas com grande biodiversidade e que poderiam ser afetadas.
Na avaliação dele, o solo da região é sensível e, portanto, a solução de construir muros pode não ser eficaz. "Tijuco Alto tem uma série de problemas. Na origem, o termo de referência emitido pelo Ibama não contemplou o rio todo e, portanto, a empresa só fez os estudos ambientais de um trecho." Além disso, diz ele, as comunidades não foram informadas sobre todos os riscos do projeto, como o caso de contaminação da água por causa das antigas explorações de chumbo na região.
Para a CBA, projetos e programas especiais foram desenhados para resolver o problema e evitar a contaminação. "Todas as pendências foram resolvidas. Não há mais nenhum óbice ao projeto", diz Rezende, lembrando que a usina resolverá um dilema antigo dos moradores da região, que são as constantes enchentes no período de chuva.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Alimentos mais caros, e nas mãos de poucos

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Dez empresas dominam mercado global e dificultam reação à alta de preços.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Nova conduta do consumidor pode inspirar empresas

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Nova conduta do consumidor pode inspirar empresas

Matéria de Silvia Czaspi, para o Valor Econômico, publicada hoje no Especial Negócios Sustentáveis

Decidida a mergulhar no mundo da sustentabilidade, a socióloga Silvia Dias, diretora da consultoria Aviv , passou a estudar e aplicar uma nova conduta em seu cotidiano, relatando seus progressos pessoais num blog. Depois de ouvir uma palestra sobre o descarte correto de eletroeletrônicos usados, passou a se informar sobre o assunto e ficou decepcionada.

"A engenharia não faz produtos fáceis de serem desmontados. Isso inibe o surgimento de recicladores, que também enfrentam a dificuldade de lidar com uma miríade de materiais, alguns dos quais muito tóxicos", afirmou ela em seu blog, citando, como exceção, componentes celulares, cujo descarte é regulamentado por uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).

Silvia começou a busca pelo varejo. Por meio dos serviços de atendimento ao consumidor (SACs), três grandes redes, escolhidas aleatoriamente, declararam que não recebem usados para reciclagem. Buscou sites de fabricantes. Poucos descrevem serviços de logística reversa para recolher equipamentos obsoletos. Complementou a busca com novos telefonemas. "Parece que os SACs não têm script para esse tema, ou têm respostas genéricas, nem sempre adequadas."

"Consumidores perceberam que suas decisões individuais podem forçar mudanças de empresas, e com isso, melhorar o mundo. Um exemplo é a opção por produtos que consomem menos energia para combater mudanças climáticas", avalia o especialista Aron Belinky, que se aprofunda no tema em seu mestrado na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo (FGV/SP). Simultaneamente, diz ele, vem ocorrendo um deslocamento da ação política de indivíduos para a área do consumo. "Nas últimas décadas acentuou-se o fenômeno da transferência de boa parte do poder do Estado para o que chamamos de mercado", acrescenta o especialista.

Silvia foi atrás da Philips , que lhe deu uma resposta, a seu ver, exemplar. O SAC informou que a companhia recebe equipamentos. No entanto, apenas em Manaus (AM). "Como moro em São Paulo , a atendente pediu que eu buscasse o site da prefeitura. Não achei nada. Ficou a impressão de que eles não têm programa, ou pior, aproveitam-se de iniciativas de governo."

Apesar de meritória, Silvia também considera problemática a opção de doar equipamentos a quem precisa, já que o futuro descarte caberá a quem tem menos recursos e informações para atender os requisitos da correção ambiental.

As conclusões dessa consumidora consciente coincidem com resultados de recente pesquisa o Instituto de Defesa do Consumidor (Idec) sobre a política de descarte de lixo eletrônico, que também avaliou os canais de acesso ao consumidor e a similaridade de padrões nos demais países de atuação das empresas. Como base, o instituto remeteu questionário formal a 20 empresas - 14% operadoras de telefonia móvel, 33% de eletroeletrônicos e 53% de informática - e fez consultas aos respectivos SACs. Dez não responderam e foram desclassificadas. Das demais, só metade foi aprovada.

No caso da Philips, uma das reprovadas, a pesquisa critica a existência de apenas um projeto-piloto no Brasil para receber recicláveis, contra avançados programas da empresa na Europa. Em resposta ao Valor, a companhia declarou que sua central de informação ao consumidor propõe aos clientes que busquem locais próprios para reciclagem, ou os postos autorizados Philips, que recebem e encaminham os usados. Também afirmou que a sustentabilidade está relacionada ao grau de educação e de consciência das pessoas. E que o avanço dessa consciência no Brasil estimulou a empresa a investir no programa Ciclo Sustentável Philips, que pretende unificar o processo em todo o país.

Também questionada por não detalhar as ações realizadas e pela falta de uma política consistente para o descarte dos equipamentos, a Positivo Informática respondeu ao Valor que tem uma área em sua fábrica em Curitiba (PR) destinada ao gerenciamento dos resíduos gerados no processo produtivo. E que seu call center, após sugerir a doação dos usados a entidades, orienta consumidores para que os encaminhem a uma de suas 400 assistências técnicas, que cuidarão da remessa a Curitiba, onde ocorre a separação de componentes e entrega a recicladores.

Igualmente reprovada pelo Idec, que apontou falta de informação sobre programas de recolhimento de usados, apesar de haver um processo de recolhimento e reciclagem terceirizado para uma fundação, a Dell relata ter o programa Reciclagem Grátis para clientes pessoa física.

Segundo Cíntia Kahler, gerente dos programas de conformidade ambiental, a empresa recolhe equipamentos e periféricos da marca nas residências, promovendo desde o desmonte até a reciclagem, com foco na reutilização. Já o programa Doe Seu Computador, resultante de uma parceria com a Fundação Pensamento Digital, recebe computadores também de outras marcas, que recondiciona e doa a entidades filantrópicas.

A coordenadora-executiva do Idec, Lisa Gunn, lamenta que a responsabilidade dos produtores pelo produto descartado ainda engatinhe no Brasil, limitando-se a ações voluntárias.

Segundo ela, o país tem leis específicas só para alguns resíduos perigosos, como pneus. Também falta, segundo ela, avançar no direito à informação, que dê instrumentos para que o consumidor exerça a escolha correta.

O caminho para a sustentabilidade é pontuado por contradições, completa Helio Mattar, diretor-presidente do Instituto Akatu. Com base em pesquisa promovida pelo Akatu em 2007, ele lembra que cerca de 77% dos respondentes declararam interesse em conhecer as ações socioambientais empresariais. Mas 51% declararam que, apesar desse interesse, não têm informações sobre o tema. E menos de 30% consideraram a hipótese de punir ou puniram a empresa, com a não-compra. "O consumidor precisa perceber que cada decisão de compra pode beneficiar, ou prejudicar, a sociedade e o meio ambiente", opina.

Apesar desses dados, ele nota a ascensão de empresas que adotaram a bandeira de sustentabilidade, como o Banco Real , entre as do mercado financeiro, ou Boticário e Natura , do ramo de cosméticos. No seu entender, o sucesso de corporações que aderem a práticas sustentáveis, com uma comunicação eficiente aos consumidores, faz com que outras busquem caminhos semelhantes.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Interessante

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Agência "lança" motosserra em USB

Artefato fictício faz parte de uma ação contra o excesso de impressões desnecessárias nos computadores; "seu teclado já é uma motosserra", prega a campanha

21/07/2009 - 13:57
Como estratégia para diminuir a quantidade de impressões de páginas, a BBH da região Ásia Pacífico criou uma ação que fazia uma pré-venda de uma motosserra com conexão USB, no site www.usbchainsaw.com.

Bem realístico, o processo de venda trazia detalhes do objeto, com fotos que ensinavam como utilizar e especificações técnicas.
Mas quando alguém tentava efetuar a compra, aparecia uma mensagem: "Você já tem uma motosserra: seu teclado. Ajude a salvar mais árvores reduzindo as impressões desnecessárias". Aliado a isso, a ação contém um aplicativo também criado pela agencia, que emite o som de uma motosserra a cada vez que as teclas Control e P (o comando de imprimir) são acionadas.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

A nova obsessão verde - Revista Exame

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A nova obsessão verde
Depois de calcular as emissões de carbono, agora as empresas correm para rastrear o uso de água em seus produtos desde a matéria-prima até o consumidor final

Por Serena Calejon

Revista EXAME -

Nos últimos anos, a onda verde transformou uma expressão quase incompreensível em algo corriqueiro dentro de muitas empresas - a contagem de emissões de carbono. É comum hoje encontrar exemplos de cálculos meticulosos de gases de efeito estufa jogados na atmosfera até mesmo em atividades cotidianas, como viagens aéreas de executivos. Na busca para reduzir o próprio impacto ambiental, porém, já não basta diminuir (ou mesmo neutralizar) essas emissões. A nova obsessão das empresas é rastrear o consumo de água envolvido na produção de um bem. Como era de esperar em se tratando desse mercado, a tendência vem acompanhada de um conceito um tanto obscuro: água virtual. A nova bandeira dessa corrida sustentável foi levantada para valer em abril pela Raisio, fabricante de cereais finlandesa, com faturamento de 500 milhões de euros em 2008. A Raisio não apenas mediu o uso de água para a produção da linha Elovena - dos campos de aveia ao supermercado - como também se tornou a primeira companhia no mundo a estampar em sua embalagem o número de sua "pegada" (jargão que no mundinho verde significa o impacto ambiental de uma empresa). Segundo a Raisio, para fabricar 100 gramas de aveia em flocos são consumidos, ao longo de toda a cadeia de produção, 101 litros de água. "Boa parte dos consumidores ainda não entende o conceito", disse a EXAME Pasi Lähdetie, vice-presidente de comércio de grãos da Raisio. "No futuro, porém, será algo tão compreendido como o carbono."

O movimento feito pela Raisio começa a ser trilhado também por outras grandes companhias em todo o mundo. A americana Levi Strauss calculou que a fabricação de cada jeans do tradicional modelo 501 consome quase 2 000 litros de água. A Coca-Cola estimou que a fabricação de uma lata de 300 mililitros do refrigerante exija até 60 litros de água (quase 200 vezes o volume de uma latinha). A rede de cafeterias Starbucks anunciou que concluirá neste ano o primeiro rastreamento de consumo de água por toda a empresa - das lojas e escritórios até seus fornecedores de café. Todas seguem o conceito criado em 2002 pelo holandês Arjen Hoekstra, professor de gerenciamento de água da Universidade de Twente, na Holanda. Do ponto de vista ambiental, trata-se de um tema tão premente quanto o aquecimento global - tanto para empresas quanto para governos. Segundo o mais recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep, na sigla em inglês), em pouco mais de 15 anos dois terços da população mundial deverão enfrentar escassez de água. "Não estamos usando esse recurso de maneira sustentável", afirma Hoekstra. "E rastrear a cadeia é o primeiro passo para tornar esse consumo mais racional."

A primeira dificuldade da empreitada é que, ao contrário das emissões de carbono, não há modelos prontos disponíveis para ser seguidos. Em dezembro, uma rede mundial de ONGs, cientistas e cerca de dez empresas criou a Water Footprint Network para discutir pela primeira vez uma metodologia única para a avaliação da água virtual. As companhias que já começaram a estimar a quantidade do recurso utilizado nas cadeias de produção, portanto, criaram os próprios métodos dentro de casa a partir do ponto zero. No caso da Raisio, o processo levou cerca de três meses e exigiu uma equipe de seis funcionários de áreas distintas (entre fábrica e relacionamento com fornecedores), além de um consultor externo, que já havia ajudado a empresa na determinação da pegada de carbono. Trata-se de uma tarefa complexa, sobretudo porque o levantamento considera informações que estão fora da empresa. Parte do trabalho incluiu visitas a produtores atrás de informações, como o tipo de fertilizante usado na preparação do solo. Por enquanto, a única medida prática tomada pela companhia finlandesa foi colocar a informação na embalagem dos produtos. "O próximo passo é reduzir nosso consumo", afirma Lähdetie.

Eis aí uma etapa tão ou mais complexa que o cálculo do rastro ambiental. Os estudos da Levi Strauss, por exemplo, mostraram que apenas 6% do consumo de água estava associado aos processos industriais da empresa. A maior parte do recurso é consumida pela agricultura do algodão (49%) e pelo pós-consumo (45%) nas lavagens das roupas. "Percebemos que, para levar adiante o compromisso com a sustentabilidade, era preciso agir no ponto extremo da cadeia, sobretudo com agricultores, e não apenas no processo industrial, onde estávamos focados até então", afirma Colleen Kohlsaat, gerente de sustentabilidade da Levi Strauss. "O desafio é que temos uma capacidade menor de influenciar esses extremos do que temos de agir em nossas próprias operações." Na prática, a constatação levou a empresa a investir em parcerias com ONGs como a Better Cotton Initiative, que atua na educação de agricultores do setor algodoeiro, para adotar técnicas com menos impacto ambiental. A Coca-Cola tomou a mesma decisão ao incentivar métodos literalmente mais enxutos de produção de beterraba e cana-de-açúcar, usados como matéria-prima na composição dos refrigerantes.

Diferentemente do que ocorre com as emissões de carbono, que podem ser compensadas com a compra e a venda de créditos, num mercado já estruturado, o sistema de compensação da pegada de água ainda é nebuloso. Por isso, muitas empresas estão criando as próprias regras. Uma delas é a Pepsico. A companhia iniciou um projeto em lavouras de arroz da Índia, no qual substitui a tradicional irrigação por alagamento por uma técnica capaz de reduzir 30% do uso de água (o arroz é usado na fabricação de alguns salgadinhos). Segundo a empresa, se estendesse a área dedicada ao novo sistema de plantio dos atuais 400 hectares para 2 000 hectares, a economia gerada seria capaz de compensar toda a água usada pelas três fábricas da Pepsico na Índia. "Uma mudança pequena pode ter um impacto enorme", diz Dan Bena, diretor de desenvolvimento sustentável da Pepsico. Os especialistas, no entanto, são mais céticos. "No caso da água, não há como compensar os danos", afirma o professor Hoekstra. "A não ser que você reponha água na mesma qualidade, quantidade e exatamente no mesmo local, não existe como neutralizar seu impacto."

Em alguns pontos do planeta, a falta de água já é um problema concreto para muitas empresas. Há dois anos, a fabricante de cerveja sul-africana SABMiller identificou que 30 de suas fábricas estavam em regiões que corriam risco iminente de falta de água. Uma das operações mais arriscadas era a da Tanzânia, onde o uso excessivo das reservas subterrâneas por indústrias locais estava reduzindo a quantidade e piorando a qualidade das fontes de água potável. A saída foi iniciar um programa de reutilização do recurso na unidade. Em novembro, a cervejaria anunciou a meta de cortar 25% de seu consumo de água em todas as suas 139 fábricas até 2015. A medida representará uma economia de 20 bilhões de litros de água por ano - e pode determinar a própria perpetuação de seu negócio.

http://portalexame.abril.com.br/revista/exame/edicoes/0947/gestao/nova-obsessao-verde-482549.html

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Uso da Água

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Vida Seca
Gazeta Mercantil, 24/03/2008
http://pdf.investnews.com.br/pdf/gzm/Relatorios/2008/rel20080324.pdf


Assim como o século 20 pode ser considerado a era do petróleo, fonte de energia polêmica e, ao mesmo tempo geradora de grandes riquezas, graves crises econômicas e até guerras territoriais, o século 21 será conhecido no futuro como a era da água. Ou melhor, da falta de água. Até bem pouco tempo, a constatação de que a água é um recurso natural finito era um conceito dificilmente aceito por boa parte da população.

Mas o fato é que, embora três quartos da superfície do Planeta sejam cobertos pela água, menos de 3% é água doce, dos quais apenas 0,5% está disponível para consumo – os outros 2,5% estão congelados na Antártica, no Ártico e em geleiras. Recomendações da Organização das Nações Unidas (ONU), que em recente relatório, alerta que um terço da população mundial, ou seja, cerca de 2,7 bilhões de pessoas, enfrentará graves problemas por conta da escassez de água que acontecerá até 2025. De acordo com o documento, em 2050, de cada quatro pessoas, apenas uma terá acesso à água potável.

Estudo realizado pela organização não-governamental WWF, também aponta para o aumento do consumo de água no planeta enquanto as fontes estão secando. De acordo com o documento, o consumo de água no mundo dobrou nos 40 anos compreendidos entre 1961 a 2001.

Dados da Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco) mostram que os maiores consumidores – quando englobados os usos industrial, humano e agrícola – são Índia (552 bilhões de metros cúbicos de água por ano), China (500 bilhões de metros cúbicos por ano) e EUA (467 bilhões de metros cúbicos por ano).

No Brasil, que possui 13,3% de toda a água potável do mundo, o desperdício chega a 70%, um dos maiores do mundo. Segundo dados da Sabesp,17% da água distribuída na grande São Paulo é perdida por dia em razão de vazamentos. Em São Paulo são consumidos 4,1 bilhões de litros de água por dia pelas 18,2 milhões de pessoas que estão ligadas à rede de distribuição da Sabesp. O órgão afirma que se o nível de consumo for mantido, o fornecimento só poderá ser garantido na grande São Paulo para os próximos cinco ou seis anos.

O avanço de empreendimentos imobiliários sobre áreas de mananciais nas grandes cidades brasileiras é mais um fator de pressão sobre a oferta de água limpa, que vem a se somar à poluição industrial na degradação da qualidade a nossa água.

Além do consumo humano, a água é ingrediente de muitos produtos, sobretudo nos setores de fármacos, alimentos e bebidas. Outro emprego deste bem pela indústria é na execução de processos industriais, em que o recurso é utilizado para produzir vapor e gerar força motriz, e também em vários processos produtivos ou reações químicas.

Nada mais natural que as empresas paguem pelo uso e sejam responsabilizadas pela preservação deste bem comum. A lei que estabelece a cobrança pelo uso da água pelas empresas tem como objetivos: reconhecer que a água é um bem público de valor econômico; incentivar seu uso racional e sustentável; assegurar recursos financeiros suficientes para aportar programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos e saneamento.

Há três anos, a indústria paulista tem estimulado a implantação e desenvolvimento de projetos de reaproveitamento da água, com a promoção do Prêmio Fiesp de Conservação e Reuso da Água. Este ano, a vencedora foi a empresa Lwarcel Celulose e Papel Ltda., que é especializada no fornecimento de celulose branqueada de eucalipto para a indústria papeleira, a partir de matérias-primas de florestas manejadas de forma sustentável.

Em um mundo onde as pessoas já consomem 20% a mais de água do que a capacidade do planeta para recompor suas reservas, a prática de reaproveitamento está se tornando cada dia mais comum e começa a atingir com mais força países como o Brasil, cuja produção hídrica corresponde à cerca de 11,6% da mundial e que até recentemente sequer tinha legislação sobre o tema.

Praticado por empresas na Europa há mais de 50 anos, o reuso, apesar de ainda representar uma porcentagem muito pequena do total consumido no Brasil (cerca de 2%) está se tornando cada dia mais comum nas indústrias do País, principais consumidoras, e atinge desde gigantes multinacionais como a Petrobras, às indústrias de porte menor, como a metalúrgica paulista Inca, que economiza 89,3% do consumo mensal de seus sanitários com o reuso.


Indústrias já pagam pelo uso da água

A falta de consenso entre o setor produtivo e o governo estadual sobre a aplicação dos recursos provenientes da cobrança pelo uso da água no início do processo, no ano passado, fez com que muitos industriais fossem contrários a ela. Mesmo o Brasil dispondo de 13,3% de toda a água própria para consumo , há dois anos o Conselho Nacional de Recursos Hídricos aprovou a proposta de cobrança, elaborada pelos Comitês de Bacia Hidrográfica dos rios Paraíba do Sul e da Bacia dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí. Com a definição de novas diretrizes para o uso destes recursos, a indústria está revendo seu posicionamento, especialmente aquelas estabelecidas nas bacias onde já existe a cobrança.


É o caso da empresa Caterpillar, que está instalada na cidade de Piracicaba e começou a pagar pelo uso da água no ano passado. "Hoje vemos a cobrança como algo necessário, importante para o desenvolvimento de projetos que contemplem planos de recursos hídricos e de saneamento", afirma o engenheiro Silvio Bridi Neto. Para ele, a cobrança teve caráter educativo, já que foi desenvolvido um outro nível de consciência ambiental na empresa. "Criamos um sistema de gerenciamento do recurso hídrico, que inclui a substituição de máquinas, torneiras, canos e vazamentos. Além disso, implantamos um projeto de reuso da água, no qual conseguimos economizar 15% do consumo", explicou.Para Anícia Pio, especialista do Departamento de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), ainda é preciso corrigir algumas deficiências na atuação dos comitês de bacias e destinar a eles maior percentual dos recursos arrecadados. "A indústria tem participado desde o início da discussão sobre a cobrança e nossa proposta é que todo dinheiro arrecadado seja investido nas próprias bacias", defende. De acordo com Anícia Pio, estes investimentos devem atender a garantia de qualidade e quantidade para os múltiplos usos da água e não exclusivamente para suprir a ausência de investimentos em saneamento durante décadas.

Lei e suas conseqüências

O Artigo 1º da Lei estabelece que a cobrança pelo uso da água tem como objetivos: reconhecer que a água é um bem público de valor econômico; incentivar seu uso racional e sustentável; assegurar recursos financeiros suficientes para aportar programas e intervenções contemplados nos planos de recursos hídricos e saneamento.

O setor produtivo tem se adiantado às medidas governamentais na adoção de mecanismos voltados ao aproveitamento racional dos recursos hídricos. A própria empresa Caterpillar implantou sistemas de reaproveitamento e de racionalização da água há cerca de três anos, quando a lei ainda era um projeto. A água é ingrediente final de muitos produtos, sobretudo nos setores de fármacos, alimentos e bebidas. Outro emprego deste bem pela indústria é na execução de processos industriais, em que o recurso é utilizado para produzir vapor e gerar força motriz, e também em vários processos produtivos ou reações químicas. A água é usada, ainda, para consumo humano direto (em bebedouros, chuveiros de vestiários, rega de áreas verdes, limpeza das instalações) e para apagar incêndios.


Estímulo

Há três anos, a indústria paulista tem estimulado a implantação e desenvolvimento de projetos de reaproveitamento da água, com a promoção do Prêmio Fiesp de Conservação e Reuso da Água. Este ano, a vencedora foi a empresa Lwarcel Celulose e Papel Ltda., do Grupo Lwart, que é especializada no fornecimento de celulose branqueada de eucalipto para a indústria papeleira, a partir de matérias-primas provenientes de florestas manejadas de forma sustentável. A segunda colocada foi a multinacional Unilever, seguida pela Braskem S.A e, na categoria de pequenas empresas, a vencedora foi a Opersan, que atua como prestadora de serviços de tratamento de efluentes industriais de diversos segmentos, como empresas metalúrgicas e automobilísticas, fabricantes de tintas e outras.

Os programas da Lwarcel incluem a mudança da tecnologia de tambores rotativos para lavadores tipo DDwasher na lavagem da celulose, o reuso da purga das torres de resfriamento, o reuso da água de resfriamento de amostra de condensados e sistema de selagem das bombas de água de alimentação da caldeira de recuperação, o reuso de rejeitos da osmose reversa como parte do fornecimento de água industrial para a fábrica, o reuso de água e energia térmica produzidas no digestor na máquina secadora, o reuso da água de selagem das bombas de vácuo dos lavadores de massa marrom e a redução no consumo de água potável.

Colaboradores