Mostrando postagens com marcador Poznan. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Poznan. Mostrar todas as postagens

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

O quase fim da negociações do clima, CoP 14, Poznan

O 5º Vídeo sobre Mudanças Climáticas do Vitae Civilis na CoP 14 já está no ar !

Nesta edição, produzida em 11/12, quando foi aberto o segmento de alto nível, o Vitae Civilis traz o clamor das pequenas ilhas do Pacífico, com a participação de Tuvalu, Sri Lanka e Ilhas Salomão, nações já ameaçadas pelo aumento do nível do mar, mas cuja participação histórica na emissão de gases do efeito estufa é praticamente nula... 
Veja também o trabalho dos jovens que lutam pelo futuro das próximas gerações e descubra que são os "Bad Boys" das negociações, os países que mais se esforçam para arruinar o pacto global.

Você está mais do que convidado a acessar www.vitaecivilis.org.br ou www.youtube.com/vcivilis e postar seus comentários !

Abraços da equipe do Vitae Civilis na CoP 14, Poznan.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Novos vídeos da Vitae Civilis na CoP 14 !

Novos vídeos da Vitae Civilis na CoP 14, em Poznan, Polônia !

Os vídeos do Vitae Civilis são um espaço para a participação de ONGs e pequenas delegações nas negociações sobre mudanças climáticas.

O primeiro vídeo apresenta o importantíssimo papel realizado pelas organizações da sociedade civil e as diferentes maneiras utilizadas por estas instituições para influenciar o sucesso das negociações.

O segundo vídeo traz representantes de pequenas delegações falando sobre suas expectativas em relação as negociações e  dos impactos das mudanças climáticas sobre suas nações, onde milhões de pessoas tem sua sobrevivência afetada por enchentes, secas e aumento do nível do mar. Estes são os novos "refugiados climáticos". Bangladesh, Namibia, Brasil e Ilhas Salomão são os entrevistados.

Assista agora e deixe seu comentário em:


Abraços,

Equipe Vitae Civilis, CoP 14.


Primeiras impressões e pretensiosas promessas de Poznan

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Por: Vitae Civilis
Fonte: www.vitaecivilis.org.br

Começou! A 14ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês) começou, deixando saudades de Bali e seus 39ºC na sombra versus 0ºC ao sol em Poznan. A questão é mesmo de temperatura: calores, calafrios, paixões e frias.

Se a temperatura média global aumentar mais que 2ºC em relação aos níveis pré-industriais, o impacto do clima sobre a produção de alimentos, recursos hídricos, nível do mar e ecossistemas será catastrófico. Mais de dois bilhões de pessoas sofrerão os efeitos da falta de água e a maior parte do sul da África conviverá com seca o ano inteiro. A agricultura será seriamente comprometida e a fome e desnutrição matarão, no mínimo, dois milhões de pessoas por ano. A emergência econômica que temos hoje será pálida se comparada às conseqüências das mudanças climáticas, caso seja mantido o atual nível de comprometimento. Por tudo isso, os delegados reunidos em Poznan têm a obrigação de sinalizar que 2009 será um ano decisivo, que a CoP-15, em Copenhague, produzirá um acordo ratificável.
 
Contexto externo

Algumas coisas muito importantes aconteceram entre Bali (CoP-13) e Poznan (CoP-14):

  • Milhões de pessoas já enfrentam os impactos perigosos das mudanças no clima, que não vão sumir, vão se intensificar e ameaçam as suas vidas e formas de sustento;
  • O discurso da resistência não encontra mais ressonância, a não ser nos redutos reacionários de minorias ranzinzas;
  • A crise financeira mundial não é razão para protelar, muito menos para ambições reprimidas, mas representa uma oportunidade de assumir compromissos com fortes ações sobre o clima e fazer deles alavancas econômicas. O inimaginável nível de recursos juntados para impedir impactos econômicos ainda mais graves demonstra com clareza que, quando a questão é importante, todas as barreiras podem ser derrubadas;
  • Dois governos de países do Anexo I estão alterando o cenário nesse exato momento: Canadá e Reino Unido.
  • Na segunda-feira, dia 1 de dezembro, a Comissão de Mudanças Climáticas do governo britânico publicou as suas propostas para as metas de redução de emissões de gases de efeito estufa para 2020. A meta recomendada é de 42% de redução para todos os gases de efeito estufa em relação a 1990. Ao aceitar esta proposta, o governo britânico terá assumido a mais ambiciosa meta de todos os países do mundo, além de mostrar o caminho para outros países desenvolvidos;
    o Na próxima segunda-feira, 8 de dezembro, com alto nível de probabilidade o governo do Canadá cairá após a aprovação de uma moção de desconfiança. Os partidos da oposição já assinaram um pacto de governança e a sociedade civil está conclamando, entre outras coisas, por um reposicionamento da sua estratégia energética e redução da sua dependência no petróleo importado.
  • Os países em desenvolvimento, os países menos desenvolvidos e o grupo dos países insulares, entre outros, olham para a CoP-14 com uma visão crítica, contundente e exigente. A seguir o tom do discurso de alguns desses países:
  • 16 anos após a Convenção do Rio e ainda se discute sua implementação. Está na hora dos países desenvolvidos reconhecerem sua responsabilidade histórica e assumirem seus compromissos.
  • A UNFCCC já contém uma visão compartilhada de longo prazo. Compromissos futuros têm que levar em conta eqüidade e responsabilidades históricas. Se a Convenção tivesse sido completamente implementada e os compromissos honrados, o Plano de Bali teria sido desnecessário e os países mais vulneráveis teriam recebido os recursos necessários para a sua adaptação aos impactos adversos da mudança do clima.
  • A falta de confiança por parte dos países menos desenvolvidos em relação às negociações faz com que eles hesitem em assumir compromissos.
  • A crise provocada pelas mudanças de clima requer o mesmo grau de comprometimento financeiro que a atual crise financeira. Existe uma expectativa grande em torno da administração do próximo Presidente dos Estados Unidos.

Falta liderança! 

Nesses três dias iniciais de negociações, a União Européia, que possui reputação considerável no combate às mudanças climáticas, tendo sido fundamental para a adoção do Plano de Ação de Bali há um ano, tem decepcionado. Em seu próprio território, o bloco europeu não mostrou o que veio fazer na CoP-14. Até agora, não apresentou propostas concretas ou se posicionou sobre a transferência de recursos para mitigação e adaptação para os países não-Anexo I (vulgo países do Sul). Dentro da UE, as atenções se voltam para a Polônia, cujo primeiro-ministro em discurso inaugural da CoP clamou por solidariedade global para lidar com as mudanças do clima. Esse discurso, contraditório com a posição assumida pelo país nos últimos meses sobre o pacote de clima e energia da União Européia e sobre a posição do bloco para as negociações internacionais, fez com que o país anfitrião da Conferência ganhasse o primeiro Prêmio Fóssil do Dia – dado para os países que mais “se esforçam” para impedir o sucesso das negociações. 

O Umbrella Group (Austrália, Canadá, Islândia, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Rússia, Ucrânia e Estados Unidos) tradicionalmente possui posições conservadoras com o propósito de evitar a discussão sobre compromissos de redução de emissões para os países desenvolvidos. Saiu de um dos países integrantes desse grupo uma das “pérolas” dessa CoP: um negociador do Japão, durante uma sessão do AWG-LCA, ofereceu-se para reduzir o tempo de duração dos seus banhos diários de 20 para 15 minutos para salvar o planeta. Além disso, prometeu tentar reduzir os sete ou oito banhos que toma nos finais de semana para três. Essa intervenção foi infeliz e ofensiva, ainda mais se lembrarmos que aconteceu numa reunião das Nações Unidas, onde em muitos dos países ali representados a população não possui água nem para atender suas necessidades básicas, muito menos para vários banhos diários, como foi lembrado por um delegado chinês. A delegação norte-americana, como reflexo do processo de transição interna, tenta obstruir o processo, alegando que não vale a pena negociar acordo no momento, pois isso poderá atrapalhar os planos da administração Obama. 

E o Brasil? 

O lançamento do Plano Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC), em Brasília, na última segunda-feira provocou uma reação positiva aqui em Poznan. No entanto, aqueles que conheceram de perto o processo de elaboração desse plano, bem como o seu conteúdo, sabem que um plano preparado às pressas não tem consistência para ser apresentado e defendido na CoP-14. O texto não contemplou, por exemplo, as deliberações da III Conferência Nacional de Meio Ambiente (maio de 2008), que nem chegaram a ser publicadas e faziam parte do processo de consulta pública para o Plano. É de particular interesse para o Brasil, na CoP-14, a discussão sobre mecanismos para a redução de emissões de desmatamento e degradação florestal (REDD), já que a maior parte das emissões do país (75%) são originárias dessa fonte e o PNMC tem como um de seus objetivos a diminuição das taxas de desmatamento na Amazônia. De que maneira isso seria feito? Com que recursos?  O país deve aproveitar as discussões em Poznan para defender um mecanismo de REDD que melhor atenda seus interesses, obedecendo princípios de eqüidade e justiça. E que esses interesses não sejam apenas restritos à CoP e oportunistas, como foi o lançamento do PNMC no dia do início da Conferência da ONU. 

Principais pontos em negociação e expectativas

O sucesso das negociações em Poznan é fundamental para que, em dezembro de 2009, na CoP-15 (Copenhague), os países parte da Convenção consigam chegar num acordo que defina o que vai acontecer após 31 de dezembro de 2012, data do fim do primeiro período de compromissos do Protocolo de Quioto. Assim, espera-se que o primeiro texto para negociação seja apresentado já na primeira rodada de negociações do próximo ano. 

É importante termos sempre em mente que o objetivo dessas negociações, como diz o texto da Convenção, é estabilizar a concentração de emissões de gases de efeito estufa num nível que impeça uma interferência antrópica perigosa no sistema climático. Se esse objetivo não for alcançado, a vida neste planeta corre seríssimos riscos e será impossível estender a mão aos mais vulneráveis e menos aptos a enfrentar os impactos das mudanças climáticas. 

Atividades da equipe VC

O Vitae Civilis participa da CoP-14 com a sua maior equipe e uma ambição maior ainda. Normalmente, o primeiro dia é dedicado a um pequeno número de tarefas administrativas, logísticas e de orientação dentro da estrutura física da Conferência. Entretanto, desta vez as coisas mudaram. Desde o primeiro momento sugiram oportunidades e desafios novos. O nível de relacionamento da equipe vai aumentando na medida em que a participação em outras CoPs e reuniões dos Grupos de Trabalho Ad Hoc aumentam. Assim, um dia de trabalho na CoP inclui: coleta dos documentos-chave, tais como o programa diário publicado pelo Secretariado da UNFCCC, cópias dos boletins da Climate Action Network (CAN), da Third World Network e do Earth Negotiations Boletin (ENB); participação em reuniões diárias tais como a da Coordenação Política da CAN, o CAN Daily Meeting, grupos de trabalho sobre REDD e adaptação, contatos e reuniões com outras redes e ONGs; assistir às reuniões plenárias, workshops, grupos de contato, quando possível, reuniões com delegações ou outros contatos de alto nível. No meio de tudo isso temos que verificar os nossos e-mails, que passaram a ganhar um volume e qualidade fundamentais para os nossos objetivos na CoP e, quem sabe, tirar um tempinho para almoçar. Quando não voltamos tarde para o nosso apartamento (depois da meia-noite), acabamos voltando cedo e trabalhando até tarde (são 2h10 neste exato momento). Mas, como dissemos em Bali, no ano passado, e repetimos agora: apesar da sobrecarga de tarefas, informações e contatos temos muito orgulho de fazer parte e de fazer a nossa parte.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Em meio à crise financeira, reunião da ONU na Polônia é fundamental para enfrentar a crise do aquecimento global

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Por: Equipe Vitae Civilis, CoP 14
Fonte: www.vitaecivilis.org.br

01/12 Poznan, Polônia - Nos dois últimos meses, líderes dos vinte principais países do mundo mobilizaram-se para levantar mais de 4 trilhões de dólares para enfrentar a crise de crédito. A partir dessa segunda-feira, 1 de dezembro, até o próximo dia 12, representantes de mais de 170 nações estarão reunidos na cidade de Poznan, Polônia, na 14ª. Conferência das Partes (CoP-14) da Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima (UNFCCC) e 4ª. Reunião das Partes (CMP) do Protocolo de Quioto para negociar acordos em cinco grandes questões importantes para ampliar a cooperação internacional no enfrentamento da maior crise ambiental do planeta: o aquecimento da atmosfera e as mudanças de clima. Acordos que vêm sendo debatidos desde 2005, mas cujo processo e escopo ficaram delineados no Plano de Ação de Bali, na CoP-13, em 2007, para dar efetividade à Convenção de 1992 e ao Protocolo de 1997.  Enfim, um processo lento e gradual.

 

Para Gaines Campbell, um dos representantes do Vitae Civilis em Poznan: "Ainda existe uma janela de tempo aberta. Se soubermos aproveitar o momento, os recursos e os conhecimentos que já possuímos teremos uma chance de frear o aquecimento global, causa principal das mudanças de clima e cuja aceleração foi conseqüência de atitudes inconseqüentes dos arranjos econômicos e sociais do ser humano nestes últimos 150 anos”.

 

Entretanto, os relatos dos cientistas, que ganharam mais evidência em 2007, com o Prêmio Nobel dado ao IPCC – Painel da ONU que reúne cientistas de todas as áreas que estudam o aquecimento global, apontam que a Vida no planeta Terra está ameaçada e está se aproximando rapidamente de um ponto de não-retorno. Um ponto a partir do qual não será mais possível reestabelecer e reequilibrar o sistema climático no qual a vida terrestre evoluiu durante milênios. Gaines ressalta que “os sacrifícios aos quais a humanidade será submetida são dramáticos e, como sempre, os mais pobres, os mais fracos e os menos protegidos serão os que mais sofrerão”.

 

Segundo Juliana Russar, formada em Relações Internacionais e da equipe do Vitae Civilis em Poznan, “a COP é o foro onde são tomadas as decisões sobre a Convenção e a CMP é a reunião dos Estados que fazem parte (ratificaram) do Protocolo de Quioto. Nessas reuniões, as deliberações são tomadas por consenso entre os representantes dos governos de todos os países que ratificaram esses acordos”. Juliana destaca a importância da participação também de representantes de governos locais, ONGs, instituições de pesquisa, indígenas, empresas dos diversos setores (indústrias, agricultura, serviços): “várias dessas organizações contribuem com a pressão para acelerar o processo internacional, oferecem propostas, demandam enfoques e critérios de justiça e eqüidade, entre outras coisas, mediante o diálogo com os diplomatas e a realização de centenas de eventos, os side events (eventos paralelos) nos quais são apresentados estudos de caso, propostas, abordagens, pesquisas etc. relacionados aos temas negociados na CoP e na CMP”.


Por isso, esse regime multilateral, formado pela Convenção-Quadro sobre Mudança do Clima e pelo Protocolo de Quioto, subordinado à Convenção, está em um momento crucial:  estamos a um ano da Cop-15, programada para acontecer em dezembro de 2009 em Copenhague, Dinamarca, quando se espera que sejam definidas as metas para o segundo período do Protocolo e as medidas de cooperação para ampliar e fortalecer a implementação da Convenção por todos os países. Os cinco blocos (building blocks) de quase 40 itens em negociação internacional envolvem questões de transferência de tecnologias, mitigação de emissões de gases de efeito estuda, adaptação aos efeitos já irreversíveis, mobilização de recursos financeiros, e finalmente o bloco de “visão compartilhada”(shared vision).

 

Para Rubens Born, coordenador do Vitae Civilis, que também participará da CoP-14, “a negociação dessa visão é o desafio político mais relevante, pois estabelecerá que destino a comunidade internacional pretende seguir para deter o aquecimento global”. Nesse documento espera-se que sejam definidos os parâmetros para limitar o aumento da concentração de gases de efeito estufa na atmosfera, e como os ônus e esforços serão distribuídos entre os países industrializados e em desenvolvimento. “A partir dessa plataforma compartilhada, as negociações até a CoP-15 deverão definir as metas para os países industrializados de redução de emissões e os compromissos nos demais 4 blocos”, ressalta Rubens Born.  E acrescenta: “o Vitae Civilis em conjunto com a Global Climate Network - uma rede internacional  de organizações não-governamentais que realizam pesquisas em políticas públicas criada em meados,de 2008 - prepararam documento com elementos que os diplomatas deveriam considerar na construção dessa visão negociada”. Esse documento estará em breve disponível no site do Vitae Civilis.

 

A Convenção-Quadro foi adotada por 189 países, enquanto cerca de 175 países ratificaram o Protocolo de Quioto. Todos os países da Convenção têm compromissos, cabendo aos países industrializados que fazem parte do Protocolo a redução relativa de emissões de gases de efeito estufa. A redução média total esperada no primeiro período de compromisso do Protocolo de Quito (2008-2012) seria de cerca de 5%, se todos os países industrializados fossem partes (EUA é o único país desenvolvido que ainda não ratificou o Protocolo).

 

A recente publicação do Vitae Civilis "Antes que seja tarde", disponível em http://www.vitaecivilis.org.br/anexos/doc_internacional.pdf oferece um panorama das principais propostas e temas em negociação no regime multilateral de mudança de clima para grupos da sociedade civil, parlamentares e tomadores de decisão para facilitar a compreensão dos desafios brasileiros para a CoP-14.


Frustração e esperança -  Para a equipe do Vitae Civilis, a CoP de Poznan é o meio do caminho entre a frustração de resultados imediatos em Bali e a esperança por avanços firmes de Copenhague.

 

Quando, no final do último dia da CoP-13, em Bali, em dezembro de 2007, a chefe da delegação norte-americana disse que o seu país iria se juntar ao consenso, houve um momento de júbilo acompanhado por euforia e distensão. Mas, mais uma vez, isso se revelaria de curta duração. Embora as delegações pudessem voltar aos seus países para o Natal em família, o presente que embalaram em Bali foi recebido com um misto de emoções e críticas, alegrias e decepções. Emoção por terem escapado do pior cenário – bloqueio total do processo. Alegrias porque não retornaram de mãos vazias – o Mapa do Caminho (Plano de Ação de Bali) saiu e tem servido de trajetória para Copenhague. Decepções porque o presente carecia de consistência – o maior de todos os objetivos, um compromisso global quantificado de redução de emissões foi relegado ao status de uma nota de rodapé. Houve progresso sim, mas os negociadores internacionais na CoP-13 deixaram muito a desejar. O mundo merecia um presente melhor, ou seja, respostas responsáveis e urgentes para enfrentar a crise climática.

 

O próximo marco decisivo no processo de negociações será a CoP-15, em Copenhagen, no final de 2009. Será lá que os países signatários da Convenção do Clima e do Protocolo de Quioto deverão definir o que vai acontecer após o fim do primeiro período de compromisso do Protocolo (2008-2012). Para entrar em vigor, este acordo terá que passar por um processo de ratificação em cada país e isso requer tempo.

 

O caminho entre Bali e Copenhague já passou pelas reuniões intersessionais de Bangkok, Bonn e Accra em 2008 e agora obrigatoriamente passa por Poznan. Nas próximas duas semanas as delegações terão que agir, como nunca antes fizeram, com um equilibrado senso de urgência e responsabilidade e criar as condições para o sucesso em Copenhague.

 

A atual rodada de negociações gira em torno do Plano de Ação de Bali, construído a partir de cinco eixos norteadores: mitigação, adaptação, transferência de finanças, transferência de tecnologia e visão compartilhada do nível concreto de compromissos de redução de emissão de gases de efeito estufa.

 

Há esperança no sucesso de Poznan e futuramente Copenhague se os países em desenvolvimento pararem de se esconder atrás do argumento das responsabilidades comuns, porém diferenciadas jogando toda a responsabilidade de redução das emissões para os países desenvolvidos, isentando-se de adotar posições e medidas de mitigação e adaptação. Do outro lado, os países desenvolvidos exigem maior comprometimento dos países em desenvolvimento, principalmente daqueles que nos últimos anos passaram a emitir tanto quanto eles e apresentam tendência de aumento de suas emissões de gases de efeito estufa.


Você pode participar da CoP 14. Acesse www.vitaecivilis.org.br, leia as análises, assista aos vídeos, participe dos chats e ajude a pessionar o governo brasileiro enviando suas idéias para vcnacop@vitaecivilis.org.br.


Abraços !


Equipe Vitae Civilis 

sábado, 29 de novembro de 2008

CoP 14 - Poznan - A ONG Vitae Civilis quer mudar o clima dessa convenção !

Por: João Talocchi

De 1 a 12 de Dezembro, acontecerá em Poznan - Polônia, a 14º edição da Conferência das Partes (CoP), onde serão discutidos as propostas para o regime pós-2012, quando termina o primeiro período do Protocolo de Kioto. A metodologia aplicada às negociões seguirão o chamado "mapa do caminho", principal conquista da última CoP (Bali, 2007). 

Entretanto, esse é um "mapa" bem diferente, já que ele mostra diversos caminhos, mas não aponta nenhum destino. Se fosse um mapa pirata, ao invés do "X" que marca a localização do tesouro, veríamos vários pontos de interrogação e um emaranhado de trilhas, mais parecidas com um esboço de nó do que com um caminho a ser seguido. 

É muito difícil que nessa CoP seja decidida qual a melhor trilha, ou desenhado o "X" que demarque aonde queremos chegar, já que estas decisões devem ser tomadas somente em 2009, na CoP 15, em Copenhagen. A proposta da reunião de Poznan é desembaraçar o mapa atual, analisando os diversos pontos de interrogação e as confusas trilhas, o que deve facilitar a sua leitura e nos aproximar do melhor caminho.

O problema é que, apesar do "tesouro" significar "A salvação da raça humana", existem muitos piratas interessados em deixá-lo enterrado por mais tempo... (só que se ele estiver escondido em uma das ilhas do Pacífico, e demorarmos um pouco mais para resgatá-lo, a chance do local onde está escondido ser coberto pelo mar é cada vez maior !)

A Vitae Civilis, ONG brasileira pioneira no acompanhamento das discussões relacionadas às Mudanças Climáticas, estará presente à CoP e além de pressionar o governo brasileiro pela adoção de uma postura séria de liderança, irá desenvolver o projeto "Desvendando a CoP 14". Criado com os objetivos de facilitar a compreensão das negociações climáticas, dar voz às pequenas ONGs e delegações oficiais e permitir a participação da sociedade civil no processo de tomada de decisão dos negociadores brasileiros, o projeto contará com as seguintes atividades:

1. Produção dos boletins analíticos "Vitae Civilis Informa", uma importante fonte de informações onde são apresentados e analisados os diversas mecanismos e ações propostos, sempre a partir da ótica da sociedade civil e com uma linguagem fácil e acessível. Estes boletins, que podem ser utilizados pela imprensa como ferramenta informativa, ficarão disponível no site www.vitaecivilis.org.br e serão renovados periodicamente.

2. Produção dos vídeos "Os olhos da CoP", um espaço voltado para a ampliação da voz das pequenas ONGs (nacionais e internacionais) e delegações oficiais, já que alguns países são muitas vezes representados por somente uma ou duas pessoas (irronicamente estes são alguns dos países MAIS vulneráveis às mudanças climáticas !). Através de entrevistas e análises, os vídeos permitirão a apresentação, divulgação e discussão de diferentes pontos de vista, muitas vezes negligenciados pelos maiores responsáveis pelo problema (irronicamente estes são alguns dos países MENOS vulneráveis às mudanças climáticas). Os vídeos ficarão disponíveis no site www.vitaecivilis.org.br ou www.youtube.com/vcivilis

3. Sala de Chat "VC na CoP", um local onde jornalistas, estudantes e demais interessados poderão  esclarecer dúvidas, discutir pontos de vista e propor sugestões para os membros do Vitae Civilis. Os chat serão realizados em horários e sites pré-determinados (essas informações estarão disponíveis em www.vitaecivilis.org.br).

4. Através do e-mail "vcnacop@vitaecivilis.org.br" qualquer pessoa pode participar da CoP. Estes endereço foi criado para que a sociedade civil envie pedidos, sugestões e críticas para os membros da delegação brasileira oficial. Essa ferramenta é importantíssima para mostrar que a população tem interesse na questão e está fiscalizando as ações de seus representantes, incentivando estes a defender posturas séria e que reflitam as reais necessidades e interesses do Brasil. Os e-mails serão impressos e entregues em mãos a algum membro da delegação pelos membros do Vitae Civilis.

Você está mais do que convidado a participar! E só diga que uma pessoa não faz a diferença, ou é insuficiente para incomodar um governo, se você nunca dormiu em um quarto com um pernilongo!

Para saber mais, acesse www.vitaecivilis.org.br

Grande abraço,

Equipe Vitae Civilis.





Colaboradores