segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Sobre Dubai

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Dubai called the attention of all markets, but this major impact was ignored. So, I added this comment at The Economist website:

After Dubai
A financial sandstorm
The global consequences of Dubai's debt problems

My comment:

That Dubai abnormal building spree was an ecological disaster. China expansion is also wholly unsustainable. We are still waiting the day when people will reorient money for more sustainable and possible ways. A construction and car production moratorium are among the urgent measures that should be implemented to avoid a planet collapse. China politburo announced today that “China may extend preferential tax policies for cars”, that is, to solve the current crisis, all governments are expanding money and demand for more goods and services purchases, more projects to create jobs, without realizing that it was just this measures that created the current mess and a possible planet collapse.

Population decreases will happen against our will with the ongoing climate changes. Instead of pressuring other countries natural resources and ecological services, it is urgent to all societies to achieve a balance between this suicidal economic system and the planet system. The last system is much more important: it is a big mistake to believe that the economic system can be bigger than the planet, as all economic fields propose and this absurd is defended by Paul Krugman, Joseph Stiglitz and others. We are Nature dependent, vulnerable animal specie and this never changed at all. Earth gives the rules, now we will have to adapt to our own mistakes.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Capacidade esgotada

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19/11/09
Agencia Fapesp
Os oceanos têm um papel fundamental na regulagem climática, absorvendo cerca de um quarto de todo o dióxido de carbono lançado pela ação humana. Agora, o primeiro levantamento ano a ano desse mecanismo desde a Revolução Industrial indica que os oceanos estão sofrendo para acompanhar o aumento nas emissões.

A consequência, apontam, poderá ser desastrosa para o clima no futuro do planeta. A pesquisa, feita nos Estados Unidos, foi publicada na edição desta quinta-feira (19/11) da revista Nature.

Samar Khatiwala, da Universidade Columbia, e colegas estimaram que os oceanos absorveram um recorde de 2,3 bilhões de toneladas de dióxido de carbono resultantes da queima de combustíveis fósseis em 2008. Mas, com o aumento na quantidade total de emissões, a proporção absorvida pelos oceanos desde 2000 caiu em cerca de 10%.

Modelos climáticos desenvolvidos anteriormente haviam previsto uma diminuição nesse processo, mas o novo estudo é o primeiro a quantificar essa queda.

Enquanto trabalhos anteriores haviam atribuído a mudança à diminuição do ozônio na estratosfera e a alterações na circulação oceânica induzidas pelas mudanças climáticas, a nova pesquisa sugere que o motivo é mais simples: os oceanos chegaram ao limite, tanto físico como químico, de sua capacidade de absorver o dióxido de carbono.

“Quanto mais dióxido de carbono, mais ácido fica o oceano, reduzindo a capacidade de manter o CO2”, disse Khatiwala. “Por causa dessa consequência, com o tempo o oceano se torna um repositório menos eficiente do carbono antrópico. A surpresa é que podemos estar diante das primeiras evidências disso, talvez combinado com a circulação mais lenta por causa do aumento nas emissões.”

Segundo o estudo, o acúmulo de carbono industrial nos oceanos aumentou enormemente na década de 1950, à medida que os oceanos passaram a tentar acompanhar o ritmo acelerado das emissões em todo o mundo.

As emissões continuaram a crescer e, no ano 2000, atingiram tal volume que os oceanos passaram a absorver menos CO2 proporcionalmente, ainda que o total em peso tenha continuado a aumentar. Hoje, segundo a pesquisa, os oceanos mantêm cerca de 150 bilhões de toneladas de carbono industrial, um terço a mais do que em meados da década de 1990.

Cerca de 40% do carbono entra nos oceanos por meio das águas geladas próximas à Antártica, porque o dióxido de carbono se dissolve mais rapidamente nas águas mais frias e mais densas do que nas mais quentes. Dali, as correntes transportam o carbono para o norte do planeta.

O artigo Reconstruction of the history of anthropogenic CO2 concentrations in the ocean, de Samar Khatiwala e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Projeto de Lei

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Uma idéia muito boa do Senador Cristovam Buarque.
Ele apresentou um projeto de lei propondo que todo político eleito (vereador, prefeito, deputado, etc.) seja obrigado a colocar os filhos na escola pública.

As conseqüências seriam as melhores possíveis.
Quando os políticos se virem obrigados a colocar seus filhos na escola pública, a qualidade do ensino no país irá melhorar. E todos sabem das implicações decorrentes do ensino público que temos no Brasil.

SE VOCÊ CONCORDA COM A IDÉIA DO SENADOR, DIVULGUE ESSA MENSAGEM.

Ela pode, realmente, mudar a realidade do nosso país.
O projeto PASSARÁ, SE HOUVER A PRESSÃO DA OPINIÃO PÚBLICA.

http://www.senado.gov.br/sf/atividade/Materia/detalhes.asp?p_cod_mate=82166

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 480, DE 2007
Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.

PARABÉNS PARA O SENADOR CRISTOVAM BUARQUE.
BOA SORTE JUNTO A SEUS PARES.


IDÉIA SENSACIONAL!!!!

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº , DE 2007

PLS - PROJETO DE LEI DO SENADO, Nº 480 de 2007

Determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014.

O CONGRESSO NACIONAL decreta:
Art. 1º
Os agentes públicos eleitos para os Poderes Executivo e Legislativo federais, estaduais, municipais e do Distrito Federal são obrigados a matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica.

Art. 2º
Esta Lei deverá estar em vigor em todo o Brasil até, no máximo, 1º de janeiro de 2014.
Parágrafo Único. As Câmaras de Vereadores e Assembléias Legislativas Estaduais poderão antecipar este prazo para suas unidades respectivas.

JUSTIFICAÇÃO
No Brasil, os filhos dos dirigentes políticos estudam a educação básica em escolas privadas. Isto mostra, em primeiro lugar, a má qualidade da escola pública brasileira, e, em segundo lugar, o descaso dos dirigentes para com o ensino público.
Talvez não haja maior prova do desapreço para com a educação das crianças do povo, do que ter os filhos dos dirigentes brasileiros, salvo raras exceções, estudando em escolas privadas. Esta é uma forma de corrupção discreta da elite dirigente que, ao invés de resolver os problemas nacionais, busca proteger-se contra as tragédias do povo, criando privilégios.
Além de deixarem as escolas públicas abandonadas, ao se ampararem nas escolas privadas, as autoridades brasileiras criaram a possibilidade de se beneficiarem de descontos no Imposto de Renda para financiar os custos da educação privada de seus filhos.
Pode-se estimar que os 64.810 ocupantes de cargos eleitorais – vereadores, prefeitos e vice-prefeitos, deputados estaduais, federais, senadores e seus suplentes, governadores e vice-governadores, Presidente e Vice-Presidente da República – deduzam um valor total de mais de 150 milhões de reais nas suas respectivas declarações de imposto de renda, com o fim de financiar a escola privada de seus filhos alcançando a dedução de R$ 2.373,84 inclusive no exterior. Considerando apenas um dependente por ocupante de cargo eleitoras.
O presente Projeto de Lei permitirá que se alcance, entre outros, os seguintes objetivos:
a) ético: comprometerá o representante do povo com a escola que atende ao povo;
b) político: certamente provocará um maior interesse das autoridades para com a educação pública com a conseqüente melhoria da qualidade dessas escolas.
c) financeiro: evitará a “evasão legal” de mais de 12 milhões de reais por mês, o que aumentaria a disponibilidade de recursos fiscais à disposição do setor público, inclusive para a educação;
d) estratégica: os governantes sentirão diretamente a urgência de, em sete anos, desenvolver a qualidade da educação pública no Brasil.
Se esta proposta tivesse sido adotada no momento da Proclamação da República, como um gesto republicano, a realidade social brasileira seria hoje completamente diferente. Entretanto, a tradição de 118 anos de uma República que separa as massas e a elite, uma sem direitos e a outra com privilégios, não permite a implementação imediata desta decisão.
Ficou escolhido por isto o ano de 2014, quando a República estará completando 125 anos de sua proclamação. É um prazo muito longo desde 1889, mas suficiente para que as escolas públicas brasileiras tenham a qualidade que a elite dirigente exige para a escola de seus filhos.
Seria injustificado, depois de tanto tempo, que o Brasil ainda tivesse duas educações – uma para os filhos de seus dirigentes e outra para os filhos do povo –, como nos mais antigos sistemas monárquicos, onde a educação era reservada para os nobres.
Diante do exposto, solicitamos o apoio dos ilustres colegas para a aprovação deste projeto.
Sala das Sessões,
Senador CRISTOVAM BUARQUE

terça-feira, 24 de novembro de 2009

ENTRAM REFINARIA E ESTALEIROS; SAEM O CAJU E A MANGABA

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Clóvis Cavalcanti

Até poucos anos, a chegada do mês de outubro anunciava um dado prazeroso do verão no litoral pernambucano: início da safra de caju. De repente, ruas, calçadas, beiras de estrada, mercados se enchiam de cestas (de folhas de coqueiro), balaios, rodas de cajus grandes, pequenos, tronchos, gordos, delgados, redondos, compridos, amarelos, rosas, vermelhos, cor-de-laranja. Uma variedade enorme – no estilo de ser da natureza (onde não há homogeneidade). Os cajus vinham dos quintais, das matas, de reservas naturais como as da região de Suape, Porto de Galinhas, Itamaracá. Fazia gosto ver a multiplicidade dessa fruta maravilhosa, de odor atraente e brilhante colorido, exibida nas ruas do Recife. Eu não resistia à visão do primeiro caju da safra em começo: comprava-o para comê-lo com uma lapada de cachaça antes do almoço (como via meus tios Ernande e Vivi fazerem, sob a reprovação de meu pai). Era um prêmio ao paladar, como sabem todos aqueles que conhecem essa combinação ímpar. Infelizmente, a beleza do caju nativo sumiu. Tem-se hoje, em seu lugar, um caju uniforme, padronizado, homogêneo, de linha de produção industrial, com frutos de mesmo tamanho e cor, arrumados não mais em cestas, balaios ou rodas, e sim em bacias de isopor: cajus clonados. Cajus que aparecem desde junho, sem brio, sem charme. As novas gerações ignoram a riqueza vegetal dos cajus pernambucanos verdadeiros, como também das doces mangabas cada vez mais raras.

E isso porque a destruição ambiental no litoral pernambucano é um dos exemplos mais lamentáveis da irresponsabilidade ecológica das políticas para promoção do que, afrontando o léxico, se chama de “desenvolvimento”. A decisão de construir o complexo de Suape, por exemplo, embutia uma lógica destruidora. Na época em que o projeto foi lançado, era total o desrespeito das iniciativas governamentais ao meio ambiente. Uma reação de ambientalistas pioneiros em 1975 chamou a atenção do público para o fato. Houve reações raivosas a esses opositores de Suape – entre os quais eu me incluía – e a propagação da idéia de que ser contra o complexo era um desserviço a Pernambuco (o mesmo dogma continua prevalecendo). Compreende-se a exploração do ufanismo infantil de quem vê na indústria, nos complexos portuários, na exploração do pré-sal, etc. a grande saída para os desafios do nosso desenvolvimento. Mas até que ponto isso faz sentido numa perspectiva de muito longo prazo – que é quando interessa discutir a sustentabilidade do progresso? A civilização do petróleo talvez esteja mais perto do fim do que estamos do surgimento do projeto de Suape. Em lugar dela teremos que caminhar para um paradigma com base na energia solar. Quando a era das tecnologias limpas tiver que prevalecer, os grandes projetos pernambucanos perderão validade – e teremos ficado também sem os cajus e as mangabas insubstituíveis. Um empobrecimento eterno.

No domingo passado (8.11.09), diante da explosão urbana de Casa Forte, o Diario trouxe reportagem sobre a perda de identidade desse bairro recifense (caderno Vida Urbana). Entre os assuntos abordados, a partir de uma pesquisa da Unicap, ressaltava-se que a maior parte do patrimônio verde de Casa Forte “está nos jardins e quintais de suas casas”. É o que se observa na Fundação Gilberto Freyre, nos Maristas de Apipucos, na Fundação Joaquim Nabuco (graças a isso, consigo ainda apanhar cajus para meu hábito de combiná-los com cachaça). O quintal da Casa de Saúde S. José, na av. 17 de Agosto, acaba de ser exterminado para dar lugar, sob a aprovação dos poderes competentes (sic) a um shopping. Mais uma contribuição para o desaparecimento de nossas frutas inigualáveis. Vitória – não definitiva, porém – da vida artificial sobre a perfeição da natureza.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Acordo de Copenhague não fará diferença em emissão

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Para professor da Universidade da Califórnia em San Diego, próximo tratado do clima corre o risco de cometer os mesmos erros do Protocolo de Kyoto

NUM MOMENTO em que o mundo pede pressa na negociação de um novo acordo do clima, a posição do cientista político americano David Victor parece bizarra: ele quer que os governos parem um pouco para conversar. Uns dois anos. Não é que Victor seja contra um acordo forte contra os gases-estufa. Ao contrário: o que ele quer, diz, é evitar que os diplomatas reunidos em Copenhague em dezembro produzam um acordo cheio de promessas impossíveis de cumprir.
DA REDAÇÃO

Victor diz temer um tratado que, no final das contas, não leve a uma redução significativa de emissões e ainda provoque desistências de alguns países no caminho. Um acordo assim já existe: o Protocolo de Kyoto, que tem metas pífias de redução para países desenvolvidos e que foi abandonado pelo maior poluidor do planeta, os EUA. "Estamos cometendo quase os mesmos erros que cometemos com Kyoto", afirma Victor, professor de Relações Internacionais da Universidade da Califórnia em San Diego e um dos mais célebres críticos do acordo no mundo acadêmico. Segundo o pesquisador, autor do livro "The Collapse of the Kyoto Protocol" ("O Colapso do Protocolo de Kyoto"), de 2001, a falta de negociações sérias no ano passado, a extrema complexidade do tema e o número alto de países na mesa (190) têm tudo para produzir em Copenhague um repeteco de Kyoto. "Não há chance nenhuma de que Copenhague sozinha vá produzir um acordo que fará diferença nas emissões", afirmou. "É inevitável que o mundo terá um aquecimento muito grande, mesmo que os governos resolvam levar o problema a sério." Na semana passada, em artigo na revista científica "Nature", Victor propôs que Copenhague produza um acordo provisório e que os principais países poluidores, entre os quais o Brasil, comecem a sério a discutir políticas de redução. Em entrevista à Folha, ele explica sua ideia. (CLAUDIO ANGELO)

FOLHA - Há um grau de interesse público enorme na conferência de Copenhague. Por quê? DAVID G. VICTOR - Eu acho que virou um grande assunto porque é o próximo grande marco na discussão de clima. O último grande marco foi Kyoto, e Copenhague é a extensão lógica de Kyoto, porque é a data-limite para o tratado substituto. Então é por isso que muitas pessoas começaram a acompanhar o assunto. E muitas empresas também, porque isto se tornou uma grande questão para a maneira como elas operam.

FOLHA - Será que, por causa desse interesse das empresas, o combate à mudança climática não aconteceria mesmo sem um acordo? VICTOR - O que acontece agora é que o que a maioria dos países está fazendo é o que eles fariam mesmo na ausência de um tratado. Os europeus estão muito preocupados com a mudança climática e estão correndo para fazer o que têm feito, os EUA estão fazendo um um pouquinho, o Brasil está um pouco envolvido. O desafio para os diplomatas é produzir um acordo que faça os países fazerem mais do que fariam sozinhos.

FOLHA - Quais são as chances de que Copenhague vá produzir um acordo significativo para o clima? VICTOR - Não há chance nenhuma de que Copenhague sozinha vá produzir um acordo que fará diferença nas emissões, porque os processos industriais e de agricultura que causam emissões mudam muito lentamente. O máximo que podemos esperar de Copenhague é mais um passo num longo processo de botar pressão nas atividades que causam emissões.

FOLHA - O sr. publicou em 2001 um livro chamado "O Colapso do Protocolo de Kyoto", no qual explicava por que o acordo havia falhado. Nesta semana, escreveu um artigo para a revista "Nature" dizendo que o acordo de Copenhague também ruma para o fracasso. Quais são os problemas de um e de outro? VICTOR - O principal é que as pessoas não tratam esse assunto como o problema econômico sério que ele é. Elas ainda o tratam como um problema ambiental. Quando você pensa isso como um problema ambiental, você tem um conjunto de ferramentas no kit dos diplomatas: você fixa metas progressivas, dá só um par de anos para a negociação, as pessoas que negociam são ministros de Ambiente. Essas ferramentas funcionam muito bem para problemas ambientais, mas o aquecimento global é um tipo de problema totalmente diferente. Estamos hoje, em pleno processo rumo a Copenhague, cometendo quase os mesmos erros que fizemos com Kyoto.

FOLHA - Que foram... VICTOR - Que foram: quase nenhuma negociação séria sobre compromissos aconteceu no ano que antecedeu a assinatura de Kyoto. O mesmo está acontecendo agora. O número de assuntos na mesa é imenso. O número de países é maciço. Parece que não aprendemos nada com a experiência de Kyoto, porque estamos repetindo-a. É por isso que eu fui tão pessimista no artigo da "Nature". Parte disso é porque o problema da mudança climática é muito, muito difícil de resolver. Parte disso é porque os instrumentos desenhados -os tratados, as organizações- não estão à altura da tarefa. E o que me preocupa é que nós vamos perder mais dez anos patinando, fingindo que estamos atacando o problema com organizações que não têm capacidade para isso. E o que eu acho que isso significa é que é inevitável que o mundo terá um aquecimento muito grande, mesmo que os governos resolvam levar o problema a sério. Eu não falo muito disso no artigo da "Nature", mas a consequência disso é que os governos terão de gastar muito mais tempo pensando em adaptação, em geoengenharia e em coisas que são preocupações quando você vê um futuro que terá um bocado de aquecimento global.

FOLHA - O Banco Mundial soltou um relatório nesta semana reconhecendo que será quase impossível não ultrapassarmos as 450 partes por milhão de CO2 na atmosfera, o nível considerado seguro. Qual o sr. acha que será a concentração final antes de estabilizarmos o clima? VICTOR - A meta de 450 partes por milhão só existe enquanto ninguém realmente tentar cumpri-la. Quando tentarem, verão que vamos passar longe dela. A meta de 2C que a União Europeia pôs na sua lei e que o G8 pôs no seu comunicado vai ser estourada.

FOLHA - O acordo não está certo e os instrumentos não estão à altura da tarefa, na sua opinião. Qual seriam o acordo certo e os instrumentos certos então? VICTOR - O que eu acho que precisa ser feito é separar as questões sobre as quais os governos já concordam com as questões sobre as quais é impossível haver acordo nos próximos dois anos. Na primeira categoria, o que você faz é um acordo provisório, que garanta os compromissos que os governos já se dispuseram a adotar. E aqui houve um enorme progresso: o Japão fez uma promessa neste ano, a União Europeia fez no ano passado, neste semestre, espero, os EUA farão uma promessa, a Índia e a China estão se preparando. Algo que possa cimentar essas propostas, para que os governos não fiquem chateados com a falta de progresso. A segunda coisa que você precisa fazer é iniciar um processo pelo qual os compromissos que os governos adotam um em relação ao outro possam ser mais orientados pelas coisas que eles podem de fato cumprir. Um dos problemas de Kyoto é que as pessoas chegaram lá fazendo promessas de corte de emissões que não podiam honrar. Precisamos de um processo que se concentre num punhado de governos: Brasil, Indonésia, EUA, UE, Japão, China. Esses governos podem se juntar e fazer promessas uns aos outros, e essas promessas não seriam só o que eles podem fazer já, mas também o que eles se dispõem a fazer caso outros governos façam mais.

FOLHA - Mas como esses compromissos condicionados seriam diferentes de metas voluntárias que não resolvem o problema? VICTOR - O melhor exemplo é o que a UE está fazendo agora. Eles têm uma meta, que é voluntária, e dizem: se vocês, nos outros países, fizerem coisas parecidas, nós aumentaremos para tanto. E não é esse o diálogo que estamos tendo. O único estilo de negociações que temos no momento é todo mundo falando o que vai fazer voluntariamente, e outros estão até mesmo dizendo que, se os outros não fizerem, eles não vão fazer nada.

FOLHA - O sr. também critica a pressa nas negociações. Mas nós não temos muito tempo, certo? Não podemos gastar mais dois anos falando sobre o assunto. VICTOR - Eu acho que esta é a realidade (risos). Temos dois caminhos a seguir: um, estamos numa crise e precisamos andar mais rápido e ter tudo finalizado em Copenhague. E o resultado desse caminho será outro Kyoto, onde os grandes países aderem ao acordo e outros não, onde as metas são aguadas e as pessoas ficam pensando que se fez algo a respeito, quando na verdade não há nenhuma estratégia séria. O segundo caminho, o que eu defendo, é que você precisa de mais tempo para que a negociação possa refletir o que os governos podem de fato fazer. E isso, infelizmente, é um processo lento. De uma maneira ou de outra, estaremos comprometidos com uma quantidade grande de aquecimento global.

FOLHA - Muita gente acha que o custo da mitigação vai se tornar proibitivo se demorarmos mais para fazer a emissões começarem a declinar. Além disso, há o temor de um colapso no mercado de carbono, que ficaria sem regra nenhuma depois de 2012, quando Kyoto expira.
VICTOR - A questão mais importante agora é a dos mercados de carbono. Ele precisa de um sinal muito claro de Copenhague de que os governos não vão deixar essas regulações desaparecerem. É por isso que você precisa de um acordo provisório.

FOLHA - Que elementos deveriam constar desse acordo "redux" de Copenhague que o sr. propõe? VICTOR - Os tópicos centrais são metas e prazos que todos poderão adotar e extensão do MDL [Mecanismo de Desenvolvimento Limpo de Kyoto, que prevê venda de créditos de países pobres para países ricos]. Um problema central é que há um grande número de créditos que não são créditos.

FOLHA - Ele não teve eficácia nenhuma, é isso? VICTOR - Eu não diria que não teve eficácia nenhuma, porque, se você procurar bem, vai encontrar um bom projeto. Mas, no geral, o MDL tem sido um desastre. Você olha para as curvas de emissões e para os projetos individuais, as pessoas estão recebendo investimentos novos para coisas que seriam feitas de qualquer maneira.

FOLHA - Os países em desenvolvimento devem adotar metas obrigatórias como as de Kyoto? VICTOR - Eu sempre fui cético quanto a metas tipo Kyoto, porque os governos não controlam emissões: os governos controlam a política e a economia, e é a economia que produz emissões. Nos países em desenvolvimento, em especial, há uma relação muito fraca entre a política dos governos e as metas de emissão que eles podem adotar. Eles não sabem qual será seu nível de emissão no futuro. Então eles fariam como a Rússia, que é oferecer metas de redução muito mais altas que suas emissões. E nós não queremos que isso aconteça.

FOLHA - O sr. está para ser pai pela primeira vez. Como é ter um filho quando o sr. acredita que o cenário para o futuro dele será tão turvo? VICTOR - Toda geração tem algum problema que a deixa muito deprimida. A última geração teve as armas nucleares. A anterior teve a depressão econômica, a outra teve a guerra na Europa. Eu acho que, no longo prazo, nós vamos resolver o aquecimento global, com tecnologias radicalmente novas. Mas vai levar muito tempo. Daqui até lá, teremos algum aquecimento aqui, e parte dessas mudanças climáticas pode ser muito catastrófica. "As pessoas não tratam esse assunto como o problema econômico sério que ele é. Elas ainda o tratam como um problema ambiental" "É inevitável que o mundo terá um aquecimento muito grande, mesmo que os governos resolvam levar o problema a sério"

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Ecologizar a economia

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Maurício Andrés Ribeiro (*)

Tem sido mais freqüente o uso de instrumentos econômicos para a gestão ambiental pela área econômica do governo – Banco Central, Conselho Monetário Nacional, Ministério da Fazenda. Assim, em outubro de 2009, o ministério da Fazenda prorrogou o IPI Verde, com a redução de impostos para geladeiras, máquinas de lavar e fogões que gastam pouca energia; em setembro, relatório do Ministério da Fazenda havia quantificado os prejuízos econômicos à agricultura causados pelas mudanças climáticas no Brasil e quanto o Brasil poderia ganhar com créditos de carbono. Nesse mesmo mês, o Conselho Monetário Nacional (CMN) aprovara a resolução 3.792 que obriga os fundos de investimento a informarem, em suas políticas de investimento, se vão ou não observar princípios de responsabilidade socioambiental. Em julho de 2008 o CMN havia aprovado Resolução 3.545 que restringiu o crédito oficial a produtores rurais sem comprovação de regularidade fundiária e ambiental. Ela incidiu sobre os interesses econômicos dos que não cumprem a legislação ambiental e despertou reações fortes no sentido de adiar o início de sua aplicação, para permitir aos fazendeiros, sojicultores, pecuaristas, se adequarem à legislação ambiental.

Em 1995, bancos brasileiros haviam aderido ao Protocolo Verde, um compromisso de que somente liberariam crédito para empreendimentos licenciados ou de acordo com a legislação ambiental e para produtos certificados. Tentava-se submeter a concessão de crédito a um crivo ambiental e evitar que o capital fosse investido em projetos ambientalmente destrutivos. Um dos resultados desse protocolo foi aumentar a pressão sobre os órgãos licenciadores por parte de empreendedores em busca de crédito bancário.

Desde os anos 90, leis de ICMS ecológico implementadas em alguns estados ofereceram incentivos econômicos para municípios que investissem na criação de unidades de conservação e em saneamento ambiental. Tal foi o caso da Lei Robin Hood, de 1995, em Minas Gerais.

Essas iniciativas de uso crescente pela área econômica dos governos de instrumentos econômicos a favor do meio ambiente devem ser celebradas, pois ajudam a superar o divórcio entre conceitos de ecologia e economia que está na origem da crise ecológica atual.

Entretanto, além desse uso pontual de instrumentos econômicos, muito precisa ser feito prática e conceitualmente:

· A ecologização nas escolas e institutos de pesquisa econômica aplicada ajudaria a redefinir conceitos de riqueza e a encontrar indicadores mais adequados do que o do Produto Interno Bruto. O PIB é um indicador enganoso e tem sido crescentemente questionado, pois contabiliza como riqueza as despesas com correção de danos de desastres, que se fossem evitados significariam melhor saúde ambiental e maior qualidade de vida.

· É preciso colocar as ciências econômicas em seu devido lugar, como partes das ciências ecológicas. O cuidado com a casa menor – a oikos nomos da economia, estaria assim inserido no cuidado com a casa maior – a oikos logos da ecologia. (Esses são pontos abordados no livro de Patrick Viveret, Reconsiderar a riqueza, publicado em 2006).

· Uma reforma tributária ecológica que onerasse o uso de recursos naturais reduziria desperdícios, ao mesmo tempo em que poderia incentivar o emprego e a renda.

· A concessão de crédito bancário ecologicamente responsável exige consciência ecológica na definição da missão dos bancos e a urgência de que renunciem a oportunidades de negócios que sejam social ou ambientalmente destrutivas.

· Os investimentos, os preços, os incentivos e desincentivos econômicos, os impostos, os orçamentos públicos e privados, a contabilidade, todos esses instrumentos de planejamento e de gestão econômica precisam ser ecologizados. Isso ajudaria a superar o divórcio entre os interesses coletivos de longo prazo e os interesses particularistas de curto prazo.

· Finalmente, é relevante compreender as motivações psicológicas da economia. A demanda econômica é movida por desejos, paixões e emoções humanas e não apenas por decisões racionais. Ecologizar o consumo implica em ecologizar os desejos, pois eles estão na raiz da formação das demandas. A psicoeconomia é um campo promissor. A ecologização da economia tem uma forte relação com a ecologização da cultura, da consciência e dos desejos individuais e coletivos.


(*) Autor de Ecologizar e de Tesouros da Índia para a civilização sustentável WWW.ecologizar.com.br mandrib@uol.com.br

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Economia e ecologia se misturam sim!

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À medida que a economia global cresce, a disposição dos recursos naturais diminui. É esta a conta que levou alguns economistas a buscar uma nova corrente de pensamento e que vem obrigando o mercado a se enquadrar nela.

Assim como Nicolau Copérnico afirmou em 1543 que não era o Sol que girava em torno da Terra, mas o contrário, os ecoeconomistas vêm assumindo a responsabilidade de trazer à humanidade uma nova versão de nossa relação com a economia.
Nesta entrevista, o ecoeconomista Hugo Penteado mostra porque a economia não pode mais continuar no centro de nosso mundo.

Acompanhe a entrevista aqui.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Leonardo Boff ante la Conferencia sobre el Clima de Copenhague La Tierra no aguanta más

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Leonardo Boff ante la Conferencia sobre el Clima de Copenhague La Tierra no aguanta más

Sergio Ferrari

ALAI AMLATINA, 09/11/2009.- La crisis ambiental irrumpe en primer plano mediático de cara a la Conferencia del Clima de Copenhague, Dinamarca, a realizarse el 13 de diciembre próximo. Las perspectivas no son optimistas por falta de un consenso previo para alcanzar un acuerdo definitivo. “A pesar de los pronósticos sombríos tengo confianza que la esperanza vencerá al miedo y que la vida es más fuerte que la muerte”, asegura el teólogo brasilero Leonardo Boff al iniciar esta entrevista exclusiva durante su reciente visita a Suiza. Boff, uno de los padres fundadores de la teología de la liberación recibió el 7 de noviembre el Doctorado Honoris Causa de la Universidad de Neuchâtel. Previamente, la misma semana, animó un debate público organizado por las ONG de cooperación solidaria E-CHANGER, y Misión de Belém Immensee en la Casa de Solidaridad Romero (RomeroHaus) en Lucerna donde participaron 200 personas.

P: Todo el mundo habla hoy de la problemática ecológica que vive el planeta. Usted fue uno de los primeros, ya en los años ochenta, en alertar sobre este tema. ¿Cuál es su análisis de la actual situación medioambiental?

Leonardo Boff: Hay muchos indicadores científicos que apuntan a la irrupción de una tragedia ecológica y humanitaria. Nada esencial ha cambiado desde la redacción de la Carta de la Tierra en 2003 que elaboramos un grupo de personalidades del mundo entero. Decíamos en ese maravilloso documento: “Estamos en un momento crítico de la Tierra en el cual la humanidad debe escoger su futuro. Y la elección es ésta: o se promueve una alianza global para cuidar a los otros y la Tierra o arriesgamos nuestra destrucción y la devastación de la diversidad de la vida”.

“Se consume más de lo que la tierra soporta”

P: Una afirmación tajante que no acepta términos medios ¿Cómo se sustenta?

Boff: En la confluencia actual de tres crisis estructurales. La crisis debido a la falta de sustentabilidad del planeta Tierra; la crisis social mundial; y la crisis del calentamiento creciente.

P: ¿Puede ejemplificar esa afirmación?

Boff: A nivel social, casi la mitad de la humanidad vive hoy por debajo del nivel de miseria. Las cifras son aterradoras. El 20% más rico consume el 82.49 % de todas la riqueza de la Tierra y el 20 % más pobre, se tiene que contentar con un minúsculo 1.6%.

En cuanto al calentamiento de la Tierra, la FAO (Organización de la ONU para la Alimentación) ha advertido que en los próximos años habrá entre 150 y 200 millones de refugiados climáticos. Las previsiones más dramáticas hablan de un aumento para 2035 de 4°C. Y se especula para final del siglo un aumento de 7°C. Si esto realmente se produce, ningún tipo de vida hoy conocido podrá sobrevivir. En cuanto a la crisis de sustentabilidad, doy un ejemplo ilustrativo: la humanidad está hoy consumiendo un 30% más de la capacidad de reposición. Es decir un 30% más de lo que la Tierra misma puede reponer.

P: Sin embargo esta tendencia consumista del planeta no es nueva...

Boff: No. Pero lo que es nuevo son los niveles acelerados de ese deterioro. Según estudios de todo crédito, en 1961 precisábamos de la mitad de la Tierra para dar respuesta a las demandas humanas. En 1981 se daba un empate, es decir ya necesitábamos a la Tierra entera. En 1995 sobrepasamos en un 10 % la capacidad de reposición, aunque todavía era soportable. En 2008, superamos el

30 %. La Tierra está dando señales inequívocas de que ya no aguanta más.

P: ¿Con perspectivas futuras todavía más preocupantes?

Boff: Si se mantiene el crecimiento del Producto Interno Bruto (PIB) mundial entre 2-3% por año, como está previsto, en 2050 necesitaríamos dos planetas Tierra para dar respuesta al consumo, lo que es imposible porque contamos con sólo una.

P: ¿Eso obliga a comenzar a pensar en otro paradigma de civilización?

Boff: En efecto. No podemos producir como lo venimos haciendo hasta ahora. El actual modelo de producción, el capitalista, parte del falso presupuesto que la tierra es como un gran baúl del cual se pueden sacar recursos indefinidamente para obtener beneficios con la mínima inversión posible en el tiempo más corto. Hoy queda claro que la Tierra es un planeta pequeño, viejo y limitado que no soporta una explotación ilimitada. Tenemos que dirigirnos hacia otra forma de producción y asumir hábitos de consumo distintos. Producir para responder a las necesidades humanas en armonía con la Tierra, respetando sus límites, con un sentido de igualdad y de solidaridad con las generaciones futuras. Eso es el nuevo paradigma de civilización.

COPENHAGUE: LA INFLUENCIA DEL PODER ECONÓMICO

P: Para volver al hoy y al aquí...En pocas semanas se realiza en Copenhague la Conferencia sobre el Clima. ¿Hay perspectivas de un acuerdo?

Boff: Hay una premisa clave. Debemos hacer todo lo posible para estabilizar el clima evitando que el calentamiento de la tierra sea mayor a 2 o 3 grados y que la vida pueda continuar. Comprendiendo que ya ese calentamiento implicaría una devastación de la biodiversidad y el holocausto de millones de personas, cuyos territorios no serán más habitables, especialmente en África y en el sudeste asiático. Me preocupa, en ese escenario, la irresponsabilidad de muchos Gobiernos, especialmente de los países ricos, que no quieren establecer metas consistentes para la reducción de las emisiones de gases de efecto invernadero y salvar el clima. ¡Una verdadera ecomiopía!

P: ¿Eso proviene de una falta de voluntad política para llegar a acuerdos?

Boff: Sobre todo de un conflicto de intereses. Las grandes empresas, por ejemplo las petroleras, no quieren cambiar porque perderían sus enormes ganancias actuales. Hay que entender la interdependencia del poder político y el económico. El gran poder es el económico. El político es una derivación del económico. Los Estados, en muchos casos, no representan los intereses de los pueblos sino de los grandes actores económicos.

P: ¿En caso de un fracaso de Copenhague, cuál sería el escenario posterior en lo que hace a la ya grave situación climática?

Boff: A mi entender, si hay una frustración política, eso puede significar un reto enorme para la sociedad civil. Para que se movilice, presione y promueva los cambios que vienen siempre de abajo. Confío en
eso: la razón, la prudencia, la sabiduría vendrá de la sociedad civil.
Será, también, en cuanto al clima, el principal sujeto histórico. Ningún cambio real viene de arriba, sino de abajo.

Y a pesar de lo difícil del presente, tengo la confianza que no se trate de una tragedia que acabará mal sino de una crisis que purifica y que nos permita dar un salto en la dirección de un futuro mejor.

P: ¿Con un programa común para salvar la Tierra?

Boff: Impulsando una bio-civilización que deberá promover cuatro ejes esenciales. El uso sustentable, responsable y solidario de los limitados recursos y servicios de la naturaleza. El control democrático de las relaciones sociales, especialmente sobre los mercados y los capitales especulativos. Un ethos mínimo mundial que debe nacer del intercambio multicultural, enfatizando en la compasión, la cooperación y la responsabilidad universal. Y la espiritualidad, como dimensión antropológica y no como un monopolio de las religiones. Debe desarrollarse como expresión de una conciencia que se siente parte de un Todo mayor, que percibe una Energía poderosa y que representa el sentido supremo de todo.

- Sergio Ferrari
Colaboración de prensa de E-CHANGER, ONG suiza de cooperación solidaria

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sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Desenvolvimento criticado

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Desenvolvimento criticado - duas vezes (em negrito, comentários de H. Penteado)

Não é mais possível que um Estado pense uma política de desenvolvimento local desvinculada da vertente nacional. A guerra fiscal, muito praticada no país nas últimas décadas, é uma equação de soma zero. Isso não é projeto de país. A avaliação é do presidente do IPEA, Marcio Pochmann, que participou em Porto Alegre de um seminário para pensar o futuro do Rio Grande do Sul e a possibilidade de projetos de desenvolvimento regional. Para Pochmann, o modelo de desenvolvimento fordista de São Paulo, outrora chamado de "locomotiva do país", está ultrapassado e precisa ser superado.

Marco Aurélio Weissheimer

O Brasil terá uma grande oportunidade em 2010 de discutir um projeto de longo prazo para o país. Será uma oportunidade singular no ciclo de 24 anos de redemocratização, pós-ditadura militar. Neste período, os momentos eleitorais foram contaminados por debates conjunturais determinados pelos sérios constrangimentos econômicos internos e externos vividos pelo país. Agora, estão dadas as condições para discutir o Brasil que queremos e não apenas questões conjunturais. A avaliação é de Marcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que abriu sábado pela manhã, em Porto Alegre, o ciclo de seminários Diálogos RS – Para Pensar o Rio Grande do Sul, uma promoção do PT gaúcho e da Fundação Perseu Abramo.

Pochmann esteve em Porto Alegre para falar sobre “Desenvolvimento regional e local, o desafio da sustentabilidade ambiental, dos sistemas locais de produção e do trabalho”. Ele iniciou sua intervenção contextualizando o tema no atual período histórico que vive o país. “É importante lembrar que o Brasil ainda não tem uma tradição democrática. Em 500 anos de história, não temos 50 anos de democracia”. No período da redemocratização, acrescentou, o debate sobre o modelo de desenvolvimento se deu com o Brasil numa situação muito enfraquecida e periférica em relação ao capitalismo central. “Hoje, queremos assumir uma condição de liderança no cenário global e não ser um mero replicador de políticas definidas no exterior. Não avançaremos na marcha da insensatez que caracteriza o atual modelo destruidor do meio ambiente”.

O presidente do IPEA apresentou três elementos para orientar esse debate:

1. Economia do Conhecimento:
cerca de 70% dos postos de trabalho gerados atualmente já são de trabalho imaterial. Está em curso um crescimento dos ativos vinculados ao trabalho imaterial, onde as pessoas não têm horários nem locais fixos de atuação. É um novo tipo de riqueza que está surgindo. (sim conhecimento é importante, meu trabalho é imaterial, eu só mexo com conhecimento, através de uma instalação física parruda: quatro computadores, 8 telas, três telefones, 10 metros quadrados de escritório, sem falar toda a movimentação para atender e visitar clientes via mobilidade aérea e terrestre... Usar conhecimento não significa que estamos nos desmaterializando - ledo engano...)

2. Sustentabilidade ambiental: não podemos mais imaginar que o novo padrão de desenvolvimento se dará repetindo o passado. Esse debate precisa levar em conta as características próprias de cada um dos seis biomas brasileiros: Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica, Pampa e Pantanal. E deve considerar também o processo de inovação tecnológica que altera profundamente nossa relação com o meio ambiente. Pochmann chamou a atenção ainda para a relação entre as mudanças climáticas e os impactos que já estamos assistindo quanto ao uso de recursos hídricos e à produção de alimentos. “A se manter a tendência atual de mudanças climáticas, em pouco tempo o café só poderá ser produzido no Rio Grande do Sul”, exemplificou. (faltou apontar a mudança de paradigma, faltou dizer que não há um só exemplo de sustentabilidade no mundo, excetuando pequenas aldeiasn o Tibete de poucos habitantes, o resto é totalmente insustentável, degradante e pior, serve de modelo para os países tentando alcançar o mesmo nível de prosperidade dos países ricos).

3. Nova demografia: Em 2030, deveremos ser 207 milhões de brasileiros (um número menor do que as expectativas projetadas anos atrás). Em 2040, seguindo a tendência atual, seremos 205 milhões. Considerando essa diminuição, cabe perguntar: interessa ao Brasil conter a população? Estamos vivendo um processo de envelhecimento populacional e de queda na taxa de fecundidade. Em 1992, tínhamos 34% da população até 15 anos de idade. Em 2008, esse número caiu para 24% e, em 2030, deverá ser de apenas 12%. Além disso, presenciamos também uma nova revolução sexual, com um descolamento da reprodução do sexo. Com as novas técnicas de fecundação, não é mais necessário ter sexo para se ter filhos. Também constatamos hoje um aumento da expectativa de vida dos brasileiros que, em alguns anos, poderá se aproximar dos 100 anos. Já temos hoje cerca de 3 milhões de pessoas com mais de 80 anos no Brasil. Esses dados indicam que estamos passando por um processo de mudanças dramáticas nas famílias brasileiras, com importantes conseqüências econômicas, sociais, culturais e educacionais. (a melhor pergunta é saber como estão vivendo os atuais brasileiros, quais são suas opções, um censo de alcance nacional conduzido por instituições independentes poderia mostrar a realidade que mais renda não significa mais felicidade e que as bolsas do governo não mudaram a situação miserável das pessoas, completamente vulneráveis dentro do sistema - e acima de tudo, nem reduziram a desigualdade. Quanto ao tamanho da população, a pergunta certa é qual é o tamanho da população compatível com o funcionamento dos serviços ecológicos oferecidos pelos ecossistemas - a menos que sejamos deuses, como espécie animal não podemos mais fazer de conta que podemos ser infinitos em pessoas e em coisas...).

Pochmann considera esses elementos fundamentais para fazer o debate sobre desenvolvimento regional. E essa avaliação já aponta para uma de suas teses centrais a respeito do tema: não é mais possível que um Estado pense uma política de desenvolvimento local desvinculada da vertente nacional. A guerra fiscal, exemplificou, muito praticada no país nas últimas décadas, é uma equação de soma zero. “Isso não é projeto de país”. (não consigo entender como um debate sobre desenvolvimento não tenha como ponto de partida uma avaliação profunda do que saiu errado com o modelo atual, não só aqui, como nos países ricos - uma boa leitura dos estudos do NEF ajudariam).

“O Rio Grande do Sul precisa rever a sua estratégia”

O debate sobre desenvolvimento regional deve-se livrar das amarras do passado, defende ainda Pochmann. “Não se trata mais do antigo regionalismo dos anos 30, quando se dizia que São Paulo, chamada de locomotiva do país, puxaria os vagões dos demais Estados. A estes restaria tentar copiar o modelo da locomotiva”. Foi isso, acrescenta, que nos levou, por exemplo, a introduzir uma indústria no meio da floresta, nos anos 60-70, a Zona Franca de Manaus. “Esse modelo de desenvolvimento fordista de São Paulo está ultrapassado. É verdade que vários estados brasileiros (o que não é o caso do Rio Grande do Sul) estão numa condição pré-fordista, mas eles não precisam passar pelo fordismo para atingir um novo patamar de desenvolvimento”. Mas como fazer isso então.

Para o presidente do IPEA, ganha força a possibilidade de sustentar o desenvolvimento a partir da base da pirâmide social que, no governo Lula ganhou uma forte rede de proteção social. “O Rio Grande do Sul precisa rever sua estratégia. Trata-se de um Estado que ainda mantém uma desigualdade singular. A Metade Sul vive como se estivesse no século XIX. A Região Norte, fortemente marcada pela agropecuária, tem o perfil do século XX. E a Região Nordeste apresenta setores mais dinâmicos, alguns deles apontando para o que estamos vendo nascer no século XXI”. Enfrentar essa situação de desigualdade é crucial, destaca Pochmann. Além disso, ele chama a atenção para a importância dessa política regional estar em sintonia com os movimentos nacionais:

“Não cabe mais cada Estado pensar políticas separadas, como se não fizessem parte de um projeto nacional. É preciso se inserir nesta vertente nacional. Políticas como a da guerra fiscal, uma equação de soma zero, não nos leva a lugar algum. Não podemos seguir reproduzindo o passado e sendo governado pelos mortos.” (se projeto nacional é sinônimo de centralização do poder, o caminho já está errado, se projeto nacional ignora diferenças geográficas, históricas, culturais, ambientais, sociais começamos mal e terminaremos mal, se projeto nacional não delegar poder aos locais - governos e cidadãos - para explorarem suas diferenças, não sairemos do lugar. Em relação a rede de proteção social, que foi uma esmola sem regra de saída e sem recuperação de capacidades e auto-estima das populações marginalizadas, ela é inócua. Basta andar pelo Centro de São Paulo ou pelos centros e cafundós do Brasil para ver como vivem os 90% dos brasileiros.)

Pochmann avançou na apresentação de algumas propostas que, na sua opinião, apontam para o futuro e para um projeto articulado de desenvolvimento nacional.

“Precisamos reinventar o mercado, que está cada vez mais longe da livre iniciativa, dominado por grandes corporações. Estamos caminhando para um mundo com a economia dominada por aproximadamente 500 corporações. A China já definiu que quer ter 150 destas grandes corporações. Nós precisamos avançar no fortalecimento dos micro e pequenos negócios. Para isso, entre outras coisas, precisamos ampliar o número de bancos destinados a estes setores, como faz o Japão, por exemplo. Nós estamos caminhando na direção contrária. Nos últimos dez anos, o número de bancos no Brasil caiu de 230 para 160”. (Boa colocação, mas cuidado: se as pequenas e médias produzirem o mesmo conflito que as grandes corporações produzem contra o planeta, com fluxos lineares, degenerativos e submetidos a crescimento infinito dentro de um planeta circular, regenerativo e finito, o problema vai continuar o mesmo. De qualquer forma já deveria ter chamado atenção dos governos que indústria automobilística e grandes empresas são destruidoras líquidas de empregos no mundo todo, de acordo com a Organização Internacional do Trabalho e que os únicos lugares geradores de emprego hoje são o micronegócio, os produtos sem marca e o auto-emprego.)

Outras medidas para o fortalecimento de micro e pequenas empresas seriam o aporte de tecnologia para esse setor e a adoção de políticas para que possa participar das compras públicas. Mas esse novo projeto de desenvolvimento, salienta o economista, não passa apenas por medidas econômicas. Pochmann fala da necessidade de refundar o Estado brasileiro. “Construímos um Estado de caixinhas e especializações, que têm uma enorme dificuldade de articulação”. Ainda no plano institucional, ele defende a construção de uma nova maioria política que possa dar conta deste processo de mudanças.

“Nos últimos anos, vemos o surgimento de novos atores sociais. Milhões de pessoas ascenderam socialmente. Mas onde elas estão organizadas? Não é nem nos sindicatos nem nos partidos políticos. Uma parte expressiva está se organizando em igrejas. Diante deste quadro precisamos avaliar se as instituições que temos hoje estão aptas a conversar com essas pessoas e se apresentam alguma promessa de futuro para elas”. (Essa ascensão social é bem questionável, dar um pouco mais de renda às pessoas para saírem da pobreza extrema não necessariamente deu a elas sabedoria, poder e liberdade para criar e reformular o sistema sócio, econômico e ambiental na qual vivem).

Tudo isso está no nosso horizonte de decisão, defende Pochmann. “A única coisa que nos impede é o medo, medo de ousar, medo de parar de ser governado pelos mortos”.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Direto do túnel do tempo

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O economista-ecólogo Clóvis Cavalcanti, direto de Recife, conta-nos parte da história da presença no Brasil de Nicholas Georgescu-Roegen, o maior economista da história da humanidade, por sua visão completa da realidade físico-econômica e ambiental.

Olá, Hugo:


Foto em que estou traduzindo a conferência de Georgescu-Roegen no Recife (Condepe), em 31.7.73. Estou na ponta esquerda da mesa e G-R olha para mim enquanto falo. No centro, o diretor do Condepe, Everardo Maciel (que foi da Receita Federal).

Envio a foto (em mau estado de conservação; culpa minha) porque ela tem história. Na ocasião, G-R levantou a hipótese de uma crise do petróleo (aconteceu em out. 73).

Abraços,
Clóvis.

Clóvis,

Fico sempre muito comovido com a história do GR, sua capacidade preditiva, sua intenção de evitar que continuássemos a na direção do precipício, a forma como por excesso de ego ele foi ignorado. Suas idéias e colocações foram questionadas por questões pessoais e não científicas, porque para o que ele dizia pouco importava se ele era irascivo ou não.

Uma perda irreparável para toda a humanidade não foi ter ouvido a crítica de GR e ele, apenas com sua capacidade analítica, foi capaz de prever com 30 anos de antecedência aquilo que as ciências planetárias e do clima acabaram trazendo à tona. Um feito científico e tanto, não reconhecido claro.

Agora tudo parece tarde demais. Austrália já está fazendo um plano de evacuação da costa, as estações de esqui perderam 80% do gêlo que é reposto a um custo de energia e de aceleração do problema planetário enormes. Claro que ningúem quer abrir mão dos luxos, o gêlo sumiu, quem disse que não posso esquiar? Na Bolívia, país mais pobre, a estação mais famosa do mundo, ficou sem nada e agora é só um observatório. Gastar dinheiro - sem arcar com custos - é para quem pode, difícil ver onde isso tudo vai desembocar.

A mídia está muito devagar para contar os fatos assustadores que estão se fechando contra a humanidade. Devagar demais para a seriedade do assunto e para uma COP15 dizem esvaziada por uma montanha de egos - sempre o ego e a ganância reinantes - na véspera do Titanic bater contra o Iceberg.

É um fato histórico sem dúvida.

Abraço

Hugo

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Perguntas e respostas para Gláucia Nascimento

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Perguntas e respostas para Gláucia Nascimento:

Perguntas:

Gláucia Nascimento: Vc é vegetariano? É contra o consumo de carne?

Hugo Penteado: Sou vegetariano. Ser contra é muito forte. Acho que as pessoas preocupadas com o planeta devem saber que suas decisões alimentares afetam os ecossistemas, por n motivos e que não dá mais para viver na atitude inconsequente da sociedade atual. A primeira consequência é nossa saúde: nós somos animais onívoros (nossa saliva é alcalina, a do carnívoro é ácida e a carne já derrete na boca; nosso estômago produz dez vezes menos ácido clorídrigo que o de um carnívoro; e finalmente nosso intestino é muito mais longo) e nossa capacidade de digerir carne é baixa e toda carne que comemos em excesso, principalmente em churrascos e em churrascarias, só serve para apodrecer dentro dos nossos intestinos e causar doenças, porque esse processo de apodrecimento injeta uma quantidade enorme de toxinas. Nós ficamos doentes em grande parte por causa dos nossos hábitos e a cura preventiva só se dará através de mudanças de hábitos e conhecer melhor assuntos de alimentação. Se queremos salvar os ecossistemas, temos que preservar o primeiro ecossistema que está intimamente ligado a nós, que é o nosso corpo. Outra questão sobre o consumo de carne é que não comemos a vida do boi, mas a sua morte, ou seja, toda energia gasta para fazer o boi viver e crescer fica para ele e é altamente ineficiente. Se todos nós virássemos vegetarianos, a oferta de alimentos aumentaria 10 vezes. Se os chineses continuarem aumentando o consumo de carne na sua dieta, estamos fritos, porque vamos gastar 10 toneladas de alimentos para os bois e delas tirar apenas uma tonelada. Essa é a equação: imagina o quanto de água, solo, ecossistemas e clima serão gastos para esse luxo. O pior é que a carne apodrece e um homem adulto que tenha comido muita carne, se passarmos um garfo em todo o seu intestino, iremos juntar 4 ou 5 quilos de carne das suas paredes intestinais que ficaram presos lá. Ou seja, comer carne em excesso é destruir ecossistemas, mandar animais para uma enorme crueldade e matança, apenas para produzir bolo fecal apodrecendo e doenças. É uma decisão muito estúpida e inconsequente que precisamos evitar.

GN: Recentemente estava, fazendo outro capítulo do meu tcc, onde fazia uma análise da PNEA.
Alguns pontos me pareceram vagos, e estou atrás de algumas interpretações. Por exemplo. No artigo 8º, inciso IV, parágrafo 2º
“I - a incorporação da dimensão ambiental na formação, especialização e atualização dos educadores de todos os níveis e modalidades de ensino”
Estou a me perguntar o que seria essa “dimensão ambiental”, que abrangência esse termo tem, quando mencionado na lei?

HP: A resposta é muito simples e nem sei se é isso que a lei prevê: todos os seres vivos da Terra dependem de todos os seres vivos. Defender o meio ambiente sem falar o motivo é pouco. Sem a Amazônia e o Cerrado todos estaremos mortos. Recentemente a ministra Dilma Roussef, candidata à presidência da República, disse ao ministro do meio ambiente que o Cerrado tinha que ficar fora das metas de redução dos gases do efeito estufa, causados pelo desmatamento, porque era área de expansão agrícola. Essa visão estanque não funciona mais: sem o Cerrado o aquífero Guarani morre e sem a água, a agricultura morre. Temos que entender que estamos todos vinculados com todos os seres vivos e com todos os ecossistemas, é uma rede e há limites para nossas extravagâncias. Não podemos mais assumir que somos a espécie animal dominante da Terra. Se olharmos para o meio ambiente como algo que precisamos presevar, não entendemos ainda que quem precisa ser preservado somos nós e a vida. Nós comemos, respiramos e vivemos graças a todos os ecossistemas e os seres vivos. A dimensão ambiental só fará sentido com esse entendimento sistêmico e quando a gente resolver nossa crise de identidade se somos deuses ou se somos espécie animal a favor da última. Se somos animais, somos dependentes e vulneráveis de todas as vidas, se somos deuses, pouco importa, podemos falar da dimensão ambiental como algo nada relacionado conosco e que por uma benção da nossa divindade, resolvemos cuidar.

GN - Referente a outro termo, muito freqüente na área de Educação Ambiental, o de “ética ambiental”. Procurei alguns artigos e não achei nada muito claro, acabei utilizando alguns conceitos de ética dos principais filósofos, para poder discutir a crise ambiental. Você tem alguma fonte pra me ajudar a entender melhor essa ética ambiental?

HP - A melhor fonte é o espírito de cada um. O formato acadêmico é o que menos importa. Todos são igualmente importantes. A questão é nosso excesso de individualismo e a forma como a interdependência que está por trás desse despertar é tratadas como algo negativo. Esse excesso de individualismo, consumismo, hedonismo, curtiprazismo (ênfase no curto prazo) e o uso do pronome pessoal da primeira pessoa (eu, meu) mostram que temos uma longa jornada ética pela frente. De qualquer forma, qualquer discussão de mudanças passa necesariamente por uma mudança geral de valores. Nada irá acontecer enquanto os cientistas não forem ouvidos, enquanto os interesses econômicos forem considerados imediatos e mais importantes.

GN - Na entrevista que vc deu à Marília Gabriela, ao final dela.. vc aponta algumas possíveis soluções, que podem amenizar a relação problemática que persiste entre natureza e sistema econômico dentre eles duas, eu queria que vc me explicitasse melhor :
“Dejetos eletrônicos devem ser alojados em locais apropriados a fim de evitar a poluição;
Os bancos devem estimular investimentos em fundos que almejam um manejo sustentável dos recursos ambientais.”
No primeiro caso, referente ao destino de pilhas, você comenta que ainda não sabemos onde alocar essas pilhas, que guardemos em casa, mas não existe nenhuma política empresarial que vise recolher esse material, que não pode ser dispensado em qualquer lugar?
E referente aos bancos. Como funciona, pelo menos no caso do Banco Real, onde vc atua esse manejo sustentável?

HP - Na verdade, mudar a forma como geramos lixo e trabalhar o conceito de lixo zero seria uma grande mudança que numa escala de zero a 1000 estamos ainda no número 1. A Terra foi transformada em uma lixeira conosco dentro e vivos, o que é muito pior. Os materiais degenerativos (incapazes de serem biodegradados) são dispensados no ar, na água e no solo e são assustadores. A meta de cada um deve ser lixo zero, devíamos começar a pensar que é muito melhor espremer laranjas e comer vitaminas naturais do que comprar vasilhames com sucos engarrafados cheios de conservantes, vitaminas artificiais e açúcar que contribui para ficarmos viciados. Nossos hábitos precisam ser alterados, enfim. O desperdício, a redução do consumo, a decisão de não comprar coisas que precisam ser descartadas faz parte desse salto de consciência que irá mudar todo mundo empresarial, porque até agora essas empresas não arcam com os custos das externalidades que produzem e esse faz de conta do sistema econômico leva a conclusões surrealistas sobre as possibilidades dele. Quem tiver consciência pára de comprar enquanto o sistema não revogar o conflito existente entre o sistema econômico e o planeta do qual ele depende: a economia é linear (extrai, produz, descarta) e a natureza é circular; a economia é degenerativa (introduz venenos na natureza que ela não é capaz de limpar, como combustíveis fósseis, metais, inseticidas e agrotóxicos) e a natureza é regenerativoa; e, finalmente, a economia pretender ser um sistema infinito, mas a natureza (e seus recursos principais, como água e solo) é finita. Revogar esse conflito deve ser o papel de todas as iniciativas de bancos e empresas que pretendem caminhar para a sustentabilidade e isso significa abandonar a idéia de crescimento eterno tão em voga nos dias atuais e mudar o paradigma, fazendo uso de todas as soluções tecnológicas e de eficiência disponíveis, além de mostrar as consequências e mudar a consciência de todos, para ver se será possível salvar parte da humanidade (porque não dá mais para salvar todos, o planeta já está revidando os estragos que fizemos).

GN - Referente à métrica do PIB, na entrevista com a Gabi, vc em um momento, aponta que o mentor do mesmo, Simon Smith Kuznets quando lançou a métrica do PIB, para a economia, o fez salientando que este deveria ser encarado como uma medida paliativa, pois o Kuznets admitia que sua métrica era falha.
Procurei no Google, e quase não encontrei nada sobre o Kuznets. E no pouco que achei, não encontrei nenhum ponto em que ele afirme o que vc traz.
E eu quero colocar essa problemática no tcc, como faço?
Vc tem alguma fonte, algum texto, que possa me indicar?

HP - Kuznets criou essa métrica para economia de guerra. Temos quatro operações aritméticas e o PIB só soma. Esse tema é complexo, mas como Nicholas Georgescu-Roegen explicou bem, antes de mudar a métrica, é preciso mudar os valores, por isso não acredito em mudança da métrica sem antes as pessoas mudarem seus valores (a economia e a humanidade são susbsistemas dependentes do planeta e não o contrário como todos acreditam).
(encaminhei à aluna vários textos sobre esse assunto)

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Uma mudança de paradigma. Entrevista especial com Hugo Penteado.

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“O não contato com a realidade é a principal crítica aos economistas. Eles não têm contato com a realidade e não entendem que o problema ambiental não brotou do nada, e sim do sistema econômico, das ações diárias das pessoas, e que existe uma necessidade de mudança de paradigma”. Assim, o economista Hugo Penteado define os profissionais da área econômica de hoje. Em entrevista, por telefone, à IHU On-Line, ele defende uma economia preocupada, principalmente, com a sociedade e com o meio ambiente e afirma que as ciências econômicas precisam dialogar com as demais ciências, já que a economia interfere no planeta e nos serviços ecológicos do qual todos nós dependemos.

Confira a entrevista.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Carta aberta a Dilma Roussef

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Prezada Exma. Sra. Ministra Dilma Roussef,

Sem o Cerrado, o aquífero Guarani morre e sem ele a agricultura morre. Não tem como mirar em uma só variável e uma só métrica, pois o problema é sistêmico e o desastre ambiental global não é causado apenas pelo aquecimento global e sim por uma série de riscos e pressões em várias frentes e por uma visão de mundo que ignora a contribuição da natureza e seus serviços para tudo existir.

O Guarani já está bem comprometido com contaminação, contas futuras que deixamos de herança para todos os netos de todos os netos. Eu não sou especialista, mas a situação do Cerrado e do Guarani é assustadora. Estive com um especialista em Bauru, um cientista, que falava comovido sobre o assunto. Como ele há vários, jamais ouvidos. Eles precisam ser ouvidos.

Os economistas precisam corrigir seu paradigma, porque essa ciência possui erros epistemológicos seríssimos identificados há mais de 60 anos. Os economistas acreditam que o sistema econômico é totalmente desvinculado do meio ambiente e que a economia pode ser maior que o planeta. Ou que o planeta é um subsistema da economia e que todos os processos econômicos, além de reversíveis, são neutros para o meio ambiente. Ou que os serviços ecológicos e recursos naturais, mesmo os tangíveis, como petróleo, metais e água, são desprezíveis e irrelevantes para explicar o crescimento econômico - e prevêem preço zero para eles, uma distorção de mercado que só será corrigida por uma mudança geral de valores que, mesmo entre os mais despertos, está ainda longe de acontecer. O nosso atual conjunto de valores determina que quanto mais viável economicamente for uma atividade, menos viável ambientalmente ela é. Estamos perdendo muito com isso.

Esses mitos de separação da economia (e de atividades como agricultura) e meio ambiente andam a todo vapor e a rota de colisão com a Terra, cuja resposta pode ser o fim da nossa espécie animal, segue infrene. Os ecossistemas não estão aí apenas para serem lugares de expansão agrícola e econômica, eles fornecem os 20 serviços ecológicos sem os quais não estaríamos vivos, são reguladores químicos do solo, do ar e da água, sem os quais a Terra seria uma tocha incandescente. É um equilíbrio dinâmico e vivo. Como economista de formação e atuante estou profundamente convencido da necessidade de conhecermos as demais ciências, as puras, como química, física e matemática, para depois entendermos o que podemos fazer. Precisamos inclusive discutir essa conta ambiental com a comunidade internacional, porque não há um só exemplo no mundo de desenvolvimento econômico que não tenha devastado os ecossistemas e não tenha transbordado essa destruição para além de suas fronteiras, via comércio global. Esse processo já causou a maior e mais veloz extinção da vida em massa na Terra dos últimos 65 milhões de anos. É muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores.

No futuro não haverão vencedores, posto que todos nós estamos no mesmo planeta e pertencemos a mesma espécie animal, numa teia viva onde todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos. A tarefa é árdua, parabéns pelo seu trabalho e preocupação com o futuro.

Atenciosamente,

Hugo Penteado

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Ruralistas podem inviabilizar plano brasileiro de redução de emissões

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Hoje (03/11), o governo brasileiro se reuniu para discutir suas metas de corte de emissão de gases efeito estufa que serão apresentadas durante a reunião da Convenção do Clima em Copenhague (COP 15) em dezembro. Não houve consenso e o anúncio foi adiado em duas semanas. O único ponto que todos concordam é quanto a implementar um plano para diminuir em 80% o desmatamento no país até 2020. Mas se o presidente Lula não agir firmemente no âmbito da política interna, esse plano será pura ficção.

Amanhã (04/11) a Comissão de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados votará o PL 6424/05, que anistia os desmatamentos ilegais ocorridos até 2006 e diminui o nível de proteção às áreas ambientalmente sensíveis, como beiras de rio, encostas, topos de morro. Se aprovado, os que desmataram ilegalmente 34 milhões de hectares, só na Amazônia, serão premiados, o que incentivará o avanço da ilegalidade. Parlamentares ligados ao agronegócio, muitos deles de partidos da base de apoio ao presidente, têm maioria nessa comissão e prometem aprovar o projeto, que é na prática uma revogação do Código Florestal, e o fim do natimorto plano brasileiro de diminuição do desmatamento.

Continue lendo aqui.

VOCÊ SABIA QUE...

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- Mais de um bilhão de pessoas no mundo vive com menos de um dólar por dia;
- Cada dia, morrem, por causa da fome, 24 mil pessoas. 10% das crianças, em
países em desenvolvimento, morrem antes de completar cinco anos...
- um terço da população é mal alimentado e outro terço está faminto.
- Que a cada dia 275 mil pessoas começam a passar fome ao redor do mundo. O
Brasil é o 9º pais com o maior número de pessoas com fome...
- Atualmente, cerca de 1,2 bilhão de pessoas se encontra no estado de alta
pobreza devido às condições climáticas de suas regiões.

Você Sabia?
- Mais de um bilhão de crianças, a metade dos menores do mundo, é castigado
pela pobreza, as guerras e a Aids;
- Todos os dias, o HIV/AIDS mata 6.000 pessoas e infecta outras 8.200 .
- Todos os anos, seis milhões de crianças morrem de má nutrição antes de
completar cinco anos.
- Cerca de 90 mil crianças e adolescentes são órfãos no Brasil, à espera de
uma adoção.
- a escassez de água já atinge 2 bilhões de pessoas. Esse número pode dobrar
em 20 anos...

Você Sabia?
- Cerca de 100 milhões de pessoas estão sem teto;
- No Brasil, são 33,9 milhões de pessoas sem casa. Só nas áreas urbanas, são
24 milhões que não possuem habitação adequada ou não têm onde morar.
- Que vinte e cinco milhões de pessoas são dependentes de drogas no mundo;
- Que os indígenas continuam a ser vítimas de assassinatos, violência,
discriminação, expulsões forçadas e outras violações de direitos humanos.

Você Sabia?
- Mais de 2,6 bilhões de pessoas não têm saneamento básico e mais de um
bilhão continua a usar fontes de água imprópria para o consumo.
- Cinco milhões de pessoas, na sua maioria crianças, morrem todos os anos de
doenças relacionadas à qualidade da água.
- No mundo inteiro, 114 milhões de crianças não recebem instrução sequer ao
nível básico e 584 milhões de mulheres são analfabetas.

Você Sabia?
- Que é gasto 40 vezes mais dinheiro com cosméticos do que com doações...
- é gasto 10 vezes mais dinheiro com armas do que com educação básica;
- O Brasil é campeão mundial de desmatamento. Em segundo lugar está a
Indonésia: 18,7 km2 por ano e, em terceiro, segue o Sudão, com 5,9 km2.
- O país perdeu um campo de futebol a cada dez minutos na Amazônia, nos
últimos 20 anos.

..Agora você já sabe.

E vai ficar aí parado? Tome uma atitude.

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quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Dez caminhos para expandir a consciência ecológica

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Maurício
Andrés Ribeiro (*)

O início do século XXI caracteriza-se por uma mudança no patamar de consciência ecológica. Bilhões de seres humanos aprendem que são parte de uma espécie cujas atividades influem sobre o planeta e alteram o rumo da evolução. Descobrem a existência da crise climática planetária e passam a perceber seu papel na evolução.

Nos últimos anos, houve um crescimento vertiginoso na consciência sobre as questões ecológicas em diversos públicos e segmentos sociais e nas práticas ambientais de indivíduos e organizações. Antes periférico, o tema tornou-se central.

A conscientização ecológica é um requisito superar a atual crise ambiental e climática, pois dela podem decorrer mudanças de comportamento e atitudes sociais e individuais.

Apesar de todos esses avanços ainda existe muita ecoalienação e um déficit de percepção e de compreensão.

Relacionam-se a seguir dez caminhos que promovem a expansão da consciência ecológica:

  1. Choques, catástrofes, colapsos e tragédias despertam indivíduos e sociedades de seu torpor e anestesia. A consciência ecológica é estimulada por tais desastres, que servem para questionar o modo de vida consumista, utilitarista, produtivista. A pedagogia do susto acorda o cidadão e torna-o consciente das conseqüências ambientais negativas de seus hábitos de consumo e de seu estilo de vida. Por meio da dor e do sofrimento causados pelos desastres, pessoas e coletividades aprendem a importância de adotar práticas ecológicas, que previnam e evitem novos desastres. Exemplos: o derramamento de óleo na baia de Guanabara, no ano 2000 provocou mudanças de leis, de práticas empresariais; o susto causado pelo buraco de ozônio sobre a Antártida impulsionou acordos para controlar os gases CFC; as enchentes em Santa Catarina evidenciaram os riscos do inadequado uso do solo e do desmatamento de encostas; o risco associado às mudanças climáticas desencadeia esforços para compreendê-las e atuar de forma responsável. A percepção e a compreensão de riscos à saúde física e psíquica também despertam a consciência.
  2. Incentivos e desincentivos econômicos são forma eficaz de induzir mudanças de comportamento no sentido de adotar práticas sustentáveis e ecologicamente responsáveis. Exemplo: as leis de ICMS ecológico. A aplicação de multas e penalizações pode levar a mudanças de comportamento. O corte de crédito para quem não adota praticas sustentáveis é uma forma de fechar a torneira e dificultar tais práticas. Exemplo: resolução do Banco Central que cortou crédito para produtores rurais predatórios na Amazônia. A internalização de externalidades negativas, de custos econômicos, dói no bolso de quem produz os danos e ajuda a construir a consciência ecológica.
  3. A regulação é relevante, por meio da criação de normas e padrões inseridos em contratos, licitações, concorrências, que contemplem a sustentabilidade.
  4. Os sentidos - Os incômodos sensoriais são um forte motivador da consciência ecológica e motivam a mobilização social por melhoria das condições ambientais, a saúde e a qualidade de vida. A visão, audição, olfato, paladar, o tato, nos dão uma percepção sensorial do ambiente e alertam para as poluições. Exemplos: mobilizações pela despoluição do ar ou ações contra a poluição sonora em cidades.
  5. A tecnologia estende os sentidos e a percepção, permite penetrar em outras dimensões do universo, detectar problemas ambientais não perceptíveis sem a ajuda de instrumentos. A percepção sensorial é insuficiente se desacompanhada de conhecimento; pode-se enxergar e não compreender, pois o sentido sem o saber é cego: um leigo que tenha um câncer de pele e que se observe ao espelho enxerga apenas uma pinta; o saber do especialista decifra o risco e previne o agravamento do dano, ao extirpar as células cancerosas. Com sua luneta, Galileu demonstrou que a Terra girava em volta do Sol. Hoje, telescópios potentes revelam dimensões até hoje desconhecidas do universo; microscópios poderosos penetram nos mistérios do muito pequeno e ampliam a compreensão sobre os processos ecológicos.
  6. A ciência é um forte motor para expandir a consciência. O avanço do conhecimento científico expande a compreensão do universo e da psicologia humana, bem como dos riscos a que estamos sujeitos. A sociedade consciente e responsável do século 21 precisará cada vez mais de aporte de conhecimentos e informações e de estar atenta aos temas ambientais para garantir sua própria saúde e qualidade de vida. Ainda que atualmente exista uma predisposição favorável à proteção ambiental, o déficit de saber e a ignorância dificultam a correta tomada de posição. Estamos afogados em informações, mas há uma escassez de sabedoria, observa o biólogo Edward O.Wilson, em seu livro Consiliência, que propõe a unidade do conhecimento. [1]A consciência da crise ecológica e climática vem sendo expandida com a divulgação da Avaliação Ecossistêmica do Milênio, de autoria de um painel de cientistas sob os auspícios da ONU; bem como dos relatórios do IPCC – Painel intergovernamental de cientistas sobre a mudança do clima.
  7. A formação e educação em todos os níveis e faixas etárias podem ecologizar cada uma e todas as disciplinas não só no campo do conhecimento técnico e científico, mas também no campo da sensibilidade, da ética e dos valores. A educação ambiental, a educação para a sustentabilidade e outras abordagens, buscam condicionar a consciência a valores ecológicos. As manifestações artísticas expandem a percepção por meio da sensibilidade estética, da criatividade e da imaginação e da emoção. O humor descobre ângulos inusitados para abordar questões ecológicas.
  8. A comunicação verbal ou escrita, interpessoal, social, a comunicação de massa, a TV, a internet, facilitam que bilhões de indivíduos tomassem conhecimento da crise climática. Organizações da sociedade civil se valem da comunicação e da mídia para repercutir seus conhecimentos e pressionar governos. Gestores ambientais têm na comunicação uma ferramenta para se fortalecerem diante de áreas pouco sensíveis. Em 2007, relatórios científicos disseminados pela mídia e pelo cinema provocaram um salto quantitativo na consciência humana sobre as mudanças climáticas.
  9. Ética ecológica – os valores morais ligados à solidariedade e à sustentabilidade são uma força poderosa para impulsionar a expansão da consciência ecológica. A espiritualidade intui dimensões supra-racionais da consciência, não detectadas pelos meios apenas racionais ou intelectuais. As crenças e valores morais e éticos podem impulsionar a consciência e induzir mudança de comportamentos. Assim, por exemplo, as tradições espirituais que acreditam na reencarnação tendem a induzir comportamentos ecológicos, no auto-interesse do ser, nesta e em suas próximas vidas.
  10. A meditação, a contemplação, técnicas que harmonizam e tranqüilizam a mente, permitem entrar em estados de consciência menos perturbados e dispersos, mais lúcidos. As abordagens e métodos de observação da realidade; de autoconhecimento e de reflexão, de controle da mente, são de grande valor para a expansão da consciência. No campo psíquico emocional ou mental, há práticas e exercícios que permitem expandir os limites humanos. Entre elas, as práticas de desenvolvimento da atenção e presença no agora, de criatividade por meio das artes e ciências, de meditação, algumas delas desenvolvidas por antigas tradições. A capacidade de concentrar a mente no essencial expande e aprofunda a consciência. A concentração é um método de condicionar a mente, concentrar a energia difusa e despertar poderes latentes. A necessidade, a demanda a crença e o desejo podem ser ecologizados e induzir atitudes e comportamentos ecológicos.

A combinação dessas abordagens de aprendizagem por meio de vivências, do conhecimento sociocultural, de incentivos econômicos, do controle social, pode expandir a consciência ecológica e induzir mudanças de comportamentos individuais e coletivos.

(*) Autor de Ecologizar, de Tesouros da Índia e de Ecologizando a cidade e o planeta.

WWW.ecologizar.com.br mandrib@uol.com.br



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