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quinta-feira, 27 de novembro de 2014

AMAZÔNIA E OS “ADORADORES” DO CRESCIMENTO, QUE SE ACHAM HETERODOXOS...

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Sabemos agora, depois dos estudos do Antonio Donato Nobre, que nem desmatamento zero resolve. É preciso recuperar o que foi destruído.  Mas como acomodar um conflito enorme entre uma visão econômica de crescimento do PIB com a visão planetária dos cientistas pela qual precisamos reduzir o consumo absoluto de matéria e energia já para mitigar os danos que já começaram a ocorrer?  

A visão de crescimento do PIB busca sempre mais atividades para atender demandas que não param de crescer num ambiente de total desmazelo social já presente, impossível de ocorrer sem maior pressão sobre os mecanismos do planeta.  Surgiram visões oportunistas dos “adoradores” do crescimento que fingem acomodar a demanda dos cientistas preocupados com as questões planetárias através de uma série de mitos, como energia limpa, mecanismos de desenvolvimento limpo, discussão do sexo dos anjos como a precificação dos serviços ambientais que o Grupo Meadows estimou ser equivalente ao PIB global, e outras estratégias para enganarem a si mesmos ou os demais.

São visões conflitantes, dissonantes, sem intersecção alguma, é quase um mundo bipolar. Duas esferas que não se comunicam.  Até agora a única tendência observada dessa crise vem ainda dos “adoradores” do crescimento, que alegam ser possível manter o status do crescimento do PIB e obter ao mesmo tempo salvação ambiental e social.  Defendem ferreamente tais idéias, que só existem no ambiente teórico, sem tocar nenhuma questão mais urgente das populações e a situação planetária e social ao nosso lado só se deteriora dia após dia. 

Nem preciso falar que o fim da água em São Paulo, por mais aterrador que seja, é uma prova do erro fatal da teoria econômica que essa sim, deveria ser inteira revista, ao invés de ser acomodada dentro da visão oportunista e clientelista dos “adoradores” do crescimento que acreditam, sem base teórica alguma, que crescimento do PIB pode ser acomodado dentro desse planeta finito, tese verdadeira só se aqui realmente for o Jardim do Éden.

Analistas criticam falta de transparência em dados sobre desmatamento na Amazônia


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Impossível crescer num planeta finito, mas...

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Mais um para o imaginário frequente de (i) temos um problema com a impossibilidade de manter crescimento infinito num planeta finito, mas (ii) temos a solução, qual seja, basta mudar a forma do crescimento e não a idéia em si mesma: http://www.oeco.org.br/guardian-environment-network/28594-nao-tema-o-crescimento-ele-nao-e-mais-o-inimigo-do-planeta.  Se para a primeira colocação não há muita dúvida entre os que se dizem “novos economistas”, para a segunda há visões completamente distintas, na sua maior parte ilusórias, sobre como tratar essa questão.  Os conceitos são tão vagos e tão descolados do conhecimento científico verdadeiro na física, na biologia, na tecnologia, na ecologia, que apesar de evidente contradição com os resultados apontados pela realidade, essa visão distorcida da realidade sobrevive e se dissemina, alimentada claro por algo que Aristóteles já tinha avisado a todos: “Quando nossos interesses estão em foco, somos os piores juízes das nossas ações.”

O texto do The Guardian replicado para o O ECO é esse tipo de argumento que afasta de vista qualquer crítica ao paradigma de crescimento e modelo de consumo. Podemos continuar crescendo e consumindo que nem loucos suicidas, sem apreço algum pela coletividade, porque estamos tendo ganhos de eficiência, sinais de mercado e novas tecnologias.   Seguem acreditando que o planeta é infinito, que a oferta brota do nada e que a tecnologia, nas palavras de Roegen, irá recriar o Jardim do Éden na Terra.  Apesar dessa crença infundada, não há um só estudo de variáveis críticas planetárias que não mostre deterioração contínua até hoje.   Desde o Millenium Ecossystem Assessment, Limits to Growth e outros estudos importantes, alguns secretos que só agora estão vazando, a situação só tem piorado.   Será que eficiência resolve e podemos ignorar que as florestas que sobraram como as de Borneo estão sendo destruídas?  A de Borneo está sendo solapada para produzir óleo de palma para a indústria de coméstico global.  Podemos crer que eficiência e tecnologia resolve tudo apesar da água estar desaparecendo de vastas regiões importantes de produção agrícola, desde a China, até Brasil e Estados Unidos?

No texto alucinado publicado no The Guardian, extraio alguns comentários interessantes:

Huhne claims: "The UK economy has doubled in real terms since 1985, but total energy consumption is exactly the same as it was in that year."  This is in fact dead wrong. "Official statistics indicate that the UK's greenhouse gas emissions have fallen over the last twenty years - partly because it now produces more electricity from gas than coal. But a new report from government adviser the Committee on Climate Change (CCC) finds that once imports and exports are taken into account, the country's emissions are 80 per cent higher."

A esse respeito lembro de ter lindo um livro brasileiro de autor brasileiro que falava a mesma besteira. Corrigiu, acrescentando que realmente não há evidências de tal melhora.  Esse segundo comentário é bem mais direto:

Where to begin?

1. GDP is rigged. Some jurisdictions are including prostitution, and not just the financial kind.
2. GDP "increase" is going to the richest, not the median.
3. Lots of things are more energy efficient, true. But most are not repairable, and must be thrown away every few years. That costs energy too.
4. The world is heating.
5. The oceans are dying.
6. The manufacturing centres are highly polluted.
7. Not to worry - correcting these things will increase the GDP.
8. The electric grid will not tolerate the higher loads which would result from every vehicle being electric. Somebody will have to improve that. Read copper.
9. Every industrial commodity is getting harder to extract. More steel for a drilling platform, more oil to transport lower grade ore. That is an exponential process, and it is exponentially bad.

But not to worry, you have made me feel SO good.

A esse respeito, não só Piketti, mas Janet Yellen no seu testemunho do Senado ouviu a seguinte pergunta de um senador: “A senhora não se incomoda com o fato de 99% da expansão da renda no período pós-recessão (desde junho de 2009) ter sido apropriada pelo 1% mais rico?”  Não preciso comentar mais nada.  Lógico que essa concentração de renda não preocupa quem está sendo beneficiado por ela e que, não por acaso, desconhece que não há um só exemplo na história da humanidade de tal processo não ter causado um colapso social.

Essa lógica tem uma equação que não fecha: a maturidade atual de economias saturadas que transferiram produção pesada e de energia para países poluidores não pode ser replicada por vastas populações carentes do Brasil, da China, da Índia que querem copiar seus modelos de carros, casas, viagens aos exterior e consumo desenfreado de qualquer coisa inútil e desnecessária que inventaram para nosso deleite (nem vamos comentar que as tecnologias que fariam uma lâmpada durar 100 anos e um pneu de carro durar 1000 anos foram destruídas, assim como a obsolescência programada está funcionando a todo vapor nessa economia do jogar fora que transformou a Terra, nossa casa maior, em uma enorme lixeira...).

Sei que é óbvio, mas o que está acontecendo em um país não necessariamente é possível de ser extrapolado para o planeta inteiro. E o argumento é muito simples.  Se os países ricos tivessem que produzir tudo que precisam (100%) dentro dos seus territórios, já estariam vivendo um colapso ambiental à la Ilha de Páscoa há muitas décadas.  Imaginem EUA e Reino Unido como únicos territórios da Terra e o resto só oceano e pensem: como esses países estariam, tendo destruido quase 100% das suas florestas, consumindo vastas quantidades dos recursos inclusive água de outros territórios que agora, nesse planeta hipotético não tem como ser suprido?  O colapso ambiental das economias maduras só foi evitado pela exportação dos descalabros ambientais para além das suas fronteiras e com até alguma economia recente, como se o planeta Terra não fosse uno...  Essa contrapartida das suas importações tem visibilidade zero no nosso sistema de preços derivado do nosso sistema de valores torpes. Transformar a Amazônia em monocultura tem custo zero na ideologia dominante atual, embora só um serviço seu, formação de água da América do Sul, requer energia equivalente a de 50.000 Itaipus. Imagina a fila de “consumidores” pagando por isso tudo.

Podemos até escamotear a realidade com idéias absurdas e seguir acreditando nelas, mas não conseguiremos mudar os resultados.  Caminhamos para um colapso civilizatório com risco de fim da vida na Terra enquanto mantivermos a idéia de medir nossas atividades por mais atividades, por crescimento que se justifica apenas por mais crescimento.  Enquanto medirmos bem estar pela quantidade de bens e comida que passam pelas mãos dos seres humanos ou sua satisfação pela renda e por aí vai, a lista de erros de crenças é infinda, além das soluções propostas serem cada vez mais inadequadas.  O bem estar humano além de não estar assegurado por essas vias, agora corre um rismo maior, por esfacelar as bases de sustentação da vida.

Sugiro a leitura de Serge Latouche e Erik Assadourian.  Do Erik Assadourian, esse texto muito mais lúcido mostra essa diferença de visões:  http://archleague.org/2013/10/degrowing-our-way-to-genuine-progress/

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Mito do crescimento eterno

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Mito do crescimento eterno: foi necessário chegarmos ao precipício e risco de extinção total para reconhecê-lo embora ele fosse verdadeiro desde priscas eras

Esse artigo foi publicado no Market Watch do Wall Street Journal no dia 12 de junho e foi descoberto pelas redes de sustentabilidade. Segue abaixo. A única ressalva que faria ao seu raciocínio, que não muda a conclusão, é que o principal driver do crescimento eterno não é mais o crescimento populacional, mas o crescimento do materialismo das populações existentes, que aumentou seis vezes mais rápido que a população no século XX, segundo a World Watch.  Na verdade, somos a única espécie animal exossomática da Terra e nosso impacto no planeta deriva não só do número de pessoas, mas do nosso padrão material de consumo. Por exemplo: 1 bilhão de pessoas no nível de consumo da África tem um impacto infinitas vezes menor que 300 milhões de pessoas na América. Basta lembrar que 1/3 do lixo no mundo é produzido por 4,3% da população mundial.


Dear Mr. Paul,

You probably know the work of Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). He put forth in his time a strong and irrefutable critique of economic theory.  His colleagues in science, other prominent economists, ignored both him and his work in the 1970s rather than incorporating his discoveries into the field.  This was a huge mistake, equivalent to Albert Sabin being ignored by other medical professionals after discovering a vaccine. This mistake has an enormous cost to humankind, because now the only possible outcome is to mitigate the deepening collapse of ecological services. The best case scenario is that a part of humankind survives. The only possible way to mitigate the catastrophe is through an absolute reduction of matter and energy. But as you must know, all current policies are pointing in the opposite direction. Growthmania and a false economic theory together are putting an end to life on Earth and this is being done only to satisfy the wealthiest among us.

Congratulations,

Best wishes,

Hugo Penteado

June 12, 2012, 12:03 a.m. EDT

Myth of Perpetual Growth is killing America

Commentary: Everything you know about economics is wrong

By Paul B. Farrell, MarketWatch
SAN LUIS OBISPO, Calif. (MarketWatch) — Yes, everything you know about economics is wrong. Dead wrong. Everything. The conclusions of economists are based on a fiction that distorts everything else. As a result economics is as real as one of the summer blockbusters like “Battleship,” “The Avenger” or “Prometheus.”
The difference is that the economic profession is a genuine threat, not entertainment. Economics dogma is on track to destroy the world with a misleading ideology.
http://ei.marketwatch.com/Multimedia/2012/06/11/Photos/ME/MW-AS047_enviro_20120611125705_ME.jpg?uuid=8605180c-b3e6-11e1-b734-002128049ad6

Reuters

A stray dog stands on a rubbish dump at the seafront in Sidon, southern Lebanon.
Why? Because all economics is based on the absurd Myth of Perpetual Growth. Yes, all theories and business plans based on growth are mythological.
Economists are master illusionists who rely on a set of fictions, fantasies and forecasts that emanate from a core magical mantra of Perpetual Growth that goes untested year after year.
And yet it’s used to manipulate the public into a set of policies and decisions that are leading the American and the world economy down a path of unsustainable globalization and GDP growth assumptions that will self-destruct the planet.
Denial? We’re all addicted to the Myth of Perpetual Growth
Yes, economists are addicted to this ideology. Trapped deep in their denial, can’t see the problem, or admit it, or if they do, they are unable to stop themselves, see past their own myopic world view. They’re mercenaries working for capitalists who pay their salaries, and expect them to support the capitalist’s bizarre Myth of Perpetual Growth.
Worse, the public also bought into the myth. Yes, you believe everything you learned in college about economic theories, all the textbooks, everything you read in the daily press, the government reports, all those Wall Street analysts’ predictions relying on studies prepared by economists with credentials.
But everything you think you know about economics … is wrong. Dead wrong. And until economics acknowledge this, the discipline is on a self-destruct path.
Why? The science of economics is not science. Yes, it looks scientific with all the fancy math algorithms and computer models that economists use, but all that’s just window dressing to make the economist look scientific and rational.
They’re not. Their conclusions are pre-ordained, fabricated, based on their biases, personal ideologies and whatever their employer wants to prove to manipulate consumers, voters or investors to buy what they’re selling.
‘What do you call an economist with a prediction? Wrong’
Don’t believe me? Go look at USA Today’s quarterly surveys of 50 economists projections of GDP growth. Invariably off by a large margin. And Barron’s Big Money poll? In past reviews we’ve seen a wide gap in forecasts by the bulls and bears.
Bottom line: Whether it’s Roubini or Roach, Kudlow or Krugman, you can’t trust the predictions of any economist. Ever. Best warning: That famous BusinessWeek editorial several years ago headlined: “What Do You Call an Economist with a Prediction? Wrong.”
Unfortunately, we live in a world of capitalists who thrive on the great Myth of Perpetual Growth, endless growth, ad infinitum, forever, till the end of time.
But driving the economists’ growth myth is population growth. It’s the independent variable in their equation. Population growth drives all other derivative projections, forecasts and predictions. All GDP growth, income growth, wealth growth, production growth, everything. These unscientific growth assumptions fit into the overall left-brain, logical, mind-set of western leaders, all the corporate CEOs, Wall Street bankers and government leaders who run America and the world.
But just because a large group collectively believes in something doesn’t make it true. Perpetual growth is still a myth no matter how many economists, CEOs, bankers and politicians believe it. It’s still an illusion trapped in the brains of all these irrational, biased and uncritical folks.
No-win scenario: Damned if we grow? Damned it we don’t grow?
Capitalism itself is at a crossroads. Growth is capitalism’s sacred cow but it’s “grow or die” theory doesn’t work anymore. With us since 1776, it’s being challenged by a “new god of reality” that’s flashing warnings of an emerging new reality from critics, contrarians and eco-economists. This war is pitting old and new economists:
Grow OR Die. Traditional economists (pro-capitalism): We’re told we need 3% GDP growth to support the next batch of 100 million Americans. We believe it on faith. Drill Baby Drill. Buy stuff. Get new jobs to fuel growth. We’re out of control. Exploding growth fuels demands as the rest of the world adds 2.9 billion new humans, all chasing their “American dream.”
Grow AND Die. New eco-economists (environmentalists): They see Big Oil’s destruction of our coastal economies, the rape of West Virginia’s coal mountains, the unintended consequences of uncontrolled carbon emissions and they ask: “When will economists, politicians and corporate leaders stop pretending Earth’s resources are infinitely renewable?”
Yes, our world is at a crossroads, facing a dilemma, confronting the ultimate no-win scenario, because the “Myth of Perpetual Growth” is essential to support the global population explosion. But all this “Growth” is also killing our world, wasting our planet’s non-renewable natural resources. “Eternal Growth” is suicidal, will eventually destroy Earth. We’re damned if we grow. Damned if we don’t.
Future economists will be forced into a No-Growth Economics
But will economists change as long as they’re mercenaries in the employ of Perpetual Growth Capitalists? No. It will take a new mind-set. The difference between the mind-set of traditional economists and the new eco-economists is simple: Traditional economists think short-term, react short-term, pursue short-term goals. New eco-economists think long-term.
Initially this may seem overly simplistic, but fits perfectly. Here’s why:
Old traditional economists — short-term thinkers: Traditional economists are employees and consultants for organizations with short-term views — banks, big corporations, institutional investors, think-tanks, government. They all think in lock-step, driven by daily returns, quarterly earnings, annual bonuses. Short business and election cycles are more important than what happens a decade in the future. Their brains are convinced: If we can’t survive the short, long-term is irrelevant.
Environmental economists — long-term thinkers: New eco-economists see, think and plan for the long-term. They know traditional economists’ and capitalists’ thinking is setting America up for more and bigger catastrophes than the Gulf oil spill and the last meltdown. The “Avatar” film is a perfect metaphor: Soon capitalism will exhaust Earth’s resources forcing us to invade distant planets searching for new energy resources.
Actually something more immediate will force change much sooner. You are not going to like it: United Nations and Pentagon studies predict population growth (the main driver of all economic growth) will create unsustainable natural-resources demands as early as 2020 with global population exploding from seven to 10 billion by 2050. So expect Depression Era austerity, unemployment and a new no-growth economy.
Will we change? In time? Plan ahead? No, we won’t wake up without a collapse. We know the Myth of Perpetual Growth is pure fiction. But we also know our leaders, capitalists, economists and politicians all live in a collective conscience that must believe in this bizarre myth in order to justify everything they believe about the future, about progress, about income and wealth increasing, about a better life.
So we will all hang on … until a catastrophe shocks our world, forces us to wake up and let go, newly aware of the absurdity of the Myth of Perpetual Growth on a planet of finite resources. And it will happen sooner than you think.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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'Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito'
DA BBC BRASIL 04/10/2011 - 08h41
Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão?
Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levaram a BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo fracassou.
Neste texto, Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey e autor do livro Prosperity without Growth --Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito), defende o abandono do mito do crescimento infinito:
Toda sociedade se aferra a um mito e vive por ele. O nosso mito é o do crescimento econômico.
Nas últimas cinco décadas, a busca pelio crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo.
A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.
Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para sua sobrevivência.
Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.
As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar.
O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico.
As empresas lutam para sobreviver. As pessoas perdem seus empregos e em certos casos suas casas.
A espiral da recessão é uma ameaça. Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários.
Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.
Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.
CRISE E OPORTUNIDADE
Mas a crise econômica nos apresenta uma oportunidade única para investir em mudanças. Para varrer as crenças de curto prazo que atormentaram a sociedade por décadas.
Para um compromisso, por exemplo, para uma reforma radical dos mercados de capitais disfuncionais.
A especulação sem controle em commodities e em derivativos financeiros trouxeram o mundo financeiro à beira do colapso há apenas três anos. Ela precisa ser substituída por um sentido financeiro mais longo e lento.
Consertar a economia é apenas parte da batalha. Também precisamos enfrentar a intrincada lógica do consumismo.
Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.
Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.
A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais.
Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas. http://www1.folha.uol.com.br/bbc/985227-temos-que-abandonar-o-mito-do-crescimento-economico-infinito.shtml

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