quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Uma prova do erro da teoria econômica está vindo a galope

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A falta de água em São Paulo é sistêmica. É o encontro de uma demanda alucinada de construções, sistemas e pessoas, contra uma barreira: a finitude da água potável, agravada desmedidamente pela mudança climática, destruição da Amazônia e outros processos que desconhecemos.  E que tendem a se agravar.  Que a natureza é inesgotável é fácil de acreditar com mitos econômicos os mais variados possíveis, mas que estoques de solo e água são e sempre serão finitos (ou declinantes) é impossível negar.

Enquanto discutíamos sustentabilidade, isso tudo estava acontecendo debaixo dos nossos pés. Isso será um rude awakening, an unconvenient truth: o erro da teoria econômica tradicional evidenciado no seu mais alto grau de gravidade.  E não só aqui no Brasil. A situação californiana é surreal também. Outros lugares vão pelo mesmo caminho.

Não se preocupem, nem tudo está perdido. Podemos continuar advogando a tese de crescimento econômico eterno num planeta finito, essa que seria uma das idéias mais estúpidas da nossa espécie animal, acabou sendo superada pelas soluções tecnológicas ou tecnocráticas propostas, como a sustentabilidade com definição tão aberta que qualquer coisa cabe dentro dessa política, energia limpa, mecanismos de desenvolvimento limpo, precificação das externalidades, etc. etc. etc., tudo aquilo que serviu até o momento para ignorar a crítica irrefutável de Nicholas Georgescu-Roegen ao sistema econômico que vigorava na sua época e que seguiu a céleres passos desde então, posto que sua contribuição ao pensamento econômico foi ignorada, por defesa de interesses próprios.

segunda-feira, 6 de outubro de 2014

NADA A COMEMORAR MESMO

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O nada a comemorar tem que se referir ao fato que esse atual modelo de consumo e produção, mesmo que bem sucedido, é um desastre suicida e não tem o menor grau de sustentação.  Trata-se de um processo auto-liquidante ao ignorar o sistema natural no qual se insere, do qual depende em 100% para sua concretização. 

O nada a comemorar também se aplica a um modelo de consumo e produção que alijou as pessoas do processo, criando um sistema moderno de escravidão que talvez na forma seja mais ameno, mas em abrangência nunca foi tão amplo como agora.  Ninguém tem poder algum para interferir positivamente no processo, exceto os 6.000 integrantes da superclasse apátrida e invisível que cria um grupo de celebridades via uma indústria de marketing que estão na sola dos seus sapatos. 

Apesar disso, ainda temos uns iluminados falando no poder da sociedade para transformar as empresas e suas práticas.  É de um autismo total: se pegarmos cada uma das iniciativas, vamos ver que as implicações publicitárias são enormes, mas as mudanças são praticamente nulas. Por exemplo, no balanço dos bancos se procurarmos quais operações de créditos foram bloqueadas pela análise de crédito socioambiental, encontraremos nenhuma ou praticamente nenhuma.  Ou seja, apesar dos descalabros socioambientais avassaladores que estão despencando sobre nossas cabeças (o fim da água de São Paulo iminente é apenas um deles), o fluxo de crédito segue inalterado como se estivéssemos num mundo de empresas magnânimas como Alice no Páis das Maravilhas.

Ah, é um desfrute caloroso para o espírito ler os textos de transformações induzidas pela sociedade.  Arremata aí com o mercado sendo capaz de dar os sinais corretos com a escassez de petróleo e induzir um boom de energia renovável.  Erro duplo: primeiro porque energia renovável tem limitações tecnológicas severíssimas, algo que ninguém quer ouvir, principalmente os vendedores dessa idéia como salvação do planeta e segundo porque o boom que o mercado está produzindo é de mineração submarina, ataques ao Alaska, Alberta, “shale gas”, etc.  Finalmente, não podemos esquecer: 73% da energia produzida é simplemente desperdiçada, mas o PIB é feito de desperdício, guerras e destruição e mede o sucesso das economias, portanto... melhor para nós é manter o desperdício e a geração de lixo grosseira que desmantela nossos ecossistemas.

Autismo novamente. O autismo aqui não é uma referência pejorativa, até porque minha irmã mais velha era autista.  Isso é apenas uma analogia de como o discurso atual parece que está acoplado a uma realidade fantasiosa impossível de ser vista ou percebida.  Os autistas não aprendem a falar (minha irmã só falou aos 16 anos, isso porque segundo os médicos possuía um QI elevadíssimo) porque não escutam nem vêem nada a sua volta, embora os sentidos estejam perfeitos.  O autismo dos economistas atuais explica grande parte das suas conclusões e propostas.   As eleições estão ricas deles, mesmo os que não são economistas mas colam no discurso clientelista e interesseiro dos economistas que só falam o que eles querem ouvir e não o que nossa ciência deveria mostrar. Excetuando o Eduardo Jorge que fala de entropia e Marina Silva que pensa nas questões socioambientais, mas ainda não na visão da entropia, o resto parece estar ainda com vendas nos olhos.

A venda nos olhos de todos os sete bilhões de habitantes coloca nossa espécie animal como uma das mais burras da Terra. E consequentemente, duramente ameaçada.  Quando ficarmos sem florestas, sem chuva, sem água e sem alimentos, aí sim acho que iremos discutir a revogação desse paradigma econômico de crescimento quantitativo a qualquer custo dentro de um planeta finito como a Terra.  Mas com certeza poderá ser tarde demais.  Sem perdas já sabemos que é impossível, não dá mais tempo para uma mudança sem perdas. Até porque as perdas já estão sendo contabilizadas desde o final dos anos 1990.


Nada a comemorar
CELSO MING
02 Outubro 2014 | 21:00
Não há nenhuma indicação de que esteja em curso uma recuperação sustentável da produção industrial.
Agosto foi melhor do que julho para a atividade da indústria. Cresceu 0,7%, com ajustes que levam em conta as variações sazonais. É um resultado um tanto inesperado, que merece atenção pelo simples fato de que se trata do segundo avanço mensal consecutivo – embora ainda pequeno – depois de cinco meses seguidos de queda.
Mas, decididamente, não dá para comemorar. Não há nenhuma indicação de que esteja em curso uma recuperação sustentável da produção industrial. Toda a economia fraqueja e o nível de confiança do empresário segue despencando, o que também é prenúncio de que a fase ruim tende a continuar. Nos oito primeiros meses de 2014, os resultados do setor são ruins: queda de 3,1% sobre igual período de 2013.
ProdIndlAGO2014
A disposição de investir por parte da indústria quase não existe, como vai sendo mostrado pelo desempenho do setor de bens de capital (máquinas e equipamentos). Nos oito primeiros meses deste ano, esse subsetor ostenta queda de produção de 8,8%. O número ruim é reforçado pelas estatísticas de importação de bens de capital que, em 2014, até setembro, mostram recuo de 5,7% quando comparado com igual período do ano passado.
Isso reforça a impressão de que ainda está longe o movimento de modernização do parque produtivo da indústria, hoje envelhecido. Seu maquinário tem, em média, 17 anos, contra 7 a 8 anos nos países que concorrem mais diretamente com o Brasil (dados do Ministério do Desenvolvimento). E, se não há a perspectiva de modernização do parque produtivo, também não há a de ganhos de competitividade. Ou seja, a indústria brasileira não terá condições de reagir para conquistar mais fatias do mercado externo e deve continuar perdendo mercado aqui dentro para o produto importado.
As autoridades do governo Dilma vêm repisando que o comportamento da produção no segundo semestre será melhor do que o do primeiro. Esse resultado melhor não pode ser descartado, mas se ele se confirmar, não deverá indicar uma virada firme do setor. Seria construído sobre uma base muito fraca, sem arranque para os meses seguintes. É como comparar o desempenho de uma mesma tartaruga medido na subida com o produzido no terreno plano. É muito difícil que, ao longo de todo 2014, a contribuição da indústria para o PIB deixe de ser negativa.
Enquanto não ficarem mais claras as diretrizes de política econômica que prevalecerão a partir de 2015, o empresário brasileiro permanecerá na defensiva, adiará decisões mais importantes e tenderá a perder ainda mais confiança na recuperação. Mas do ponto de vista de quem tem responsabilidade pela administração de um patrimônio – e não só de uma indústria – essa atitude de esperar e ficar olhando pode ser ruim.
Como a Coluna desta quinta-feira procurou mostrar, mesmo se a presidente Dilma vencer as eleições, parece bem mais provável uma virada na política econômica do que a manutenção pura e simples das atuais condições fortemente desfavoráveis. Se isso se confirmar, o administrador que tiver permanecido parado, poderá reagir tardiamente e perder oportunidades de sair na frente.
CONFIRA:
ICECConfiancaSET2014

O índice de confiança do Comércio também continua lá embaixo.
Desencontro
Nesta quinta-feira, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, observou que a economia mundial evolui de forma desigual. O Fed, o banco central dos Estados Unidos, prepara-se para começar a retirar moeda do mercado. Enquanto isso, o Banco Central Europeu ainda não começou a injetar moeda. O G-4, o G-7, o G-8 e o G-20 foram criados para coordenar a economia mundial. Com o mesmo objetivo, os presidentes dos grandes bancos centrais se reúnem em Basel. E o resultado é esse aí.

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o mundo com minha SUV, meu churrasco, minhas viagens para Disney e meus eletrônicos"

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Previsão que já circula por aí é que em poucos anos a aviação estará inviabilizada pelas alterações atmosféricas. Assim como aconteceu com o começo da aviação nos anos 1950, quando as janelas quadradas foram convertidas para ovais e evitavam a ruína do casco do avião em pleno vôo como começou a acontecer com frequência.  Dessa vez o caso será mais sério, antes foi só uma questão de engenharia que ceifou muitas vidas até ser descoberto o motivo, agora será uma alteração global na atmosfera.  Há alguns que dizem que certos males virão para o bem. O Financial Times escreveu que o transporte aéreo já se tornou o inimigo ambiental número um.

Inmet confirma tornado em Brasília, o primeiro da história do DF


Fenômeno registrado na capital é semelhante aos de grandes proporções que causam prejuízos nos Estados Unidos e na Ásia. No entanto, há várias categorias e o de Brasília é um dos mais leves, de categoria 0 ou 1. A escala vai até 5.
·         Notícia

·         Vídeo

Renato Alves
Publicação: 01/10/2014 18:08 Atualização: 01/10/2014 19:40


Leitores do Correio Braziliense registraram um tornado próximo ao Aeroporto Internacional de Brasília, durante a forte chuva desta terça-feira, que acabou causando estragos no terminal aéreo e fechando a pista para pousos e decolagens. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), é a primeira vez que um tornado é registrado e confirmado no Distrito Federal. O fenônemo foi considerado de pequena proporção e aparentemente não ofereceu risco por ter acontecido em uma área descampada.
Tornado registrado perto do Aeroporto de Brasília (Kleber Alves dos Santos/Divulgação)
Tornado registrado perto do Aeroporto de Brasília


O tornado registrado na capital é semelhante aos de grandes proporções que causam prejuízos nos Estados Unidos e na Ásia. No entanto, há várias categorias e o de Brasília é um dos mais leves, de categoria 0 ou 1. A escala vai até 5.

A imagem do alto desta página foi enviada ao Correio pelo sargento Kleber Alves dos Santos, do Grupamento de Aviação Operacional do Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal, que tem um hangar no aeroporto. Já a imagem abaixo é do leitor Alexandre Rios, feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados.
Imagem feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados (Alexandre Rios/Divulgação)
Imagem feita a partir do Anexo I da Câmara dos Deputados

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o planeta"

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Somos todos um, do ponto de vista biológico. Charles Darwin escreveu que nada diferencia o ser humano dos demais animais.  Essa perda ou extinção é aterradora, porque podemos ter certeza, ela irá se voltar contra nós. Portanto, é muito importante que todas as atividades acessórias que estão sendo criadas (energia limpa, sustentabilidade, mecanismos de desenvolvimento limpo, economia verde, precificação dos serviços da natureza, tecnologias, crédito socioambiental, investimentos responsáveis, etc.) consigam provar ou mostrar que esse quadro de extinção da vida e de mudança climática está sendo revertido com essas atividades.  Se a resposta for não, temos que rever todas essas propostas e entender porque elas estão dando com os burros n´água.

Planeta perdeu 50% de sua fauna em 40 anos

Herton Escobar
30 setembro 2014 | 17:02
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/hi_257770-1024x681.jpg
Um gorila das montanhas em Ruanda, país assolado por pobreza e guerras. Foto: © Andy Rouse / naturepl.com

O planeta perdeu metade de seus animais nos últimos 40 anos, segundo um relatório divulgado hoje pela rede WWF, em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres. Segundo o estudo, chamado Living Planet Report (Relatório Planeta Vivo), ao mesmo tempo que a população humana cresceu substancialmente, a população global de animais vertebrados terrestres, aquáticos e marinhos encolheu 52% desde 1970.
Em outras palavras, o número de animais em terra firme, nos rios e nos mares de todo o planeta (a soma de todos os elefantes, ursos, tucanos, onças, peixes e baleias, etc) caiu pela metade em menos de meio século, enquanto que o número de seres humanos seguiu o caminho inverso: praticamente duplicou no mesmo período, passando de aproximadamente 3,5 bilhões para mais de 7 bilhões de pessoas. Uma coisa, obviamente, tem tudo a ver com a outra.
E a tendência é que a situação piore ainda mais daqui para frente, considerando que a população humana global poderá passar de 12 bilhões de pessoas até o final deste século, conforme relatei na semana passada, no post: Água no feijão, que mais 5 bilhões de pessoas vêm aí
O quadro mais preocupante é justamente na “casa do Brasil”, a América Latina: a redução populacional dos vertebrados no continente foi de 83% desde 1970, segundo o WWF.
Apesar de não ser uma publicação científica propriamente dita, o relatório está em consonância com vários trabalhos publicados por cientistas nos últimos anos, que apontam nessa mesma direção de uma “sexta extinção em massa” provocada pelo homem. Em julho, a revista Science publicou uma edição especial dedicada ao tema, com o título Vanishing fauna(Fauna em desaparecimento). Um dos artigos da edição, intitulado Defaunação do Antropoceno, é de co-autoria do pesquisador brasileiro Mauro Galetti, da Unesp de Rio Claro. O artigo destaca que 322 espécies de vertebrados terrestres foram extintas desde o ano 1500, e que as populações das espécies remanescentes mostram declínios da ordem de 25% para vertebrados e 45%, para invertebrados.
Um planeta e meio. Segundo o relatório, a espécie humana já consome e deteriora recursos naturais (incluindo itens básicos de sobrevivência como água, comida e fertilidade do solo) numa velocidade 50% maior do que a Terra é capaz de repor naturalmente. O que significa dizer que, pelas nossas práticas atuais de consumo, nós precisaríamos de um planeta 50% maior para garantir nossa sobrevivência a longo prazo.
Precisaríamos de 1 Terra e meia; mas, infelizmente, só temos 1. Qual a consequência disso para o futuro? Basta pensar no que aconteceria se você gastasse 50% mais do que o valor do seu salário a cada mês: Você pode até viver uma vida de bacana por um tempo, mas em algum momento a conta chega, e aí a casa cai.
Os números de biodiversidade do relatório são baseados na avaliação de mais de 10 mil populações de mais de 3 mil espécies de vertebrados de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. (ou seja, não leva em conta os invertebrados, como insetos e moluscos, que também passam por maus bocados)
Abaixo, mais alguns destaques do sumário executivo do relatório, que pode ser baixado aqui: http://goo.gl/DJCFim. A versão na íntegra, em inglês, está disponível aqui: http://goo.gl/rtMHq4
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/rinoceronte-semhorn.jpg
Um jovem rinoceronte que teve seu chifre arrancado por caçadores. Veja reportagem: Matança de rinocerontes é recorde na África do Sul
Espécies Terrestres:
“Espécies terrestres diminuíram 39% entre 1970 e 2010 e esta tendência não mostra sinal de desaceleração. A perda de habitat para abrir o caminho para atividades humanas – particularmente para a agricultura, desenvolvimento urbano e geração de energia – agravada pela caça, continua a ser uma grande ameaça.”
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/P1040135.jpg
Peixe fisgado no Sri Lanka. Foto: Herton Escobar/Estadão — Veja reportagem sobre a crise da pesca em São Paulo: Cadê o peixe que estava aqui?
Espécies de água doce:
“O LPI (Living Planet Index) de espécies de água doce diminuiu em média 76%. As principais ameaças para espécies de água doce são a perda e fragmentação de habitat, poluição e espécies invasoras. Mudanças no nível da água e conectividade dos sistemas de água doce – causado, por exemplo, por irrigação e represas de usinas hidrelétricas – têm um grande impacto nos habitats de água doce.”
http://blogs.estadao.com.br/herton-escobar/files/2014/09/14-Smooth-Stingray_Australian-National-Fish-Collection-CSIRO1.jpg
Uma raia marinha australiana. Foto: Australian National Fish Collection, CSIRO — Veja reportagem: 25% das raias e tubarões correm risco de extinção
Espécies marinhas:
“Espécies marinhas diminuíram 39% entre 1970 e 2010. A redução mais acentuada aconteceu no período entre 1970 e meados dos anos 80, seguido por um período de certa estabilidade, antes de outro período de declínio em anos recentes. As reduções mais marcantes são nos trópicos e Oceano Austral– espécies em declínio incluem tartarugas marinhas, várias espécies de tubarões, e grandes aves marinhas migratórias como o albatroz-errante.”

Colaboradores