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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

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'Temos que abandonar o mito do crescimento econômico infinito'
DA BBC BRASIL 04/10/2011 - 08h41
Há vinte anos, a queda do Comunismo no Leste Europeu parecia provar o triunfo do capitalismo. Mas teria sido uma ilusão?
Os constantes choques no sistema financeiro internacional nos últimos anos levaram a BBC a perguntar a uma série de especialistas se eles acham que o capitalismo fracassou.
Neste texto, Tim Jackson, professor da Universidade de Surrey e autor do livro Prosperity without Growth --Economics for a Finite Planet (Prosperidade sem Crescimento: Economia para um Planeta Finito), defende o abandono do mito do crescimento infinito:
Toda sociedade se aferra a um mito e vive por ele. O nosso mito é o do crescimento econômico.
Nas últimas cinco décadas, a busca pelio crescimento tem sido o mais importante dos objetivos políticos no mundo.
A economia global tem hoje cinco vezes o tamanho de meio século atrás. Se continuar crescendo ao mesmo ritmo, terá 80 vezes esse tamanho no ano 2100.
Esse extraordinário salto da atividade econômica global não tem precedentes na história. E é algo que não pode mais estar em desacordo com a base de recursos finitos e o frágil equilíbrio ecológico do qual dependemos para sua sobrevivência.
Na maior parte do tempo, evitamos a realidade absoluta desses números. O crescimento deve continuar, insistimos.
As razões para essa cegueira coletiva são fáceis de encontrar.
O capitalismo ocidental se baseia de forma estrutural no crescimento para sua estabilidade. Quando a expansão falha, como ocorreu recentemente, os políticos entram em pânico.
As empresas lutam para sobreviver. As pessoas perdem seus empregos e em certos casos suas casas.
A espiral da recessão é uma ameaça. Questionar o crescimento é visto como um ato de lunáticos, idealistas e revolucionários.
Ainda assim, precisamos questioná-lo. O mito do crescimento fracassou. Fracassou para as 2 bilhões de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.
Fracassou para os frágeis sistemas ecológicos dos quais dependemos para nossa sobrevivência.
CRISE E OPORTUNIDADE
Mas a crise econômica nos apresenta uma oportunidade única para investir em mudanças. Para varrer as crenças de curto prazo que atormentaram a sociedade por décadas.
Para um compromisso, por exemplo, para uma reforma radical dos mercados de capitais disfuncionais.
A especulação sem controle em commodities e em derivativos financeiros trouxeram o mundo financeiro à beira do colapso há apenas três anos. Ela precisa ser substituída por um sentido financeiro mais longo e lento.
Consertar a economia é apenas parte da batalha. Também precisamos enfrentar a intrincada lógica do consumismo.
Os dias de gastar dinheiro que não temos em coisas das quais não precisamos para impressionar as pessoas com as quais não nos importamos chegaram ao fim.
Viver bem está ligado à nutrição, a moradias decentes, ao acesso a serviços de boa qualidade, a comunidades estáveis, a empregos satisfatórios.
A prosperidade, em qualquer sentido da palavra, transcende as preocupações materiais.
Ela reside em nosso amor por nossas famílias, ao apoio de nossos amigos e à força de nossas comunidades, à nossa capacidade de participar totalmente na vida da sociedade, em uma sensação de sentido e razão para nossas vidas. http://www1.folha.uol.com.br/bbc/985227-temos-que-abandonar-o-mito-do-crescimento-economico-infinito.shtml

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

''Usamos em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor''

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IHU On-Line

Andrei Cechin é estudioso do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994), que foi um matemático e economista heterodoxo romeno, cujos trabalhos resultaram no conceito de decrescimento econômico e é considerado como o fundador da bioeconomia (ou economia ecológica).
Para Cechin, “uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir”.
Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Andrei Cechin explica que “a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos”.
Andrei Cechin participará do Ciclo de Palestras Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades hoje, dia 22 de agosto, falando sobre os limites da economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen. É doutorando em Administração na Universidade de Wageningen, na Holanda, mestre em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo – USP, e economista formado na FEA-USP.
Andrei Cechin é autor do livro A Natureza Como Limite da Economia: A Contribuição De Nicholas Georgescu-Roegen (São Paulo: EDUSP, 2010).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como definir o conceito de decrescimento econômico em Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A ideia de decrescimento em Georgescu vem como resposta a duas propostas de outros dois precursores da economia ecológica: a “condição estacionária” de Herman Daly, e a “economia do astronauta” de Kenneth Boulding. A condição estacionária é entendida como aquele estado em que a quantidade de recursos da natureza utilizada seria suficiente apenas para manter constantes o capital e a população. Significa obter desenvolvimento sem crescimento material: a escala da economia é mantida constante enquanto ocorrem melhorias qualitativas. Uma economia que dependesse inteiramente da utilização direta da radiação solar, e que reciclasse os materiais dissipados pelo processo industrial (“economia do astronauta” de Boulding) poderia, em tese, operar como um ciclo fechado. Dada a disponibilidade de energia advinda do Sol, não haveria barreira para reciclar os materiais dissipados pelo processo industrial.
No entanto, para Georgescu a “economia do astronauta” está fundada no mito de que todos os minérios passarão à categoria de recursos renováveis. A reciclagem total dos materiais não seria possível na prática. Por isso, a tendência de extração de recursos será necessariamente declinante a partir de determinado momento – por mais remoto que possa estar o início dessa tendência. Isso fará com que a escala da economia seja reduzida. A proposta de condição estacionária de Daly foi considerada igualmente um “mito de salvação ecológica”, pois transmitiria a ideia de que seria possível manter indefinidamente os padrões de vida e de conforto já alcançados nos países abastados e dá a falsa impressão de que o fim do crescimento e a manutenção de um determinado padrão de vida, com capital e população constantes, não implicam pressão nos ecossistemas.
O crescimento não é ambientalmente sustentável
Georgescu foi além da condição estacionária e da economia do astronauta. Dado o caráter inevitável do decrescimento, consequência da limitação material da Terra e dos limites à reciclagem, propõe que esse processo seja voluntariamente iniciado, em vez de vir a ser uma decorrência da escassez de recursos. A ideia é que não bastará parar de crescer, ou mesmo estabilizar o fluxo de recursos naturais que entra na economia. E para ele, nos anos 1970, algumas economias do mundo já deveriam estar pensando na redução desses fluxos.
Mais de trinta anos depois do alerta de Georgescu, a ideia de decrescimento planejado como maneira de evitar o colapso ambiental ganhou alguns adeptos. Segundo essa perspectiva, a sustentabilidade ambiental muito provavelmente não pode ser alcançada com aumento da produção e consumo. O fato é que ficou mais difícil ignorar o seguinte dilema: o crescimento não é ambientalmente sustentável, pelo menos em sua forma atual, por mais que se consiga uma desmaterialização/descarbonização relativa da economia, mas ao mesmo tempo o decrescimento é algo instável, pelo menos sob as condições atuais, pois leva ao aumento do desemprego e a uma espiral de recessão, como mostrou o relatório do governo britânico “Prosperity without growth?”.
Peter Victor no livro Managing without growth: slower by design, not disaster defende a ideia de que os países ricos já têm condições para abandonar o crescimento e, por isso, deveriam fazê-lo de imediato. A mensagem é que seria melhor reduzir o crescimento de forma intencional e projetada fazendo alterações em instituições-chave, como impostos e jornada de trabalho, do que ter de encará-lo por desastre. Talvez seja justamente pela força e pelo choque que causa o termo decrescimento, que um movimento de crítica radical ao economicismo e à ideologia do crescimento vem se apropriando dele e popularizando-o, principalmente na Europa. Quando surgiu esse movimento com um discurso mais ou menos afinado se autodenominando “decrescimentistas”, uma coletânea de artigos de Georgescu já havia sido publicada duas décadas antes com o título em francês La décroissance: entropie, écologie, économie (O decrescimento: entropia, ecologia, economia).
IHU On-Line – Há semelhanças entre esse conceito e o defendido por Serge Latouche?
Andrei Cechin – Serge Latouche (2), principal expoente desse movimento mais recente, insiste que não se trata, pura e simplesmente, de crescimento negativo do PIB. O movimento pretende libertar o imaginário coletivo da esfera do econômico. É um projeto de sociedade baseado numa crítica, principalmente cultural, do estado de coisas. É por isso que Latouche afirma que o lema mais adequado seria “acrescimento”, como em “ateísmo”.
Diferentemente da ênfase dada por Georgescu e pelos que consideram a sociedade do crescimento como algo insustentável, o discurso dos decrescimentistas enfatiza que a sociedade do crescimento não é sequer desejável. Embora as fontes por detrás da ideia e do movimento do decrescimento sejam distintas – uma ecológica e uma cultural –, recentemente há uma espécie de reforço mútuo entre as duas que pode ser visto nos trabalhos das duas edições da conferência internacional sobre “decrescimento econômico para a sustentabilidade ambiental e a equidade social” (www.degrowth.net), na edição especial sobre decrescimento da revista Journal of Cleaner Production (2010, vol 18), e no mais recente livro de Latouche (Pequeno tratado do decrescimento sereno) que dá muito mais ênfase às limitações ecológicas do que em seus trabalhos anteriores.
IHU On-Line – O que podemos entender pelo conceito de bioeconomia ou economia ecológica de Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A consolidação do que hoje é chamado de economia ecológica deve tributo às contribuições independentes de Kenneth E. Boulding, Nicholas Georgescu-Roegen, Herman E. Daly e Robert U. Ayres e Allen Kneese, na década de 1960, ainda que a expressão economia ecológica não tenha sido usada por eles na época.
Georgescu chegou ao termo bioeconomia ao perceber que seu interesse era entender a sobrevivência da humanidade na Terra, e que isso requer atenção ao apego da espécie humana aos seus instrumentos exossomáticos (que permitem a conversão de energia fora dos corpos biológicos) – peculiaridade que a distingue de outros animais.
O problema ecológico surge com a transferência de parte substancial da conversão energética da humanidade para fora dos corpos humanos e se aprofunda de maneira inaudita com a combustão dos recursos fósseis que aumentou exponencialmente o fluxo de resíduos indesejados. Daí decorre a necessidade de se pensar a economia no seio da biosfera. Como a questão, para Georgescu, não é somente biológica, nem somente econômica, tampouco apenas social ou ambiental, a ciência capaz de dar conta da inter-relação socioeconomia/natureza seria uma “bioeconomia”.
Economia ecológica x economia convencional
Sua visão teve desdobramentos para economia ecológica principalmente através de Herman Daly. A economia ecológica, por maior que seja a pluralidade interior a essa comunidade, está preocupada com os limites biofísicos ao crescimento da produção e do consumo material e com a capacidade de absorção e assimilação dos resíduos pela natureza.
Em princípio, é essa ênfase na questão da escala, do tamanho físico da economia em relação à ecossistêmica que diferencia a economia ecológica. Alguns, como Herman Daly, defendem que, a partir de certo ponto (desconhecido), o crescimento deixa de ser benéfico e passa a comprometer seriamente a possibilidade de que as gerações futuras usufruam qualidade de vida semelhante a da geração atual. Georgescu nunca usou a expressão economia ecológica e não fazia nenhuma militância ambientalista. Mas alguns consideram suas contribuições como a linha demarcatória entre o que pode ser considerado economia ecológica e as vertentes ambientais da economia convencional. Há, contudo, economistas ecológicos que não o consideram um precursor e há quem considere que suas contribuições podem ser absorvidas e modeladas pela economia ambiental neoclássica.
IHU On-Line – Qual a atualidade em nossos dias da tese de inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas, defendida por Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – Comecemos com as evidências. Como mostra a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, a humanidade causou alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender a crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia. Isso tem enfraquecido a capacidade da natureza de prover outros serviços fundamentais, como a purificação do ar e da água e proteção contra catástrofes naturais. A biodiversidade global sofreu uma queda de 30% em menos de quarenta anos, segundo o Índice Planeta Vivo (2010). Apenas de 1998 para cá houve um salto de 35% nas emissões de gases de efeito estufa. E para completar, o indicador mais geral da pressão ecossistêmica das atividades econômicas – a Pegada Ecológica – mostra que em 2007 a sobrecarga imposta pelas atividades humanas foi 50% maior que a capacidade regenerativa do planeta.
Agora vamos à visão de Georgescu. São duas as fontes mais básicas para a reprodução material da humanidade: os estoques terrestres de minerais e energia, que são limitados, e sua taxa de utilização pela humanidade é facultativa. E o fluxo solar cuja fonte é praticamente ilimitada em quantidade total, mas altamente limitada em termos da taxa que chega à Terra. Há ainda outra diferença: os estoques terrestres abastecem a base material para as manufaturas, enquanto o fluxo solar é responsável pela manutenção da vida. A humanidade pode ter total controle sobre a utilização dos estoques terrestres, mas não sobre o fluxo solar. Dessa forma, a taxa de utilização determinará em quanto tempo esses recursos estarão inacessíveis.
A produção de resíduo
Outro aspecto da reprodução material da humanidade é a produção de resíduo, que gera um impacto físico geralmente prejudicial a uma ou outra forma de vida, e direta ou indiretamente à vida humana. Deteriora o ambiente de várias maneiras. Exemplos conhecidos são a poluição por mercúrio e a chuva ácida, o lixo radioativo, e a acumulação de CO2 na atmosfera. Georgescu deu muita atenção aos efeitos do esgotamento dos estoques de energia e materiais, ou seja, dos recursos naturais utilizados no processo produtivo, e menos aos efeitos dos resíduos, como lixo, poluição, resíduos tóxicos, gases de efeito estufa, etc., gerados pelo mesmo processo. E, hoje, talvez a maior preocupação seja com os resíduos da atividade econômica. No entanto, ele reconheceu que a poluição e os resíduos se tornariam um problema anterior ao esgotamento dos recursos devido à sua acumulação e por serem fenômenos visíveis e de superfície. Nesse contexto, o aquecimento causado por atividades humanas tem provado ser um obstáculo maior ao crescimento econômico sem limites do que a finitude de recursos acessíveis, como sugeriu Georgescu. Ora, a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos.
IHU On-Line – Considerando a crise financeira internacional, em que sentido o pensamento de Georgescu-Roegen pode ser inspirador em relação à crítica que ele fazia a economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites?
Andrei Cechin – O pensamento de Georgescu traz à tona o fato de as economias estarem inseridas nos ecossistemas e a sua dependência em relação aos fluxos de energia e materiais, cuja oferta depende em parte de fatores econômicos (tipos de mercados, os preços) e, em parte de limites físicos e biológicos. E o que isso tem a ver com crise financeira? Tradicionalmente, a economia é analisada em dois níveis. Há o nível financeiro, que pode crescer por empréstimos feitos ao setor privado ou ao Estado. O sistema financeiro empresta na expectativa de que o crescimento econômico indefinido dará os meios para pagar os juros e as dívidas. Então, há o que os economistas descrevem como a economia real, o PIB a preços constantes. Quando cresce, ela de fato permite que se paguem as dívidas .
Alguns economistas ecológicos (como Martinez-Alier e Herman Daly) diagnosticam a crise financeira como sendo devida ao crescimento excessivo de ativos financeiros em relação ao crescimento da riqueza real. Como consequência, o valor da riqueza real atual já não é suficiente para servir como uma garantia para a dívida. Ou seja, na raiz da crise estaria a crescente disjunção entre a economia real da produção e da economia “de papel” de financiamento. A velocidade a que o sistema financeiro se expande estaria totalmente defasada da capacidade de a economia real produtiva gerar riqueza para repagar as dívidas. Isso ocorre, pois a produção é dependente do seu sustento material e energético, onde o ritmo de crescimento é distinto e limitado. Ou seja, segundo uma visão inspirada em Georgescu, existe, abaixo da chamada “economia real” do PIB, a economia material no sentido mais forte.
Suposição otimista dos economistas neoclássicos
Ele forneceu o instrumental para se examinar a suposição otimista dos economistas neoclássicos, segundo a qual a substituição de recursos e as inovações tecnológicas sempre superariam os limites biofísicos e que, portanto, não haveria restrições ao crescimento do PIB. Mas, ao contrário, o crescimento da produção e consumo depende de fluxos de energia e de materiais. A possibilidade de esgotamento dos ativos ambientais, a degradação dos “sumidouros”, como a atmosfera global, e a crescente ocupação do espaço da Terra podem limitar de maneira decisiva a expansão contínua da escala da economia. É importante lembrar que o pioneiro nessa análise da disjunção não foi Georgescu, e sim o Nobel em Química, Frederick Soddy. Em seu livro Wealth, virtual wealth and debt (1926), Soddy argumentou que é fácil para o sistema financeiro aumentar as dívidas (dívidas privadas ou públicas), e confundir essa expansão do crédito com a criação de riqueza real. No entanto, no sistema industrial, o crescimento da produção e do crescimento do consumo implica crescimento na extração e destruição final de combustíveis fósseis, patrimônio acumulado de milhões de anos.
IHU On-Line – Como o senhor entende a ideia de economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen? Quais os limites deste pensamento hoje?
Andrei Cechin – No final da vida, Georgescu revelou seu profundo ceticismo quanto ao novíssimo valor “desenvolvimento sustentável”, que já havia ganhado alguma popularidade. Embora para ele estivesse bem claro que desenvolvimento e crescimento são coisas distintas, chegou a considerar o termo desenvolvimento sustentável como um tipo de consolo, útil apenas para desviar a atenção dos verdadeiros problemas, como a diferença existente entre os países ricos e pobres, os problemas da poluição e a futura sobrevivência da espécie humana. A expressão esconderia a falsa ideia de que o crescimento econômico pode ser sustentado indefinidamente, promovendo um otimismo insensato, porém lucrativo. Se economia sustentável, ou economia verde, significar apenas um aumento na participação/crescimento das atividades ou projetos verdes, tais como painéis fotovoltaicos, moinhos eólicos, parques nacionais, pontos de reciclagem de lixo, hortas orgânicas e ecoturismo, sem que se mudem os padrões de produção e consumo insustentáveis, então Georgescu revelaria seu ceticismo quanto a essa promessa. Assim como foi crítico ferrenho da ideia de desmaterialização da economia.
O mito de desmaterialização da economia
Para Georgescu, o mito de desmaterialização absoluta da economia, uma economia que prescinda de matéria ou energia, impede que os economistas pensem em termos de limites e escala. A tecnologia permite que bens e serviços sejam produzidos com menos recursos naturais e menos emissões. Aumentos na eficiência reduzem a quantidade de energia e matéria necessárias para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global. No entanto, esse aumento de eficiência tem se dado a uma taxa menor que a taxa de crescimento da economia, o que faz com que o impacto ambiental global continue a crescer em termos absolutos.
Algumas evidências sugerem essa hipótese. Por exemplo, a quantidade de energia primária necessária para produzir cada unidade de produção econômica mundial caiu mais ou menos continuamente durante a maior parte dos últimos cinquenta anos. A “intensidade energética” global – quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global – é agora 33% menor do que era em 1970. No caso da “intensidade material”, embora esta tenha diminuído 26% de 1980 a 2007, o PIB global aumentou em 120% e a população mundial aumentou em 50% o que resultou em aumento absoluto de 62% na extração global de recursos . Para provar isso, Georgescu provavelmente apontaria o relatório Living Planet de 2010 que revela que a Pegada Ecológica da humanidade mais que duplicou desde 1966. Em 2007, o último ano para o qual se têm dados, a humanidade usava o equivalente a um planeta e meio para suportar suas atividades. Ou seja, estamos usando em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor. Essa economia é qualquer coisa menos sustentável.
IHU On-Line – Quais as implicações do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen para a ciência econômica de forma geral e para o debate sobre desenvolvimento sustentável nos dias atuais?
Andrei Cechin – A implicação mais direta para a ciência econômica é a de que o processo econômico não pode contrariar as leis da física, entre elas a Lei da Entropia. Por isso, não pode ser mais representado como um digrama circular isolado do ambiente material. Deve ser encarado como um sistema aberto trocando energia e matéria com o ambiente, ou melhor, degradando energia e matéria para manter a própria organização. Como ele é um subsistema, o custo de manter a própria organização é o aumento na entropia, a desorganização do sistema maior no qual está inserido – o ambiente. Entender a economia como um subsistema faz com que se preste atenção ao seu tamanho, à sua escala. Há, num nível mais abstrato, implicações epistemológicas mais gerais da Lei da Entropia para a ciência. Uma delas é o reconhecimento do tempo como algo irreversível. A corrente chamada de neoclássica foi construída com base em modelos da Física pré-entropia, por isso não poderia deixar de estudar os fenômenos socioeconômicos como se fossem totalmente reversíveis, e de considerar irrelevante o estudo da história para a compreensão dos fenômenos econômicos de hoje.
Desenvolvimento sustentável
Quanto ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, além de tudo que já foi dito nas respostas anteriores, se desenvolvimento exige necessariamente expansão econômica da produção e do consumo, a expressão “desenvolvimento sustentável” é uma contradição em termos, uma vez que a expansão da escala da economia provoca processos irreversíveis de degradação do mundo físico. Por isso, é preciso que o otimismo contido no ideal de desenvolvimento sustentável, ou de economia verde, seja aliado ao ceticismo da razão. O pensamento de Georgescu traz ceticismo quanto à capacidade de as economias continuarem crescendo sem solapar a base biofísica que permite a reprodução material das sociedades. Seu pensamento significou uma ruptura, uma vez que admitiu que o processo de produção econômica vem necessariamente acompanhado da geração de resíduo e poluição, sejam estes fenômenos locais ou globais, como as mudanças climáticas antropogênicas. Finalmente, uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir.
Notas:
1.– Cf. KALLIS, Giorgos; MARTINEZ-ALIER, Joan; NORGAARD, Richard B. “Paper assets, real debts: An ecological-economic exploration of the global economic crisis”. Critical perspectives on international business, vol. 5, n. 1/2, 2009, p. 14-25.
2.– Serge Latouche estará na Unisinos, para uma série de atividades, dentro da programação do Ciclo Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos. Confira a programação clicando aqui.
(IHU On-Line)

terça-feira, 30 de agosto de 2011

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Realidade nua e crua…

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A realidade nua e crua é bem simples, completamente diáfana - não precisa nenhum tratado da academia com milhões de citações para rechear o artigo - e é tão óbvio ululante que espanta a qualquer um de nós imaginar falar algo assim, que até uma criança de 5 anos entenderia...

Enfim, vale difundir o texto abaixo, enquanto um bando de desavisados sem entender nada, usa a crítica de Malthus para desfazer a Economia Ecológica, sendo que o erro de Malthus vai contra o mainstream e serviu de grande alerta para a crença absurda na infinitude do planeta, crença absurda que Stiglitz, Krugman, Rogoff, Romer, Bernanke, Trichet, etc. defendem que sim, é possível, a economia pode ser maior que a Terra e isso ainda é ensinado nas universidades para todos os estudantes de economia. Surreal. Mas a gente chega lá, ou aqui ou no Valhala, a gente vai despertar para a realidade inescapável à nossa volta.

A escolha de como despertar é que ainda não foi feita, quanto mais demora, mais rude será.

Segue artigo abaixo no original, seguido da tradução via tradutor google.

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http://www.bbc.co.uk/news/business-13764242

Hundred dollar hamburger?

14 June 2011 Last updated at 14:31 GMT

A noted environmentalist and author has claimed that the value of most global resources is 'totally under

priced' and if the true economic and environmental costs of producing meat were factored into the price

of food, a hamburger would be worth 'about one hundred dollars'.

Speaking to the BBC's Business Daily, Chandran Nair told Lesley Curwen that the current Asian model

for economic growth is broken and unsustainable.

If economic development in Asia is to continue its rapid pace, 'draconian measures are absolutely

needed' in order to combat the deterioration of the environment.

Transcript is below.

Chandran Nair: There is so much discussion about the shift of economic power from the west to the east

and much of the narrative is a western narrative. And I argue that a sort of intellectual subservience in

BBC News - Hundred dollar hamburger? Page 1 of 4

http://www.bbc.co.uk/news/business-13764242 16/6/2011

the part of many Asian policy makers and economists has resulted in a denial of the scientific based

evidence that 5 billion Asians in 2050 cannot live like the average American.

Lesley Curwen: Why not?

Chandran Nair: Simply because there isn't enough to go around. Let me give you an example for

instance. Today China is already the world's largest car market and car ownership levels in China today

are about 150 per thousand people. In the OECD countries, the levels are about 800-750, depending on

which source you go to, per thousand people. India's car ownership levels today are at about 50; Indians

even haven't started driving. And the estimates are that between China and India alone, there will be

about 1.5 billion cars, which will be three times the current world population of cars.

Lesley Curwen: In what year would that be?

Chandran Nair: In the next 30 years. So this is simply not possible for a variety of reasons including just

the nature of the ability of cities to accommodate these amount of cars, but more importantly is that there

are some estimates that it will take the entire oil shipment of Saudi Arabia just to drive cars in China and

India if they reach these levels of ownership. And I can go on to talk about meat and everything else.

Lesley Curwen: What about meat?

Chandran Nair: Well, meat consumption is a particularly interesting one given the concerns about how

inefficient meat production is in terms of converting grain to meat et cetera and the water intensity. But,

again, here is an interesting stat. Americans today consume something like 9 billion birds per year. Asia

with a population of about over 10 times that today consumes about 16 billion birds. If Asian meat

consumption increases as it is projected to, Asians in 2050 will consume something like 200 billion birds.

This again is not going to be possible because on that journey to these levels of consumption, we will

see a huge amount of collapse in terms of the ecological systems that we are very much dependent on

here.

Lesley Curwen: You are talking here aren't you about the aspirations of people to do better for their

children than they have themselves. It is such a basic human urge. Isn't it unstoppable?

Chandran Nair: You could argue it's unstoppable and then we can all stop the conversation about

climate change making the world a better place. If we don't care, because we say human nature is all

selfish and it's unstoppable, then let's just hope for the best. But hope is not a plan.

Lesley Curwen: If policies are going to constrain economic growth in Asia, in particular, then how do you

get governments to adopt that, because surely in democracies people aren't going to vote for it and is it

likely that a country like China would willingly adopt that when so far what we have seen is 'let's have

more growth' from the Chinese government?

Chandran Nair: I think we need to move beyond this very simplistic notion about what economic growth

is. I think what we are all interested in is development. I argue in the book that it's actually in the interest

of governments in Asia to start addressing this problem immediately. A shift, a change in direction will

provide them with a better opportunity to uplift the majority.

Lesley Curwen: Are you actually saying there should be limits imposed on the number of people who

can own cars in Asian economies, the number of people who can eat meat, is that enforceable?

Chandran Nair: Draconian measures are absolutely needed. We have draconian measures in many

aspects of our lives today. I mean we have draconian measures, that don't allow you and I -I don't smoke

- to smoke indoors. Some governments might decide that there would be restrictions on car ownerships,

which some governments already do. These interventions can be very direct, but they can also be

through fiscal means and taxation, et cetera.

The current economic model is based on one very important thing and that is the under pricing of

resources. Most global resources have been totally under priced and extreme capitalism has thrived on

this. If you start pricing things properly, then clearly meat will be eaten, but people will pay a proper price

for this.

I would argue as some economists who have started to look at this issue have suggested that the price

of a burger which I think, I don't eat burgers but, range from US$3 to US$4. The actual price if you have

factored in the true economic cost of the externalities would be something like US$100. So the first step

in all of this is clearly pricing externalities properly.

Lesley Curwen: If you constrain growth in the fastest growing bit of the global economy, what does that

mean for all of us in the end?

BBC News - Hundred dollar hamburger? Page 2 of 4

http://www.bbc.co.uk/news/business-13764242 16/6/2011

Chandran Nair: This is actually the critical question, the fabricated narrative around issues of resource

limits, climate change, et cetera, would suggest that somehow free markets, technology and finance will

solve these problems.

One of the things that provoked me to write the book was, and I think this goes to the heart of the

question. When the financial crisis hit, you will remember that the urgings of most western economies

and governments was to ask Asians to consume. At the same time, we were being told that climate

change is probably the biggest challenge facing humanity. Any intelligent person knows that you cannot

reconcile asking billions of Asians to consume more like Americans and at the same time deal with

climate change.

_____

Tradução para o português via tradutor Google:

hambúrguer de 100 dólares?

14 June 2011 Last updated at 10:31 ET Help 14 de junho de 2011 Atualizado às 10:31 ET Ajuda

A noted environmentalist and author has claimed that the value of most global resources is 'totally under priced' and if the true economic and environmental costs of producing meat were factored into the price of food, a hamburger would be worth 'about one hundred dollars'. A ambientalista e escritora afirmou que o valor da maioria dos recursos globais é 'totalmente sob preço e se os custos econômicos e ambientais da produção de carne foram tidos em conta no preço dos alimentos, um hambúrguer valeria a pena "cerca de cem dólares" .

Speaking to the BBC's Business Daily, Chandran Nair told Lesley Curwen that the current Asian model for economic growth is broken and unsustainable. Falando aos negócios da BBC, Daily, Chandran Nair disse Lesley Curwen que o atual modelo de crescimento económico da Ásia está quebrado e insustentável.

If economic development in Asia is to continue its rapid pace, 'draconian measures are absolutely needed' in order to combat the deterioration of the environment. Se o desenvolvimento econômico na Ásia está a prosseguir o seu ritmo acelerado, "medidas draconianas são absolutamente necessários" para combater a deterioração do meio ambiente.

Transcript is below. Transcrição está abaixo.

Chandran Nair : There is so much discussion about the shift of economic power from the west to the east and much of the narrative is a western narrative. Chandran Nascimento: Não há tanta discussão sobre a mudança do poder econômico do oeste para o leste e grande parte da narrativa é uma narrativa ocidental. And I argue that a sort of intellectual subservience in the part of many Asian policy makers and economists has resulted in a denial of the scientific based evidence that 5 billion Asians in 2050 cannot live like the average American. E defendo que uma espécie de subserviência intelectual na parte de muitos políticos e economistas asiáticos resultou em uma negação da evidência científica, baseada asiáticos que 5.000 milhões em 2050, não pode viver como o americano médio.

Lesley Curwen : Why not? Lesley Curwen: Por que não?

Chandran Nair: Simply because there isn't enough to go around. Chandran Nair: Simplesmente porque não há o suficiente para ir ao redor. Let me give you an example for instance. Deixe-me dar um exemplo por exemplo. Today China is already the world's largest car market and car ownership levels in China today are about 150 per thousand people. Hoje, a China já está no mercado o maior do mundo automóvel e os níveis de aquisição de automóveis na China de hoje são cerca de 150 por mil pessoas. In the OECD countries, the levels are about 800-750, depending on which source you go to, per thousand people. Nos países da OCDE, os níveis são cerca de 800-750, dependendo da fonte que você vai, por lote de mil pessoas. India's car ownership levels today are at about 50; Indians even haven't started driving. carro da Índia posse hoje os níveis são cerca de 50, os índios ainda não começou a dirigir. And the estimates are that between China and India alone, there will be about 1.5 billion cars, which will be three times the current world population of cars. E as estimativas são de que entre a China e Índia, haverá cerca de 1.500 milhões de automóveis, que será três vezes a atual população mundial de automóveis.

Lesley Curwen: In what year would that be? Lesley Curwen: Em que ano seria esse?

Chandran Nair: In the next 30 years. Chandran Nair: Nos próximos 30 anos. So this is simply not possible for a variety of reasons including just the nature of the ability of cities to accommodate these amount of cars, but more importantly is that there are some estimates that it will take the entire oil shipment of Saudi Arabia just to drive cars in China and India if they reach these levels of ownership. Então, isso simplesmente não é possível para uma variedade de razões, incluindo apenas a natureza da capacidade das cidades para acomodar essas quantidade de carros, mas o mais importante é que existem algumas estimativas que vai levar à transferência de petróleo da Arábia Saudita inteira apenas para conduzir carros na China e Índia se alcançar estes níveis de propriedade. And I can go on to talk about meat and everything else. E eu posso ir a falar sobre a carne e tudo mais.

Lesley Curwen: What about meat? Lesley Curwen: Que sobre a carne?

Chandran Nair: Well, meat consumption is a particularly interesting one given the concerns about how inefficient meat production is in terms of converting grain to meat et cetera and the water intensity. Chandran Nair: Bem, o consumo de carne é uma interessante um sobretudo tendo em conta as preocupações sobre como a produção de carne é ineficiente em termos de conversão de grãos para carne et cetera e da intensidade da água. But, again, here is an interesting stat. Mas, novamente, aqui está uma estatística interessante. Americans today consume something like 9 billion birds per year. hoje os americanos consomem algo como 9000 milhões de aves por ano.Asia with a population of about over 10 times that today consumes about 16 billion birds. Ásia, com uma população de cerca de 10 vezes mais que hoje consome cerca de 16 bilhões de aves. If Asian meat consumption increases as it is projected to, Asians in 2050 will consume something like 200 billion birds. Se aumenta o consumo de carne asiáticos como a previsão é que, asiáticos em 2050, vai consumir algo como 200 bilhões de aves. This again is not going to be possible because on that journey to these levels of consumption, we will see a huge amount of collapse in terms of the ecological systems that we are very much dependent on here. E isso também não vai ser possível porque nessa viagem a esses níveis de consumo, veremos uma enorme quantidade de colapso em termos de sistemas ecológicos que estamos muito dependentes aqui.

Lesley Curwen: You are talking here aren't you about the aspirations of people to do better for their children than they have themselves. Lesley Curwen: Você está falando aqui não é você sobre as aspirações das pessoas a fazer melhor para seus filhos do que eles próprios. It is such a basic human urge. É como que um impulso humano básico. Isn't it unstoppable? Não é imparável?

Chandran Nair: You could argue it's unstoppable and then we can all stop the conversation about climate change making the world a better place. Chandran Nair: Você pode argumentar que é imparável e, em seguida, todos nós podemos parar a conversa sobre as mudanças climáticas tornando o mundo um lugar melhor. If we don't care, because we say human nature is all selfish and it's unstoppable, then let's just hope for the best. Se nós não nos importamos, porque dizemos que a natureza humana é tudo egoísta e é imparável, então vamos apenas esperar pelo melhor. But hope is not a plan. Mas a esperança não é um plano.

Lesley Curwen: If policies are going to constrain economic growth in Asia, in particular, then how do you get governments to adopt that, because surely in democracies people aren't going to vote for it and is it likely that a country like China would willingly adopt that when so far what we have seen is 'let's have more growth' from the Chinese government? Lesley Curwen: Se as políticas vão restringir o crescimento econômico na Ásia, em particular, então como você levar os governos a adoptar que, nas democracias, porque certamente as pessoas não vão votar por ele e é provável que um país como a China voluntariamente adotar essa medida, quando o que temos visto é "vamos ter mais crescimento" do governo chinês?

Chandran Nair: I think we need to move beyond this very simplistic notion about what economic growth is.Chandran Nascimento: Eu acho que precisamos de ultrapassar esta noção muito simplista sobre o crescimento econômico. I think what we are all interested in is development. Acho que todos nós estamos interessados ​​é o desenvolvimento. I argue in the book that it's actually in the interest of governments in Asia to start addressing this problem immediately. Eu argumento no livro que é realmente do interesse dos governos na Ásia para começar a tratar este problema imediatamente. A shift, a change in direction will provide them with a better opportunity to uplift the majority. Uma mudança, uma mudança de rumo irá proporcionar-lhes uma melhor oportunidade para elevar a maioria.

Lesley Curwen: Are you actually saying there should be limits imposed on the number of people who can own cars in Asian economies, the number of people who can eat meat, is that enforceable? Lesley Curwen: Você está realmente dizendo que deveria haver limites impostos ao número de pessoas que podem possuir carros nas economias asiáticas, o número de pessoas que podem comer carne, é que o executivo?

Chandran Nair: Draconian measures are absolutely needed. Chandran Nair: draconianas medidas são absolutamente necessárias. We have draconian measures in many aspects of our lives today. Nós temos medidas draconianas em muitos aspectos de nossas vidas hoje. I mean we have draconian measures, that don't allow you and I -I don't smoke- to smoke indoors. Quero dizer, nós temos medidas draconianas, que não permitem que você e eu, eu não fumo, fumar em ambientes fechados. Some governments might decide that there would be restrictions on car ownerships, which some governments already do. Alguns governos podem decidir que não haveria restrições posses carro, que alguns governos já fazem. These interventions can be very direct, but they can also be through fiscal means and taxation, et cetera. Essas intervenções podem ser muito directa, mas também pode ser através de meios fiscais e tributários, et cetera.

The current economic model is based on one very important thing and that is the under pricing of resources. O atual modelo econômico é baseado em uma coisa muito importante e que é a subavaliação dos recursos. Most global resources have been totally under priced and extreme capitalism has thrived on this. A maioria dos recursos globais foram totalmente sob o capitalismo ea preços extremamente prosperou sobre este assunto. If you start pricing things properly, then clearly meat will be eaten, but people will pay a proper price for this. Se você começar coisas preços corretamente, então é claro que a carne vai ser comido, mas as pessoas vão pagar um preço adequado para isso.

I would argue as some economists who have started to look at this issue have suggested that the price of a burger which I think, I don't eat burgers but, range from US$3 to US$4. Eu diria, como alguns economistas que começaram a olhar para esta questão têm sugerido que o preço de um hambúrguer que eu penso, eu não comer hambúrgueres, mas variam de EUA $ 3 a 4 dólares EUA. The actual price if you have factored in the true economic cost of the externalities would be something like US$100. O preço real se você tiver consignado no custo económico real das externalidades seria algo como 100 dólares EUA. So the first step in all of this is clearly pricing externalities properly. Então o primeiro passo em tudo isso é claramente de preços externos de forma adequada.

Lesley Curwen: If you constrain growth in the fastest growing bit of the global economy, what does that mean for all of us in the end? Lesley Curwen: Se você limitar o crescimento no cultivo pouco mais rápido da economia global, o que isso significa para todos nós no final?

Chandran Nair: This is actually the critical question, the fabricated narrative around issues of resource limits, climate change, et cetera, would suggest that somehow free markets, technology and finance will solve these problems. Chandran Nascimento: Esta é realmente a questão crucial, a narrativa fabricados em torno de questões de limites de recursos, as alterações climáticas, et cetera, sugiro que de alguma forma livres mercados, tecnologia e finanças irá resolver estes problemas.

One of the things that provoked me to write the book was, and I think this goes to the heart of the question. Uma das coisas que me provocaram a escrever o livro foi, e eu acho que esse vai ao cerne da questão. When the financial crisis hit, you will remember that the urgings of most western economies and governments was to ask Asians to consume. Quando a crise financeira, você vai se lembrar que a insistência da maioria das economias ocidentais e os governos asiáticos foi perguntar para o consumo. At the same time, we were being told that climate change is probably the biggest challenge facing humanity. Ao mesmo tempo, estamos sendo informados de que as alterações climáticas são provavelmente o maior desafio enfrentado pela humanidade. Any intelligent person knows that you cannot reconcile asking billions of Asians to consume more like Americans and at the same time deal with climate change. Qualquer pessoa inteligente sabe que não é possível conciliar a pedir bilhões de asiáticos que consomem mais, como os americanos e, ao mesmo tempo lidar com as mudanças climáticas.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Entrevista Revista Ambiente Urbano

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Entrevista da Revista Ambiente Urbano, feita pela jornalista Fernanda Correia.
Entrevista Hugo Penteado


Economia e ecologia se misturam sim!

À medida que a economia global cresce, a disposição dos recursos naturais diminui. É esta a conta que levou alguns economistas a buscar uma nova corrente de pensamento e que vem obrigando o mercado a se enquadrar nela.

Assim como Nicolau Copérnico afirmou em 1543 que não era o Sol que girava em torno da Terra, mas o contrário, os ecoeconomistas vêm assumindo a responsabilidade de trazer à humanidade uma nova versão de nossa relação com a economia.

Nesta entrevista, o ecoeconomista Hugo Penteado mostra porque a economia não pode mais continuar no centro de nosso mundo.



Ambiente Urbano: O que é a Economia Ecológica?


Hugo Penteado: A Economia Ecológica é uma critica que foi feita há mais ou menos 50 anos, a partir dos trabalhos do Nicholas Georgescu-Roegen, um excelente cientista nascido em 1906 e morto em 1994, que iniciou a sua carreira como um economista tradicional. Roegen estudou nas melhores universidades dos Estados Unidos, país onde se naturalizou. Grande parte da teórica econômica tradicional não existiria sem a contribuição dele. A Teoria do Consumo, por exemplo, tem uma contribuição gigante do Roegen. No início da década de 60, ele começou a criticar a teoria econômica tradicional por um motivo muito simples: ao retornar ao seu país de origem [Romênia], com toda a bagagem de conhecimento que adquiriu nos Estados Unidos, ele tentou contribuir para a melhoria do país e se frustrou completamente, pois percebeu que a teoria econômica tradicional não ignora apenas a questão ambiental e planetária, mas ignora também as diferenças históricas, culturais, sociais e humanas. Foi então que ele descobriu que essa teoria não seria aplicável na Romênia, por ser um país pobre, agrário e populoso demais para a extensão territorial disponível; então, ele descobriu que a melhor solução seria uma reforma agrária que pudesse resolver os problemas que a Romênia estava enfrentando.

A outra crítica foi quando ele percebeu que os economistas trabalham em um sistema econômico autista, sem contato algum com o meio ambiente. É o mito da separação total entre economia e meio ambiente, que é válido até os tempos atuais.


AU: Qual a visão da economia para os recursos naturais?


Penteado: Os recursos naturais são considerados infindáveis, inesgotáveis e inalteráveis, e isso está impresso na moderna macroeconomia, que rege as visões de mundo, as políticas econômicas e as propostas que são feitas diariamente. Quando Roegen percebeu isso, ele disse que, se este modelo persistisse, o planeta Terra seria entregue à vida bacteriana.


AU: Há quanto tempo ele fez essas críticas?


Penteado: Em meados da década de 60. A crítica dele foi muito semelhante à visão dos poucos cientistas que descobriram que a Terra não era o centro do Universo, mas sim que ela girava em torno do Sol. Nós vemos acontecer a mesma coisa com o sistema econômico, que é menor, vulnerável e dependente, ou seja, que é um subsistema do planeta.


AU: Isso significa que a economia ecológica provoca uma inversão de eixo semelhante àquela visão que a humanidade tinha no passado, ao acreditar que a Terra era o centro do Universo?


Penteado: Sim. Hoje é como se a gente acreditasse que a economia é o centro de todas as atenções, o que não é, na verdade. A economia é um subsistema dependente do planeta, e é preciso trabalhar esta inversão.
A economia deve se adaptar a um novo paradigma que vem se mostrando cada vez mais contundente. O paradigma econômico está caminhando para uma quebra muito grande porque não é capaz de explicar os problemas que estamos enfrentando, até porque não existe uma só variável no modelo dos economistas que contabilize a contribuição do meio ambiente para o processo econômico.


AU: E como é possível aliar a economia ao meio ambiente? O senhor acredita que estamos caminhando para isso?


Penteado: A sua pergunta já reflete o mito que incutiram em nós. A sua pergunta parte do princípio "como vamos conciliar economia com o meio ambiente" e a resposta é: não vamos conciliar, já está conciliado. Não existe economia sem meio ambiente. Tudo à nossa volta vem do meio ambiente, e isso é muito engraçado porque a gente nem percebe. Eu vou te dar um exemplo: a humanidade tem um nível de arrogância gigante. A gente acha que criou mundos artificiais, com alta tecnologia, urbanização... Eu vivo em uma cidade em São Paulo e preciso de dois itens para sobreviver: água e comida. E de onde vem a água e a comida?


AU: Dos recursos naturais.


Penteado: Então. E é isso que as pessoas não entendem. Nós consideramos que os quatro bens indispensáveis à vida - água, comida, energia e clima - são gratuitos. Só que não são, e estamos correndo o risco de ficar sem eles.
A maior ameaça do aquecimento global não é apenas a elevação do nível dos oceanos: o fim da água é a maior ameaça. O Brasil se vangloria em ter 16% da água doce do mundo na Amazônia. No entanto, 50% da água da Amazônia vêm da evaporação dos oceanos que é retida pela floresta. Já os outros 50% vêm da transpiração da floresta: ou seja, se retirar a floresta, não restará mais água nenhuma.


AU: Quer dizer que sem a Amazônia, não haverá mais vida?


Penteado: Todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos. Quando a gente fala da defesa da Amazônia, não é a Amazônia que a gente quer defender, mas sim a nós mesmos, a nossa capacidade de sobrevivência, a capacidade de o planeta continuar sustentando a vida. A mesma coisa se aplica à biodiversidade. Ela não serve para que se tenha uma série de bichinhos diferentes; na verdade, se todos os animais e plantas sumissem da Terra, a água some junto. A água é um elemento vivo, não pode nem mesmo ser estocada. Então, quando a gente toma um copo de água, temos de nos lembrar de agradecer às infinitas quantidades de seres vivos que filtraram essa água para nós.


AU: O senhor acredita que ainda conseguiremos reverter os problemas ambientais que se apresentam?


Penteado: Creio que seja muito tarde para se conseguir evitar mudanças. Já estamos em meio a uma transformação e existem várias evidências disso. Na paleontologia, por exemplo, existe um registro confirmado [depois de 40 anos de estudo] da terceira maior extinção em massa de espécies animais e vegetais. A humanidade colocou a vida deste planeta na terceira maior rota de extinção dos últimos 65 milhões de anos, e isso aconteceu em décadas, através de nosso processo econômico. É muita ingenuidade acreditar que esta extinção jamais irá se voltar contra os causadores. E lembrando: o ponto de partida da economia ecológica e da sustentabilidade é a plena convicção de vários pontos importantes. Primeiro, todos os seres vivos da Terra dependem de todos os seres vivos, e toda espécie animal que não for capaz de compartilhar o ecossistema com as demais espécies está fadada ao desaparecimento. A segunda consequência é a nossa falta de consciência generalizada, pois tratamos a Terra como se fosse uma lixeira. Isso graças à economia criada por nós, que valoriza o descarte imediato dos bens e o desperdício.


AU: E como fazer isso?


Penteado: Estamos acostumados a desperdiçar, a descartar imediatamente os bens, graças a uma cultura que nós criamos. Então, a economia precisa ser desmaterializada, os valores precisam mudar. Precisa doer no coração jogar alguma coisa no lixo, porque jogar no lixo é um mito. Não existe essa de jogar alguma coisa fora. O sistema terrestre é fechado e a maior parte do lixo urbano vira lixo oceânico, e é do oceano que vem o oxigênio que a gente respira. E o mais assustador dessa história toda é a forma como as coisas já estão se alterando rapidamente: a Índia não produz mais açúcar e arroz; a Austrália não produz mais leite; na África, o lago Chade, que é um dos maiores reservatórios históricos de água, está a ponto de desaparecer, causando uma tragédia colossal.

O problema ambiental é uma consequência do comportamento da humanidade, do nosso modelo de consumo, crescimento e produção. Se queremos resolvê-lo, é preciso atacar as causas, mas o tipo de abordagem que se vê por aí é voltado para resolver as conse-quências. Não há problema nenhum se eu jogar um balde de lama na sala, pois basta eu inventar um aparelho para limpar a sujeira que está tudo certo. Toda a tecnologia hoje é trabalhada desta forma. A tecnologia não é utilizada para evitar problemas, mas sim resolver problemas que ela mesma cria.


AU: Isso mostra o quanto o modelo implantado necessita de mudanças.


Penteado: Nós não temos um sistema economico voltado para pessoas, mas pessoas voltadas para um sistema econômico. O sistema econômico se tornou mais importante do que as pessoas.

Há uma definição de riqueza, dita há uns duzentos anos, e que deveríamos voltar a ela: “Riqueza é tudo aquilo que sustenta a vida”. Logo vamos descobrir que somos extremamente pobres, porque a riqueza que estamos produzindo não sustenta a vida na Terra e nós somos parte desta vida. A longo prazo, se continuarmos assim, a probabilidade de a humanidade terminar o século XXI é baixa. (Fonte: Revista Ambiente Urbano)


Publicado em: 13/11/2009

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