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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ECOLOGIA...

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Autor desconhecido.


Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa que ela deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que os sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente...

A senhora pediu desculpas e disse: “No meu tempo não havia essa onda verde...”

O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o meio ambiente."

"Você está certo", responde a senhora, nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e de cerveja eram devolvidos à loja, que as mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes elétricas nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar carros de 150 cavalos de potência, consumindo gasolina para deslocamentos de apenas quatro quarteirões.

Mas você está certo, nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. A secagem das roupas não era feita em máquinas bamboleantes de 220 volts. Energia solar e eólica é que secavam nossas roupas. As crianças usavam roupas que tinham sido dos seus irmãos ou parentes mais velhos, e não roupas sempre novas, descartáveis e de grife.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois serão descartadas como? E não havia videogames que hoje ficam ligados por muitas horas, todos de plástico.

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo frágil para envio pelo correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a se degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina para cortar a grama, era utilizado uma tesoura de jardineiro ou um cortador de grama que exigia músculos. Fazíamos exercícios suficientes para não precisar ir a uma academia e usar esteiras que funcionam à eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Quando estávamos com sede, bebíamos água diretamente da torneira ou de uma bica, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas, eram recarregáveis com tinta umas centenas de vezes ao invés de comprar e descartar essas de plástico. Para se barbear utilizávamos as navalhas, ou aparelhos metálicos, ao invés de jogar fora a cada semana os pequenos aparelhos de plástico...

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou de ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas.

Nas residências havia somente uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS (de plástico e que utilizam pilhas com metais pesados) para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Terra termina recursos do ano no sábado, calcula ONG

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16/08/2010 - 15h19 FOLHA DE SÃO PAULO

Terra termina recursos do ano no sábado, calcula ONG

DA FRANCE PRESSE, EM PARIS

No próximo sábado (21), os habitantes da Terra terão esgotado todos os recursos que o planeta lhes proporciona para o período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN).

De acordo com o estudo, "foram necessários 9 meses para esgotar o total do período", em termos ecológicos.

A GFN calcula periodicamente o dia em que vão se esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer pelo período de um ano, consumidos pela humanidade, aí incluídos o fornecimento de água doce e matérias-primas, entre elas as alimentares.

Para 2010, a ONG prevê o "Earth Overshoot Day" (ou Dia do Excesso, em tradução livre), no próximo sábado, significando que em menos de nove meses esgotamos o que seria o orçamento ecológico do ano, diz o presidente da GFN, Mathis Wackernagel.

No ano passado, segundo ele, o limite foi atingido no dia 25 de setembro, mas não é que o desperdício tenha sido diferente.

"Este ano revisamos os nossos próprios dados, verificando que, até então, havíamos superestimado a produtividade das florestas e pastos: exageramos a capacidade da Terra" de se regenerar e absorver nossos excessos.

Para o cálculo, a GFN baseia-se numa equação formada pelo fornecimento de serviços e de recursos pela natureza e os compara ao consumo humano, aos dejetos e aos resíduos --as emissões poluentes, como o CO².

"Em 1980, a nossa "pegada ecológica" foi equivalente aos recursos disponíveis da Terra. Hoje, é de 50 % a mais, explica a ONG.


ORÇAMENTO

Assim, "se você gasta seu orçamento anual em nove meses, deve ficar provavelmente muito preocupado: a situação não é menos grave quando se trata de nosso orçamento ecológico", explica Wackernagel.

"A mudança climática, a perda da biodiversidade, o desmatamento, a falta de água e de alimentos são sinais de que não podemos mais continuar a consumir o nosso crédito", completa.

Para inverter a tendência, é preciso "que a população mundial comece a diminuir" --um tabu que começa a ser desmistificado pouco a pouco entre os demógrafos e os defensores do meio ambiente, inclusive no seio das Nações Unidas.

"As pessoas pensam que seria terrível mas, para nós, representaria uma vantagem econômica. É uma escolha", comenta Wackernagel.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Descartáveis - Blog Ascendidamente

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Tenho um porta-lápis lotado de canetas promocionais que ganho em eventos. Quando acabam, vão para o lixo. É assim desde que eu era criança, com as inúmeras canetas esferográficas. Ao final de cada ano, um estojo de canetinhas hidrográficas ia para o lixo.

Canetas de plástico são embalagens para a tinta, que é o que usamos para escrever. Assim como as centenas de copos plásticos de iogurte ou requeijão que devo ter jogado fora ao longo da minha vida. Mas e o que dizer de certos aparelhos de barbear que não permitem que você troque as lâminas? Uma vez perdido o corte, o destino é o lixo. Ou ainda, dos copos plásticos? Porque neste caso não se trata da embalagem. Trata-se do produto em si.

Quando o hábito era comprar tecido para se fazer a roupa, o corte era sempre mais clássico, pois ela tinha que durar mais. Atualmente, a modinha acessível das lojas da José Paulino ou do Brás, aqui em São Paulo, permite o descarte das peças tão logo a estação tenha acabado. Sei de quem compra meias e as joga fora quando ficam sujas, pois seu custo é tão baixo que permite descartar (perdão pelo trocadilho infame) a etapa de lavagem do produto.

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domingo, 25 de janeiro de 2009

A história das coisas

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A história das coisas é um vídeo bem elucidativo sobre como caminha a humanidade, os processos degenerativos antinaturais que criamos, nossa cegueira e nosso destino final. Nós iremos virar lixo porque tratamos o planeta como se fosse lixeira. Ser lixo planetário significa ser extinto. É isso que estamos perseguindo hoje, todos os dias, desde a hora que acordamos até a hora que dormimos.

Segue link para o vídeo: http://www.unichem.com.br/videos.php que também pode ser encontrado no www.youtube.com, basta para isso digitar "the story of stuff" no campo de busca, onde há também versões em português e legendadas.

Essa é a visão da economia ecológica do sistema defendido pelos economistas tradicionais. Mostra claramente a forma como os economistas ignoraram a relação do sistema todo com o planeta e isso será a causa do nosso extermínio, algo que as pessoas ainda não entenderem, principalmente aquelas que dão ouvidos a um estatístico que nunca foi cientista planetário como o Bjorn Lomborg, cuja conversão foi feita através da leitura de outro iluminado, chamado Julien Simon (in memorium) que dizia ser possível a humanidade ter um trilhão de pessoas num planeta finito como a Terra. De quais economistas estamos falando? Todos os assessores do governo Obama, todos os laureados pelo prêmio Nobel de economia (menos importante, para não dizer fajuto, pois não é o da fundação Nobel).

Vale uma correção: é a forma como as pessoas gostaram que os economistas ignorassem a relação do sistema todo com o planeta ao invés de falar a verdade e isso é que será nosso extermínio, afinal as pessoas gostam desse discurso, por interesse próprio e ai daquele que falar algo diferente. Quando nossos interesses estão em foco, somos os piores juízes das nossas ações, escreveu Aristóteles. Afinal os economistas tinham que agradar seus interlocutores e nem se importam mais com as besteiras que defendem quando se trata de recursos naturais, ecológicos, planeta versus economia. Até hoje eles ainda acreditam que economia e meio ambiente estão separados e pregam a necessidade de se fazer investimentos ambientais, como se existisse algum investimento na economia que não fosse ambiental.




quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Proposta da ONU

Fizeram uma lavagem cerebral para a gente comer carne como se fôssemos carnívoros, só que não somos. A nossa saliva é alcalina, a do carnívoro é ácida, a carne já derrete na boca. O nosso estômago produz um pinguelo de ácido clorídrigo, o carnívoro produz quantidade dez vezez maior. Quando a carne chega no nosso intestino, percorre um percurso longuíssimo; no carnívero o trajeto é curto. Segundo os médicos, só conseguimos digerir de 30 a 40 gramas de carne a cada 3 ou 4 horas, o resto vira bolo fecal de carne podre, mandando toxinas e causando doenças diversas, entre elas o câncer. A indústria alimentícia que saqueia nosso planeta não agradece sozinha, a químico-farmacêutica também agradece!

Em relação a essa proposta da ONU eles esqueceram de avisar os chineses: o consumo de carne per capita lá aumentou 300%. De novo: a indústria alimentícia que saqueia nosso planeta não agradece sozinha, a químico-farmacêutica também agradece!

Somos um bando de pessoas que não entendemos nem a ecologia do nosso corpo, o que se dirá do planeta.

ONU propõe que se coma menos carne para lutar contra a mudança climática
da France Presse, em Londres


As pessoas deveriam reduzir o consumo de carne como contribuição pessoal para combater a mudança climática, segundo um especialista da ONU em entrevista neste domingo a um jornal britânico.
Rajenda Pachauri, presidente do IPCC (Painel Intergovernamental de Especialistas das Nações Unidas sobre Mudança Climática) declarou ao jornal "The Observer" que as pessoas deveriam começar a deixar de comer carne um dia por semana para, posteriormente, ir reduzindo ainda mais o consumo.
O economista indiano argumenta que uma mudança na dieta seria muito importante na luta contra a mudança climática porque, com a redução do consumo de carne, se reduziria também as emissões de gases de efeito estufa e problemas ambientais como a destruição de habitats naturais pela criação de gado.
O especialista de 68 anos, vegetariano convicto, oferecerá na segunda-feira uma palestra em Londres sobre "Aquecimento climático: o impacto da produção e o consumo de carne na mudança climática".
Em um relatório de 2007, o IPCC alertou que, se não forem tomadas medidas, a mudança climática provocará a fome, secas, tempestades e perdas em massa de espécies.
Este grupo ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2007 junto com o ex-vice-presidente americano Al Gore.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

A verdade que dói

A riqueza, a hipocrisia e o fim do mundo

Querem saber qual é o problema ambiental mais grave do planeta? Não titubeio em dizer: a riqueza, ou melhor, o "desenvolvimento". Os padrões ocidentais de riqueza e desenvolvimento. E não me refiro apenas à riqueza dos países desenvolvidos com seus padrões de consumo irresponsáveis. Em países "em desenvolvimento" também há o tipo de riqueza a que me refiro. Não queremos todos alcançar um nível de vida típico de classe média americana, nós da classe pensante brasileira? Até onde posso ver, é comum o desejo de possuir carros. Para aplacar a consciência, exigimos carros flex, ou a álcool, ou doravante movido a qualquer biocombustível, mas ignoramos tranqüilamente as montanhas de minério de Minas Gerais e do Pará literalmente transportadas para as siderúrgicas para retirada de ferro e alumínio destes mesmos carros. Alguém tem idéia do impacto disto? Alguém se predispõe a protestar contra o desejo de possuir um carro? Não, é melhor ser hipócrita. Bastam os biocombustíveis, aliás cultivados utilizando-se insumos agrícolas produzidos com o uso de combustíveis fósseis ou de recursos minerais não renováveis. Sim, porque pouquíssimos estariam dispostos a pagar por biocombustíveis totalmente orgânicos (alguém já viu os preços de hortaliças orgânicas?). Um outro grande desejo humano é ter casa, e a classe média bem informada prefere apartamentos, talvez na beira da praia, tirando a vista dos outros do mar. Uma surpresa para os que acham que só os grandes empresários e os agricultores do mal produzem gases de efeito estufa: a produção do cimento de seu apartamento comprado a suadas prestações é feita a partir da calcinação do carbonato de cálcio: CaCO3 → CaO + CO2. Este CO2 aí no final é o dióxido de carbono, principal gás de efeito estufa. Alguém se propõe a combater a construção de casas? Não, é melhor ser hipócrita. A vaquinha que produziu a picanha que entusiasticamente queimamos no fim de semana produz uma quantidade não desprezível de metano, um gás de efeito estufa mais poderoso que o CO2, imaginem quanto metano produzem vaquinhas para alimentar 6 bilhões de bocas. Ah, você não come carne? Um dos maiores produtores de metano no planeta são os plantios de arroz inundado. Você é um ambientalista ativamente preocupado com a possibilidade de construção de usinas nucleares? Orgulhoso porque o Brasil produz energia a partir da água, um recurso natural renovável? As hidrelétricas estão bem, obrigado, produzindo quantidades nada desprezíveis de metano. Creiam-me, pouquíssimos estão dispostos a realmente fazer as mudanças necessárias para que vivamos numa sociedade realmente sustentável. Modernizando a imagem que Cristo utiliza no Novo Testamento para descrever os hipócritas, preferimos ser sepulcros caiados exalando metano pelas mal disfarçadas rachaduras.

Ítalo M. R. Guedes

terça-feira, 1 de julho de 2008

Crescimento econômico, consumo e meio ambiente

Por Ademar Ribeiro Romeiro*

Entre as pessoas sensíveis à problemática ambiental, é amplamente aceita a idéia de que é necessário mudar os hábitos de consumo, de modo a torná-los compatíveis com a preservação do meio ambiente. Essa mudança pode assumir, entretanto, graus distintos em termos de esforço de adaptação e/ou custo monetário, com impactos também distintos em termos da redução dos danos ambientais. Há mudanças que envolvem apenas custo monetário, como no caso da substituição de produtos: por exemplo, produtos não-degradáveis ou contaminados por outros, degradáveis ou não contaminados, mas mais caros. Outras podem até implicar numa redução do custo monetário, mas exigem mais trabalho doméstico de manipulação e disposição de produtos, como é o caso com a substituição de embalagens one way, por embalagens retornáveis. Há, ainda, aquelas mais "radicais" em termos de esforço pessoal, como no caso da troca do transporte individual pelo transporte público.

Para a maioria dessas pessoas, a generalização de um consumo ambientalmente responsável, juntamente com uma produção "limpa", seria a solução para o problema ambiental. A idéia de que o crescimento do consumo em si mesmo é um problema, independente deste ser ambientalmente correto ou não, é bem mais difícil de ser aceita, ou mesmo entendida. Consumir de modo ambientalmente correto é fundamental, mas não elimina o fato de que a Terra e sua capacidade de reciclagem não são infinitas. Mesmo que houvesse disponibilidade ilimitada de energia limpa (por exemplo, energia a partir da fusão nuclear), seu uso não poderia ser ilimitado devido à entropia gerada, desde a produção mesma da energia (o resfriamento dos reatores nucleares na França, por exemplo, utiliza um terço da água de superfície disponível), passando pelos resíduos gerados pelas atividades produtivas, até sua reciclagem final pelos ecossistemas. Esta constatação remete ao velho debate sobre crescimento zero, iniciado teoricamente há quase 40 anos atrás por Nicolas Georgescu-Roegen, em sua obra magna A lei da entropia e o processo econômico[1] e empiricamente pelo relatório do chamado Clube de Roma[2].

Em recente trabalho intitulado "As conseqüências morais do crescimento econômico", Benjamin Friedman, da Universidade de Harvard[3], faz uma excelente revisão histórica e teórica do crescimento econômico, para defender a idéia de que este tem que ser infinito, por ser uma condição necessária para a paz social e harmonia entre as nações. Não se trata aqui de defender o crescimento econômico apenas considerando a presente situação de desigualdade e pobreza entre as nações. Mas da idéia de que mesmo em nações altamente desenvolvidas o crescimento econômico será sempre necessário para a paz social. O problema de sustentabilidade, que decorre dessa perspectiva, é praticamente desconsiderado com o recurso da "varinha mágica" de progresso técnico, que tudo resolveria.

De fato, a forma como a economia está estruturada e as expectativas de consumo das pessoas tornam necessário esse processo casado de expansão da produção e de criação incessante de novas necessidades de consumo. A ausência de crescimento econômico provoca problemas mesmo em economias como a japonesa, com altíssima renda per capita e demografia estabilizada. Não há receitas prontas de políticas públicas para resolver esse impasse. O mais razoável, e democrático, seria um cenário em que progressivamente, pelo aumento da consciência ecológica, a população fosse mudando as proporções do conteúdo de sua "cesta de consumo": de bens materiais para bens imateriais que exigem muito pouco suporte material para seu usufruto (bens e serviços culturais, esportivos e de lazer).

Como reforço à consciência ecológica, há o questionamento mais geral da capacidade da nossa sociedade de consumo em satisfazer os anseios da população por uma vida mais feliz. Este é também um velho debate que começa, precisamente, quando o crescimento econômico dava mostras de que poderia resolver definitivamente os problemas de penúria material, que durante toda a história humana atormentou a grande maioria da população[4]. A questão que se colocava era se, a partir do momento em que as necessidades materiais para uma vida confortável fossem atingidas, não haveria outros objetivos a perseguir para uma vida feliz? Nos EUA, o questionamento da idéia de que "mais é sempre melhor" começou quando repetidos surveys (Gallup e National Opinion Research Center) mostraram que o crescimento da renda não foi acompanhado de um aumento da felicidade das pessoas tal como elas percebiam isto.

Os resultados dessas pesquisas foram analisados por Richard Easterlin, que constatou que havia uma correlação positiva, no mesmo período de tempo, entre o nível de renda e o grau de felicidade declarada, na medida em que se subia na escala de renda (ou seja, uma maior proporção de pessoas se declarava felizes nos extratos superiores de renda); entretanto, em séries temporais, essa correlação não aparecia. Embora o cidadão americano dos anos 2000 tivesse uma capacidade de consumo muito superior à de seu avô ou bisavô nos anos 1940, seu nível de felicidade não havia aumentado.

O primeiro caso não surpreende, na medida em que ter acesso a bens e serviços é sempre um motivo de alívio e satisfação, especialmente quando se considera a situação menos afortunada de outros. Já no segundo, o resultado é algo paradoxal (o "paradoxo de Easterlin"), mas pode ser explicado[5] por um conjunto de fatores psico-culturais. Um dos mais importantes seria o fato de que a satisfação que cada cidadão obtém, com o aumento de sua capacidade de consumo, é relativa à capacidade de consumo dos demais concidadãos; ou seja, se a renda aumenta para a sociedade como um todo, a percepção do aumento da capacidade de consumo se esvanece.

Outro fator apontado refere-se à teoria psicológica contemporânea, segundo a qual tanto animais como seres humanos encontram prazer na ação ou experiência nova, e não na rotina. Para os humanos, a aquisição de um novo bem pode produzir também esta sensação. O problema está, então, em que essa sensação desaparece com o uso rotineiro do bem adquirido. A implicação perturbadora dessa teoria é que ela diz que o nível de satisfação não depende (ou pelo menos não depende somente) do nível de renda, mas do seu crescimento. Tudo o mais constante, seria preciso crescer cada vez mais rápido para aumentar a felicidade ou manter pelo menos manter o crescimento para não reduzi-la.

Em resumo, a sustentabilidade a longo prazo depende de uma mudança profunda na dinâmica atual de produção e consumo. Será preciso que a sociedade de consumo, chamada por muitos de "civilização do ter", caminhe em direção a uma "civilização do ser", onde os fatores de estímulo e de emulação social estejam referidos não ao crescimento da capacidade de consumo, mas ao desenvolvimento de cada um em suas capacidades humanas.


* Ademar Ribeiro Romeiro é professor associado do Instituto de Economia da Unicamp.

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1 Georgescu-Roegen, N. (1971). The entropy law and the economic process. A Harvard Paperback.
2 Meadows, D. et al.(1974). The limits to growth: a report for the Club of Rome's project on the predicament of mankind.
3 Friedman, B.(2006). The moral consequences of economic growth. Harvard University Press.
4 John Stuart Mill foi um dos pioneiros neste tipo de reflexão. Para uma análise de sua contribuição ver Daly, H.(1996). Beyond growth. Boston: Beacon Press.
5 Para uma perspectiva mais ampla ver Romeiro, A. (2004). "Economia e Economia Política da Sustentabilidade", in: May,P. et al. Economia do meio ambiente. Rio de Janeiro: Editora Campus.

(Envolverde/ComCiência)

http://envolverde.ig.com.br/?materia=49146#

sábado, 28 de junho de 2008

Consumo é vilão ambiental, diz antropólogo

Putz, quando Lula vai ouvir quem realmente interessa ???

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25/06/2008 - 11h11

EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo

Para resolver o problema ambiental nº 1 do mundo, a receita do antropólogo Emilio Moran, 61, nascido em Cuba, mas morador dos Estados Unidos desde os 14 anos, chega a ser prosaica. "Temos que aprender a desligar a televisão. Ela é a principal ferramenta do consumismo", afirma o especialista em América Latina, que há mais 30 anos investiga o desenvolvimento humano da Amazônia brasileira.

Apesar de a entrevista ter sido feita em um hotel a meio quarteirão da rua Oscar Freire (o palco das grandes grifes mundiais em São Paulo fora dos shoppings) o entrevistado, com orgulho, comenta: "Esta calça que estou usando eu comprei há 25 anos."

Moran é um acadêmico tradicional e assiste televisão. Na Universidade de Indiana, ele dirige um centro que une a antropologia às mudanças climáticas globais --o agricultor amazônico, por exemplo, segundo uma pesquisa feita pelo grupo, não sabe se proteger contra o El Niño, porque ele não registra essas oscilações naturais ao longo do tempo.

Pobreza amazônica

Se o modelo mundial de desenvolvimento, para o pesquisador, está errado, o da Amazônia idem. "Nos últimos 30 anos, o aumento do PIB da população amazônica subiu menos de 1%. Na região, quem ganha é quem já era rico em São Paulo e no Rio de Janeiro."

O antropólogo, que chegou à floresta no início das obras da rodovia Transamazônica, diz que pouco mudou na região. "Não existe infra-estrutura para o pequeno agricultor. A estrada, por exemplo, não mudou muito, continua ruim. Existe ausência de governo na Amazônia com toda a certeza."

Os grandes produtores, lembra o pesquisador, montam sua própria infra-estrutura e acabam fugindo do problema encontrado pelos menores.

"Falta compromisso com a indústria regional, que poderia valorizar os produtos amazônicos. Daria, por exemplo, para fazer uma fábrica de abacaxi enlatado, ou de suco". São várias opções disponíveis, diz Moran, que trabalha em áreas críticas, como Altamira (PA).

A experiência acumulada no campo, inclusive nos recantos amazônicos, é que leva o antropólogo a afirmar: "O maior problema ambiental do mundo é o consumismo. O mercado ensina egoísmo e o indivíduo cada vez mais está centrado em si mesmo", afirma.

Parte do caminho para sair dessa cilada ambiental, Moran apresenta no livro "Nós e a Natureza" (Editora Senac), lançado anteontem no Brasil. "É um livro mais apaixonado. Experimentei a sensação de ir além dos escritos acadêmicos", diz.

Para reforçar seu ponto de vista, de que o modelo mundial é insustentável, Moran usa exemplos da classe média brasileira e da sociedade americana. Ambas ele conhece bem. No caso nacional, cita a história em que um filho de uma família de classe média do interior de São Paulo comentou com a mãe que eles eram pobres. O motivo era a ausência de uma televisão de plasma na sala, em comparação com a residência do vizinho.

"Subprime" ambiental

"No caso americano, a crise imobiliária é também um problema claro de consumismo", afirma Moran. "O americano, na média, está todo endividado. A maioria paga apenas os juros. Cada um tem uns US$ 20 mil em dívidas só no cartão de crédito". E isso, segundo ele, apenas para querer ter mais e mais. "No caso do mercado imobiliário, por exemplo, muitos fazem a segunda hipoteca [antes de quitar a primeira] para mudar para uma casa maior.

Segundo o antropólogo, enquanto nos anos 1950 a casa de uma família média americana tinha uma vaga na garagem e 140 metros quadrados para seis pessoas, hoje ela tem espaço para três carros e 300 metros quadrados para quatro pessoas.

E os carros, lembra Moran, queimam petróleo cada vez mais em maior quantidade, por causa do tamanho e da potência do motor. "Tenho feito o caminho inverso. Hoje, tenho um carro pequeno e de quatro cilindros", conta o cientista.

Apesar de o quadro ambiental mundial ser dramático, o antropólogo afirma ser otimista e retrata isso em seu novo livro também. "Se não existir esperança, o melhor é pendurar as chuteiras e ir embora."

Para Moran, é o consumidor individual o único que tem poder de ação de fato. "As pessoas podem chegar e dizer "não". Elas podem não consumir mais porque aquilo vai endividá-las e criar pressões [ambientais]".

Além de ensinar os filhos a lerem com um olhar crítico os comerciais, todos deveriam olhar suas gavetas, seus armários, diz ele. "O importante é saber que não se está sozinho. Existem milhões de pessoas no mundo que já não aceitam esse modelo [de desenvolvimento] que nos levará ao colapso."

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