segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Poder e sustentabilidade

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Missiva de Virasni Ohmni

Meu caro amigo Hugo,

Vou lhe enviar dois artigos interessantes.

Esse mundo de obsolescência gerando lixo que o planeta não comporta nunca esteve tão forte como agora e tão longe da almejada sustentabilidade.

Esse mundo linear do extrai-produz-consome-descarta dentro do modelo casa-carro-celular-viagem-ao-exterior nunca esteve tão forte e e tão longe da almejada sustentabilidade. Agora pela escala atingira, esse mundo linear é sobremaneira perigoso, não só porque começou a alcançar os retardatários dos países pobres com o mesmo modelo suicida dos países ricos, que só não colapsaram porque sugam as externalidades a custo zero além das suas fronteiras via comércio global.

Finalmente, a TEPCO está esperando os voluntários que “vêem energia nuclear com outros [bons] olhos” para ajudar da remoção de 1554 barras de combustível, que pesam juntas 300 toneladas e está dentro de uma piscina suspensa que pode ruir a qualquer momento e fazer da contaminação de Tchernobyl um pelinho apenas.  Aliás, acho que quem vê energia nuclear com outros bons olhos deveria ir morar no Japão. Pode ser até Tóquio para facilitar.

Falar uma coisa é fácil.  É preciso vivenciá-la na pele. Aliás os economistas precisam se comprometer com as suas palavras, para provar que suas idéias são concretas, não fantasiosas...

Temos um problema com a sustentabilidade.  Se for realmente implementada, a superclasse que domina o planeta perde o poder.  Na verdade, o poder foi feito para servir e não para se servir dele (Sócrates).  Sustentabilidade mudaria totalmente a direção de quem se beneficia nesse sistema: uns poucos que sugaram a alma de bilhões ou a vasta maioria que anda como vivo-morto pelas ruas…  Aliás como até os “sustentáveis” esqueceram as pessoas, não?  O futuro do nosso ambiente infelizmente não irá depender de giravas, ursos pandas, arara azul, mas da nossa espécie animal totalmente esquecida.

Seu amigo idoso,

Virasin Ohmni

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

A última rave da Humanidade: shale gas and oil

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O mito do problema único de energia foi discutido em seus livro pelo Nicholas Georgescu Roegen, mas ele se materializou diante de mim quando Sir Nicholas Stern deu ao vivo e a cores a seguinte reposta à pergunta que fiz sobre o mito do crescimento:  “Hugo, se acharmos uma fonte infinita e limpa de energia, o crescimento da economia pode ser eterno, não há mais limites.”

É como se a energia não fosse usada para movimentar, transformar, mudar, alterar, usar matéria, como se matéria e energia não se combinassem o tempo todo ou como os físicos dizem, tudo à nossa volta é matéria e energia e para ter mais dois dois, precisamos mais dos dois.

Quando lemos a crítica de Roegen sobre o mito do problema único de energia e a forma como o problema principal é de matéria, parecia exagerado, porque qualquer criança de cinco anos conseguiria entendê-lo.  É um mistério que só as crianças entendam isso não, o poder político-econômico corrupto mancomunado não.  Outras visões científicas mostram que a Terra não nos oferece problema como fornecedor de recursos e que é um ledo engano achar que vamos ficar sem os recursos palpáveis como petróleo, gás, ferro, etc se sequer exploramos 5% da nossa crosta. O problema que o planeta nos oferece é como absorvedor do impacto das nossas atividades e ao mesmo tempo manter os mecanismos de sustentação da vida na Terra, a regeneração bioquímica da água, do ar e do solo.

Se o ser humano é parte da vida una planetária, teremos um problema muito sério no prazo de 10-20 anos, mas se formos deuses não. Nós nos comportamos como se fôssemos deuses. Deuses inconscientes de todo o resto, e cruéis.  Deuses não, demônios.

O mito do problema único de energia virou o mito da energia limpa para resolver o mito do problema único do aquecimento global e por aí vai. A Terra não é ilimitada, mas a nossa capacidade de geraçaõ de mitos sim. A nossa vontade de mudar é mais finita que a Terra, portanto, somos muito mais finitos que a Terra, na verdade, a filosofia do nunca morri é nosso maior mal, essa espécie que com tanta informação poderia mudar seu destino, faz o contrário.  Eu escrevo esse email agora, isso significa que não morri até agora. Significa que nunca morrerei?  A Terra nunca expulsou a espécie humana nos últimos segundos de sua vida que aqui chegamos.  Isso significa que nunca o fará?

Hugo


Botswana: Fracking the Kalahari


     Nov. 19, 2013 (All Africa Global Media) -- While a fierce debate rages about fracking in South Africa and elsewhere, the Botswana government has been silently pushing ahead with plans to produce natural gas, keeping the country in the dark as it grants concessions over vast tracts of land, including half of the Central Kalahari Game Reserve - the ancestral home of the San.
     A new documentary film - the High Cost of Cheap Gas - has uncovered incontrovertible evidence that drilling and fracking are underway in Botswana and that international companies are planning massive gas operations in the future. But there has been little attempt to inform the public, despite growing international concerns about the harmful effects of natural gas production.
     "The people of Botswana have the right to know about developments on this scale and to be given the chance to publicly debate their pros and cons and then decide whether natural gas production is in their best interest," said Jeffrey Barbee, Director of the film, which was funded by the Open Society Initiative for Southern Africa (OSISA).
     For more than a decade, the authorities in Botswana - routinely referred to as one of Africa's best governed states - have been quietly granting licences to international companies.
     South Africa's SASOL, Australian-based Tamboran Resources, Anglo American, Tlou Energy, Kalahari Energy, Exxaro and many more are drilling for Coal Bed Methane (CBM) without any public debate about the industry, particularly the serious threats these large scale developments pose to the environment and communities.
     While activists have been campaigning against the extraction of shale gas and coal bed methane for years, the film documents alarming new evidence from the United States, exposing the damage these industries can inflict on human and animal health, and the environment.
     Structural problems with the entire production process mean that 'unconventional' natural gas like this can end up being 'dirtier' than coal - contributing even more to greenhouse gas emissions and global climate change.
     For a water scarce country like Botswana gas extraction - whether through fracking or simple drilling - poses another worrying threat: Coal Bed Methane extraction requires vast amounts of water to be pumped out of the ground, which can significantly lower the water table. In some parts of America, where this process was pioneered, water tables have dropped by as much as 30 meters.
     "Lowering the water table in parts of rural Botswana could mean the difference between a community having access to water one day and not the next," said the film's director, Jeffrey Barbee.
     "It might be in Botswana's best interests to allow fracking but only if all the potential impacts based on the latest science - not just the promises of gas companies - are openly debated and if the regulations are tough enough and are rigorously enforced long after drilling has stopped."
     However, if America is anything to go by, the natural gas industry is adept at undermining, bypassing or riding roughshod over government regulations and regulators.
     Astonishingly, fracking companies in the USA are not bound by the Clean Air Act, the Community Right to Know Act or the Clean Water Act.
     And despite Botswana government claims to the contrary, a senior official at SASOL, which is planning thousands of gas wells in Botswana, says in the film that they were not required to produce an environmental management plan.
     Apparently, SASOL did produce one anyway since it is international best practice, but other companies might be more willing to exploit this inexplicable weakness in the regulations.
     In particular, there are fears that the hard won right of the San to live on, and access water from, their ancestral land will be threatened by the coal bed methane concessions in and around the Central Kalahari Game Reserve.
     Indeed, according to the film, drilling is already taking place within the confines of the world famous reserve.
     Elsewhere in the country, the unfenced buffer zones on the borders of other bio-diversity rich - and economically important
- national parks, like Chobe and Kgalagadi, are already being drilled.
     In fact, it appears that the government has also granted some concessions within Chobe National Park. This endangers not only the local communities but also the largest herd of migrating elephants left in the world.
     The gas industry promises jobs and economic development but evidence from the USA shows that the few local jobs are created and that riches usually do not trickle down to the local communities, who have to live with the extraction.
     "It is time for the Botswana government to come clean about natural gas operations in the country and to encourage an open and genuine debate so that the population can decide what is best for them and their country - not just an elite few", said Barbee.
     "Instead the authorities keep everyone in the dark, particularly the San, who now face another grave threat to their future from Botswana's secretive dash for gas."
     Documentation:
     Botswana mineral concession map of energy minerals for September 2012
     Overview of High Cost of Cheap Gas film
     High Cost of Cheap Gas photo gallery
     Botswana accused of sacrificing Kalahari

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Cuba? E o resto?

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WWF APONTA CUBA COMO ÚNICO PAÍS COM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

http://g1.globo.com/Noticias/Ciencia/0,,AA1323118-5603,00-WWF+APONTA+CUBA+COMO+UNICO+PAIS+COM+DESENVOLVIMENTO+SUSTENTAVEL.html

Relatório bienal da organização, apresentado em Pequim, diz que apenas os cubanos cumprem os critérios minímos de sustentabilidade


Cuba é o único país do mundo com desenvolvimento sustentável, segundo o relatório bienal apresentado hoje pela organização WWF em Pequim, e que afirma que o ecossistema "está se degradando a um ritmo sem precedentes na história".
De acordo com o relatório, elaborado pela WWF a cada dois anos e que foi apresentado pela primeira vez na capital chinesa, se as coisas continuarem como estão, por volta de 2050 a humanidade precisaria consumir os recursos naturais e a energia equivalente a dois planetas Terra.
É um círculo vicioso: os países pobres produzem um dano per capita à natureza muito menor, mas, à medida que vão se desenvolvendo (exemplos de China e Índia), o índice vai aumentando a níveis insustentáveis pelo planeta.
A WWF elaborou em seu relatório um gráfico no qual sobrepõe duas variáveis: o índice de desenvolvimento humano (estabelecido pela ONU) e o "rastro ecológico", que indica a energia e recursos por pessoa consumidos em cada país.
Surpreendentemente, apenas Cuba tem nos dois casos níveis suficientes que permitem que o país seja considerado que "cumpre os critérios mínimos" para a sustentabilidade.
"Não significa, certamente, que Cuba seja um país perfeito, mas é o que cumpre as condições", disse à Efe, Jonathan Loh, um dos autores do estudo.
"Cuba alcança um bom nível de desenvolvimento, segundo a ONU, graças a seu alto nível de alfabetização e expectativa de vida bastante alta, enquanto seu 'rastro ecológico' não é grande, por ser um país com baixo consumo de energia", acrescentou Loh, que apresentou o estudo em Pequim.
De fato, a região latino-americana em geral parece ser a que está mais perto da sustentabilidade, já que outros países como Brasil ou México estão perto dos mínimos necessários, frente à situação de regiões como África -- com baixo consumo energético, mas muito subdesenvolvida -- e Europa, onde ocorre o inverso.
"Não sei exatamente a que se deve este fato (a boa situação da América Latina), mas é possível perceber que é ali onde as pessoas parecem mais felizes, e talvez se deva ao maior equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente", disse o autor do estudo.
Apesar das boas vibrações transmitidas pelo bloco latino, a situação global mostrada pelo relatório da WWF é desanimadora. Por exemplo, o número de espécies de animais vertebrados caiu 30% nos últimos 33 anos.
O rastro deixado pelo homem é tamanho que "são consumidos recursos em tempo muito rápido, que impede a Terra de recuperá-los", disse o diretor-geral da WWF, James Leape, que também participou da apresentação do relatório em Pequim.
O "rastro ecológico" do homem, seu consumo de recursos, triplicou segundo a WWF entre 1961 e 2003, por isso o ser humano já pressiona o planeta 25% a mais do que o processo regenerativo natural da Terra pode suportar.
Além disso, há uma piora da situação, apesar de esforços como o Protocolo de Kioto. No relatório da WWF anterior, publicado em 2004, o impacto do homem ultrapassava em 21% a capacidade de regeneração do planeta.
O novo relatório da organização coloca na "lista negra" de países com alto consumo per capita de energia e recursos os Emirados Árabes Unidos, EUA, Finlândia, Canadá, Kuwait, Austrália, Estônia, Suécia, Nova Zelândia e Noruega.
O fato de o relatório ter sido apresentado na China mostra a importância que a WWF dá ao futuro da economia asiática, pois a forma como escolher se desenvolver "é fundamental para que o mundo avance rumo ao desenvolvimento sustentável".
Apesar de China ser o segundo maior emissor mundial de gases poluentes, devido à grande população seu "rastro ecológico" per capita é muito baixo em comparação aos países mais desenvolvidos, o que ocorre também no caso da Índia.
O especialista Jiang Yi, da universidade pequinesa de Tsinghua, disse no ato realizado em Pequim que uma das chaves para melhorar o consumo de recursos e energia na China é "desenvolver um sistema rural de equilíbrio energético" e investigar alternativas de calefação e ar condicionado para as casas chinesas.

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Caro amigo Hugo,

Infelizmente o planeta é uno, a separação entre os países é uma ficção política e mesmo que Cuba seja sustentável, não estará a salvo dos colapsos planetários contratados pela humanidade.  Quando a Amazônia acabar quando atingir a sua resiliência, o planeta inteiro irá sofrer, não só os países da América do Sul. Adoro a sua assinatura: “Sem a Amazônia estaremos todos mortos.” Imagino que as pessoas devem achar que você está louco, mas poucos sabem que 90% do copo de água potável diante de suas bocas começa nas folhas das árvores da Amazônia.

Fiquei sabendo que Monbiot aceitou o convite para ajudar no trabalho de descontaminação de FUKUSHIMA e uma de suas declarações divertidas foi essa:  “Não vejo o  menor problema da água potável da Califórnia estar contaminada com níveis bem acima dos aceitáveis de Iodine-13 de Fukushima e de agora em diante passarei apenas a beber água importada de lá, compensando as emissões dos gases do efeito estufa no transporte.”  Mas de forma reservada ele disse para alguns amigos que terá que morrer com a burrice de ter mudado de idéia em relação à energia nuclear e que o livro do Ted Trainer e principalmente o capítulo 9 deixou ele muito assustado...  Tudo brincadeira, claro. Monbiot não quis ler o livro e imagina que ele ia correr esse risco de estar no Japão em uma hora dessas. Assim é fácil... quando será que as pessoas irão sofrer as consequências do que falam? Em vidas futuras somente?

Um relatório aponta que as águas das grandes cidades do Brasil, São Paulo inclusive, tem altas doses de cafeína, o que é um indício que a água não está limpa.  Entre as consequências temos a feminização dos meninos e o aumento de ciclos menstruais precoces entre as meninas. Fantástico! Nossa espécie animal está se superando! As empresas de saneamento estão dando show de bola, inclusive quando sabemos que mesmo em São Paulo a maior parte do esgoto não é tratado, apenas canalizado.  Não posso falar mais sobre isso...

Japão acabou de revogar as suas metas de redução de emissões que na verdade agora implicam em aumento, por conta do desmantelamento que foi obrigado a fazer da sua energia nuclear.  Com a economia bombando com o Abenomics, é claro que eles irão precisar de mais energia, mas a nuclear deixou de ser uma opção segura.  Os níveis de incidência de câncer devem começar a explodir, os custos escondidos das atividades econômicas (externalidades) devem ser maiores que o PIB mundial, a parte fiscal está a pontos de explodir no mundo todo.

Esperanças?  Tome uma taça de vinho enquanto elas existirem.

Saudações pesarosas,

Virasin Ohmni

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Ranking the smartest solutions to the world's biggest problems by cost-benefit

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Colocar a análise dos problemas socioambientais no conceito do PIB e por meio de estatísticas é substimar demais as críticas que já foram feitas sobre as métricas, as descobertas que já foram feitas pela ciência, bem como dar um ar de científico a algo que não está dizendo absolutamente nada.

Esse Bjorn Lomborg não vai desistir, que chegou a ser condenado por desonestidade científica, mas por pressão e politicagem foi absolvido (e sabemos que isso funciona muito bem).

Os óculos que temos que olhar não são róseos, nem escuros. É realista. O que fazer para chegar lá, num futuro onde a vida ainda tenha continuado e com mais igualdade e bem estar.  E o que fazemos para conseguir isso.

A resposta para as duas perguntas é muito simples: precisamos virar o modelo de cabeça para baixo, pois uma sociedade de consumo consumista que vive num sistema de descarte imediato dos bens, desperdício e extrema desigualdade, com símbolo de sucesso associado ao distanciamento material uns dos outros não vai chegar a lugar algum, exceto no precipício onde só um milagre poderá nos salvar.  O modelo casa-carro-viagem-ao-exterior não tem mais como continuar.

Não estamos fazendo absolutamente nada para irmos nessa direção. Ao contrário. Todos os processos negativos estão sendo incrementados dia a dia.

Hugo

Colaboradores