sábado, 28 de fevereiro de 2009

Mais uma sobre política energética

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O Globo
Terça-feira, 24 de fevereiro de 2009.
PANORAMA ECONÔMICO
Ter ou não ter
Miriam Leitão
O que que o Obama tem? Tem três pacotes, uma crise gigante e um rumo: quer usar os estímulos econômicos para sair da crise convertendo a economia americana a um outro padrão energético e de emissão de carbono. Aqui, o governo dá estímulos econômicos a esmo. Os usineiros podem ter bilhões do governo, mas sem qualquer contrapartida.
Os usineiros estão pedindo prorrogação de dívidas ao BNDES e ao Banco do Brasil e querem financiamento para estocagem. Segundo o jornal "Valor Econômico", isso pode chegar a R$6 bilhões. O governo estuda "discretamente", diz o jornal, como atender às concessões. Até agora não se falou o que se pedirá em troca aos usineiros.
Nos EUA, Barack Obama concede ajuda às montadoras e pede carros menores, que consumam menos combustível e que possam usar outras fontes de energia. Aos usineiros ninguém pensa em pedir, por exemplo, respeito às leis trabalhistas e ambientais. Foram muitos os casos recentes de flagrante de trabalho escravo ou degradante e de desmatamento em usinas de todo o país, até de grupos paulistas. Será que vão perdoar dívida e dar dinheiro do FAT para quem pratica trabalho escravo ou permite a morte de cortadores de cana por exaustão?
Aqui, como lá, o governo acredita que investimentos públicos vão criar emprego. Lá, o Obama quer que os investimentos reduzam a emissão de carbono e a dependência ao petróleo. Aqui, o que houve nos últimos tempos: os resultados dos leilões de energia elétrica confirmam a tendência cada vez maior de gerar energia com combustíveis fósseis e, o que é pior, 45% com óleo combustível, que, além de sujar a matriz elétrica, é sujeito à volatilidade de preços. Como resultado, 75% da energia acrescentada à matriz elétrica através dos leilões é térmica. Em 2005, foram contratados 244 MW de usinas a óleo combustível, passando para 532 MW, em média, em 2006, para 1.620 MW em 2007 e para 2.801 MW em 2008, segundo informações do CBIE.
O rumo aqui é transitar para uma economia de alta emissão de carbono, curiosa escolha quando entramos na era do combate às emissões de carbono por razões de sobrevivência do planeta. O plano decenal da Empresa de Pesquisa Energética prevê que entre 2008 e 2017 entrarão em operação 187 usinas, sendo 79 hidrelétricas e 108 termelétricas, gerando um total de 64 mil MW.
A única política de racionalização do uso de energia é o horário de verão. Ele sobrecarrega milhões de pessoas que trabalham muito cedo e economiza um volume irrisório de energia. Valeria a pena se fizesse parte de uma política maior de redução do desperdício.
- O horário de verão é o único programa de racionalização do consumo pelo lado da demanda. Não existe um plano de conservação de energia no Brasil. Aqui, tudo o que existe é pelo lado da oferta - diz o professor Adriano Pires, do CBIE.
Diante da crise, os Estados Unidos começaram a pensar cada vez mais em outras fontes de energia. No Brasil, parece só haver duas opções: hidrelétricas feitas a qualquer preço ambiental e fiscal e energia fóssil. Lá, Barack Obama não perde uma oportunidade para falar em energia solar, eólica, biocombustível de segunda geração. Alguém pode dizer que é porque nós temos o pré-sal e eles não. Eles têm petróleo. Na eleição, o debate foi entre a proposta republicana de explorar o petróleo do mar e do Alasca a qualquer custo ambiental, ou a proposta democrata de investir em várias fontes novas de energia, gerando emprego verde. A segunda proposta ganhou a eleição.
Termoelétricas a carvão e a óleo combustível, além de gases de efeito estufa, emitem material particulado altamente danoso à saúde. No Brasil não se faz análise real dos custos e benefícios dos tipos de energia. Aqui, não se reexamina os subsídios. O Proinfa trata as "outras energias renováveis" como residuais. É um tiro no pé porque, em breve, EUA e União Europeia terão legislação que obriga a calcular o teor de carbono dos produtos. No nosso caso, essa contabilidade tirará competitividade de produtos e os exporá a sobretaxas equivalentes a um imposto sobre o carbono.
Nem sabemos direito qual o potencial eólico do país, porque o governo e o setor elétrico não estão interessados em olhar. Pesquisas acadêmicas descobriram que ele é suficiente para suprir o país de toda a eletricidade que consome. Não só o Nordeste, mas Sul e Sudeste também têm potencial maior que o estimado. Isso sem falar em energia solar, que não exploramos, nem para esquentar água. Preferimos chuveiro elétrico, que no governo Lula tem incentivo fiscal.
Nos EUA, em 2008, a produção de energia eólica cresceu 30% e o país se tornou o maior produtor dessa energia do mundo, desbancando a Alemanha, onde essa fonte energética também tem crescido. Na semana que passou, o governo chinês disse que a crise não o fará abandonar seu programa de energia renovável. E a China, a Alemanha e os Estados Unidos não se beneficiam apenas com a energia limpa dos ventos e do sol. Exportam tecnologia e equipamentos. A China já é grande exportadora de turbinas eólicas e de filmes especiais para as placas fotovoltaicas. Melhor perguntar: o que o Brasil não tem? Visão ambiental no setor energético.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

ECOLOGIA ENERGÉTICA

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ECOLOGIA ENERGÉTICA
Maurício Andrés Ribeiro

Cadeias alimentares são as transferências de energia alimentar desde os produtores básicos – as plantas –, para os animais herbívoros – consumidores primários –, até os animais carnívoros, que, por sua vez, se alimentam dos herbívoros.
As cadeias alimentares se sobrepõem como parte do ciclo da vida na Terra. Quando morre um ser vivo, as bactérias o decompõem em substâncias orgânicas e inorgânicas, usadas pelos vegetais para alimentar-se.
O homem está entre as espécies que absorvem energia de vários elos da cadeia alimentar. Como a cada transferência de um nível para outro, grande parte da energia é degradada, quanto maior a cadeia alimentar, menor será a energia disponível.

A demanda por alimentos que se encontram no alto da cadeia alimentar – constituídos pelos produtos de origem animal – consome grande quantidade de terra, água, recursos naturais e defensivos agrícolas; motiva os fazendeiros a expandir as áreas destinadas a pastagens, provoca a destruição de florestas e perdas de solo fértil. Assim, quanto maior o consumo de carne e de produtos animais, que se encontram no topo da cadeia alimentar, maior a pressão sobre os recursos naturais. A dieta alimentar baseada em proteínas animais, quando comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteína vegetal, tem elevado custo energético e sua produtividade energética é baixa. Se o produto é usado para o consumo alimentar humano direto há menores perdas energéticas; se entretanto, é usado para alimentar animais, que por sua vez servirão de alimentos para as populações humanas, ocorrem perdas energéticas substanciais. Washington Novaes aponta que “ O problema está em que produzir uma caloria de carne (bovina, suína ou de aves) exige de 11 a 17 calorias em alimentos para os animais. Uma dieta de carnes, para ser produzida, precisa de quatro vezes mais terras que uma de vegetais. E produzir um quilo de carne bovina exige até 15 mil litros de água, segundo os relatórios da ONU no Fórum Mundial da Água, no ano passado, em Kyoto (um quilo de grãos, em média 1.300 litros de água).”
As dietas vegetarianas são poupadoras de espaço, dos recursos naturais e do meio ambiente, conseguindo, com baixo uso de recursos naturais, um alto rendimento energético alimentar dessas populações. Eminentes cientistas ocidentais, como biólogo Paul Erlich[1] afirmam que ¨a capacidade de suporte do planeta seria aumentada se todos se tornassem predominantemente vegetarianos.” O professor E. O. Wilson, de Harvard, tem apontado para a necessidade de adotar estilos de vida ecologizados. Em seu livro recente, “O Futuro da vida”, Wilson expressa as vantagens da possibilidade de renunciar ao consumo de carne: "Se todos aceitassem uma dieta vegetariana, o atual 1,4 bilhão de hectares de terras aráveis seria suficiente para produzir alimentos para 10 bilhões de pessoas" Esse é um exemplo da compreensão e do reencontro da ciência moderna com práticas de vida adotadas em civilizações milenares que souberam sobreviver ao adotar dietas vegetarianas.
O modo como cada sociedade equaciona sua demanda de alimentos provoca diferentes impactos ambientais e sobre o uso da terra. Uma dieta alimentar baseada em proteínas animais tem elevado custo ecológico e pressiona o uso da terra, se comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteínas de origem vegetal. A opção pelo vegetarianismo foi uma opção ecológica que evitou a necessidade de colonizar outros territórios para dali extrair o abastecimento alimentar em antigas civilizações que não foram expansionistas. Entre elas, destaca-se a Índia, que, em função de sua enorme população, precisou desenvolver a inteligência ecológica, pautada pela adoção de padrões de consumo conscientes, compatíveis com os recursos naturais disponíveis. A Índia adotou há milênios o vegetarianismo como dieta alimentar, por razoes éticas e ecológicas. Eticamente trata-se de um cuidado com os seres vivos animais. O vegetarianismo é um dos aspectos materiais do espiritualismo indiano e baseia-se no princípio do ahimsa ou não-violência. As vacas foram sacralizadas e o vegetarianismo é um hábito alimentar com conseqüências positivas do ponto de vista da ecologia energética e também do uso e ocupação do espaço.

O padrão de consumo alimentar de sociedades que adotaram dietas baseadas em proteína animal drena energia e recursos naturais que são incorporados em produtos que importam de outros países.
Em termos de impactos ambientais, a expansão da pecuária aumenta destruição da Amazônia. A crescente exportação de carne bovina está aumentando a destruição da floresta amazônica, segundo estudo do Centro para Pesquisas Florestais Internacionais (Cifor, na sigla em inglês) devido ao que a entidade chama de "conexão hambúrguer".
Segundo o estudo, nos últimos anos as exportações nacionais de carne bovina aumentaram de forma expressiva devido à desvalorização do real, à erradicação da febre aftosa em boa parte dos estados e ao surgimento de doenças em rebanhos internacionais. o crescimento do rebanho foi motivado pelas exportações", diz a pesquisa, argumentando que 80% da expansão ocorreu na Amazônia. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo e o rebanho bovino na Amazônia mais que dobrou, passando de 26,25 milhões para 57,4 milhões cabeças, entre 1990 e 2002. De acordo com o documento, para cada hectare destinado à agricultura na Amazônia, existem hoje seis hectares de pastagens para o gado.”
O ciclo de vida do produto, do berço ao túmulo, precisa ser conhecido integralmente para se permitir realizar uma análise integral dos sistemas alimentares. O Brasil substitui áreas de florestas por culturas de exportação de soja, e dedica grandes extensões de terras à produção de animais de corte. A pecuária extensiva ocupa muita terra e outra parcela substancial destina-se ao cultivo de produtos para alimentar animais, seja no País, seja no exterior: assim, a soja é, em sua maior parte, exportada para alimentar animais e essa crescente produção de soja para exportação tem pressionado os ecossistemas amazônicos. Essa pressão pela produção é parte da cadeia produtiva da produção ao consumo.
Para ser ecologizado e garantir o alimento necessário à população humana, o desenvolvimento precisa basear-se em padrões de consumo alimentar e dietas alimentares e energéticas que não pressionem excessivamente a capacidade de suporte do planeta e que não esgotem as fontes de sustento.




[1] In Folha de São Paulo, 2-7-1999,caderno especial, página 10.

Política energética na contramão

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Folha de São Paulo
Segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009.
EDITORIAL
Sem alternativas
Planejamento do setor elétrico para 2017 prevê recuo de fontes renováveis em favor de usinas mais poluentes
ENCERRA-SE no próximo dia 28 consulta pública sobre o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDEE 2008-2017), preparado pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Como de praxe em tais consultas, haverá margem para algumas alterações cosméticas, se tanto. Uma lástima, porque o país precisa de uma reviravolta no planejamento do setor.
Governos do mundo todo se desdobram para investir em fontes renováveis, a fim de conter a dependência de combustíveis fósseis importados, a emissão de gases que retêm calor na atmosfera e o consequente agravamento do efeito estufa. Mesmo países até há pouco refratários, como os EUA, planejam gastos de vulto em alternativas
limpas. No Brasil, caminha-se para trás.
A matriz elétrica nacional continuará, segundo o plano, a contar com parcela preponderante de geração por fontes renováveis, hidrelétricas à frente (76% do total em 2017). É um caso raro no planeta. Essa participação, no entanto, estará em queda, pois a fatia das barragens hoje é 84%.
Em contrapartida, crescerá o quinhão das termelétricas a gás natural, óleo combustível e carvão mineral, de 12% para 17%. Todos combustíveis fósseis, emissores de gases do efeito estufa. Fontes alternativas, como energia da biomassa (bagaço e palha de cana) e eólica (ventos), saem de 1,3% para ínfimos 4%.
Parte desse deslocamento rumo a termelétricas decorre da dificuldade para aprovar projetos mais limpos. Há dois tipos de obstáculos no caminho.
O primeiro diz respeito ao licenciamento ambiental, que recebe grande destaque no plano 2008-2017. A EPE reconhece que pecou no passado por excesso de otimismo com prazos de concessão de licenças. Estima agora, com base nos prazos de fato praticados, uma postergação de 31 projetos hidrelétricos.
A revisão retira 14 mil megawatts (MW) de fontes renováveis da capacidade instalada ao final do decênio. O buraco, equivalente a uma Itaipu, será tapado com termeletricidade fóssil, ao custo adicional de R$ 2 bilhões, ressalta o estudo sob consulta pública.
Não é de hoje que o setor elétrico lança a culpa na área ambiental pelo impasse da geração, mas o órgão de licenciamento (Ibama) integra o mesmo governo ao qual pertence o Ministério de Minas e Energia. Se faltar energia para a economia nacional, ou se ela sair mais cara, terá sido também por omissão da Presidência da República.
O outro obstáculo se origina com a própria política energética do governo Lula, forjada quando Dilma Rousseff reinava no setor. O critério que privilegia projetos com menor preço de geração apurado em leilões é em princípio correto, mas tem resultado num viés pró-termelétricas: mais rápidas de construir, além de mais fáceis de licenciar em órgãos ambientais estaduais.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Excesso de automóveis, economia e planeta

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Enquanto a economia não parar de trabalhar com fluxos, - uma artimanha boa para esconder a dura realidade que a economia não pode ser maior que o planeta - e começar a trabalhar com estoques...
Enquanto a economia não parar de trabalhar com variações percentuais de fluxos e quocientes, à guisa de mensurar uma falsa eficiência que mascara o impacto absoluto da antropomorfização, que possui limites muito claros para a nossa sobrevivência como espécie animal na Terra...
Enquanto a economia não inverter a produção dita em prol da sociedade para uma sociedade em prol da produção para si mesma e para seu bem estar...
Enquanto as pessoas acharem que a atual crise não é uma quebra de paradigma e sim um paradigma que precisa ser preservado a todo custo, como pode ser visto por todas as iniciativas ao redor do globo, até nas mais esperançosas como as do Obama, vamos descer a ladeira de um triste despertar.
Se a Amazônia e o Cerrado continuarem sendo destruídos para atender os fluxos da economia, sobreviverão poucos brasileiros, pois dependemos desses ecossistemas para viver. Nós já destruímos 17% ou uma área maior que Fraça e Reino Unido juntos e com um adendo: 88% dessa área virou deserto. A resiliência desses ecossistemas tem limite: eles entrarão em auto-destruição a partir de um determinado ponto de insuficiência hídrica e outros processos que mantém a flroesta viva - e nós também. A destruição da Amazônia acelerou desde os anos 70 estratosfericamente e a cada 8 ou 12 segundos, dependendo do ritmo do crescimento da economia, um campo da Amazônia desaparece, assim como desaparecem ecossistemas semelhantes na mesma velocidade ao redor do mundo. É uma destruição contínua e incansável. A cada dia amanhecemos com menos natureza a nosso redor.
Está mais do que na hora de mudar o paradigma em prol de todos, sem exceção, inclusive da própria indústria, que não irá sobreviver com esse aparato teórico absurdo da economia tradicional.
Seguem as fotos dos carros esperando para circular no planeta finito, cuja atmosfera antes amigável para os seres vivos, estamos insistinto em transformá-la na mesma atmosfera dos planetas mortos do sistema solar, com bastante gás metano e carbônico...

Hugo Penteado




sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Notícia

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Em relação ao meio ambiente, o que mais pesa na destruição não é a ação das pessoas, mas é a falta de diálogo. A iniciativa do ministro é de abrir um diálogo e ajudar a conter o desmatamento. Esse é um país democrático. O método inclusivo - tornar as pessoas capacitadas em relação ao problema e motivá-las a defender o meio ambiente é o melhor caminho. Do contrário precisaríamos dos exércitos do mundo todo para deter uma ação, que em princípio precisa mudar. A economia depende da natureza e das pessoas. Capacite-as.

http://oglobo.globo.com/pais/mat/2009/02/12/minc-anuncia-pacote-de-bondades-para-municipios-que-mais-desmatam-754384261.asp#coment

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

O Brasil acelera em marcha à ré

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VALOR 17/02/2009

O Brasil acelera em marcha à ré
José Eli da Veiga
O Brasil é agora o único grande emissor que faz o caminho de volta ao passado, ao aumentar a intensidade de gases estufa em sua economia

Iniciativas em direção a uma economia de baixo-carbono já revelam as dez mais promissoras inovações tecnológicas dessa inevitável transição: a) isolamento térmico de novas construções conforme o padrão Passivehaus e reformas com o mesmo fim; b) veículos movidos a baterias elétricas; c) biocombustíveis de segunda geração (material lignocelulósico); d) cogeração de energia; e) energia solar, principalmente fotovoltaica (PV) e concentrada (CSP); f) energia eólica; g) energia dos oceanos, principalmente de marés, ondas e correntes marítimas; h) captura de carbono: carvão limpo, algas e limpeza do ar; i) "biochar": carbono sequestrado em carvão vegetal; j) solos e florestas: melhoria dos naturais sumidouros de carbono.
A energia nuclear não entra na lista por razão bem mais prosaica do que os conhecidos riscos que ela envolve: a construção de novas usinas tem ficado muitas vezes mais cara que se supõe. Ultimamente o custo de capital por kilowatt/hora tem se aproximado dos US$ 10 mil, quatro ou cinco vezes mais do que as previsões orçamentárias. Ao contrário do que ocorre com as dez soluções listadas, ela não segue a chamada curva de aprendizagem.
Ora, nada será mais decisivo para a transição do que preços que possam tornar mais competitivas as alternativas à velha troika fóssil. O processo de descarbonização deslanchará para valer quando os preços relativos viabilizarem a obtenção dos imensos ganhos de eficiência energética oferecidos por várias das dez tecnologias relacionadas acima. O que simultaneamente alavancará as descobertas científicas que, mais adiante, farão com que as fontes fósseis sejam condenadas à obsolescência econômica.
A principal dificuldade está, portanto, na mudança institucional necessária à alteração dos preços relativos. Seus mais ferrenhos inimigos são os atuais beneficiários dos negócios vinculados à produção e à distribuição de eletricidade, petróleo, carvão, gás e derivados. E o acanhamento dos defensores decorre da inevitabilidade de que fique bem mais salgado quitar a conta mensal de luz ou encher o tanque do carro, sem que haja qualquer melhoria imediata de qualidade de vida. Nada parecido com a telefonia celular, por exemplo, absorvida quando ainda era caríssima porque revolucionava a vida de seus primeiros usuários.
Ocorre que essa aversão à carestia energética poderá ser neutralizada se cada domicílio receber de volta um dividendo mensal resultante da repartição igualitária do decorrente aumento de arrecadação fiscal. As famílias com menor consumo de energia sairão ganhando, e as outras passarão a ter um forte incentivo para elevarem a eficiência energética de suas residências e veículos. Esta é a lógica da proposta intitulada "cap-and-dividend", que surgiu nos EUA para superar as desvantagens das anteriores. Basicamente três: imposto sobre as emissões ("carbon tax"), mercado de direitos de emitir ("cap-and-trade"), e cotas de renováveis na geração de eletricidade ("renewabe energy mandate"). Em 2009 o Congresso certamente aprovará leis que
gerem um híbrido dessas quatro opções. O que levará os EUA a disputar a liderança da próxima indústria global: a das energias limpas. Vanguarda que por enquanto está na Europa, como mostrou a criação da IRENA: International Renewable Energy Agency (www.irena.org).
Nesse contexto, o Brasil adota posição reacionária, alegando que sua matriz energética já é limpa, devido à hidroeletricidade e ao bioetanol de primeira geração. Um sofisma que evaporará no exato instante em que for divulgado o segundo inventário nacional de emissões de gases estufa. O primeiro já havia revelado que as jurássicas emissões causadas por desmatamentos e queimadas aumentaram 2% entre 1990 e 1994, enquanto as demais davam um salto de 16%. Disparidade que se aprofundou, pois os cálculos da organização "Economia & Energia" para o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) mostraram que as emissões atribuíveis à produção e uso de energias tiveram uma escalada de 45% entre 1994 e 2005, período em que o incremento do PIB foi de 32%. Pior: dobraram no setor energético, enquanto aumentavam 45% no de transportes e 41% no industrial.
Justamente por ter tido a sorte de contar no passado com uma das mais limpas matrizes, o Brasil é agora o único grande emissor que faz caminho de volta ao passado: aumenta a intensidade de gases estufa de sua economia. Mazela que só poderá piorar se forem levados a sério os perdulários planos do Ministério das Minas e Energia (MME): o PDEE-2015, o PNE-2030 e o recém lançado PDE-2017. Três excentricidades que, se postas em prática, sepultariam o PNMC (Plano Nacional sobre Mudança do Clima), aplaudido há três meses pela comunidade internacional na reunião de Poznan.
Mas estão longe de se limitar aos desvarios do MME as evidências de que o Brasil acelera em marcha à ré. Por exemplo, enquanto nos EUA um pacote de estímulo econômico aloca novos US$ 3 bilhões ao sistema de ciência e tecnologia, aqui o titular do MCT precisa apaziguar representantes da comunidade científica que reagem a corte orçamentário feito pelo Congresso. Simultaneamente, o Ministério dos Transportes faz das tripas coração para tornar prioritária a pavimentação da BR-319. Uma obra que em vez de acelerar o crescimento - a tosca finalidade do PAC - só multiplicará desmatamentos e queimadas de florestas amazônicas, lançando a última pá de cal sobre os nobres compromissos que o governo brasileiro anunciou em Poznan. E sem esquecer a mesopotâmica campanha do Ministério da Agricultura contra o Código Florestal, mais a Medida Provisória 458 sobre a regularização fundiária da Amazônia, que favorecerão novo ciclo de expansão da fronteira predatória.
Em suma, nada de estranho quando se lembra que a nata das elites dirigentes - tanto pró-governo quanto de oposição - comunga a crença de que desenvolvimento seja sinônimo de aceleração do crescimento, além de não dar a mínima importância à qualidade de vida que estará ao alcance das futuras gerações.

José Eli da Veiga, professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP e autor de diversos livros sobre desenvolvimento sustentável, escreve mensalmente terças. Página web: www.zeeli.pro.br .

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Caso Dinamarca

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João Talochi é meu amigo biólogo com mestrado em gestão ambiental pelo IEE/USP. Antes de repassar esse caso chocante da Dinamarca, resolvi consultá-lo e até aproveitei para pedir um relato dos Inuits do Canadá, onde uma ação governamental sem cuidado com o aspecto social acabou provocando, como já ocorreu inúmeras vezes em iniciativas semelhantes, uma tragédia socioambiental. Sem a inclusão das pessoas no meio em que elas vivem e pretendem trabalhar, com engajamento socioambiental, a conclusão do movimento ambientalista é de seguir o caminho por uma gestão participativa e decentralizada, com apoio de vários atores, entre eles a sociedade civil, que deixam de ser vistas como inimigos e sim como parceiros. Os ambientalistas "verdegolentos" querem o meio ambiente sem as pessoas, embora os marcos desse movimento de exclusão são absolutamente desconcertantes. Yellowstone é um deles.

O caso da Dinamarca se insere no contexto de atividades que embora injustificáveis nos dias de hoje, são mantidas pela tradição: touradas, circos com animais, casacos de pele, pesquisas com animais na indústria, indústria da carne, caçadas de raposas e animais exóticos e essa que vem a seguir, feita desde o século X numa baía. As fotos são horrendas.

Segue a explicação de João Talochi:

Pelo visto isso é um tipo de tradição local que deve acontecer em um período do ano que estes animais (Calderon) entram nesta baía ou se aproximam de terra para caçar, provavelmente seguindo alguma outra espécie de peixe que faz o mesmo percurso. Aí, para manter as tradições de uma época em que os moradores desta região precisavam da proteína contida na carne destes animais - o que não acontece mais - eles saem com os barcos, trazem os animais para a costa (note como eles fecham a rota de fuga dos animais) e fazem a chacina... Como o texto diz, algo que deve ser passado de jovens para adultos e que, há alguns séculos, poderia fazer sentido, mas agora é simplesmente um absurdo! Veja sobre isso no wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/Grindadrap

Imagina se nós dissessemos para o povo da Dinamarca que derrubar árvores nativas da Amazônia é parte da nossa tradição, um rito de passagem pelo qual todos os homens brasileiros devem passar. Eles entrariam com protestos na OMC, ONU, PNUMA, G20, CNN, BBC, etc... Provavelmente alegando que "estas barbaridades não condizem com o século XXI", ou algo assim.

Não existe data nas fotos (meu comentário: encontrei a data: outubro de 2008). Não sei quão antigas são e se isso ainda acontece, mas não duvido nada que sejam atuais e que o governo suporte, alegando direitos culturais, ou até alguma baboseira biológica do tipo controle populacional, que também não faz mais sentido (comentário meu: os caçadores como Bill Clinton, Bush e outros importantes e nem tanto que me perdoem, já troquei vários emails com empresas de caça e essa é a principal alegação deles).

Sobre os Inuits do Canadá está no link http://planetasemfronteiras.wordpress.com/2008/09/11/tiro-pela-culatra/. Exite alguma ligação com Dinamarca, mas acho que a comparação ainda é falha, pois os Inuits levavam uma vida nômade há apenas 60 anos e vivem totalmente afastados dos centros de consumo. Só se chega de avião e ainda assim, algumas vezes por ano. Sei que as Faroe Islands (onde foram feitas as fotos) são afastadas, mas isso não justiça a matança que eles fazem.

João Talochi

Ao invés de colocar as fotos aqui, quem tiver curiosidade de ver vá em:

http://pakalert.wordpress.com/2008/11/13/denmark-what-a-shame/

A sujeira se acumula no Lixão do Pacífico

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Matéria interessante no Fantástico. Assista aqui.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Carvão vegetal para siderurgia ameaça o Pantanal, diz FGV

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Faltou dizer na matéria que sem o Pantanal, o maior aquífero do mundo, o Guarani, desaparece. Faltou dizer também que já destruímos mais da metade do Cerrado onde está o Pantanal.

Essa interdependência é muito importante. Para alertar mais, senão a informação fica fria como uma tampa de mármore e parece que queremos preservar o Cerrado só pelas belezas naturais e não porque é fundamental para nossos corpos e nossas vidas...

Hugo

09/02/2008 - 12h49
Carvão vegetal para siderurgia ameaça o Pantanal, diz FGV
EDUARDO GERAQUE
da Folha de S.Paulo


Depois de parte do cerrado sul-mato-grossense ter caído, a pressão agora, devido ao aquecimento da atividade siderúrgica no município de Corumbá, deverá crescer sobre o pantanal. Cálculos do CES (Centro de Estudos em Sustentabilidade) da FGV (Fundação Getúlio Vargas) apontam um desequilíbrio entre a oferta de florestas plantadas no Estado e a demanda por carvão vegetal.

"De forma bem otimista, 5.000 hectares ao ano estão prontos para o corte, para uma demanda de 9.000 hectares", afirma à Folha o pesquisador André Carvalho, 33, autor do estudo feito pelo CES sob encomenda da ONG Conservação Internacional.

Nascido em Campo Grande, Carvalho conhece a realidade da região. "Como faltam 4.000 hectares, haverá uma pressão [anual] sobre cerca de 40 mil hectares, porque a produtividade das áreas plantadas é cerca de dez vezes maior do que a das áreas nativas."

E, quando se considera a atividade ao longo das próximas décadas, fica ainda mais difícil fazer a conta fechar.
"Com base nos planos de expansão das empresas, a partir de 2015, a demanda por carvão deverá chegar a 2,4 milhões de toneladas ou 56 mil hectares", diz Carvalho. Mas, como o ciclo de vida do eucalipto tem sete anos, a área total de matéria-prima precisaria ter 392 mil hectares até lá.

Além da Vale do Rio Doce, que extrai minério de ferro na região desde 1995, o grupo MMX/EBX, do empresário Eike Batista, e a anglo-australiana Rio Tinto têm planos ambiciosos para o pólo siderúrgico de Corumbá, criado em 2006.

A MMX/EBX, que já opera na região, teve problemas com o Ibama no ano passado. A empresa recebeu uma multa de R$ 1 milhão.

A estimativa de Carvalho é que a produção atual de 6,7 milhões de toneladas de minério de ferro vá pular para 23 milhões de toneladas a partir de 2013. A Rio Tinto é a única que ainda espera por licença ambiental para agir na região.

Conexão Minas Gerais

Se as siderúrgicas que chegam à Bacia do alto rio Paraguai não podem ser responsabilizadas pela devastação passada do cerrado, parte do setor, segundo Carvalho, poderia.

Entre 1997 e 2005, mais de 5 milhões de hectares de áreas nativas foram consumidas, mostra o estudo. Deste total, aproximadamente 4 milhões de hectares foram para as siderúrgicas de Minas Gerais.

Para Carvalho, cabe agora ao Estado optar por um caminho sustentável para Corumbá.

"O ideal seria usar as áreas já devastadas para o plantio de eucalipto". Nos cálculos de Carvalho, o ganho socioambiental com uma cadeia florestal instalada na região seria grande. "Se for respeitada a demanda total do pólo por carvão vegetal até 2015, poderiam ser criados 28 mil empregos diretos". O pólo em si, deverá contratar, no máximo, 10 mil pessoas até 2013. "Depois do fim da construção, o número de vagas deve cair para 7 mil".

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

ICE MELT ACCELERATES AROUND THE WORLD

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Eco-Economy Indicator -- ICE MELT

February 4, 2008

Eco-Economy Indicators are the twelve trends the Earth Policy Institute tracks to measure progress in building an eco-economy. Ice melting is one of the most visible indicators of climate change.


ICE MELT ACCELERATES AROUND THE WORLD
Frances C. Moore

With atmospheric carbon dioxide concentrations at new record highs and global average temperature now some 0.8 degrees Celsius above pre-industrial levels, the frozen regions of the earth are showing us just how rapidly climate change can take effect. Recent years have seen ice melt accelerate and spread to new, previously unaffected regions. In many areas, the pace of melting has surprised even the scientists studying it most closely, providing a strong early indication that the consequences of climate change could come faster and be more severe than previously believed.

The most dramatic loss of ice in recent years has been the decline of summer sea ice in the Arctic Ocean. Between 1953 and 2006, the area covered by sea ice in September shrunk by 7.8 percent per decade, more than three times as fast as the average rate simulated by climate models. Researchers were further stunned in the summer of 2007 when Arctic sea ice extent plummeted to the lowest level ever measured, more than 20 percent below the 2005 record...

For entire text see
http://www.earthpolicy.org/Indicators/Ice/2008.htm
For data see
http://www.earthpolicy.org/Indicators/Ice/2008_data.htm


For an index of Earth Policy Institute resources related to Ice Melt see
http://www.earthpolicy.org/Indicators/Ice/index.htm

And for more information on the effects of rising temperature and how to stabilize climate, you may be interested in Plan B 3.0: Mobilizing to Save Civilization by Lester R. Brown (New York: W.W. Norton & Company, 2008), posted at http://www.earthpolicy.org/Books/PB3/index.htm.

A POSIÇÃO DO GOVERNO BRASILEIRO SOBRE A AMAZÔNIA

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Tem sido influenciada por um pensamento dominante em parte da diplomacia e em áreas ligadas à segurança nacional, o de que aceitar pagamentos externos pela conservação da floresta (ou outros recursos e serviços naturais) implica renúncia à soberania no uso desses
recursos. Essa atitude certamente terá influenciado a proposta que o Brasil apresentou, em Bali, de um Fundo para Proteção e Conservação da Amazônia Brasileira. Embora tenha o mérito de reconhecer que é preciso cuidar desse problema - já que o Brasil é o quarto maior emissor do mundo, com mais de 1 bilhão de toneladas de dióxido de carbono (inventário de 1994), das quais cerca de 75% em decorrência de desmatamento e queimadas -, a proposta não está vinculada a nenhum compromisso ou meta no âmbito da convenção do clima. É um fundo ?voluntário?, para o qual poderão contribuir países, instituições ou empresas, mas sem direito de contabilizar em seus balanços de emissões eventuais reduções obtidas por esse caminho - terão direito apenas a um ?diploma?.

O mecanismo do fundo toma como base uma média anual do desmatamento na Amazônia (outros biomas só depois de 2011, ?quando houver sistemas de monitoramento?) durante a década 1996-2005, que é de 19,5 mil km2. Nesse caso, se o desmatamento que vier a ser apurado em 2007-2008 for, por exemplo, de 14 mil km2, a redução terá sido de 5,5 mil km2, ou 550 mil hectares, comparada com aquela média; como cada hectare desmatado/queimado emite 100 toneladas de carbono e estas equivalem a 400 toneladas de dióxido de carbono, a redução de emissões será de 220 milhões de toneladas de CO2; e como cada tonelada será cotada a US$ 5, essa redução de emissões daria direito a receber cerca de US$ 1,1 bilhão.

O projeto brasileiro foi recebido com ceticismo quase unânime. O professor Carlos Nobre, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), acha que por esse caminho o Brasil conseguirá receber, no máximo, uns US$ 100 milhões por ano - que poderão ser do fundo criado pela Noruega (US$ 550 milhões por ano), do GEF ou do mecanismo da Nature Conservancy.

Além disso, é possível perguntar: que sentido faz um fundo para reduzir o desmatamento na Amazônia que toma por base 19,5 mil km2 anuais (a serem revistos só daqui a cinco anos), quando no período 2006-2007 o desmatamento efetivo já esteve em 11.224 km2? De julho
deste ano para cá, o desmatamento na região já aumentou 8% e se prevê que crescerá mais; mesmo que suba 20%, vai-se chegar a 14 mil km2/ano; comparados com a base de 19,5 mil km2, vai-se ter, no papel, uma redução de 5,5 mil km2 e credenciais para receber compensação por isso.

Da mesma forma, não parece muito adequado argumentar, como membros da delegação brasileira em Bali, que o Brasil ?fez sua parte? porque reduziu em três anos suas emissões em 1,3 bilhão de toneladas de CO2, com 38,1 mil km2 menos de desmatamento na Amazônia. Mais adequado seria lembrar que nesses mesmos três anos desmatamos 44 mil km2, que equivalem a 1,32 bilhão de toneladas emitidas. E, finalmente, preocupa a decisão de só considerar o desmatamento em outros biomas a partir de 2011. Só no Cerrado, diz relatório recente do Instituto Sociedade, População e Natureza que estão sendo desmatados 22 mil km2 por ano. >>

Parte final do artigo

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Washington Novaes

O ESTADO DE SÃO PAULO, 21 Dezembro 2007, p.2

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A atenção é a diferença entre a vida e a morte

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"A atenção é a diferença entre a vida e a morte; felicidade e infelicidade. Se colocamos nossa atenção numa planta, adubando a terra do vaso, colocando-a no sol adequado para as suas características, aguando apropriadamente etc., ela provavelmente expressará plenamente suas potenciaidades (flor, fruto, perfume, sombra etc.). Caso contrário, ela tenderá a perecer. A nossa atenção, nesse caso, é a diferença entre vida e morte e isso parece valer para tudo - saúde, condicionamento físico, relacionamentos etc. Resumindo: nossa atenção é o recurso mais valioso que possuímos, não podemos desperdiçá-lo! As emissoras de TV sabem disso: dimensionam seu valor comercial pela atenção que recebem (IBOPE). Cuidemos muito bem dela."

Paulo Roberto da Silva

Estudo derruba ligação entre raios solares e aquecimento global

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mudanças climáticas
04/04/2008

Estudo derruba ligação entre raios solares e aquecimento global


Cientistas britânicos produziram novas e convincentes provas de que a mudança climática atual não é causada por mudanças na atividade solar.

A pesquisa contradiz a teoria favorita dos "céticos" do aquecimento global, segundo a qual raios cósmicos vindos para a Terra - e não as emissões de carbono - determinam a quantidade de nuvens no céu e a temperatura no planeta.

A idéia é que variações na atividade solar afetam a intensidade dos raios cósmicos, mas cientistas da Universidade de Lancaster descobriram que não houve nenhuma relação significativa entre as duas variáveis nos últimos 20 anos.

Apresentando suas descobertas na revista científica "Environmental Research Letters", a equipe britânica explicou que foram usadas três diferentes maneiras para procurar uma correlação, e praticamente nenhuma foi encontrada.

Esta é a mais recente prova a colocar sob intensa pressão a teoria dos raios cósmicos, desenvolvida pelo cientista dinamarquês Henrik Svensmark, do Centro Espacial Nacional da Dinamarca.

As idéias defendidas por Svensmark formaram o principal argumento do documentário "The Great Global Warming Swindle" (A Grande Fraude do Aquecimento Global, em tradução livre), exibido pela televisão britânica, que intensificou os debates sobre as causas das mudanças climáticas atuais.

Caminho errado

"Começamos este jogo por causa do trabalho de Svensmark", disse Terry Sloan, da Universidade de Lancaster.

"Se ele está certo, então estamos no caminho errado tomando todas essas medidas caras para cortar as emissões de carbono; se ele está certo, podemos continuar a emitir carbono normalmente."

Os raios cósmicos são refletidos da superfície da Terra pelo campo magnético do planeta e pelo vento solar - correntes de partículas eletricamente carregadas vindas do Sol.

A hipótese de Svensmark é que, quando o vento solar está fraco, mais raios cósmicos penetram na atmosfera, o que aumenta a formação de nuvens e esfria o planeta. Quando os raios solares estão mais fortes, a temperatura na Terra sobe.

A equipe de Terry Sloan estudou essa relação analisando partes do planeta e períodos de tempo em que se registraram a chegada forte ou fraca de raios cósmicos. Eles então verificaram se isso afetou a formação de nuvens nesses locais e nesses momentos e não encontraram nada.

No curso de um dos ciclos naturais de 11 anos do Sol, houve uma frágil correlação entre a intensidade dos raios cósmicos e a quantidade de nuvens no céu. Mesmo assim, a variação dos raios cósmicos explicaria apenas um quarto das mudanças nas nuvens.

No ciclo seguinte, nenhuma relação foi encontrada.

O IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, na sigla em inglês), em sua avaliação sobre a questão feita no ano passado, concluiu que desde que as temperaturas começaram a aumentar rapidamente nos anos 70, os gases de efeito estufa produzidos pelo homem tiveram um peso 13 vezes maior no aquecimento global que a variação da atividade solar.

"Tentamos corroborar a hipótese de Svensmark, mas não conseguimos. Até onde podemos constatar, ele não tem nenhuma razão para desafiar o IPCC - o IPCC está certo. Então, é melhor continuarmos a cortar as emissões de carbono", disse Terry Sloan.
(Fonte: Folha Online)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

A ARTE DE SAIR DE CENA

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Maurício Andrés Ribeiro (*)

“É tarde demais para o desenvolvimento sustentável; precisamos é de uma retirada sustentável.”
James Lovelock, em A vingança de Gaia

Assisti ao tema da `Arte de sair de cena’ em uma peça de teatro no Centro Brahma Kumaris de Bangalore. O palco era ocupado por muitos personagens, príncipes, generais, administradores, servos, sacerdotes. Entretanto, o mote central da peça não era o papel desempenhado no palco. O tema era a arte de sair de cena, uma alegoria da vida e da morte: desde o nascimento, inicia-se uma contagem regressiva para o momento de sairmos de cena.
No teatro, alguns personagens estão em primeiro plano, como atores principais e não deixam a ribalta. Outros ficam em segundo plano, coadjuvantes da cena principal, ou ocupam o fundo do palco, onde desempenham papel sem grande visibilidade. Nas novelas da TV, o autor mata o personagem quando as pesquisas de opinião assim o indicam ou ele fica até o fim e tudo termina num final feliz ou trágico.
A arte de sair de cena é aplicável às situações de trabalho e à vida pessoal. Na profissão, a saída de cena pode se dar por meio de demissão por justa causa ou imotivada, ou o trabalhador pede as contas e sai. Na vida pessoal, num casamento, há o alívio da separação quando o amor acaba de forma amigável ou os problemas do litígio na justiça.
Na vida pública, há políticos que insistem em ficar em cena mesmo quando não estão agradando, e são tirados de cena pela pressão da opinião pública ou pela derrota eleitoral imposta pelo eleitor insatisfeito com seu desempenho. Alguns saem discretamente; outros se indignam e denunciam erros, disparam metralhadoras giratórias; há também os que ao sair de cena chamam a atenção para si, dramaticamente. Alguns são postos para fora a contragosto, depostos de suas funções, saem do palco de forma melancólica, desmoralizados ou desgastados. Outros se retiram de maneira digna e conquistam a admiração de todos. Há os que morrem jovens, fazem falta e deixam saudades. Os que sofrem morte súbita causam comoção. Há fatores de repulsão, que afastam do palco certos personagens, e fatores de atração, que dão entrada a outros. Algumas são saídas honrosas e dignas, outras são saídas à francesa, de fininho.
Sair de cena se aplica aos jogos e às guerras. Num jogo, pode-se sair expulso ou contundido. Na guerra do Vietnam, o presidente americano Richard Nixon recebeu o conselho de um general: “Declarar vitória e bater em retirada”. Hoje, viciados em petróleo, os americanos têm dificuldades em sair do Iraque, apesar das evidências de que em longo prazo essa guerra não será vencida.
Sair de cena é um exercício que ensina a lidar com a vaidade, com o orgulho, com a revolta, com a indignação e transformá-los em humildade e aceitação. Ensina a aceitar a mudança, a transformação, a perda e a renovação. Saber o momento de retirar-se e encontrar a melhor forma de fazê-lo exige sensibilidade, percepção e senso de oportunidade. A coragem para retirar-se e para render-se à vontade maior requer, ainda, treinamento espiritual.
A arte de sair de cena aplica-se, também, aos processos da evolução. Em seu ultimo livro, intitulado “A vingança de Gaia” Lovelock questiona a viabilidade do desenvolvimento sustentável e propõe uma retirada sustentável. A proposta por James Lovelock diante das forças da natureza é a de uma retirada honrosa, evitando a derrota trágica. James Lovelock é o criador da Teoria de Gaia, pela qual a terra é um organismo vivo com um sistema nervoso central e no qual a espécie humana ocupa o lugar da massa cinzenta do cérebro de Gaia. Substituir a proposta de desenvolvimento pela de retirada implica em mudar a direção do pensamento e das ações e em abandonar alguns supostos antropocêntricos. A proposta lembra o episódio bíblico da expulsão do paraíso. É como se, antes de sermos expulsos, tomássemos a iniciativa de nos retirarmos, voluntariamente.
Essa retirada pode ser econômica ou demográfica. Entre as formas possíveis de retirada econômica existem ações brandas, tais como a redução dos impactos ambientais das atividades humanas por meio da melhoria da ecoeficiência e a redução de emissões de poluentes, entre eles os gases de efeito estufa; a neutralização de carbono de atividades específicas tais como eventos, encontros, festas; a desativação progressiva de atividades ecologicamente destrutivas; a imposição de limites e restrições à realização de atividades poluidoras; finalmente o banimento ou eliminação de atividades não essenciais, supérfluas ou desnecessárias e que produzem impactos climáticos e ambientais.
Assim por exemplo, abolição das guerras como forma de resolução de conflitos poderia promover uma substancial redução da emissão de gases do efeito estufa, gerados no processo de produção das guerras, desde a extração de minerais até sua transformação industrial, o transporte de equipamentos militares, seu uso e atividades de reconstrução posteriores à destruição material, provocada pelos conflitos armados. Mas pergunta-se: As sociedades estão dispostas a não guerrear?
Outra atividade a reduzir seria o turismo consumista. Vôos internacionais e nacionais, transporte terrestre, serviços e comércio sofrem a pressão das atividades turísticas e provocam fortes impactos ambientais. Será necessário reduzir as viagens aéreas não essenciais que emitem gases? Que resistências serão encontradas? Os viajantes estão dispostos voluntariamente a abdicar de viajar? Será necessário sobretaxar os deslocamentos ou limitá-los de outras formas?
Pelo lado do consumo, uma forma de retirar-se é reduzir a pressão sobre a natureza, por meio de educação, da cultura ecologizada e da imposição de ônus econômicos e taxação sobre o consumo. Além disso, são formas de reduzir os impactos das atividades humanas:
• Redesenhar as edificações e cidades dentro de normas e padrões que ajudem a conservação de energia.
• Adotar vida contemplativa e prezar a meditação e o uso do tempo de formas criativas que não pressionem o ambiente e o clima.
• Reduzir a pegada ecológica, a pegada hídrica e a pegada energética de indivíduos, cidades, países. Criar imposto progressivo sobre a pegada ecológica.
• Conter o crescimento econômico insustentável para que a evolução humana se faça dentro de limites dos recursos do planeta.
• Reduzir a ação sobre o meio físico e limitar a produção de bens materiais que demandam o uso de recursos naturais.
• Maximizar as atividades menos impactantes, tirar objetos de cena, dissolver desejos e promover menor consumo material.
As retirada demográfica pode ser branda ou drástica. Há um movimento biocêntrico, disseminado pela Internet, pela auto-extinção voluntária da espécie humana, por meio da proposta de filho zero, que em poucas gerações extinguiria ou reduziria a quantidade de indivíduos da espécie. Essa proposta cortaria pela raiz os efeitos das atividades humanas, mas é utópica, devido às dificuldades para promover a adesão voluntária a ela.
Comenta Lovelock: ”As mulheres nas sociedades prósperas, se dotadas de uma chance justa de desenvolver seu potencial, optam voluntariamente por ser menos fecundas.” O controle voluntário do crescimento demográfico é uma maneira de fazer o tamanho da população humana caber nos limites da capacidade de suporte do planeta. Um exemplo é o planejamento familiar com redução da natalidade e do incentivo ao filho único, tal como realizado na China. A retirada demográfica pode-se dar por meio de formas extremas e dolorosas de redução da população, tais como as guerras e o genocídio, bem como a exposição a pragas e doenças. Aqui se colocam questões éticas, como lembra Pierre Weil : “Entre aceitar a morte como processo vital e provocá-la se encontra a diferença fundamental entre um valor construtivo e um destrutivo.”
Lovelock estima que chegaremos ao final do século XXI reduzidos a um bilhão de pessoas, devido aos efeitos das mudanças climáticas em curso.

(*) Autor de Ecologizar, pensando o ambinete humano e de Tesouros da Índia para a civilização sustentável. www.ecologizar.com.br mandrib@uol.com.br

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Cliente Wal-Mart recebe crédito por sacolas plásticas não usadas

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O Wal Mart iniciou um projeto piloto de crédito aos consumidores que não utilizarem as sacolas plásticas nas lojas de Recife e Salvador. As sacolas plásticas, além de representarem um enorme consumo de recursos não renováveis, chegam a 10% dos custos de redes de varejo, que é pago por todos os consumidores, que usam ou não as sacolas. O desconto é uma forma interessante de desonerar este custo do consumidor consciente.

Abaixo a matéria no site do Akatu.

http://www.akatu.org.br/parceiros/acoes/cliente-wal-mart-recebe-credito-por-sacolas-plasticas-nao-usadas

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Bolsas & famílias

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Míriam Leitão - Panorama Econômico O Globo 31-01-09
Bolsas & famílias
Quando o governo ampliou o Bolsa Família, entendeu-se como gastança federal. Quando o BNDES comprou ações da Aracruz e da Votorantim, entendeu-se como medida contra a crise. Com a primeira decisão, o governo vai gastar meio bilhão de reais e beneficiar 1,3 milhão de famílias pobres; com a segunda, está gastando dois bilhões e meio de reais para beneficiar quatro famílias ricas. No primeiro caso, o governo está incluindo no programa quem tem renda familiar de R$ 137 per capita por mês. No segundo caso, é impossível calcular a renda familiar dos beneficiados. O grupo Votorantim, da família Ermírio de Moraes, e a Aracruz, das famílias Lorentzen, Almeida Braga, Moreira Salles e Safra, fizeram maus negócios na aposta no mercado futuro de câmbio. Perderam muito dinheiro. O BNDES financiou a compra da Aracruz pela Votorantim e ele mesmo comprou um bloco de ações, pagando acima da cotação de mercado. No dia seguinte, o valor das ações caiu mais e os avaliadores de risco deram às ações perspectiva negativa. Sinal de que era um mau negócio e que a junção das duas empresas havia criado outra muito endividada, à qual o BNDES se juntou como um dos donos. Os grupos em questão têm muitos ativos que podem vender, e, com isso, sair da encalacrada em que entraram. Tanto é que a Votorantim, ontem mesmo, vendeu para o grupo Camargo Corrêa, por R$ 2,6 bilhões, a participação que tinha na CPFL, num negócio que será quitado por capital próprio e captação da Camargo junto ao mercado privado. Outros negócios ocorrerão neste momento de crise. A Votorantim saiu da CPFL porque não quer focar em energia; a Camargo comprou porque quer focar em energia. Se o BNDES for menos paternalista, se o governo parar de usar o Banco do Brasil e a Caixa para ajudar empresas, o mundo empresarial fará sozinho boas reestruturações de negócios neste momento de crise. O BNDES entrou na Votorantim-Aracruz porque temia que a Aracruz fosse comprada por uma empresa estrangeira. Qual o problema se fosse? No Brasil há quem se escandalize cada vez que aumenta o gasto com os pobres, e não faz conta alguma do que o Estado gasta com subsídios aos ricos. Os empréstimos do BNDES são com taxas de juros mais baixas do que as pagas pelo Tesouro para se financiar. Há um gasto do Tesouro implícito. O Bolsa Família não é entendido nem por quem o faz. Tem sido temido pela oposição, que vê nele a razão da popularidade do presidente Lula. Tem sido defendido pelos petistas, pela mesma crença. É criticado por quem acha que esse dinheiro está sendo subtraído da educação. É atacado por falsos fiscalistas, que não veem os grossos volumes de dinheiro que saem pelos muitos ralos que subsidiam os ricos no Brasil. É desmoralizado por quem, no governo, acha que a exigência de contrapartida e a fiscalização podem ser negligenciadas. Foi criticado pelo ministro Mangabeira Unger, com argumentos espantosos, preconceituosos e elitistas. Falando dias atrás ao repórter Bernardo Mello Franco, deste jornal, ele revelou que pensa que os pobres preferem ser pobres, teriam a cultura do “pobrismo” e que o programa deveria se concentrar nos “batalhadores”, aqueles que estão às portas da classe média: “O ponto nevrálgico é escolher corretamente o alvo. Muitas vezes tenta-se abordar o núcleo duro da pobreza com programas capacitadores, e aí não funciona. Populações mais miseráveis são cercadas por um conjunto de inibições, até de ordem cultural, que dificulta o êxito desses programas”, disse o ministro, que depois tentou dizer que foi mal interpretado. Na visão do nosso ministro do sei-lá-o-quê, como o define Elio Gaspari, o governo deveria direcionar os recursos do Bolsa Família aos quase-classe média, os “pobres viáveis”. Faltou completar o raciocínio e dizer o que deve ser feito com os pobres e miseráveis brasileiros. Os pobres deveriam ter preferência no dinheiro público. Nunca tiveram, nem mesmo agora. Uma rede de proteção social é ação civilizatória. Mas os avanços dos estudos das políticas sociais já provaram que melhor é construí-la não como um fim em si, mas como um meio de pavimentar o caminho para a mobilidade social através da educação. Não há conflito entre recursos para o Bolsa Família e recursos para a educação. Recentemente, conversei com uma professora de alfabetização do ensino público do Espírito Santo. Ela dá aulas na parte mais pobre de Vitória, e lá 70% das crianças estão no Bolsa Família. O programa tem foco. O erro do lulismo é que mesmo com o mérito de ter ampliado o antigo Bolsa Escola para o Bolsa Família, no fundo, vê o programa como arma eleitoreira. A maneira correta de fazer essa transferência do dinheiro dos impostos aos mais pobres seria a mais impessoal possível, não como um favor paternalista de uma espécie de “pai dos pobres”, mas como direito do cidadão. Milhões desses pobres jamais serão absorvidos no mercado de trabalho. Não por culpa deles, ministro Mangabeira, mas pelos erros do país que os relegou ao analfabetismo e à privação crônica. Os filhos deles, no entanto, têm muita chance. Se persistirmos.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Vale a pena ser lido

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Carmelo Ruiz Marrero - El fin del crecimiento. Baixe o arquivo crm210109 aqui.

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