sábado, 28 de agosto de 2010

Ambiente: No mundo dos economistas, cultiva-se o mito de que existe um sistema neutro para a natureza.

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Sustentar o quê, para quem?
Por Hugo Penteado, para o Valor, de São Paulo
27/08/2010

Ao ler as entrevistas que integram o excelente livro "O Que os Economistas Pensam sobre Sustentabilidade", do jornalista Ricardo Arnt, somos tomados por uma sensação de abandono e falta de respostas claras sobre as ações necessárias para mudar nosso rumo, ao lado do pouco tempo para responder aos estragos já impostos aos mecanismos de sustentação da vida na Terra. Tudo depende daquilo em que acreditamos: como não são os humanos que dão as regras, mas o planeta, torna-se inaceitável o mito de total separação entre economia e ambiente, presente na maioria das análises.
A economia tem ignorado as questões ambientais e sociais, apesar de tantas evidências. É um erro científico monumental. Ao bicho da economia não importa de onde vêm os recursos, nem para onde vão os dejetos. Ele só tem sistema circulatório, só gera benesses que se somam no PIB e flutuam num Jardim do Éden. Esse mundo de faz de conta poderia estar até em Marte, e as conclusões seriam as mesmas.
Não é mencionada nas entrevistas a maior extinção em massa da vida deste planeta nos últimos 65 milhões de anos, causada pela pressão humana sobre os ecossistemas finitos da Terra. O paleontólogo e biólogo Stephen Jay Gould (1941-2002) escreveu que é muita ingenuidade achar que essa extinção jamais vai se voltar contra seus causadores, já que na Terra todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos e respectivos ecossistemas. Aquecimento global não é o problema, mas um deles. E nem é o mais importante, além de ser mera consequência. Faltou, na maioria das entrevistas, dar ênfase às causas - uma delas, o crescimento econômico -, mencionadas com clareza e
crítica apenas por José Eli da Veiga e Ricardo Abramovay.
Vários economistas entrevistados raciocinam sob influência dos erros da teoria neoclássica, segundo a qual a economia pode ser maior que o planeta. Não se trata mais de discutir quem está certo ou errado, mas de discriminar as visões de mundo que estão em acordo ou desacordo com a realidade complexa à nossa volta. A economia aplicada, baseada em premissas falsas, sofreu uma quebra de paradigma que, estranhamente, ainda não foi reconhecida pelos seus principais usuários.
As citações do matemático e economista Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994) ignoram a dureza da sua crítica irrefutável. Com sua profunda análise do sistema econômico nos anos 1970, ele previu as tragédias planetárias dos anos 1990 em diante: "Se a economia do descarte imediato dos bens e do desperdício continuar, seremos capazes de entregar a Terra ainda banhada de sol apenas à vida bacteriana".
Se esse vaticínio tivesse sido incorporado ao pensamento econômico como uma contribuição, e não como heresia, teria evitado a maior parte das catástrofes já observadas.


Esse desastre não diz respeito às gerações futuras, pois quem já sofre os danos são as gerações atuais, viventes. Não dá mais para achar o contrário, como na resposta do professor Antonio Delfim Netto, quando lhe foi perguntado se não o preocupava a finitude da capacidade de resistência do planeta: "Eu me preocupo, mas o que posso fazer? Esse futuro eu não vou viver". Essa perda de referência nos faz imaginar que não temos mesmo nada a fazer. Temos sim.
Para falar de sustentabilidade, os economistas devem iniciar pela crítica de Roegen, que recorre às leis da mecânica clássica para explicar processos econômicos. Cultiva-se o mito de um sistema econômico neutro para a natureza: podemos passar um trator na Amazônia, dar marcha à ré e nada aconteceria, porque o sistema econômico é neutro, previsível e absolutamente reversível.
Isso cria ideias estapafúrdias, como a infinita substituição dos recursos da natureza, mas o pecado maior apareceu na teoria de crescimento de Robert Solow: um dia, o ser humano será capaz de produzir outros fatores materiais que não os da natureza - esse capital (máquinas, equipamentos etc.) seria um perfeito substituto da natureza. Não existem outros fatores materiais que não os da natureza, avisam os físicos à sua irmã siamesa, a economia.
O mito da tecnologia aparece amiúde nas respostas dos entrevistados, como solução milagrosa dos problemas, mas há oposição: Eduardo Giannetti e outros pedem que não se conte com milagres tecnológicos. Ao mito do crescimento eterno junta-se outro que tudo justifica: todas as benesses sociais derivam do crescimento. Os economistas precisam também reavaliar os resultados sociais. Há pinceladas sobre esse tema nas entrevistas, mas nada conclusivo.
O Clube de Roma apenas evidenciou, tal como Roegen, que há limite para a economia dentro de um planeta finito. Essa visão simples continua válida, com vários graus de acerto. Não há exercício de futurologia aí. Apenas, recomenda-se reconhecer a incompatibilidade de um subsistema sempre crescente dentro de um planeta finito.
Pouco entendimento é mostrado por grande parte dos entrevistados sobre o cálculo da Global Footprint Network, pelo qual hoje a humanidade já faz uso de 1,3 planeta e não há mais tempo para a regeneração da maior parte dos 20 serviços ecológicos de sustentação da vida, que já estão em colapso.
A mesma conclusão está presente nos dois relatórios do Millenium Ecossystem Assessment, o mais recente dos quais intitulado "Civilization Collapse". A revista "New Scientist" também tocou nesse tema no texto "The folly of growth", no qual pergunta aos cientistas quantas pessoas o planeta sustentaria no padrão de vida dos países ricos. Resposta: apenas 200 milhões.
Veiga e Abramovay fizeram propostas interessantes no âmbito de soluções institucionais, endossadas indiretamente por outros economistas. A discussão sobre renováveis quase sempre foi dirigida para oportunidades de negócios e exportações e não em revogação da rota de colisão com a Terra. Fica clara a necessidade de rever o conceito de energia limpa e suas reais limitações e remover o desperdício monumental (de tudo), como o do sistema de transportes (e não copiar os chineses, que começam a proibir bicicletas nas principais cidades). André Lara Resende tocou nesse ponto com razão. Transformar nosso sistema de transportes, ineficiente energeticamente, evitaria a construção de várias usinas Belo Monte. Na verdade, ter mais energia não significa ter melhores resultados.
O conceito de energia limpa também precisa ser aprimorado, bem como o da economia de baixo carbono, por uma razão muito simples: produzir mais energia, mesmo que com tecnologias mais limpas, aumentará a pressão humana sobre a Terra, e não o contrário. Acima de tudo, não se pode esquecer que não temos só um problema de energia, mas de matéria. É um erro acreditar que o único desafio é obter uma fonte de energia limpa e infinita e com isso construir um novo planeta (crença muito difundida).
O erro de Malthus é o mesmo da visão dominante atual e é hilário ele ser citado como exemplo contrário. Malthus, como todos, não via a menor restrição para o crescimento ininterrupto da população. Apenas recomendava correspondência com o ritmo aritmético de produção de alimentos. Se, por acaso, ele soubesse que os alimentos iriam apresentar crescimento geométrico, não teria visto o menor problema no crescimento populacional.
Uma ideia estranha, similar, está relacionada com a queda dos regimes comunistas. A derrocada do comunismo nada tem a ver com organização política, mas, sim, com colapsos ambientais e falta de recursos naturais - rota igualmente seguida pelo Ocidente, o que sugere um alerta para os regimes ditos "vitoriosos".
Exportações não são uma solução econômica viável para país nenhum, quando não se leva em conta a questão ambiental e planetária. É uma demanda estrangeira sobre os ecossistemas do Brasil, com poucos benefício para a população e impacto negativos até no emprego. A comissão Stiglitz-Fitoussi-Senn recusou o conceito de pegada ecológica, pelo seu viés contrário ao comércio global. O maior furor ambientalista na Europa, hoje, é concentrar-se em produtores locais, para evitar a tragédia carbônica do transporte transoceânico, ignorada também pelo sistema de preços.
O comércio global, principal causa do colapso ambiental civilizatório, pela primeira vez na história da humanidade permitiu aos países ricos exportar esse mesmo colapso para o resto do mundo, a custo zero. Se os Estados Unidos (ou a China, ou outro país rico) fossem o único território deste planeta e não tivessem nenhum lugar onde explorar recursos para sua "prosperidade", já teriam entrado em colapso há muito tempo.
É correta a crítica pela qual não podemos aceitar a tese de que, se os ricos poluíram e destruíram, devemos fazer o mesmo. Precisamos, sim, propor internacionalmente uma forte compensação monetária por salvarmos o resto do planeta. Manter a Amazônia em pé parece ser consenso de todos. Resta saber por que, com tanta unanimidade, a cada ano temos menos floresta e estamos mais próximos de sua resiliência. Segundo Niro Higuchi, cientista brasileiro membro do Intergovernmental Panel on Climate change (IPCC), a floresta retém carbono equivalente a 150 anos de atividade industrial e, se sua resiliência (ou padrão de umidade) desaparecer, não há como impedir que desapareçam bilhões de seres humanos.
É estranho, e errado, achar que a limitação ecológica só existe quando nos aproximamos dela. Em outras palavras, não haveria erro na análise, só no momento em que nos aproximamos do precipício.
No fundo, se a teoria econômica não fosse tão capenga em relação às questões essenciais da humanidade e sua posição vulnerável em relação ao planeta, as potencialidades que teríamos atingido teriam sido muito maiores. O fato de os recursos causarem a impressão de serem inesgotáveis no passado, como respondeu Edmar Bacha, e terem sido tratados como bens livres, é um erro secundário decorrente dos mitos que regem os princípios de conservação e axiomas do pensamento econômico tradicional.
Enfim, o livro é de uma riqueza de análise interessantíssima para abrir um debate que não pode mais ser adiado. Não deixa de ser positivo o fato de os economistas serem chamados a pensar a respeito de um assunto sobre o qual nunca se debruçaram. Mas faltou coragem para reconhecer os erros e as falhas do pensamento atual. Só assim teremos um progresso verdadeiro.
Hugo Penteado é economista formado pela Universidade de São Paulo, autor do livro "Ecoeconomia - Uma Nova Abordagem" (Lazuli, 2003 e 2008)

"O Que os Economistas Pensam sobre Sustentabilidade".

Ricardo Arnt. Editora 34. 288 págs., R$ 44,00

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

China ordena fechamento de 2000 indústrias poluidoras

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O governo chinês estabeleceu redução de 20% do uso de energia por unidade de produto em 2006-2010, referente ao 11o plano quinquenal deles. No período 2006-2009 a redução foi de 16,6% e na primeira metade do ano de 2010 a intensidade subiu 0,10%. O governo dificilmente atingirá a meta, mas não sei por qual razão, a ênfase em atingi-la é enorme. Talvez porque na primeira metade do ano os acidentes ambientais aumentaram 98%. Teve três seríssimos, sequer foram noticiados aqui no Ocidente, excetuando o do petróleo em Dalian. Esses acidentes destruíram vários rios. O outro motivo, não menos possível, é que o "desenvolvimento chinês" está saindo da costa para o interior e a bacia dos rios estão todas lá e o governo teve um colapso maior do que se imagina.

Note que essas metas chinesas e outras no mundo todo vivem o "mito do quociente", sei que muitos apontam esse mito (o seu livro Mundo em Transe deixa isso bem claro e Ademar Romeiro em suas palestras aponta o "mito do quociente" como uma das maiores evidências contrárias ao pensamento atual). A meta do quociente pode ser atingida, mas o que importa para um sistema fechado e finito é o resultado absoluto. Ele é sempre crescente quando medidos poluição, efluentes, contaminações...

Esse assunto chegou no mercado financeiro não por causa da questão ambiental, totalmente ignorada, mas pelo efeito negativo que poderia ter no crescimento da produção industrial. E, na verdade, a maior parte dos relatórios prevê que o governo irá abandonar essa meta no meio da desaceleração global, por conta do efeito negatino no crescimento que já se encontra em desaceleração. O mito de total separação entre economia e meio ambiente e de não ser possível ter resultados econômicos favoráveis com resultados ambientais favoráveis está impresso em 100% das análises e das práticas ainda, apesar de tanto barulho que já fizemos. No mercado financeiro, sustentabilidade continua sendo cosmético ou produto de prateleira, sem mudar uma virgula sequer a rota de colisão atual com a Terra, da qual jamais sairemos vencedores.

Hugo Penteado

China ordena fechamento de 2000 indústrias poluidoras

Fabiano Ávila, do CarbonoBrasil (apud Mercado Ético: 10/08/2010 14:13:53)

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"Este é o alerta mais forte que o governo já deu para as empresas.
Pela primeira vez esse tipo de medida, já mencionada diversas vezes,
realmente irá sair do papel e temos inclusive os detalhes das
instalações que devem ser fechadas", afirmou Zhou Xizeng, analista do
Citic Securities Co para a Bloomberg.
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Foi na base da canetada e da ameaça de corte de subsídios, empréstimos
e de licenças de uso de terras, que o governo deu até setembro para
que 2087 empresas fechem suas instalações que estiverem fora dos
critérios mínimos de consumo de eletricidade e de emissões de gases do
efeito estufa.

As metas chinesas prometidas internacionalmente envolvem reduzir a
intensidade energética em 20% e cortar as emissões por unidade do PIB
em 45% até 2020 com relação aos níveis de 2005.

"Acelerar a eliminação de instalações obsoletas é fundamental para
alterar o padrão de crescimento econômico, reestruturar a economia e
aumentar a eficiência e a qualidade de nosso desenvolvimento", afirma
uma declaração do Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação.

O uso da energia por unidade do PIB cresceu 0,09% nos primeiros meses
desse ano com relação a 2009. É o primeiro aumento desde 2006. Antes
disso, essa taxa havia conseguido uma redução contínua de 14,4%.

A Agência Internacional de Energia anunciou recentemente que a China
ultrapassou os Estados Unidos no ano passado e se tornou o maior
consumidor de eletricidade do planeta. O governo chinês ainda não
reconhece esse dado.

Anos de crescimento desordenado

A rápida industrialização chinesa, que transformou o país em uma
potência mundial, teve altos custos para o meio ambiente e a
sociedade. Na busca de atender a demanda de uma população gigantesca
que começou a ter poder de compra, as indústrias nunca primaram pelos
critérios mais rígidos de uso de recursos e tratamento de efluentes.
Por isso hoje a China é a terceira maior economia do mundo, mas também
possui as cidades com as piores condições de poluição do ar e da água.

A idéia do governo agora é ir "limpando" os setores industriais, ao se
livrar o mais rápido possível daquelas fábricas que não se encaixam
nos requisitos mínimos de qualidade e eficiência. Mas isso terá um
custo.

A medida irá reduzir em 100 milhões de toneladas a produção de cimento
e em 35 milhões de toneladas a de ferro. Isso equivale a uma queda de
5% no total que o país produz atualmente dos dois recursos.

Gigantes mundiais como a Aluminum Corp. of China Ltd, conhecida como
Chalco, e o Hebei Iron & Steel Group serão afetadas. A maior parte das
empresas ainda não se manifestou sobre a decisão do governo.

Porém a Chalco afirmou que não apenas vai cumprir a ordem como vai ir
além e fechar instalações obsoletas por vontade própria. A companhia
deve reduzir sua produção em 120 mil toneladas métricas, o equivalente
a 3% de sua capacidade em 2009.

"Este é o alerta mais forte que o governo já deu para as empresas.
Pela primeira vez esse tipo de medida, já mencionada diversas vezes,
realmente irá sair do papel e temos inclusive os detalhes das
instalações que devem ser fechadas", afirmou Zhou Xizeng, analista do
Citic Securities Co para a Bloomberg.

No começo deste ano, A China já havia estabelecido novos padrões
ambientais para produtores de aço e removido subsídios para o consumo
de eletricidade de setores onde antes esse tipo de ajuda era
considerada estratégica, como na mineração.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Austrália combate gases bovinos do efeito estufa

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Após ler o artigo (ver conteúdo abaixo), não dá para deixar de comentar. Legal, mas ao pegar o rebanho que arrota menos e multiplicar por 10 ad nauseam para satisfazer as necessidades ilimitadas dos seres humanos e impensáveis dos chineses, o impacto total será maior mesmo assim. E, a indústria da carne pode fazer de tudo, mas dar carne aos 6,7 bilhões de pessoas dentro da lógica produtivista e acumulativa significa ter que seguir o conselho de Stephen Hawking: precisaremos colonizar outros planetas rapidamente. A saída não está aí se não revertermos essa lógica. E não temos como sair desse planeta, estamos presos aqui.

Do ponto de vista da saúde, a carne é um grande mal para o corpo humano, principalmente quando ingerida além da nossa capacidade digestiva. Segundo literatura médica, só conseguimos digerir de 30 a 40 gramas de carne a cada quatro horas, dada a nossa natureza onívora (ops, desconhecemos até o ecossistema mais próximo da gente pelo jeito...). Os animais carnívoros tem saliva ácida, produzem ácido clorídrico suficiente para derreter ossos e tem intestino curto; seres humanos e os onívoros possuem saliva alcalina e a carne chega inteira no estômago, onde produzimos muito pouco ácido clorídrico e termina num intestino preguiçoso e longuíssimo.

Foi feita uma lavagem cerebral para acreditarmos que somos carnívoros, contrariando conhecimentos básicos de biologia. Eu perguntei isso outro dia a uma plateia e todos levantaram a mão para confirmar que somos carnívoros!!! A modernidade é cheia de oximoros: informações emburrecedoras; veículos paralisantes, saúde para doentes, alimentos desnutritivos, cidades desumanas, etc.

Fora os 30 ou 40 gramas que somos capazes de digerir, o resto apodrece dentro do nosso tubo digestivo longuíssimo, vira fonte de contaminação, obesidade, aceleração do envelhecimento e doenças. A verdade é que a carne que excede a quantidade possível de ser digerida só serve para ser transformada em bolo fecal podre e contaminante, que demora três dias para sair pelas vias naturais. Isso não é um sinal da nossa inteligência...

Comer carne não é só um dos hábitos mais anti-ecológicos que existem, é também anti-social e perdulário com a Terra: não comemos a vida do boi, mas a sua morte e se todo alimento usado para os rebanhos fosse dado aos seres humanos, a oferta de alimentos aumentaria várias vezes. Todo e qualquer produto que não poder ser universalizado para os 7 bilhões de seres humanos tem que ser evitado ou consumido de acordo com as suas possibilidades benignas. A partir de um certo ponto é, à lembrança de um importante termo de Herman Daly, deseconômico. Já sabemos o montante: 40 gramas.

Portanto, o artigo mostra como a solução dos problemas econômico-ecológicos não saem da lógica quantitativa, produtivista, acumulativa, seja no âmbito da carne, do clima ou da energia e alhures. Quanto mais forçamos o sistema para produzir melhor, mesmo que na margem essa nova adição produtiva seja mais limpa e ecológica, o impacto não pára nenhum momento de subir (isso vale para o mito fortíssimo da energia limpa...). Dá para entender porque um jornal como o NYT publica isso sem visão crítica alguma, mas muitos já sabem que precisamos substituir a produção atual e não adicionar novas produções com ideias mirabolantes que de forma alguma revogam a finitude da Terra.

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New York Times na Folha de S.Paulo da Segunda Feira, 2 de Agosto 2010

Austrália combate gases bovinos do efeito estufa

Por Norimitsu Onishi

GATTON, Austrália - A julgar pelo que diz Athol Klieve, a chave para a redução das enormes emissões australianas de gases do efeito estufa é tornar a vaca mais parecida com o canguru, o animal-símbolo do país.

Ambos os animais são herbívoros e fermentam o alimento antes de passá-lo ao estômago principal. Mas, enquanto o gado expele enormes quantidades de metano para digerir a comida, os cangurus arrotam ácidos inofensivos, que podem ser transformados em vinagre.

Klieve, um especialista em estômagos bovinos, tem mexido na dieta dos ruminantes para que eles arrotem menos. Mas se anima ao falar em comandar uma equipe de pesquisadores para fazer o intestino do gado funcionar como o dos cangurus.

"Aditivos na ração podem levar a reduções no metano", disse Klieve. "Mas estamos tentando outras coisas que poderiam nos permitir um salto quântico e, por isso, estamos observando os cangurus."

A Austrália emite mais gases do efeito estufa per capita do que praticamente qualquer outro país, graças às suas usinas termoelétricas a carvão. Mas mais de 10% desses gases vêm daquilo que burocratas chamam de emissões pela criação animal.

A qualquer momento, após mastigarem e regurgitarem sua comida, dezenas de milhões de vacas australianas, e também ovelhas, estão arrotando metano incessantemente.

Como o metano é considerado 21 vezes mais potente do que o dióxido de carbono no processo de aquecimento da atmosfera, esses arrotos dão munição para ambientalistas, vegetarianos e outros críticos da carne.
Agora, a indústria da carne está reagindo. Junto com o governo, ela está financiando uma campanha de US$ 24 milhões para reduzir as emissões animais de gases.

Os pesquisadores examinam medidas como ajustar as rações, melhorar a gestão do estrume, recalibrar os organismos estomacais e selecionar geneticamente animais que arrotam menos. Esses cientistas estudam os
estômagos de ruminantes como vacas, ovelhas e cervos.

Num país onde a crescente conscientização ambiental pode afetar a venda de carne, a entidade Carne e Criação Austrália está convidando ambientalistas importantes para seminários intitulados "Carne vermelha pode ser verde?".

Na parte anterior do sistema digestivo de uma vaca, que pode conter mais de 90 kg de pasto a qualquer momento, a fermentação do alimento leva à liberação de hidrogênio. Micróbios chamados metanogênicos ajudam a eliminar o excesso de hidrogênio, produzindo metano.

Em outros animais que apresentam fermentação na parte posterior do sistema digestivo -ou seja, depois da passagem pelo estômago-, o metano às vezes é liberado por meio de flatulência, algo que, segundo Klieve, tem gerado confusões sobre o seu trabalho.

Como o gado, os cangurus fazem a fermentação na parte anterior do trato digestivo. Mas, em vez de usarem micróbios metanogênicos para se livrar do hidrogênio indesejado, os cangurus usam micróbios diferentes, que reduzem o hidrogênio não pela produção de metano, e sim de ácido acético, a base do vinagre. Seria possível transplantar esses micróbios para as vacas? Seria possível criar nos estômagos bovinos um ambiente em que os micróbios bons substituiriam os metanogênicos?

"Se pudermos responder essas perguntas, estaremos avançando para conseguir que esses animais não fiquem produzindo metano", disse Klieve.

Nem todo o mundo apoia a pesquisa. "Isso soa surpreendente para mim, que este seja o foco primário, quando já há um animal que faz isso", disse George Wilson, diretor da Australian Wildlife Services, empresa de gestão da vida selvagem, que faz campanha pelo maior consumo de carne de canguru na Austrália.

A proposta foi favoravelmente citada num relatório governamental de 2008 sobre a mudança climática, que apontava que por 60 mil anos os cangurus foram a principal fonte de carne para os aborígenes australianos.

Mas Beverley Henry, encarregada de questões climáticas da Carne e Criação Austrália, disse que a ideia é inviável. "Você precisa de algo como dez cangurus para produzir a mesma quantidade de carne de um bezerro. Não dá para pastoreá-los ou cercá-los."

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Quase 80% do petróleo derramado no Golfo continua no oceano, dizem especialistas

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Ao grupo Ecoeco:

A Terra nunca nos ofereceu problema como fornecedora de recursos, mas como absorvedora do impacto das nossas atividades. Esse problema é cada vez maior, apesar disso, insistimos em manter as causas inalteradas. Alberta, Pré-sal, Afeganistão...

Quando alguns economistas ou cientistas cegos olharam para a questão planetária, olharam para a questão da quantidade ou a posição da Terra como fornecedora e concluíram que não existe limite algum, como tentamos apontar. Há dois erros aí. Um olhar para o lado quantitativo e não para o qualitativo. E, finalmente, o fato de que se o limite não foi atingido, isso pudesse levar à conclusão que ele não existe, da mesma forma que por não termos morrido ainda, isso de alguma significar que não iremos morrer.

Seguimos sem revisão alguma do modelo e do crescimento econômico ininterrupto que são as causas desse problema – e as eleições me apavoram.

Abraço Hugo


Quase 80% do petróleo derramado no Golfo continua no oceano, dizem especialistas

WASHINGTON, 18 agosto 2010 (AFP) - Quase 80% do petróleo derramado do poço avariado da companhia de petróleo britânica BP no Golfo do México ainda estaria no oceano, estimaram especialistas, o que sugere que as avaliações do governo foram otimistas demais em relação à quantidade de cru retirado.

Em um relatório divulgado no dia 4 de agosto, o governo americano indicou que tinha eliminado 74% dos 4,9 milhões de barris (779,1 milhões de litros) de petróleo que tinham sido derramados no oceano entre 20 de abril e 15 de julho.

"Grande parte do petróleo do vazamento da BP evaporou-se, foi incendiada, foi recuperada do mar ou se dispersou", indicou então o administração nacional oceânica e atmosférica (NOAA, por suas siglas em inglês).

Mas cientistas da Universidade da Geórgia consideraram que a análise do governo ignora o fato de que boa parte do petróleo derramado permanece no mar, em pequenas gotas ou disperso, e que se baseia em falsas suposições.

"Voltamos a analisar o informe do governo federal e calculamos a quantidade de petróleo que provavelmente ainda está no oceano. O resultado é que entre 70% e 79% ainda deve estar lá", disse na terça-feira à AFP Charles Hopkinson, um dos autores do relatório.

"Um dos principais erros é pensar que o petróleo que se dissolveu na água desapareceu e é inofensivo", advertiu o oceanógrafo. "Este petróleo permanece no oceano, sob a superfície, e serão necessários anos para que se degrade totalmente".

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Nuvem de poluição cobre Brasília após série de incêndios florestais

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Claramente, o padrão de clima já mudou, com invernos bem mais secos e com outras estações bem mais úmidas. Essa mudança de padrão é desastrosa. Mais um dos infinitos sinais de alerta amplamente ignorados pela população que vota naquilo que menos interessa, seja o candidato político, seja no supermercado ou nas suas compras. Votamos diariamente no fim da nossa civilização. Terrível isso. Não pelos votos majoritários, mas pela alegria cega e inconsequente com que são feitos.

Hugo Penteado

Nuvem de poluição cobre Brasília após série de incêndios florestais

Uma área equivalente a 424.900m² foi queimada somente na segunda-feira.
Nos hospitais, aumenta número de pacientes com problemas respiratórios.

Do G1, em Brasília

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O brasiliense está sofrendo com a baixa umidade e a poluição causada por mais de 50 incêndios florestais registrados desde o último final de semana.

Bombeiros de Brasília combatem incêndio próximo a área da nova rodoviária interestadualBombeiros de Brasília combatem incêndio próximo
a área da nova rodoviária interestadual (Foto: G1)

Não chove há 82 dias e, segundo dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as chuvas só deverão voltar em setembro. Mesmo assim, devem chegar em pouca quantidade e de maneira muito irregular, o que aumenta o risco do surgimento de novos focos de incêndio.

Uma área de 424.900 m² (equivalente a 10% do Parque da Cidade, o maior de Brasília) foi queimada somente na segunda-feira (16), segundo os bombeiros.

Nesta terça-feira (17), o Corpo de Bombeiros registrava até as 12h quatro ocorrências de incêndio. Em junho, foram 483 focos. Em julho, o número aumentou para 640. Em agosto, até esta terça-feira (17), os bombeiros contabilizavam 357 focos.

Com tantos incêndios, o céu de Brasília foi tomado por uma camada de micropartículas de gás carbônico.

“A última chuva ocorreu no final de maio. Em agosto não temos previsão de chuva, mas talvez, na última semana, algumas pancadas isoladas podem ocorrer. Mesmo em setembro, as chuvas ainda devem voltar de forma irregular”, explicou Hamilton Carvalho, meteorologista do Inmet.

Céu de Brasília com 'névoa', causada pelo aumento no número de focos de incêndio

Céu de Brasília nesta terça-feira (17) com 'névoa' causada pelo aumento no número de focos de incêndio (Foto: G1)

Doenças respiratórias

Segundo a coordenadora do Programa de Combate a Asma da Secretaria de Saúde do Distrito Federal, a médica alergista Marta Guidacci, o clima seco poderia ajudar no controle das doenças alérgicas, mas com as queimadas, a situação fica agravada.

“Com o clima seco, a gente respira menos bactérias e vírus. Entretanto, as baixas temperaturas do inverno e as micropartículas que ficam no ar, por causa das queimadas, agem como fatores irritativos, aumentando os casos de alergia e os atendimentos nos hospitais”, explicou a médica.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Ambientalistas

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O termo ambientalista ganhou uma conotação quase messiânica, frenética. É geralmente associado com pessoas do bem, honestas, interessadas no bem comum, na coletividade. Reza a lenda que a imortalização da alma não é garantia para todos e que no planeta da única chance, muitos não terão esse benefício. Mas, claro, existe uma regra maior que a do karma para transformar uma alma errante no universo (os cientistas vão negar tudo isso) em um ser imortal. A imortalidade não garantida tornaria seres já tão hostis ao bem comum piores ainda. Talvez por isso pouco se fala. Mais do que a lei de causa e efeito do karma, pouco compreendida, o caminho para a imortalização vem da capacidade (genuína, natural) de se preocupar com o outro.

Os ricos do planeta Terra não têm claramente essa preocupação, quando para atingir seu objetivo incansável de enriquecimento desnecessário, passam por cima do bem estar de bilhões de pessoas que seriam mais felizes do que cada um deles com a bilionésima parte das suas fortunas. Isso é o transcorrer do tempo – imanente, imaterial, inesquecível – que resolverá, dentro da aura da última chance. Mas a vinculação dos ambientalistas com uma aparente bondade esmaece por completo quando vemos sua perseguição de comunidades sem diálogo algum para simplesmente instalar obras faraônicas como hotéis, parques, lojas de conveniência, e ignorar por completo a vida das pessoas que ali estão. Quando os ambientalistas mentem dizendo que lutam pelo bem dos demais criando estruturas como parques nacionais que não respeitam a individualidade, o direito individual nem o meio ambiente, ficamos chocados, mas é isso exatamente o que fazem. Quando nos escritórios das empresas, nos departamentos de sustentabilidade, vemos pessoas ansiosas para ter uma SUV, ao invés de ir e vir de bicicletas pelas ruas, felizes por não gerar gás carbônico e rindo dos veículos parados, o mais novo oximoro da nossa modernidade repleta de oximoros: sistema educacional ignorante, sitema de transporte paralisador com veículos parados, sistema de comunicação sem conteúdo, sistema de saúde para doentes, sistema de alimentação desnutritiva...

Oximoros, mas o maior deles é dos oportunistas entitulados ambientalistas. Está mais do que na hora desse termo falso, errado, mal aplicado ser abandonado. Dizer que alguém é ambientalista é o mesmo que dizer que alguém tem dois olhos, uma boca, uma cabeça, etc. Todos somosambientalistas. Separar os ambientalistas, ditos bons e muitos não são, dos não ambientalistas, é fazer uso de mitos e mitos e mitos que abundam o consciente coletivo. Todos somos ambientalistas, não dá para tirar isso da regra de vida de todos, assim como não dá para tirar as leis do sol e da lua que regem nossos ciclos, amplamente ignorados pelo vulgo. Ir para seminários de sustentabilidade de helicóptero ou sonhar com uma SUV e trabalhar num departamento de desenvolvimento sustentável é um oximoro surreal. Eles existem aos borbotões. Sem entendimento algum da situação real do planeta, o fato de sermos todos um e, finalmente, de idéias estapafúrdias convergirem sempre para o mesmo modus operandi que jogou a humanidade na direção de um precipício. Como se isso não importasse para a classe dirigente, mas até eles estão nesse bonde e fazem parte da nossa espécie animal ameaçada de extinção, vai ser engraçado ver o bonde cair e essas pessoas, que poderiam ter escolhido outro rumo para a nossa vida coletiva, descobrirem que estamos todos no mesmo bonde, com o mesmo destino, inseparável, da nossa vida coletiva. A classe dirigente também está ameaçada. Incrível, a hecatombe ambiental global será extremamente democrática.

A classe dirigente além de tudo é corrupta em vários sentidos, porque trabalha para fazer uso do poder em seu benefício, mas, o poder foi feito para servir e não para se servir dele, como escreveu um filósofo da Antiga Grécia (ah os filósofos esquecidos em um erro de milhares de anos, onde nas escolas assuntos como filosofia, ecologia, educação sexual são tabus para um sistema que quer nos prender a todos, pelo sexo que é endeusado, junto com o consumo que assume nossa espécie animal se comportando como vírus num hospedeiro que não pode ser aniquilado).

Então, caros amigos ambientalistas benevolentes, ao invés de manterem atitudes tão discrepantes, parem de se autoentitular ambientalistas e passem a andar de bicicletas nas ruas, de consumir menos, de pregar uma vida simples e comunitária, de fortalecer os eixos democráticos para decisões que sejam cada vez mais em prol de todos e não de alguns interesses particulares que não são nem maiores nem mais importantes que o da nossa coletividade. Abandonem imediatamente a arrogância de não entender o outro lado, ou sequer ouvi-lo, de impor regras sem diálogo onde a única conversa é concordar com o que se pensa sobre determinado assunto. Os tais ambientalistas não podem ser tão oportunistas quanto os saqueadores do nosso planeta e do nosso futuro animal, nem tão cegos a ponto de achar que a simples criação de parques nacionais e de negociação de carbono com os mitos de economia de baixo carbono ou energia limpa serão suficientes para reformular nossa existência sócio-econômica e impedir o pior que cada vez mais se avizinha contra todos nós.

É isso, o recado é esse. Eu sou ambientalista, como todos os terráqueos e animais. É realmente necessário eu avisar isso? Quem precisa falar isso, porque será? A vida das pessoas não deveria estar pautapa pelas ações e não pelas palavras?


Hugo Penteado

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Terra termina recursos do ano no sábado, calcula ONG

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16/08/2010 - 15h19 FOLHA DE SÃO PAULO

Terra termina recursos do ano no sábado, calcula ONG

DA FRANCE PRESSE, EM PARIS

No próximo sábado (21), os habitantes da Terra terão esgotado todos os recursos que o planeta lhes proporciona para o período de um ano, passando a viver dos créditos relativos ao próximo ano, segundo cálculos efetuados pela ONG Global Footprint Network (GFN).

De acordo com o estudo, "foram necessários 9 meses para esgotar o total do período", em termos ecológicos.

A GFN calcula periodicamente o dia em que vão se esgotar os recursos naturais que o planeta é capaz de fornecer pelo período de um ano, consumidos pela humanidade, aí incluídos o fornecimento de água doce e matérias-primas, entre elas as alimentares.

Para 2010, a ONG prevê o "Earth Overshoot Day" (ou Dia do Excesso, em tradução livre), no próximo sábado, significando que em menos de nove meses esgotamos o que seria o orçamento ecológico do ano, diz o presidente da GFN, Mathis Wackernagel.

No ano passado, segundo ele, o limite foi atingido no dia 25 de setembro, mas não é que o desperdício tenha sido diferente.

"Este ano revisamos os nossos próprios dados, verificando que, até então, havíamos superestimado a produtividade das florestas e pastos: exageramos a capacidade da Terra" de se regenerar e absorver nossos excessos.

Para o cálculo, a GFN baseia-se numa equação formada pelo fornecimento de serviços e de recursos pela natureza e os compara ao consumo humano, aos dejetos e aos resíduos --as emissões poluentes, como o CO².

"Em 1980, a nossa "pegada ecológica" foi equivalente aos recursos disponíveis da Terra. Hoje, é de 50 % a mais, explica a ONG.


ORÇAMENTO

Assim, "se você gasta seu orçamento anual em nove meses, deve ficar provavelmente muito preocupado: a situação não é menos grave quando se trata de nosso orçamento ecológico", explica Wackernagel.

"A mudança climática, a perda da biodiversidade, o desmatamento, a falta de água e de alimentos são sinais de que não podemos mais continuar a consumir o nosso crédito", completa.

Para inverter a tendência, é preciso "que a população mundial comece a diminuir" --um tabu que começa a ser desmistificado pouco a pouco entre os demógrafos e os defensores do meio ambiente, inclusive no seio das Nações Unidas.

"As pessoas pensam que seria terrível mas, para nós, representaria uma vantagem econômica. É uma escolha", comenta Wackernagel.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Ecogerente, o profissional do futuro que já está chegandoquarta-feira, 28 de julho de 2010

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Pode ser lido em: http://www.canalrh.com.br/Mundos/gestaocarreira_artigo.asp?o=%7B9045A98E-7EF9-42B5-92EF-30D79644EDD1%7D&sp=-QUM5x6@AC.K:Q.N3pQ.N3@TUG:.HyN@J?9


Ecogerente, o profissional do futuro que já está chegando

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por Marina Gaspar

Entre as profissões que vão estar no topo do mercado de trabalho nos próximos anos, nem todas estão voltadas para a tecnologia. A responsabilidade ambiental, um segmento que já tem se mostrado muito promissor, ganhou ainda mais força após uma pesquisa da Fundação Instituto de Administração (FIA) da USP mostrar que, dentro de alguns anos, as empresas vão demandar cada vez mais o cargo de administrador de ecorrelações, ou ecogerente. Ao mesmo tempo em que a oportunidade é enorme - nos Estados Unidos, 10% dos empregos são considerados verdes hoje -, fica o desafio de desbravar uma profissão cujo perfil ainda está um tanto obscuro.

"Trata-se de uma nova designação para o profissional ligado à área de responsabilidade social e sustentabilidade. Ele exerce uma função de articulador entre o negócio e as demandas do mercado de forma a transformar essa relação em uma comunicação mais genuína. É o profissional que potencializa a gestão estratégica sem perder de vista a preservação ambiental e a proteção dos recursos naturais", explica Cláudio Andrade, instrutor do UniEthos e especialista na incorporação de práticas de responsabilidade social na gestão estratégica.

A diferença em relação aos profissionais que já conduzem iniciativas ambientais nas empresas hoje em dia é que o ecogerente o fará de uma maneira muito mais ampla e estratégica, o que demandará dele, também, maior conhecimento da área em que atua. "O administrador de ecorrelações tem uma visão ambiental mais estratégica. Às vezes as empresas querem pegar carona na onda da sustentabilidade com projetos ambientais, mas esse gestor vai conseguir conduzir projetos efetivos para o meio ambiente que, consequentemente, vão se refletir positivamente no negócio da empresa", diz Daniel Estima, professor do Profuturo, instituição responsável por previsões de mercado da FIA.

Na prática, a atividade desse funcionário verde vai estar amplamente ligada à natureza do negócio. Cláudio Andrade cita o exemplo de uma indústria automobilística, na qual a pesquisa de novas fontes de combustíveis pode ajudar a reduzir a emissão de gases que causam o efeito estufa. "A função do ecogerente aqui é a articulação entre as partes interessadas em novas demandas de consumo consciente. Dessa maneira, além de contribuir de modo significativo para a melhoria do meio ambiente e da sociedade pode também contribuir de maneira quantitativa para relações comerciais de negócios", diz.

Diploma verde

Se as atividades do ecogerente ainda estão começando a ser estruturadas pelas empresas, o perfil desse profissional ainda não está totalmente desenhado - nem há uma receita exata de formação requerida. "O recomendável é fazer um curso universitário que proporcione uma visão mais ampla, como administração ambiental, e, depois, procurar especializações", sugere Daniel. Ele ressalta que o titular do cargo de ecogerente precisa ter conhecimentos em gestão de projetos e comunicação, além, claro, de visão ambiental.

Algumas instituições de ensino começaram a dar alguns passos em relação a esse promissor mercado de trabalho, como a Fundação Oswaldo Cruz, que já tem o projeto de um curso de pós-graduação em Comunicação e Gestão da Sustentabilidade. "O objetivo é dar competência de ecogerência aos profissionais de comunicação", explica Cláudio, que trabalha junto com a instituição na articulação da novidade.

Para as empresas, ter o cargo criado e preenchido é mais que justificável. "As maiores vantagens para as empresas são duas: aumentar a capacidade de gerenciamento da cadeia de valor e, assim, diminuir riscos de negócios; e a valorização da marca, o reconhecimento como empresa cidadã, verdadeiramente", diz Cláudio. "Com um planejamento de projetos ambientais bem feitos, a empresa tem ganhos nos processos e na imagem", finaliza Daniel.

sábado, 14 de agosto de 2010

Galera, continua andando de automóvel freneticamente, SUV de preferência, para a gente conseguir bater novos recordes! Obrigado!

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Iceberg que se soltou na Groenlândia é o maior em 48 anos

O Estado de S. Paulo

Um iceberg de 260 km que se desprendeu da geleira de Petermann, na Groenlândia, na quinta-feira, se encaminha rumo ao Estreito de Nares, entre o Canadá e a Groenlândia.

A água doce contida no iceberg poderia abastecer os EUA durante quatro meses. Desde 1962 não se desprendia um pedaço tão grande de gelo na região do Ártico.


sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Argentina Colder Than Antarctica Raises Power Imports

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Rússia, Japão, agora Argentina, mais fria que a Antártida.
O que mais precisamos para mudar nossa visão do mundo?
Um cometa caindo sobre nossas cabeças?
Toc toc toc... bater na madeira... não é impossível isso também....


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Argentina Colder Than Antarctica Raises Power Imports (Update2)
2010-08-03 14:45:56.196 GMT


(Adds South Pole temperature in sixth paragraph.)

By Rodrigo Orihuela
Aug. 3 (Bloomberg) -- Argentina is importing record amounts
of energy as the coldest winter in 40 years drives up demand and
causes natural-gas shortages, prompting Dow Chemical Co. and
steelmaker Siderar SAIC to scale back production.
Electricity supplied from Brazil and Paraguay rose to a
daily combined record of about 1,000 megawatts on July 12, while
consumption peaked at 20,396 megawatts three days later,
according to Buenos Aires-based energy broker Cammesa. Shipments
of liquefied natural gas are set to double this year.
Dow, Siderar and aluminum maker Aluar Aluminio Argentino
SAIC are among companies closing plants, cutting output or
seeking alternative energy sources after temperatures in parts
of Argentina fell below those of Antarctica on July 15. Rising
demand is exacerbating a shortage that began six years ago as
economic growth accelerated and energy investment fell. The
shortage is boosting costs as companies spend more to guarantee
supplies.
“The situation is getting worse, because the shortage
period is growing every year,” Gerardo Rabinovich, a director
at the General Mosconi Energy Institute in Buenos Aires and an
adviser to the opposition Radical Party, said in a telephone
interview. “When this started in 2004, it lasted for about a
week, then it was two weeks and now it’s more than a month.”
In July, temperatures in Buenos Aires were, on average, 1
degree Celsius below the usual low and high of 8 and 14 degrees
(46 and 57 degrees Farenheit), with temperatures plummeting to
about 2 degrees Celsius on July 15.

Renewed Cold

Also on July 15, temperatures in Mendoza, the wine-
producing region in western Argentina, fell as low as -8.9
degrees Celsius below the temperature registered that day in the
Argentine-controlled area of the South Pole, according to a
national weather institute report.
Argentina is bracing for a renewed polar front this month.
On Aug. 1, almost half of the country’s 23 provinces registered
temperatures below zero, while the northern city of La Quiaca on
the border with Bolivia fell to minus 10 degrees Celsius (14
degrees Fahrenheit.) The average low predicated through Aug. 5
is 1 degree, according to the National Weather service.
Dow closed a polyethylene plant in July and reduced
operations at another facility to minimum capacity after gas
supplies were rationed by the government, said Soledad Echague,
a spokeswoman for the Midland, Michigan-based company in Buenos
Aires. The cuts were more severe than the company had expected,
she said.

Power Purchases

“The situation should be under control, as long as the
weather improves,” Horacio Mizrahi, a spokesman at Argentina’s
Planning Ministry, which oversees the country’s energy policy,
said in a July 27 telephone interview from Buenos Aires.
Aluar needs a constant supply of electricity at its 410,000
ton-per-year aluminum smelter in Argentina’s southern Chubut
province. The company is buying power to keep the plant running
during peak gas consumption hours this winter, a spokesman for
the Buenos Aires-based company, who declined to be named under
company policy, said in a July 26 telephone interview.
Siderar reduced production to a minimum during peak gas
consumption hours in July, according to a company spokesman, who
declined to be named, citing company policy.
Argentina has doubled purchases of LNG shipments to 14 this
year to address the shortages. Each shipment equals 3 million
British thermal units of the fuel. Seven ships were bought last
year, according to government data compiled by the Argentine Oil
and Gas Institute, an industry research group.

Reduced Supplies

About 300 hundred industrial users have faced reduced power
supplies since yesterday, according to reports in local media,
including newspaper Clarin, Argentina’s biggest newspaper, and
television channel C5N. The cuts started after residential gas
consumption rose 42 percent yesterday to 85 million cubic meters
(3 billion cubic feet) from 60 million, Clarin reported today.
July and August are Argentina’s coldest months. The winter
months have put stress on energy supplies since 2004, when
economic growth of an average of 8.5 percent a year stoked
demand and price caps on gas, oil and utility prices curtailed
investments in the country’s fields and pipelines.
The energy shortages led to restrictions of exports to
Chile, which obtained about 80 percent of its natural gas
supplies from Argentina until 2009, when it opened the first of
two LNG plants. A gas pipeline that links the two countries
across the Andes mountains is now practically unused after
Argentina curtailed exports to its Latin American neighbor.

Spot Cargo Purchases

Aside from the 14 ships bought through a bidding round
earlier this year, Argentine state-owned energy company Enarsa
bought at least one spot cargo of LNG this year from Ras Laffan
Liquified Natural Gas Co., according to the Qatari company.
Enarsa’s head of communications Carlos Davidson did not respond
to emails to his office and a phone call seeking comment.
Argentina needs an extra 40 million cubic meters of natural
gas to cover the shortages, according to the Mosconi Institute’s
Rabinovich. The country uses about 120 million in winter, he
said.
Argentina’s Energy Secretary this year hired YPF, a unit of
Spain’s Repsol YPF SA, to install a second regasification ship,
which will be located on the Parana river off the city of
Escobar, in central Buenos Aires province.
The new ship will be located within a radius of less than
200 kilometers from steel plants operated by the Techint Group
and Arcelor Mittal’s Argentine unit Acindar. Argentine grain and
bean producers and exporters, such as Bunge Ltd. and Cargill
Inc., the country’s two biggest exporters in 2009, also have
operations in the region.

For Related News and Information:
Top Energy News: ETOP

--Editors: Dale Crofts, Robin Saponar.

To contact the reporter on this story:
Rodrigo Orihuela in Buenos Aires at +5411-4321-7731 or
rorihuela@bloomberg.net

To contact the editor on this story:
Dale Crofts in Buenos Aires at +5411-4321-7731 or
dcrofts@bloomberg.net

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Conheçam o trabalho de Tatiana Clauzet.

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Conheçam o trabalho de Tatiana Clauzet.

http://www.tatianaclauzet.pro.br/Tatiana_Clauzet.html

DE ONDE VEM A LUZ ?

DO OBSERVADOR, RESPONDI.

Minha arte é um emaranhado de histórias,

raízes, símbolos, lembranças e intuições.

É uma colagem emocional.

Páginas de um diário espiritual.

A inspiraçao vem do sentir.

A pintura é um retrato de uma realidade interna.

O processo de materialização é sagrado, uma alquimia entre mãos e alma.

O artista nasce com um instinto missionário do falar a linguagem de todos e do todo.

Respire fundo. Feche os olhos.

De onde vem a luz?


Conheçam o trabalho de Christian Spencer

http://www.christianspencer.pro.br/Christian_Spencer.html

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Lendo o passado

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Míriam Leitão - Panorama Econômico

Dias atrás, Roberto da Matta e eu concordamos sobre a frase que mais gostamos no livro “Paris é uma festa”, de Hemingway: “todas as gerações são perdidas.” No contexto, a frase ganha em beleza e significado. Minha geração se perdeu entre dois horrores: a ditadura e a hiperinflação. Vivemos entre eles nossa infância, adolescência e juventude. Já éramos maduros quando a inflação foi derrubada. A maioria dos brasileiros de hoje não viu a ditadura que tornava qualquer pequena rebeldia em ato contra a segurança nacional. Tem apenas vagas lembranças, ou relatos da família, sobre a hiperinflação que tornava cada ato banal da vida, como fazer as compras do mês, pagar as escolas das crianças, planejar as férias de fim de ano, um enorme tormento que exigia cálculos, perícia e capacidade de prever o imprevisível. Hoje, quando a preocupação que mobiliza os analistas é se a inflação do ano ficará um ponto ou 0,75 ponto percentual acima dos 4,5% da meta, parece delirante aquele cotidiano. Mês passado, na cidade em que nasci, me encontrei com sete amigos de adolescência. Éramos nos anos 70 jovens românticos com a dose certa de rebeldia e inquietação de uma juventude saudável. Nosso maior desafio à ordem vigente era ler tudo o que conseguíamos ler, e passar horas em discussões infindáveis sobre como enfrentar o poder militar, como se tivéssemos essa força. Nos relatos dos serviços secretos do regime, fomos definidos como “o grupo Caratinga”, e tratados como ameaça ao regime. Tempos depois fomos todos presos; alguns sofreram muito. O reencontro foi para uma delicada homenagem da cidade. Na praça principal foi colocada uma placa com nossos nomes e a frase: “Para que não se esqueça e nunca mais aconteça.” O difícil foi explicar para os jovens o que o grupo tinha feito de tão ameaçador. Eles não entendiam como nossos pequenos atos de contestação poderiam ter levado alguém à prisão. Pois é. Era outro tempo, felizmente findo. Saímos do horror político para o econômico. No início do período democrático a inflação disparou chegando à hiperinflação.

Outro dia, vi um ministro do atual governo acusar um dos seus críticos de ter “criado a hiperinflação.” É preciso não ter entendido coisa alguma do complicado processo para achar que aquela longa doença foi imposta pela ação de uma só pessoa. Ela nasceu dos equívocos cometidos ano após ano na economia brasileira. Uma de suas raízes foi, sem sombra de dúvida, a desordem fiscal deixada como herança pelos militares. Eles achavam que o Estado tinha o poder de forçar o crescimento econômico através da distribuição de favores, subsídios e dinheiro público a algumas empresas escolhidas. Eles achavam que era inofensivo criar atalhos na contabilidade do dinheiro público, através dos quais se gastava muito sem que isso aparecesse nas contas públicas. Eles estavam convencidos de que bancos públicos e empresas estatais devem ser braços do governo para políticas públicas discutíveis, e que podem emprestar dinheiro umas às outras na base da camaradagem. O país perdeu anos para entender o mal feito e sanear os enormes e intrincados passivos que ficaram desse período do voluntarismo econômico e de descuido fiscal. Uma lição foi que a conta não aparece de imediato. Num primeiro momento, tudo parece até meritório já que o país cresce em marcha forçada. A segunda lição é que a conta sempre chega. A economia não aceita desaforos. Ela os devolve em forma de inflação, recessão, desequilíbrios. O pior que pode acontecer a uma geração é não saber onde foi que ela se perdeu. Na política, o erro foi a falta de respeito à democracia representativa. Com todos os defeitos que tenha, seus rituais têm que ser seguidos rigorosamente. Decisões da Justiça têm que ser cumpridas. Limites à ação do governante têm que ser respeitados. Palavras dos líderes de menosprezo às instituições devem ser evitadas. O cientista político Jorge Castañeda, no debate com Roberto da Matta que mediei, disse que o governo da Venezuela não pode ser descrito como uma ditadura, como aquelas que a América Latina viveu nos anos 70, mas não é mais uma democracia. O entendimento de quanto Hugo Chávez está minando as bases democráticas é fundamental para se saber que erros evitar. Seu ataque sistemático à independência dos poderes, à liberdade de imprensa são perigosos demais num continente onde a democracia é recente e de presença errática. Não por acaso é a Venezuela que vive a maior inflação do continente. Pode chegar a 40% este ano. Não por acaso é o país onde o presidente decide que empresas devem viver, atuar, investir; ou que empresas terão seus bens estatizados. O Brasil sabe o que deve evitar. Em alguns dos seus atos, o governo atual tem perigosamente repetido o intervencionismo econômico, a distribuição de favores às empresas, a criação de atalhos fiscais que nos levaram à longa doença econômica. Hoje, tudo parece festa. O Brasil é uma festa. Só não vê os riscos os muito jovens. Os que repetem hoje os erros de ontem nem podem alegar desconhecimento.

Eles viram o resultado. Pertencem às gerações que perderam anos no esforço de corrigir o legado dos equívocos econômicos. Uma geração pode ser considerada definitivamente perdida quando comete duas vezes o mesmo erro. É o que me assusta quando vejo velhos desvios repetidos no tempo presente.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

Planeta e Humanidade

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Alguns pontos para pensarmos de Einstein, nosso primeiro cientista-ambientalista da Terra:

“A ciência sem a religião é paralítica, e a religião sem a ciência é cega."

“O maior sintoma de loucura dos tempos atuais é querer fazer sempre as mesmas coisas esperando resultados diferentes.”

“Se as abelhas sumirem, os animais irão sumir e com eles os homens, em quatro anos.”

Todos os cientistas com visão sistêmica tornaram-se profundos admiradores da natureza e do planeta, os físicos principalmente, é através da física que se derruba toda a teoria econômica tradicional (isso dá outro email, mas vamos ver o impacto deste). Os físicos satirizam a visão dos economistas e avisam: “Caros irmãos, tudo a sua volta é matéria e energia, matéria e energia se combinam o tempo todo e para ter mais matéria e energia é preciso mais matéria e energia. O ser humano não produz nenhum dos dois. Portanto, na sua teoria de crescimento, onde vocês prevêem perfeita substituição dos bens da natureza, quando o homem um dia será capaz de produzir outros fatores materiais que não os da natureza, vocês tentam revogar várias leis básicas da física, pois tudo, mesmo com tecnologia, vem da natureza. Isso é um absurdo, porque como vocês sabem a sua pseudo-ciência é uma irmã siamesa da física.” Mais de 1.600 cientistas, 170 prêmios Nobel assinaram um alerta para a humanidade com base nas questões que teimosamente ignorávamos.

Sobre tecnologia, um bom exemplo é alguém estar na sua sala de casa, jogar um balde de lama nela e imediatamente uma máquina limpa a sujeira. O melhor seria não ter jogado o balde de lama na sala? Emito gás carbônico na nossa finíssima atmosfera e imediatamente pensamos em recapturá-lo. Não seria melhor a princípio não emiti-lo? Os danos do gás carbônico não são apenas os sistêmicos, como o aquecimento global, são locais também. A tecnologia pode ajudar e muito, mas a tecnologia não remove a finitude da Terra e não temos, como Nicholas Georgescu-Roegen aponta em seus livros, um problema só de energia, mas principalmente de matéria, afinal energia é usada para construir, movimentar carros e equipamentos e nada disso é colocado em cima de uma copa de árvore intacta. A tecnologia ao invés de evitar problemas, soluciona problemas que antes deveria ter evitado. Esse erro é reforçado pelas métricas econômicas que só trabalham com fluxos (para que olhar estoques se o planeta é inesgotável), com quocientes (de poluição ou consumo de recursos por exemplo), através do qual uma árvore só tem valor quando derrubada ao chão. No fundo, Aristóteles dá uma boa razão para tudo isso: “Quando nossos interesses estão em foco, somos os piores juízes das nossas ações.”

Na agricultura, segundo Lester Brown do Earth Policy Institute, estamos mais próximos dos atrasos ecológicos gerados nos últimos 100 anos e é um excelente exemplo do risco que contratamos para o futuro (mesmo sem mudança climática, apenas por uma questão quantitativa, como fim de recurso hídrico cuja extração foi maior que a sua reposição natural tanto na China quanto nos Estados Unidos). A produção mundial de grãos já está enfrentando declínio em relação a 2000 e um declínio pelos atrasos ecológicos é inevitável – converter a Amazônia em monocultura não será uma boa saída, ao que tudo indica. Não há tecnologia substituta da água, apenas de redução do seu consumo relativo, mas o consumo absoluto de água e de tudo sempre cresceu, sem observar que o estoque de água na Terra é finito. Tudo isso ignora que os ecossistemas e a biodiversidade não estão aí apenas para serem comidos, são reguladores químicos e regeneradores do solo, do ar, da água através de 20 serviços ecológicos que estão todos eles em colapso, de acordo com o primeiro esforço humano de avaliar a situação ecossistêmica do Millenium Ecossystem Assessment. A revisão desse estudo em 2008 nasceu com o título “Civilization Collapse”.

Sobre as derrapadas dos cientistas, ela é uma pena em um universo muito maior de pesquisa séria, conforme mostra George Monbiot em sua análise. IPCC recebeu Prêmio Nobel não por outra razão exceto pelo grau de acerto de todas as suas previsões de horizonte temporal curto dos últimos 10 anos. Os seus méritos são reconhecidos até pelos seus opositores. IPCC nunca disse saber qual é o futuro, ele próprio trabalha com vários cenários num horizonte temporal maior e o mais importante não é saber qual vai ser o cenário, mas avaliar os riscos dentro de um princípio de precaução. A ciência sabe que há determinadas rupturas de captura de carbono ou de ciclos atmosféricos ou oceânicos que se deflagrados, a vida na Terra será inviável, a ponto do cientista Martin Rees já ter declarado que a possibilidade da humanidade chegar no século XXI é pequena. A negação é um processo recorrente, os fabricantes de cigarro apresentavam estudos médicos que alegavam que o fumo fazia bem à saúde. Quando foi estabelecida a relação de causalidade entre o buraco da camada de ozônio e o CFC, a maior produtora mundial fez um lobby de 15 anos para evitar seu banimento. Os regimes tiranos comunistas todos eles se auto-declaravam democráticos, da mesma forma que todas as empresas, até as de cigarro, se declaram socioambientalmente sustentáveis. No caso do ozônio, estava em jogo a sobrevivência da vida na Terra, pois sem a sua proteção, o DNA é lentamente destruído. O mesmo pode estar acontecendo com um imenso lobby de petróleo e indústrias derivadas que nos fez fazer uso de automóveis cuja eficiência energética é de apenas 1% e se esse desperdício fosse removido, poderíamos evitar a construção de 20 usinas Belo Monte. Ninguém morreria feliz com isso, com certeza. A morte sistêmica, coletiva, diferente da individual, é um horror que já aconteceu várias vezes na humanidade.

Os 20 serviços ecológicos que sustentam a vida na Terra são irreproduzíveis e são preocupações muito materiais e maiores que a do aquecimento global. Mais preocupante é a evidência da maior extinção em massa da vida na Terra dos últimos 65 milhões de anos, ocorrida em décadas e causada pelo homem, e é muita ingenuidade, como escreveu Stephen Jay Gould, achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores. Aqui na Terra todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos, se as plantas e animais sumissem, a água sumiria junto. Mas ainda sobre o aquecimento global, o gás carbônico emitido em quantidades diárias estratosféricas na finíssima atmosfera da Terra vem de um material do subsolo que estava lá há milhões de anos e, portanto, não há ciclo regenerativo para ele, não tem como ser limpo ou reciclado pelo planeta, é uma poluição em definitivo com danos na saúde de todos e é apenas um item de vários que a humanidade optou para manter sua rota de colisão com a Terra (outros materiais tem o mesmo destino, como metais, compostos químicos, etc. também não possuem mecanismos de regeneração e é aí que a tecnologia deveria introduzir um ciclo fechado, do berço ao berço e não do berço ao túmulo, mas sempre, com o reconhecimento dos limites da Terra). Mesmo quem não acredita em aquecimento global deveria ficar horrorizado em amanhecer em cidades com céus marrons onde muitos bebês são forçados a mudar para o interior por problemas respiratórios.

Sobre Malthus, ele é erradamente citado em várias vertentes no qual a tecnologia seria capaz até de produzir um novo planeta (é o que será preciso em algumas décadas se continuarmos com essa visão de mundo). A tecnologia que trouxe a explosão de alimentos ignorava a finitude da Terra e as vinculações ecológicas da mesma forma que Malthus. Ele não estava preocupado com o crescimento da população, como todo mundo acredita, mas com o crescimento dos alimentos. A seu tempo, se algum de nós voltasse ao passado, e o avisasse que a produção de alimentos iria crescer exponencialmente no futuro, ele teria dito: “Salvos! Não há problema algum então a humanidade crescer infinitamente, exponencialmente, como de fato cresceu.” O erro de Malthus é o mesmo erro que a nossa civilização – como a de Páscoa – comete: não há limite para nossa expansão sem limites. Será? A Terra, um sistema fechado e finito, é afinal um subsistema da economia-humana ou a economia-humana é um subsistema da Terra? Se o sistema dominante é finito, porque o subsistema que se instalou nas suas entranhas acredita ser infinito? Provavelmente porque raciocina igual a um vírus, que avança sem se importar em matar seu hospedeiro. No nosso caso, nós só temos um hospedeiro.

Hugo Penteado

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

O contra "climagate"

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Clóvis Rossi

Deu no "Financial Times" desta quarta-feira: "As presentes mudanças no clima são 'inegáveis' e mostram claros sinais de levar as digitais do homem, conforme pesquisadores afirmam na primeira grande nova peça de pesquisa científica desde o escândalo do climagate".

A pesquisa foi liderada pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos.

De 10 indicadores, sete registraram aumento, a saber: a temperatura do ar sobre a superfície, a temperatura do mar-superfície, a temperatura do ar marinho, o nível do mar, o aquecimento do oceano, a umidade e a temperatura troposférica na camada da atmosfera mais próxima da superfície da Terra.

Os indicadores em queda apontam para o mesmo fenômeno, pois são a redução do gelo no Ártico, dos glaciares e da cobertura de neve no hemisfério Norte.

Resumo da história, segundo Bob Ward, diretor de política do Instituto Grantham, da badalada London School of Economics: "Isso confirma que, enquanto a onda criada pelo climagate estava rolando, a Terra continuava a se aquecer. Mostra que o climagate foi uma distração, porque tirou o foco do que a ciência de fato diz".

Pois é: poderia e deveria ter acrescentado que o climagate --as denúncias de que cientistas haviam exagerado a ameaça da mudança climática-- no mínimo não ajudou a que os líderes mundiais chegassem a um acordo na Conferência de Copenhague, no fim do ano passado.

Ainda dá tempo para recuperar, já que, no fim do ano, haverá nova cúpula, esta no México. Mas o espaço para outras "distrações" se reduziu consideravelmente.

Os detalhes estão, em inglês, claro, em http://www.ft.com/cms/s/0/6d1fd25c-9a69-11df-87fd-00144feab49a.html.

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