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Esse conflito decorre de um sistema natural finito, regenerativo e circular, que vem sendo dilapidado por um sistema econômico infinito, degenerativo e linear, em que o jogar fora e o desperdício são disseminados.
As barreiras não foram derrubadas, e a sustentabilidade não será atingida enquanto qualquer projeto, país ou empreendimento não reproduzir as mesmas características da natureza.
Ainda hoje são aplicadas as mesmas fórmulas de políticas econômicas com base no mesmo erro de acreditar que o crescimento econômico é possível num planeta finito como a Terra, além de ser a solução única para problemas sociais e desemprego. Os resultados são sempre piores: falta de empregos, enorme concentração de riqueza, aumento da desigualdade social, guerras e destruição contínua dos ecossistemas.
Surpreendentemente, alguns economistas tradicionais concordam com a visão da ecoeconomia, como Joseph Stiglitz. Segundo ele, o horizonte temporal das teorias atuais não vai além de 50 anos, existindo um limite para o crescimento. Para outros, os ecoeconomistas estão corretos, mas, enquanto não apresentarem uma proposta diferente para fazer as coisas, continuarão promovendo os negócios como sempre.
É antiético reconhecer um erro teórico e deixar de contribuir para uma nova abordagem. A discussão está longe de terminar e, pior, não sabemos se será encerrada a tempo de reverter as tendências negativas da atualidade, que podem terminar em um colapso jamais vivido pela humanidade.
O erro teórico descoberto 30 anos atrás está em assumir que o ser humano será capaz de criar outros fatores materiais que não os da natureza. Isso está implícito nas teorias de crescimento a partir de Robert Solow, que regem o mundo à nossa volta: o capital físico será um substituto perfeito da natureza.
A economia ecológica e os físicos sabem muito bem que isso é um absurdo, mesmo com as mais poderosas tecnologias. Erradamente as teorias econômicas consideram a atividade humana neutra para um meio ambiente inesgotável.
Na verdade, o problema não está no planeta como fornecedor de recursos, mas como absorvedor do impacto. Foi nesse sentido que o conflito entre o sistema econômico e o natural criou dois fenômenos globais assustadores: o aquecimento global e a maior extinção da vida na Terra dos últimos 65 milhões de anos.
O fim da teoria econômica tradicional ainda não aconteceu, porque os sistemas econômicos hoje dependem do crescimento eterno para não irem à falência. Reconhecer que o crescimento eterno é um erro significa também reconhecer que estamos fadados à falência.
O grande desafio da sustentabilidade, portanto, não é apenas trabalhar para reduzir o impacto ambiental. É, sim, buscar um respaldo teórico novo que redimensione nossos valores e nossas ações em direção a um equilíbrio entre nós e a natureza. Sem esse redimensionamento, não alcançaremos a sustentabilidade; e isso não é mais uma opção, é uma forte evidência da realidade.
Hugo Penteado
Por muito tempo, acreditou-se que o conflito entre o sistema econômico e o natural era nítido o suficiente para derrubar as barreiras para a formação de um novo pensamento – a economia ecológica – e para sua execução prática, a sustentabilidade.
Esse conflito decorre de um sistema natural finito, regenerativo e circular, que vem sendo dilapidado por um sistema econômico infinito, degenerativo e linear, em que o jogar fora e o desperdício são disseminados.
As barreiras não foram derrubadas, e a sustentabilidade não será atingida enquanto qualquer projeto, país ou empreendimento não reproduzir as mesmas características da natureza.
Ainda hoje são aplicadas as mesmas fórmulas de políticas econômicas com base no mesmo erro de acreditar que o crescimento econômico é possível num planeta finito como a Terra, além de ser a solução única para problemas sociais e desemprego. Os resultados são sempre piores: falta de empregos, enorme concentração de riqueza, aumento da desigualdade social, guerras e destruição contínua dos ecossistemas.
Surpreendentemente, alguns economistas tradicionais concordam com a visão da ecoeconomia, como Joseph Stiglitz. Segundo ele, o horizonte temporal das teorias atuais não vai além de 50 anos, existindo um limite para o crescimento. Para outros, os ecoeconomistas estão corretos, mas, enquanto não apresentarem uma proposta diferente para fazer as coisas, continuarão promovendo os negócios como sempre.
É antiético reconhecer um erro teórico e deixar de contribuir para uma nova abordagem. A discussão está longe de terminar e, pior, não sabemos se será encerrada a tempo de reverter as tendências negativas da atualidade, que podem terminar em um colapso jamais vivido pela humanidade.
O erro teórico descoberto 30 anos atrás está em assumir que o ser humano será capaz de criar outros fatores materiais que não os da natureza. Isso está implícito nas teorias de crescimento a partir de Robert Solow, que regem o mundo à nossa volta: o capital físico será um substituto perfeito da natureza.
A economia ecológica e os físicos sabem muito bem que isso é um absurdo, mesmo com as mais poderosas tecnologias. Erradamente as teorias econômicas consideram a atividade humana neutra para um meio ambiente inesgotável.
Na verdade, o problema não está no planeta como fornecedor de recursos, mas como absorvedor do impacto. Foi nesse sentido que o conflito entre o sistema econômico e o natural criou dois fenômenos globais assustadores: o aquecimento global e a maior extinção da vida na Terra dos últimos 65 milhões de anos.
O fim da teoria econômica tradicional ainda não aconteceu, porque os sistemas econômicos hoje dependem do crescimento eterno para não irem à falência. Reconhecer que o crescimento eterno é um erro significa também reconhecer que estamos fadados à falência.
O grande desafio da sustentabilidade, portanto, não é apenas trabalhar para reduzir o impacto ambiental. É, sim, buscar um respaldo teórico novo que redimensione nossos valores e nossas ações em direção a um equilíbrio entre nós e a natureza. Sem esse redimensionamento, não alcançaremos a sustentabilidade; e isso não é mais uma opção, é uma forte evidência da realidade.
Hugo Penteado
3 comentários:
Excelente e esclarecedor, Hugo!
Fala-se tanto em sustentabilidade, mas a pergunta fundamental é essa mesmo: o que falta?
Sinceramente? Vontade política. Acho que falta visão, essa mesma visão que vc tem ao enxergar lá na frente, Hugo.
Ainda bem que existe vc, meu amigo!
abrs
Andrea
http://www.literatus.blogspot.com
andrea_augusto@yahoo.com.br
Maravilha, Hugo.
Sem sombra de dúvias, esse foi um dos textos mais sintéticos e esclarecedores que tenho lido sobre a questão. Dessa vez com certeza vc foi no amâgo do problema. Irei postar o texto lá no meu Blog, tb, ok? Sem olvidar é claro ref. á fonte.
Aquele Abraço!
c.herzog
O artigo é muito bom para se refletir sobre o que está ocorrendo nesse momento, e como podemos estar no meio de uma grande transformação. Estamos assistindo ao planeta tremer ante as especulações financeiras desmesuradas, e à exploração máxima dos recursos naturais. O homem destruindo seu próprio hábitat, suas fontes geradoras de renda e emprego. Como sempre ouvi: é preciso chegar ao fundo do poço para que surja uma nova maneira de pensar, um novo paradigma. Pode ser que esse novo paradigma esteja surgindo. A GM (e a indústria automobilística) é um bom exemplo, sempre ditou regras de consumo e de urbanização – quanto mais setorizada fosse a cidade, mais haveria necessidade de meios de transporte motorizados para suprir a mobilidade - quanto mais distante melhor, mais consumo mais combustível. Com isso, maior poluição e todos os impactos advindos desse modelo. Hoje a GM está à beira da falência. Apesar das consequências incalculáveis que poderá causar, pode ser que daí surja uma nova forma de organização e a conscientização de que a economia tem que levar em conta os fatores geo-biofísicos e a biodiversidade dos quais depende a própria sobrevivência do homem.
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