domingo, 1 de junho de 2008

O planeta nunca ofereceu problema como fornecedor de recursos e sim como absorvedor do estrago, segue matéria abaixo e comentários

Petróleo vai acabar e etanol ganhará espaço, avalia professor da USP

29-05-2008 - Do Rio - "Quando era criança, diziam que o petróleo iria acabar em 20 anos.

Hoje, dizem o mesmo e, por isso, ninguém mais acredita. Só que dessa vez vai acabar mesmo", disse ontem, em tom propositadamente alarmista, o engenheiro nuclear Roberto Hukai, professor do Instituto de Energia Eletrotécnica da USP, durante palestra no 20 Fórum Nacional.


Segundo ele, a transferência do controle das jazidas -que passou das empresas privadas, que há 30 anos detinham 95% das reservas, para empresas estatais, hoje donas de 93% do óleo já descoberto - transformou as questões geopolíticas em determinantes na formação dos novos mercados. Hukai citou estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE), segundo a qual 62% dos poços de petróleo em produção atualmente estarão secos nos próximos 13 a 15 anos, o que não invalida a substituição deles por novas descobertas.


Segundo o especialista, o aumento da demanda mundial, comandado pela China, promete fazer com que o consumo diário passe de 85 milhões de barris diários para 100 milhões nos próximos 13 anos. O consumo chinês passou de 169,9 milhões de barris de óleo em 1996 para 1,065 bilhão dez anos depois. Ele avalia que a descoberta do campo de Tupi é relevante, mas "não refresca muito" a pressão sobre a oferta, a não ser que outras perfurações bem-sucedidas elevem o potencial da jazida de 8 bilhões para 80 bilhões de barris. Além disso, o problema da escassez de óleo está associado à crescente restrição ao seu uso por questões ambientais.


O quadro, na opinião de Hukai, é propício ao desenvolvimento da indústria brasileira de etanol de cana-de-açúcar e de mandioca, tanto para uso como combustível como para uso industrial, químico, por exemplo. Disse que técnicos do MIT, dos EUA, sugeriram recentemente investimentos de US$ 2 trilhões para a construção de mil reatores nucleares para eliminar a queima do carvão, a mais poluente das fontes atuais de energia.


Segundo ele, se fossem investidos esses US$ 2 trilhões na produção de etanol de cana, mais a termeletricidade gerada com o bagaço da cana, a redução de CO2 (gás carbônico) seria 70% maior do que a obtida com as usinas atômicas que, na sua opinião, vão precisar ser também construídas.


(Fonte: Valor Econômico/CS)


Ou seja, ninguém nunca toca nos cinco problemas principais:
1) lógico que petróleo não ia acabar, nós exploramos até agora só 1% da crosta terrestre e mal começamos a exploração submarina. O problema nunca esteve no planeta como fornecedor DESSES recursos, mas como absorvedor do impacto dessa extração em termos de esfacelamento dos ecossistemas e dos serviços ecológicos. É bem provável que o petróleo não irá acabar novamente.
2) ninguém fala nada do desperdício alucinante do nosso sistema econômico, é provável que no consumo de energia, por falta de eficiência e exagero, nós desperdicemos uns 80% da energia consumida. Só para manter as luzes vermelhas dos aparelhos eletrônicos na espera (standby) se consome 10% da energia consumida nos Estados Unidos. Ganhos de eficiência no Brasil reduziriam 50% do consumo de energia. Avisa as empresas...
3) ninguém questiona a necessidade de aumentar a oferta de energia mundial em 80% a cada década e que se a China tentar atingir o nível de consumo dos países ASIÁTICOS per capita, mesmo assim esse acréscimo será insuficiente. Imagina quando a China vai atingir o níve de consumo dos países ricos: NUNCA. Isso só foi planetariamente possível porque os países ricos atingiram esse absurdo sozinhos. O mais interessante, é acreditar que podemos e devemos dispor de cada vez mais energia, para produzir cada vez mais coisas e pessoas num planeta finito e mesmo assim não achar que iremos ser soterrados com isso.
4) ninguém fala nada sobre a forma de geração e energia fora do controle das empresas geradoras, através de unidades familiares captadoras de energia e que poderiam também alimentar o sistema, não só com casas, mas com seus veículos. Ou seja, o controle da energia e dos alimentos por um punhado de empresas acoplado com os governos cúmplices é a forma de evitar que as coisas mudem para melhor, porque esses grupos não querem largar mão do poder que usam para controlar o planeta inteiro. Esses grupos apenas esquecem que eles também fazem parte de uma espécia animal ameaçada e que no futuro não haverão vencedores, incluindo eles próprios.
5) por mais que o etanol não possa ser responsabilizado pela crise de alimentos, alguém ainda terá que se lembrar que para produzi-lo requer dois recursos naturais que são finitos e atualmente parte deles não renováveis: água e solo. Podemos plantar etanol no planeta inteiro para saciar nossa sede de crescimento eterno num planeta finito? Claro que não. Precisamos atacar as causas dos problemas (excesso de demanda, excesso de estruturas e populações, desperdício, ineficiência, corrupção, abuso de poder) e ao invés de remediar as consequências (produzindo cada vez mais sem mágica nenhuma, porque não produzimos nada, nem matéria nem energia e qualquer solução aqui sempre esbarra em mais entropia e em mais proximidade da finitude planetária e ecológica).

Tudo indica que a humanidade irá enfrentar um rude despertar...



2 comentários:

andrea augusto - angelblue83 disse...

Mais uma vez atuando como "advogada do diabo" embora concorde com cada linha que vc escreveu.

O que acontece enquanto combatemos "excesso de demanda, excesso de estruturas e populações, desperdício, ineficiência, corrupção, abuso de poder"?

Entende? A coisa está indo numa velocidade tal que a atuação tem que ser imediata, no entender. Mas como?

Ricardo Peres disse...

É a lógica do fluxo dos caras....sempre focada de forma miope, perdendo a perspectiva da demanda excessiva de uma população excessiva...

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