quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

A Terra é Plana

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Não seja pessimista e não se preocupe, a Terra é Plana

Aqui no Brasil ser pessimista ou preocupado nos dias atuais é um pecado mortal. No mundo inteiro, parece que se você mostra preocupações reais sobre o planeta, sobre a nossa economia doente, a sociedade trucidada, imediatamente você se torna um inimigo do sistema. Essa reação é típica daqueles que defendem o status quo como sendo a única rota possível para todos. Se isso fosse verdade, olhando a forma como transformamos a Terra em uma lixeira e como nossa sociedade e os jovens estão cada vez mais sem oportunidades (de bem estar, de paz, de vida, de saúde, de trabalho), então estamos fritos. Aqueles que estão preocupados com a situação da humanidade não deveriam ser considerados inimigos por quem tivesse um mínimo de bom senso. Os verdadeiros inimigos do sistema não são os que se preocupam, mas sim os que teimam em ignorar as preocupações apesar dos sinais inequívocos de que a situação se deteriorou muito nos últimos 100 anos e que tudo indica só tende a piorar, pois não há, em lugar algum, nenhum sinal de mudança em relação às atitudes que tomamos e que nos criou todos esses problemas agora sistêmicos. No fundo, as pessoas preocupadas com os problemas, identificam as causas e podem achar as soluções, sempre foi assim, mas a resistência em relação ao trabalho dessas pessoas tem sido muito grande. As alegações nada científicas contra uma nova visão para mudar os processos econômicos destrutivos descritos no vídeo "The Story of Stuff" (que pode ser encontrado aqui) ganham força como se fosse possível discutir se é certo ou errado matar ou não matar criançinhas inocentes no Iraque. Bjorn Lomborg é um símbolo desse ataque, um mero estatístico que nunca foi um cientista da Terra conseguiu ganhar um destaque desmerecido, mesmo tendo sido condenado por desonestidade científica. Falar besteira não tem problema, o que importa é falar o que as pessoas querem ouvir.

Ao invés de prestar atenção nos cientistas e nas evidências, adotar um discurso Poliana tem sido melhor aplaudido e acolhido por todos aqueles - que não são poucos - que ainda acreditam na lupa que usam para ver o mundo e ignoram os já bilhões de seres humanos que não tem lupa alguma para dizer o mínimo e são refugiados do sistema. Obama vai ser vítima desse mundo Poliana e em poucos meses iremos ouvir que ele não foi capaz de fazer nada para mudar o destino de uma sociedade inteira, quiçá de uma civilização, dada a enorme influência que os Estados Unidos tem sobre os países. É um karma coletivo, resultado de más decisões feitas durante muito tempo e a conta só chegou agora. Obama não é Deus e apesar de tudo que aconteceu, mesmo assim ele venceu as eleições por uma margem muito pequena e porque a situação econômica dos Estados Unidos é a pior desde a Grande Depressão da década de 30. O mesmo vale para as guerras: pesquisas de opinião pública nos Estados Unidos mostram que a principal razão pela qual hoje são contra a guerra é pelo seu custo excessivo e o fato de terem sido derrotados. Não é porque 1.000.000 de pessoas inocentes foram mortas no Iraque. A mesma reação popular aconteceu na guerra do Vietnam, segundo livro da época de Noam Chomsky. Obama herdou uma sociedade cujo padrão de consumo o planeta só é capaz de sustentar 200 milhões de pessoas, de acordo com a matéria "The Folly of Growth" da revista News Scientist do ano passado que divulgamos nesse mesmo espaço. Para mudar isso, precisaria mesmo ser um Deus; está na hora de cada um mudar, ao invés de esperar um messias no lugar dessa mudança.

O mais surrealista não é existirem pessoas querendo viver com esse padrão de consumo, o mais surrealista é ver os economistas acharem que esse é o modelo certo para um planeta que já mostrou claros sinais que não vai mais manter os seres vivos se continuarmos com essa idéia. Discutir que a economia não pode ser maior que o planeta é uma discussão que significa perda da nossa humanidade, é a mesma perda de tempo ao discutir porque os judeus (ou qualquer outro ser humano com direito a vida) não poderiam nem deveriam ser mortos por Hitler. São discussões que não deveriam nem ter ponto de partida. A discussão hoje que vemos entre a economia tradicional com sua megalomania de crescimento e a dos cientistas da Terra e dos economistas ecológicos não deveria nem existir. É como se hoje ainda os economistas tradicionais acreditassem sem discussão que a Terra é plana, os segundos tentam provar que na verdade a Terra é redonda e embora eles já disponham de fotos de satélite, mapas, viagens espaciais investigativas, os primeiros não aceitam essa versão e trabalham freneticamente em cima do conceito de uma terra plana. Só irão mudar quando for tarde demais para isso.

Hugo Penteado

Um comentário:

ziulsorrab disse...

O caminho do meio. Outro dia querendo me explicar postei no BrasilWiki In Yang e Ócio Negócio em 28/01/09 que sendo polaridades podem se complementarem. Essa questão do Ócio e Negócio foi em um editorial da FSP há muitos anos atrás por conta da morte do último comunista ou socialista não sei, acho que na Bélgica e que então a Esquerda, pelo editorial estava sem rumos. Quem diria agora que como se a Direita fosse a única que tinha rumos desembocasse nessa estrondosa crise. É sempre assim, naquela época o “pensamento único” já imperava. E não sou eu que prega essa análise unilateral mas a nossa mídia. Ela debochava dos esquerdistas, patrocianando aquele fajuto japonês Fukuyama do “fim da história”. No google encontrei sites explicativos dessa dicotomia de ócio...; o post que encontrei era favorável à minha forma de olhar para os negócios de há muito tempo, pois informava que negócio é o oposto de ócio, e pasme que esse último vem de Scholé, escola, cultura, contemplação, elevação espiritual. O trabalho, a execução manual era tarefa dos escravos e digamos do negócio e que por tal não daria oportunidade de elevação consciente para governar. Bem pelo que vemos essa elevação para conduzir os povos foi, digamos assim desvirtuada pela elite, feudal, etc, e a atual, gerando automaticamente, justamente, necessária, elogiável, etc “revolta” dos pobres. De muita tempo esse drama que é o Lucro. Aí eu me lembrei de ter lido alhures algo sobre Keynes. Aquilo me chocara tanto quanto outro dia lendo de Noam Chomsky na internet “O que tio Sam realmente deseja” ele diz saber de uma conversa secreta, mais ou menos assim que o secretário de Estado J.F Dulles de Eisenhower de 1953 a 1959 admitiu secretamente ao seu irmão Allen, diretor da CIA. “Os pobres são os que eles mais atraem, (os comunistas) e ele acrescentou,”e estes sempre quiseram saquear os ricos”. Então eles devem ser vencidos para proteger a nossa doutrina de que os ricos devem saquear os pobres).
Eu não poderia acreditar em tanta cara de pau. Mas não concebo Noam Chomsky ter mentido.

Pois bem quanto a Keynes lembrei que fora em “O negocio é ser pequeno” mal traduzido de “Small is beutiful” (1973) do economista E.F. Schumacher, morto em 1977 e é assim “em 1930 Lord Keynes, durante a depressão econômica mundial, ele sentiu-se impelido a especular a respeito das “possibilidades econômicas para os nossos netos” e concluiu que talvez não estivesse muito longe o dia em que todos seriam ricos. Voltaremos então, disse ele “a valorizar mais os fins de que os meios e a preferir o bom ao útil”
“Mas cuidado”, prosseguiu. “Ainda não chegou o tempo de tudo isso. Por mais de cem anos, no mínimo, devemos simular para nós e para todos que o justo é injusto e o injusto é justo, pois o injusto é útil e o justo não o é. Avareza, usura e precaução ainda têm de ser nossos deuses por mais algum tempo. Pois só ela pode nos tirar-nos do túnel da necessidade para a luz do dia”.....
Schumacher completa. O cuidado de Keynes significa; considerações éticas não são irrelevantes, ela são um impedimento real, pois o “injusto é util e o justo não o é”. Não soou ainda a hora de ser justo. O caminho do céu está calçado com mas intenções. Escreveria mais adiante que esse enunciado é falso, pois para que a economia se baseasse na cobiça e na inveja o homem teria que renunciar à inteligência, à sabedoria. Ainda bem! Concordo com ele, apesar de olhando a situação do meio ambiente.....(estou ainda lendo o livro)

De 1953 para 20 anos após 1973 seria verdade ainda?. De 1973, trinta e nove anos (3.......9) após agora a crise financeira e os economista orto, hetero, etc a proporem salvação, não mais ao socialismo, mas ao capitalismo. De pronto aprendi com Noam que nunca houve socialismo, como não há futuro no capitalismo sem participação dos agentes executivos. Não na base do ócio e negócio, mas com a Co-gestão do Ricardo Semler explicada no seu “Virando a própria mesa” A propósito procurei uma palavra dele hoje sobre a crise e nada achei. Se você souber avise-me

Minhas análises são conscientemente maniqueista para distinguir bem a situação. Garimpo na internet e livros que comprovem as polaridades. Entretanto estou convencido como o próprio Schumacher no “Caminho do meio” que só será obtido com a Participação de todos os agentes econômicos de cada unidade.Uma tese revolucionária para o capitalismo de hoje. Você imagina ser possível uma participação nos lucros proporcionável por uma educação adequada; de acordo com o principio socialista: “De cd 1 de acôrdo com suas possibilidades e p/ cd 1 de acôrdo com suas necessidades.” Ajude-me a bolar uma frase para o capitalismo participativo. A propósito o Ricardo Semler mantêm uma escola sem fins lucrativos o Instituto Lumiar.

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