De acordo com os cientistas, a situação planetária é muito séria. Apesar disso, no campo da economia, as visões da realidade só contribuem para agravar tanto a situação planetária quanto a pobreza. Tudo isso com mais desigualdade e menos bem estar e qualidade de vida. Essa teoria econômica falsa, baseada em premissas erradas, tem o poder de causar um estrago ambiental monumental, lado a lado com resultados sociais tremendamente ruins.
É inegável que os resultados socioambientais da aplicação prática do conhecimento econômico são bem diferentes do que pregam os economistas. A explicação está no erro epistemológico de uma teoria econômica baseada em premissas que não correspondem mais à realidade física e planetária à nossa volta. Esse erro foi reconhecido formalmente na década de 70, através da crítica nunca refutada de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). Os economistas adotam nos seus modelos um sistema econômico, que se fosse um bicho, não teria boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa) e não teria intestino ou reto (para onde vão os resíduos são irrelevantes). Essa visão de mundo gerou um ataque ao planeta sem precedentes com destruição contínua dos ecossistemas, das florestas e com processos degenerativos impressionantes. As duas maiores consequências desse estrago são o aquecimento global e a maior extinção da vida planetária dos últimos 65 milhões de anos. E esses não são os dois únicos problemas, mas parte deles apenas.
O mito mecanicista introduz a idéia de reversibilidade e neutralidade nos processos econômicos estudados pelos economistas e que resultam em proposições de política econômica voltadas para o crescimento eterno, que além de produzirem as piores decisões, como as guerras e a crise financeira dos Estados Unidos, esbarram na limitação óbvia do planeta. Não podemos negar que pelo menos em território os países são finitos e sobre os quais não se pode adicionar coisas, pessoas e casas infinitamente. Sabemos hoje que a finitude ecológica e planetária é muito maior que isso.
Os ecossistemas funcionam como reguladores químicos da atmosfera, do solo, são estabilizadores do clima e da regeneração da água entre vários serviços que a natureza nos presta livremente. Poderíamos até sonhar com isso, mas os ecossistemas não estão aí apenas para serem transformados em áreas agrícolas ou atividades humanas, nem para serem comidos, como mencionou Blairo Maggi. Eles existem para exercer funções vitais sem a qual nada irá sobreviver nesse planeta. Não há um só exemplo de civilização ou sociedade que não tenha entrado em colapso ao ter comido os seus ecossistemas além da sua capacidade de sustentação da vida. Esse colapso, onde e quando ocorreu, foi horrendo e muitas sociedades terminaram em matança ou canibalismo ou morte em massa.
Ainda segundo Roegen, o mito mecanicista não é o único erro das teorias econômicas. O segundo, o mito tecnológico, assume a possibilidade do ser humano produzir fatores materiais em substituição aos da natureza e isso é um absurdo negado pela física, porque tudo à nossa volta é matéria e energia e o ser humano não produz nenhum dos dois. Através desse mito, os economistas brincam de faz de conta achando que o planeta é inesgotável e por essa razão suas principais variáveis são todas elas fluxos, jamais estoques. Eles diriam: "para que olhar estoques se o mundo é inesgotável?" O mito tecnológico que surgiu a partir da teoria do crescimento de Robert Solow se afina muito bem ao modelo mental no qual ao invés de evitarmos problemas, tentamos solucioná-los com nossas tecnologias. Funciona bem também com um dos piores indicadores jamais inventados: o PIB, para o qual guerras, desastres naturais, contaminações, destruição e matança não geram impacto nenhum, ao contrário, toda a atividade necessária para consertar o estrago depois é extremamente positiva para aumentar o fluxo do PIB.
Está mais do que na hora dos economistas possuírem um entendimento multidisciplinar das suas idéias que produzem decisões políticas diariamente, pois manter o sistema econômico do descarte imediato dos bens e do desperdício, linear, degenerativo e infinito, dependente de um outro sistema dominante, o planeta, que é circular, regenerativo e finito significa produzir mazelas ambientais crescentes ou até o ponto de serem intransponíveis. Nas palavras dos paleontólogos, é muita ingenuidade achar que a extinção agora em curso jamais irá se voltar contra os causadores.
Até agora o ataque ao planeta é justificado pelos tão venerados resultados sociais, os governos de países atrasados como o Brasil não aceitam restrições a esse ataque e se justificam através do que os países ricos já fizeram. Sem querer, eles apenas confirmam um fato há muito sabido por todos: os países ricos só se tornaram ricos sem causar um colapso planetário porque fizeram isso sozinhos. Quando todos seguirem a mesma rota, não iremos a lugar algum e a discussão irá terminar no valhala imaterial. Precisamos de uma proposta diferente que requer apoio e financiamento dos países líderes, para entrar no debate internacional de forma inteligente, do contrário seremos anti-éticos, pois os maus atos não justificam os de ninguém.
Os resultados sociais do crescimento suicida até agora se mostraram ausentes e incapazes de se sustentar por si só. O crescimento tornou-se um fim em si mesmo e o aumento de empregos que ele produz, dentro de uma desigualdade e submissão inequívocas, só se sustenta com mais crescimento. Esse resultado tautológico do crescimento cego dentro de um planeta finito tem produzido apenas concentração de riqueza recorde principalmente nos países mais ricos, não foi capaz de remover a pobreza e a falta de paz entre as nações e tem produzido resultados sociais tão ruins, que é totalmente inescrupuloso alguém defender que essa é a única forma de resolver nossos problemas. É inescrupuloso, pelos resultados observados, mesmo se fizéssemos de conta que o crescimento não estivesse em rota de colisão com a Terra.
Está na hora de uma mudança real e não de retoques no nosso sistema que é a base de sustentação de todos. A crise financeira dos Estados Unidos deixou bem claro que esse modelo não tem resistência nenhuma. Não podemos mais confiar em uma economia que é um fim em si mesma, ao invés de ser um instrumento para melhorar a vida de todos os seres vivos, com a harmonia entre as nações e de todos com o planeta. Idéias novas para isso já surgiram, revogar o conflito do sistema econômico na parte ambiental é uma questão de mera decisão política. Revogar a pobreza e a escravidão disfarçada que vigora nos quatro cantos desse planeta é apenas uma questão de solidariedade. Só falta fazer isso, ao invés de esperar pelo colapso inevitável das péssimas decisões que tomamos com base em um conjunto de valores inútil, baseado na ignorância do que já sabemos e numa teoria econômica falsa que reina soberana sobre todo o enorme conhecimento científico em redor, que não pode nem deve mais ser ignorado.
Hugo Penteado
É inegável que os resultados socioambientais da aplicação prática do conhecimento econômico são bem diferentes do que pregam os economistas. A explicação está no erro epistemológico de uma teoria econômica baseada em premissas que não correspondem mais à realidade física e planetária à nossa volta. Esse erro foi reconhecido formalmente na década de 70, através da crítica nunca refutada de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). Os economistas adotam nos seus modelos um sistema econômico, que se fosse um bicho, não teria boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa) e não teria intestino ou reto (para onde vão os resíduos são irrelevantes). Essa visão de mundo gerou um ataque ao planeta sem precedentes com destruição contínua dos ecossistemas, das florestas e com processos degenerativos impressionantes. As duas maiores consequências desse estrago são o aquecimento global e a maior extinção da vida planetária dos últimos 65 milhões de anos. E esses não são os dois únicos problemas, mas parte deles apenas.
O mito mecanicista introduz a idéia de reversibilidade e neutralidade nos processos econômicos estudados pelos economistas e que resultam em proposições de política econômica voltadas para o crescimento eterno, que além de produzirem as piores decisões, como as guerras e a crise financeira dos Estados Unidos, esbarram na limitação óbvia do planeta. Não podemos negar que pelo menos em território os países são finitos e sobre os quais não se pode adicionar coisas, pessoas e casas infinitamente. Sabemos hoje que a finitude ecológica e planetária é muito maior que isso.
Os ecossistemas funcionam como reguladores químicos da atmosfera, do solo, são estabilizadores do clima e da regeneração da água entre vários serviços que a natureza nos presta livremente. Poderíamos até sonhar com isso, mas os ecossistemas não estão aí apenas para serem transformados em áreas agrícolas ou atividades humanas, nem para serem comidos, como mencionou Blairo Maggi. Eles existem para exercer funções vitais sem a qual nada irá sobreviver nesse planeta. Não há um só exemplo de civilização ou sociedade que não tenha entrado em colapso ao ter comido os seus ecossistemas além da sua capacidade de sustentação da vida. Esse colapso, onde e quando ocorreu, foi horrendo e muitas sociedades terminaram em matança ou canibalismo ou morte em massa.
Ainda segundo Roegen, o mito mecanicista não é o único erro das teorias econômicas. O segundo, o mito tecnológico, assume a possibilidade do ser humano produzir fatores materiais em substituição aos da natureza e isso é um absurdo negado pela física, porque tudo à nossa volta é matéria e energia e o ser humano não produz nenhum dos dois. Através desse mito, os economistas brincam de faz de conta achando que o planeta é inesgotável e por essa razão suas principais variáveis são todas elas fluxos, jamais estoques. Eles diriam: "para que olhar estoques se o mundo é inesgotável?" O mito tecnológico que surgiu a partir da teoria do crescimento de Robert Solow se afina muito bem ao modelo mental no qual ao invés de evitarmos problemas, tentamos solucioná-los com nossas tecnologias. Funciona bem também com um dos piores indicadores jamais inventados: o PIB, para o qual guerras, desastres naturais, contaminações, destruição e matança não geram impacto nenhum, ao contrário, toda a atividade necessária para consertar o estrago depois é extremamente positiva para aumentar o fluxo do PIB.
Está mais do que na hora dos economistas possuírem um entendimento multidisciplinar das suas idéias que produzem decisões políticas diariamente, pois manter o sistema econômico do descarte imediato dos bens e do desperdício, linear, degenerativo e infinito, dependente de um outro sistema dominante, o planeta, que é circular, regenerativo e finito significa produzir mazelas ambientais crescentes ou até o ponto de serem intransponíveis. Nas palavras dos paleontólogos, é muita ingenuidade achar que a extinção agora em curso jamais irá se voltar contra os causadores.
Até agora o ataque ao planeta é justificado pelos tão venerados resultados sociais, os governos de países atrasados como o Brasil não aceitam restrições a esse ataque e se justificam através do que os países ricos já fizeram. Sem querer, eles apenas confirmam um fato há muito sabido por todos: os países ricos só se tornaram ricos sem causar um colapso planetário porque fizeram isso sozinhos. Quando todos seguirem a mesma rota, não iremos a lugar algum e a discussão irá terminar no valhala imaterial. Precisamos de uma proposta diferente que requer apoio e financiamento dos países líderes, para entrar no debate internacional de forma inteligente, do contrário seremos anti-éticos, pois os maus atos não justificam os de ninguém.
Os resultados sociais do crescimento suicida até agora se mostraram ausentes e incapazes de se sustentar por si só. O crescimento tornou-se um fim em si mesmo e o aumento de empregos que ele produz, dentro de uma desigualdade e submissão inequívocas, só se sustenta com mais crescimento. Esse resultado tautológico do crescimento cego dentro de um planeta finito tem produzido apenas concentração de riqueza recorde principalmente nos países mais ricos, não foi capaz de remover a pobreza e a falta de paz entre as nações e tem produzido resultados sociais tão ruins, que é totalmente inescrupuloso alguém defender que essa é a única forma de resolver nossos problemas. É inescrupuloso, pelos resultados observados, mesmo se fizéssemos de conta que o crescimento não estivesse em rota de colisão com a Terra.
Está na hora de uma mudança real e não de retoques no nosso sistema que é a base de sustentação de todos. A crise financeira dos Estados Unidos deixou bem claro que esse modelo não tem resistência nenhuma. Não podemos mais confiar em uma economia que é um fim em si mesma, ao invés de ser um instrumento para melhorar a vida de todos os seres vivos, com a harmonia entre as nações e de todos com o planeta. Idéias novas para isso já surgiram, revogar o conflito do sistema econômico na parte ambiental é uma questão de mera decisão política. Revogar a pobreza e a escravidão disfarçada que vigora nos quatro cantos desse planeta é apenas uma questão de solidariedade. Só falta fazer isso, ao invés de esperar pelo colapso inevitável das péssimas decisões que tomamos com base em um conjunto de valores inútil, baseado na ignorância do que já sabemos e numa teoria econômica falsa que reina soberana sobre todo o enorme conhecimento científico em redor, que não pode nem deve mais ser ignorado.
Hugo Penteado
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