Mudança climática e a "mudança" de abordagem
O texto da Míriam Leitão logo abaixo é excelente.
A situação é séria mesmo. A visão do mundo sobre o aquecimento global ainda não abandonou a idéia absurda que a economia é um subsistema da natureza e nem a outra idéia derivada dela que é a possibilidade da economia ser maior que o planeta ou que o “mundo” cresce, como já escreveram alguns economistas. Nessa visão estranhamente pouco se fala sobre o aumento contínuo da pressão sobre os ecossistemas, que continuará aumentando, apesar das boas intenções de governos e empresas, pois eles continuam pregando o crescimento eterno como solução. Bem como é muito estranho que em toda essa discussão de mudança climática pouco se fala sobre o maior processo de extinção da vida dos últimos 65 milhões de anos, o terceio maior já registrado, causado pelo homem. Essa extinção inegável ocorreu em décadas e não em eras geológicas. É muita ingenuidade achar que esse processo de extinção jamais irá se voltar contra os causadores. No nosso modelo mental deveria entrar nossa total dependência em relação à natureza, por exemplo, a água que vem para os nossos corpos, só existe porque existem os bichos e as florestas. Sem eles, a água que é viva, sumiria da Terra. Esse é apenas um dos inúmeros vínculos da nossa enorme dependência e mesmo assim, além de ignorarmos tudo isso, decidimos tratar o planeta e a vida dele como uma lixeira, para satisfazer um padrão de consumo estúpido, imoral e impossível de ser disseminado para todos.
Tive uma oportunidade única de conversar com Nicholas Stern e perguntei sobre o mito do crescimento eterno e a resposta é que para ele não há problema nenhum no modelo de crescimento eterno das economias, embora seja a única obsessão maníaco-depressiva de todos os governos e empresas. Ele me disse que para salvar a humanidade, bastava apenas encontrar uma energia limpa em escala global que tudo estaria sanado. Desde quando, perguntaria Nicholas Georgescu-Roegen, temos só problema de energia? A extinção da vida e o esfacelamento dos ecossistemas estão aí para provar o contrário e esses fenômenos continuarão se agravando, a despeito de todas as boas intenções – praticamente irrealizáveis – de todos os envolvidos nas “novas” idéias. A questão sistêmica e a falta de uma abordagem macro é mais grave: se todas as partes forem realmente “sustentáveis”, o todo não será necessariamente. Na atual abordagem, não será com certeza, pois as empresas individualmente reduzem o consumo de matéria e energia por unidade de produto, mas expandem a produção 4, 5, 6 ou quanto mais vezes puderem para satisfazer a filosofia suicida pela qual “não podemos abir mão do lucro, mas podemos abrir mão da capacidade do planeta sustentar todas as formas de vida na Terra”. Quais são as metas mesmo desse sistema, elas próprias não precisam ser revisadas? Onde anda o contrato social do crescimento? A leitura de muitos teóricos importantes mostra que não há relação alguma entre benesse social e crescimento econômico e a cada vez que a economia cresce, a sociedade fica mais miserável. É o tal do crescimento deseconômico, não gera empregos, produz concentração de riqueza extrema, destrói a natureza e o bem estar das pessoas. As aglomerações urbanas onde vive hoje a maior parte da humanidade são bons exemplos de perda de bem estar, liberdade e saúde.
A energia é usada para construir, movimentar coisas, tudo isso em cima da matéria, dos ecossistemas, da água, cujo filtro através da natureza está sendo destruído e é irreproduzível por qualquer tecnologia humana, assim como muitos outros serviços ecológicos essenciais para todas as formas de vida. O sistema econômico de todos os regimes já vistos esfacelam por completo os serviços ecológicos e os países ricos não se esgotaram ecologicamente nem entraram em colapso, porque contaram com a ajuda sempre gratuita do meio ambiente do resto do mundo via comércio global (outra parte do nosso sistema de preços, onde os custos socioambientais não são observados). A paleontologia e o “Millenium Ecossystem Assessment” não podem continuar sendo ignorados pelos adeptos dessa “nova” visão de mundo. Assim como os economistas precisam o mais urgente rever suas teorias mecânicas e abandonar a idéia de crescimento eterno para atender demandas infinitas e nunca saciadas de populações crescentes em um ambiente espacial e ecológicamente finito, um sistema fechado como a Terra, a menos que acreditem infantilmente que o sistema seja aberto e que da poeira estelar que invade nossa atmosfera, será possível contruir carros e coisas e cacarecos ou quiçá um novo planeta. Por que até agora ninguém se espanta com o fato da saúde das economias depender de se adicionar ao estoque milhões de empregos mensalmente, milhões de carros, celulares, laptops e casas mensalmente, milhões de coisas enfim, com pressões absolutas cada vez maiores sobre o sistema natural do qual dependemos para viver? Produzir e vender mais todo o sempre é a única coisa que nos sustenta? Se for verdade, estamos fritos, iremos realmente desaparecer desse planeta.
O progresso econômico, principalmente dos países ricos, só foi feito através da não observação dos custos ambientais e sociais escondidos, principalmente fora dos seus territórios via comércio global. Quando esses custos forem evidenciados, o progresso entrará em colapso e a pior crise que a humanidade pode viver está para acontecer. Não temos só problema de energia, nem só problema de mudança climática. Temos problema de máteria, de modelo mental e de teorias econômicas falsas que regem o mundo. É bem mais vasto do que imaginamos a mudança que será necessária para a humanidade se salvar dela mesma, porque é só isso que está ameaçado, pios somos irrelevantes e nem fazemos cócegas a esse planeta de bilhões de anos. Bilhões de anos, nossos cerébros não são capazes de entender, mas foram esses processos que viabilizaram a vida na Terra e é contra eles que decidimos abrir guerra, da qual jamais sairemos vencedores. Continuem vendendo a mercadoria, quem sabe dará para fazer o mesmo no Valhala, porque de fato não haverá amanhã e é para isso que estamos trabalhando todos os dias...
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Míriam Leitão - Panorama Econômico O GLOBO
Falando sério
Tudo se passa no governo como se não houvesse amanhã. O que nós estamos vivendo com a mudança climática é o fim da economia como nós a conhecemos, não apenas mais um modismo. O desafio posto para a Humanidade neste começo de século é daqueles que encerram uma era e começam outra. Por isso, é tão bem-vinda a carta aberta de empresas e entidades querendo limites às emissões do país. A carta divulgada terçafeira em São Paulo é diferente das outras. Não parece mais uma daquelas cosméticas ações de empresas para fingir que são modernas. Nem mais uma lista de pedidos ao governo. Eles assumem compromissos: vão fazer inventário anual de quanto emitem de gases do efeito
estufa; incluir essa variável nas decisões de investimento; reduzir as emissões; atuar na cadeia de suprimento para incentivar esse comportamento; atuar junto ao governo e à sociedade para compreender o impacto das mudanças climáticas. Ao governo eles pedem que, em Copenhague, assuma papel de liderança da questão climática e aceite metas claras de redução das emissões. O lançamento teve o apoio da Globonews e do jornal “Valor Econômico” e pode ser o ponto a partir do qual o país comece a levar a sério, o que sério é. As mudanças climáticas exigirão radical alteração da forma de produzir e usar energia, levarão a uma taxação sobre carbono que encarecerá e tornará menos competitivo o combustível fóssil, obrigarão que todas as empresas repensem seus negócios, sua rede de fornecedores, sua forma de produção, sua energia e o ciclo de vida dos seus produto. Mineração, siderurgia, petroquímica, alimentos, papel e celulose, transporte, seguro, supermercados, é difícil encontrar uma área da economia que não seja afetada pelo que está acontecendo. Mudará a geopolítica. As tragédias climáticas provocarão ondas migratórias que vão exigir da diplomacia novas formas de atuação e abrirão novas frentes de trabalho com refugiados. Será rotina para arquitetos, daqui para diante, construir prédios que poupem energia, reciclem água, aproveitam a luminosidade, o calor ou o vento externo para a climatização. Serão desafiados também na reciclagem dos prédios antigos. A mudança climática imporá nova agenda de políticas públicas e ações corporativas. É espantoso como são poucas as pessoas no Brasil que entendem a dimensão do fato. O governo brasileiro nem suspeita do tamanho da encrenca. Ele mostra isso em abundantes sinais. Projeta a energia nova a partir de carvão, óleo combustível e gás. O setor de energia usa modelos de definição de preço de cada fonte de energia que favorece os combustíveis fósseis. O ministro Carlos Minc propôs que as térmicas a óleo e
carvão plantassem árvores como compensação mas a proposta foi rejeitada. No Ministério dos Transportes, o governo não avalia o modal alternativo pela ótica ambiental. O Ministério da Agricultura vive às turras com o meio ambiente. A política industrial lançada um pouco antes da crise econômica incentiva setores de alto impacto seja em emissão industrial ou em desmatamento. No PAC, a preocupação ambiental é vista como obstáculo. O Ministério da Ciência e Tecnologia não divulgou ainda a atualização do inventário de emissões do Brasil, os dados com que se trabalha são de 1994. O Ministério das Relações Exteriores tenta fugir das metas através de jogos de palavras feitos para confundir. A conversa está muito mais adiantada no resto do mundo. Aqui, contam-se nos dedos os economistas que pararam para entender o tema. Na Inglaterra, a pedido do então governo Tony Blair, o ex-economista-chefe do Banco Mundial Nicholas Stern já traduziu o problema climático para a lógica dos economistas e concluiu: o preço de não fazer nada para evitar ou reduzir os efeitos das mudanças climáticas é maior do que o de agir agora enfrentando o assombroso desafio que está diante de nós. Na política, com a solitária exceção da senadora Marina Silva, os possíveis candidatos e seus apoiadores para as eleições de 2010 acham que podem andar na superfície do tema sem entender a profundidade da transformação da economia, política, educação, emprego, logística, habitação, energia, que terá que ser feita nos próximos anos. No Brasil, eu tenho ouvido de economistas e autoridades manifestações pedrestes sobre o tema. Avaliações reveladoras de que jamais a tal pessoa leu um bom paper, livro,
estudo sobre o tema, nem teve uma boa conversa sobre o assunto mudança climática. Ver as grandes empresas, e algumas associações, acordarem, afinal, foi um alívio. Por isso, o nome delas vai aqui em ordem alfabética para serem elogiadas e cobradas: Aflopar, Andrade Gutierrez, Aracruz, Camargo Corrêa, CBMM, Coamo, CPFL, Estre, Light, Natura, Nutrimental, Odebrecht, OAS, Orsa, Pão de Açúcar, Polimix, Samarco, Suzano, Única, Vale, Votorantim, VCP. A Vale foi uma das líderes. Apoiam o movimento o Ethos, Fórum Amazônia Sustentável, SindiExtra e Fiep. Ficaram de fora a Fiesp, CNI, CNC, CNA e várias empresas recusaram adesão. Não entenderam que este é um tempo
radical. De mudanças e atitudes radicais. Ou não haverá amanhã.
Hugo Penteado
Tive uma oportunidade única de conversar com Nicholas Stern e perguntei sobre o mito do crescimento eterno e a resposta é que para ele não há problema nenhum no modelo de crescimento eterno das economias, embora seja a única obsessão maníaco-depressiva de todos os governos e empresas. Ele me disse que para salvar a humanidade, bastava apenas encontrar uma energia limpa em escala global que tudo estaria sanado. Desde quando, perguntaria Nicholas Georgescu-Roegen, temos só problema de energia? A extinção da vida e o esfacelamento dos ecossistemas estão aí para provar o contrário e esses fenômenos continuarão se agravando, a despeito de todas as boas intenções – praticamente irrealizáveis – de todos os envolvidos nas “novas” idéias. A questão sistêmica e a falta de uma abordagem macro é mais grave: se todas as partes forem realmente “sustentáveis”, o todo não será necessariamente. Na atual abordagem, não será com certeza, pois as empresas individualmente reduzem o consumo de matéria e energia por unidade de produto, mas expandem a produção 4, 5, 6 ou quanto mais vezes puderem para satisfazer a filosofia suicida pela qual “não podemos abir mão do lucro, mas podemos abrir mão da capacidade do planeta sustentar todas as formas de vida na Terra”. Quais são as metas mesmo desse sistema, elas próprias não precisam ser revisadas? Onde anda o contrato social do crescimento? A leitura de muitos teóricos importantes mostra que não há relação alguma entre benesse social e crescimento econômico e a cada vez que a economia cresce, a sociedade fica mais miserável. É o tal do crescimento deseconômico, não gera empregos, produz concentração de riqueza extrema, destrói a natureza e o bem estar das pessoas. As aglomerações urbanas onde vive hoje a maior parte da humanidade são bons exemplos de perda de bem estar, liberdade e saúde.
A energia é usada para construir, movimentar coisas, tudo isso em cima da matéria, dos ecossistemas, da água, cujo filtro através da natureza está sendo destruído e é irreproduzível por qualquer tecnologia humana, assim como muitos outros serviços ecológicos essenciais para todas as formas de vida. O sistema econômico de todos os regimes já vistos esfacelam por completo os serviços ecológicos e os países ricos não se esgotaram ecologicamente nem entraram em colapso, porque contaram com a ajuda sempre gratuita do meio ambiente do resto do mundo via comércio global (outra parte do nosso sistema de preços, onde os custos socioambientais não são observados). A paleontologia e o “Millenium Ecossystem Assessment” não podem continuar sendo ignorados pelos adeptos dessa “nova” visão de mundo. Assim como os economistas precisam o mais urgente rever suas teorias mecânicas e abandonar a idéia de crescimento eterno para atender demandas infinitas e nunca saciadas de populações crescentes em um ambiente espacial e ecológicamente finito, um sistema fechado como a Terra, a menos que acreditem infantilmente que o sistema seja aberto e que da poeira estelar que invade nossa atmosfera, será possível contruir carros e coisas e cacarecos ou quiçá um novo planeta. Por que até agora ninguém se espanta com o fato da saúde das economias depender de se adicionar ao estoque milhões de empregos mensalmente, milhões de carros, celulares, laptops e casas mensalmente, milhões de coisas enfim, com pressões absolutas cada vez maiores sobre o sistema natural do qual dependemos para viver? Produzir e vender mais todo o sempre é a única coisa que nos sustenta? Se for verdade, estamos fritos, iremos realmente desaparecer desse planeta.
O progresso econômico, principalmente dos países ricos, só foi feito através da não observação dos custos ambientais e sociais escondidos, principalmente fora dos seus territórios via comércio global. Quando esses custos forem evidenciados, o progresso entrará em colapso e a pior crise que a humanidade pode viver está para acontecer. Não temos só problema de energia, nem só problema de mudança climática. Temos problema de máteria, de modelo mental e de teorias econômicas falsas que regem o mundo. É bem mais vasto do que imaginamos a mudança que será necessária para a humanidade se salvar dela mesma, porque é só isso que está ameaçado, pios somos irrelevantes e nem fazemos cócegas a esse planeta de bilhões de anos. Bilhões de anos, nossos cerébros não são capazes de entender, mas foram esses processos que viabilizaram a vida na Terra e é contra eles que decidimos abrir guerra, da qual jamais sairemos vencedores. Continuem vendendo a mercadoria, quem sabe dará para fazer o mesmo no Valhala, porque de fato não haverá amanhã e é para isso que estamos trabalhando todos os dias...
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Míriam Leitão - Panorama Econômico O GLOBO
Falando sério
Tudo se passa no governo como se não houvesse amanhã. O que nós estamos vivendo com a mudança climática é o fim da economia como nós a conhecemos, não apenas mais um modismo. O desafio posto para a Humanidade neste começo de século é daqueles que encerram uma era e começam outra. Por isso, é tão bem-vinda a carta aberta de empresas e entidades querendo limites às emissões do país. A carta divulgada terçafeira em São Paulo é diferente das outras. Não parece mais uma daquelas cosméticas ações de empresas para fingir que são modernas. Nem mais uma lista de pedidos ao governo. Eles assumem compromissos: vão fazer inventário anual de quanto emitem de gases do efeito
estufa; incluir essa variável nas decisões de investimento; reduzir as emissões; atuar na cadeia de suprimento para incentivar esse comportamento; atuar junto ao governo e à sociedade para compreender o impacto das mudanças climáticas. Ao governo eles pedem que, em Copenhague, assuma papel de liderança da questão climática e aceite metas claras de redução das emissões. O lançamento teve o apoio da Globonews e do jornal “Valor Econômico” e pode ser o ponto a partir do qual o país comece a levar a sério, o que sério é. As mudanças climáticas exigirão radical alteração da forma de produzir e usar energia, levarão a uma taxação sobre carbono que encarecerá e tornará menos competitivo o combustível fóssil, obrigarão que todas as empresas repensem seus negócios, sua rede de fornecedores, sua forma de produção, sua energia e o ciclo de vida dos seus produto. Mineração, siderurgia, petroquímica, alimentos, papel e celulose, transporte, seguro, supermercados, é difícil encontrar uma área da economia que não seja afetada pelo que está acontecendo. Mudará a geopolítica. As tragédias climáticas provocarão ondas migratórias que vão exigir da diplomacia novas formas de atuação e abrirão novas frentes de trabalho com refugiados. Será rotina para arquitetos, daqui para diante, construir prédios que poupem energia, reciclem água, aproveitam a luminosidade, o calor ou o vento externo para a climatização. Serão desafiados também na reciclagem dos prédios antigos. A mudança climática imporá nova agenda de políticas públicas e ações corporativas. É espantoso como são poucas as pessoas no Brasil que entendem a dimensão do fato. O governo brasileiro nem suspeita do tamanho da encrenca. Ele mostra isso em abundantes sinais. Projeta a energia nova a partir de carvão, óleo combustível e gás. O setor de energia usa modelos de definição de preço de cada fonte de energia que favorece os combustíveis fósseis. O ministro Carlos Minc propôs que as térmicas a óleo e
carvão plantassem árvores como compensação mas a proposta foi rejeitada. No Ministério dos Transportes, o governo não avalia o modal alternativo pela ótica ambiental. O Ministério da Agricultura vive às turras com o meio ambiente. A política industrial lançada um pouco antes da crise econômica incentiva setores de alto impacto seja em emissão industrial ou em desmatamento. No PAC, a preocupação ambiental é vista como obstáculo. O Ministério da Ciência e Tecnologia não divulgou ainda a atualização do inventário de emissões do Brasil, os dados com que se trabalha são de 1994. O Ministério das Relações Exteriores tenta fugir das metas através de jogos de palavras feitos para confundir. A conversa está muito mais adiantada no resto do mundo. Aqui, contam-se nos dedos os economistas que pararam para entender o tema. Na Inglaterra, a pedido do então governo Tony Blair, o ex-economista-chefe do Banco Mundial Nicholas Stern já traduziu o problema climático para a lógica dos economistas e concluiu: o preço de não fazer nada para evitar ou reduzir os efeitos das mudanças climáticas é maior do que o de agir agora enfrentando o assombroso desafio que está diante de nós. Na política, com a solitária exceção da senadora Marina Silva, os possíveis candidatos e seus apoiadores para as eleições de 2010 acham que podem andar na superfície do tema sem entender a profundidade da transformação da economia, política, educação, emprego, logística, habitação, energia, que terá que ser feita nos próximos anos. No Brasil, eu tenho ouvido de economistas e autoridades manifestações pedrestes sobre o tema. Avaliações reveladoras de que jamais a tal pessoa leu um bom paper, livro,
estudo sobre o tema, nem teve uma boa conversa sobre o assunto mudança climática. Ver as grandes empresas, e algumas associações, acordarem, afinal, foi um alívio. Por isso, o nome delas vai aqui em ordem alfabética para serem elogiadas e cobradas: Aflopar, Andrade Gutierrez, Aracruz, Camargo Corrêa, CBMM, Coamo, CPFL, Estre, Light, Natura, Nutrimental, Odebrecht, OAS, Orsa, Pão de Açúcar, Polimix, Samarco, Suzano, Única, Vale, Votorantim, VCP. A Vale foi uma das líderes. Apoiam o movimento o Ethos, Fórum Amazônia Sustentável, SindiExtra e Fiep. Ficaram de fora a Fiesp, CNI, CNC, CNA e várias empresas recusaram adesão. Não entenderam que este é um tempo
radical. De mudanças e atitudes radicais. Ou não haverá amanhã.
Hugo Penteado
2 comentários:
Excelente, Hugo!
O texto da Miriam é de fato espetacular. Eis aí a tão martelada e necessária mudança de abordagem!
O único problema, como vc observa, é que pouquíssimas pessoas e autoridades hoje no Brasil tem uma real consciência no que tange a grandiosidade e urgência da questão.
Ficamos assim, pois, na esperança de que ainda tenhamos o tempo hábil para empreender essa transformação monumental... Do contrário, e por certo estaremos fritos.
Hás mais de ano visito “Nosso futuro comum” Um dia assisti Hugo sendo entrevistado em um programa da CPFL e o coloquei entre meus preferidos. Houve uma vez o Hugo a considerar minha radicalização. Eu sempre a priorizar o “ou” e nunca o “e”. Capitalismo ou socialismo por exemplo. Naquela vez por me admirar postarem artigo da Miriam Leitão. A maravilha dos blogs e da internet. Artigos e comentários que nos auto sugerem reflexões que podem até representar assumir “sacrifícios” existenciais. Perder o emprego, conter a compra de um novo automóvel. Vc resistiu em trocar o seu Eco?
Constam 3 + 1 artigos da Miriam.
Em 12/06 no “A insensatez” sobre a MP 458, eu já me redimira, colocando-me no meu comentário ao lado da Miriam Leitão. Ainda Marina da Silva não era candidata pelo PV e olha a Miriam relatando que fora o 3º dia mais infeliz na vida dela.
No de 31/01 “Bolsas e famílias” ela relatando a opinião de Mangabeira Unger de que o Bolsa Família seria “pobrismo”. Aqui também comento e o Hugo a reverberar-me de novo o radicalismo.
Outro em 09/12/2008 “Risco maior” com uma introdução sua Hugo no dela em 7/12. Aqui 2 comentários meus e dois seus respondendo a mim.
Parece até ironia transcrever isso tudo do presente para o passado. Desta intervenção de hoje 14/09/00, um ano após a explosão da crise daquele meus em 10/12 e 17/12/2008 quando a crise se delineava. Lula a considerá-la “marolinha”. A Miriam a achar que ele não poderia usar o termo “sifu”.
O que dizer? Sistema econômicos de produção, meios de comunicação e Educação. Como caminhar para salvar-nos e ao planeta?
O capitalismo precisa se socializar. Os funcionários se capacitam e participam da direção e dos lucros. Onde está a cogestão do movimento social da igreja católica do qual participei na minha juventude? Onde está no mundo um cooperativismo industrial vitorioso como o atual de Mondragon?
Meios de comunicação democráticos. A Abert e os jornais contra a I Conferencia de Nacional de Comunicação. Meios de comunicação partidarizados contra o governo atual. Alias contra todos os governos DEMOCRÁTICOS de esquerda da America Latina. E por que? Simples. Não são livre expressão e sim livre empresas capitalistas O lucro máximo como meta. Quem lê os objetivos legais propostos lá nos primórdios das concessões de radio e TV percebe os crimes que eles cometem.
Sem educação cooperativa jamais haverá capitalismo cooperativo. Mondragon que começou agorinha em 1954 começou com a educação técnica cooperativa. Até hoje a Universidade é cooperada.
Escrevi para eles naqueles idos dos fins de 2008, o que eles tinham a dizer sobre a crise econômica. Responderam-me
“Pero en MONDRAGON, preferimos ser modestos y no propagar en exceso nuestro modelo cooperativo porque estamos seguros que también habrá en el mundo proyectos socio-económicos mejores que los de MONDRAGON (quizás de menor tamaño, pero a la vez interesantes).
De todos modos, agradecemos su opinión tan motivante”
Hugo entrevistemos então o Paul Singer da Economia Solidaria. Tornemos o associativismo como forma de produzir e salvar o planeta. Não tem se quer um único dele no blog.
Hugo divulguemos a realização da I Confecom.
Vamos trazer a palavra do Ricardo Smeler, com seu DNA da Educação. O seu Instituto Lumiar. Vamos pesquisar escolas que adotam uma direção participativa.
Hugo ouçamos a palavra do prof Nicolleti em palestra na Universidade de Brasília em
http://www.unb.br/noticias/unbagencia/unbagencia.php?id=2195
“Os sonhos movem a ciência”. Desculpe mas ele foi amorosamente radical ao dizer;
“O primeiro mundo faliu em todos os sentidos - financeiramente, eticamente e moralmente. O primeiro mundo agora é aqui e será construído por vocês, caso vocês optem por aceitar o desafio”, instigou. A platéia o aplaudiu de pé ao final da aula.
Não tenho certeza, mas ele criou um Instituto de neuro ciências Edmund e Lily Safra em Natal. Isso te diz alguma coisa?
Luiz Monteiro de Barros
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