sexta-feira, 27 de março de 2009
Cuidado com os burros motivados
Para mim tem tudo a ver com o movimento contracultura que o mundo precisa.
Hugo
A revista Isto é publicou esta entrevista de Camilo Vannuchi.
O entrevistado é Roberto Shinyashiki, médico psiquiatra, com Pós-Graduação em administração de empresas pela USP, consultor organizacional e conferencista de renome nacional e internacional.
"Cuidado com os burros motivados" Em "Heróis de Verdade", o escritor combate a supervalorização das Aparências, diz que falta ao Brasil competência, e não auto-estima.
ISTOÉ -- Quem são os heróis de verdade?
Roberto Shinyashiki -- Nossa sociedade ensina que, para ser uma pessoa de sucesso, você precisa ser diretor de uma multinacional, ter carro importado, viajar de primeira classe... O mundo define que poucas pessoas deram certo. Isso é uma loucura... Para cada diretor de empresa, há milhares de funcionários que não chegaram a ser gerentes.
E essas pessoas são tratadas como uma multidão de fracassados. Quando olha para a própria vida, a maioria se convence de que não valeu a pena porque não conseguiu ter o carro nem a casa maravilhosa. Para mim, é importante que o filho da moça que trabalha na minha casa possa se orgulhar da mãe.
O mundo precisa de pessoas mais simples e transparentes. Heróis de verdade são aqueles que trabalham para realizar seus projetos de vida, e não para impressionar os outros. São pessoas que sabem pedir desculpas e admitir que erraram.
ISTOÉ -- O sr. citaria exemplos?
Shinyashiki -- Quando eu nasci, minha mãe era empregada doméstica e meu pai, órfão aos sete anos, empregado em uma farmácia. Morávamos em um bairro miserável em São Vicente (SP) chamado Vila
Margarida. Eles são meus heróis. Conseguiram criar seus quatro filhos, que hoje estão bem. Acho lindo quando o Cafu põe uma camisa em que está escrito "100% Jardim Irene". É pena que a maior parte das pessoas esconda suas raízes. O resultado é um mundo vítima da depressão, doença que acomete hoje
10% da população americana. Em países como Japão, Suécia e Noruega, há mais suicídio do que homicídio. Por que tanta gente se mata? Parte da culpa está na depressão das aparências, que acomete a
mulher que, embora não ame mais o marido, mantém o casamento, ou o homem que passa décadas em um emprego que não o faz se sentir realizado, mas o faz se sentir seguro.
ISTOÉ -- Qual o resultado disso?
Shinyashiki -- Paranóia e depressão cada vez mais precoces. O pai quer preparar o filho para o futuro e mete o menino em aulas de inglês, informática e mandarim. Aos nove ou dez anos a depressão aparece. A única coisa que prepara uma criança para o futuro é ela poder ser criança. Com a desculpa de prepará-los para o futuro, os malucos dos pais estão roubando a infância dos filhos. Essas crianças serão adultos inseguros e terão discursos hipócritas. Aliás, a hipocrisia já predomina no mundo corporativo.
ISTOÉ - Por quê?
Shinyashiki -- O mundo corporativo virou um mundo de faz-de-conta, a começar pelo processo de recrutamento. É contratado o sujeito com mais marketing pessoal. As corporações valorizam mais a auto-estima do que a competência. Sou presidente da Editora Gente e entrevistei uma moça que respondia todas as minhas perguntas com uma ou duas palavras. Disse que ela não parecia demonstrar interesse. Ela me respondeu estar muito interessada, mas, como falava pouco, pediu que eu pesasse o desempenho dela, e não a conversa. Até porque ela era candidata a um emprego na contabilidade, e não de relações públicas. Contratei-a na hora. Num processo clássico de seleção, ela não passaria da primeira etapa.
ISTOÉ -- Há um script estabelecido?
Shinyashiki -- Sim. Quer ver uma pergunta estúpida feita por um Presidente de multinacional no programa O aprendiz? "Qual é seu defeito?" Todos respondem que o defeito é não pensar na vida pessoal: "Eu mergulho de cabeça na empresa. Preciso aprender a relaxar". É exatamente o que o Chefe quer escutar. Por que você acha que nunca alguém respondeu ser desorganizado ou esquecido? É contratado quem é bom em conversar, em fingir. Da mesma forma, na maioria das vezes, são promovidos aqueles que fazem o jogo do poder. O vice-presidente de uma as maiores empresas do planeta me disse: "Sabe, Roberto, ninguém chega à vice-presidência sem mentir". Isso significa que quem fala a verdade não chega a diretor?
ISTOÉ -- Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?
Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento. Muitas equipes precisam de
motivação, mas o maior problema no Brasil é a competência. Cuidado com os burros motivados. Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.
ISTOÉ -- Por que nos deixamos levar por essa necessidade de sermos perfeitos em tudo e de valorizar a aparência?
Shinyashiki -- Isso vem do vazio que sentimos. A gente continua acreditando em heróis. Quem vai salvar o Brasil? O Lula. Quem vai salvar o time? O técnico. Quem vai salvar meu casamento? O terapeuta.
O problema é que eles não vão salvar nada! Tive um professor de filosofia que dizia: "Quando você quiser entender a essência do ser humano, imagine a rainha Elizabeth com uma crise de diarréia durante um jantar no Palácio de Buckingham". Pode parecer incrível, mas a rainha Elizabeth também tem diarréia.
Ela certamente já teve dor de dente, já chorou de tristeza, já fez coisas que não deram certo. A gente tem de parar de procurar super-heróis. Porque se o super-herói não segura a onda, todo mundo o considera um fracassado
ISTOÉ -- O conceito muda quando a expectativa não se comprova?
Shinyashiki -- Exatamente. A gente não é super-herói nem superfracassado. A gente acerta, erra, tem dias de alegria e dias de tristeza. Não há nada de errado nisso. Hoje, as pessoas estão questionando o Lula em parte porque acreditavam que ele fosse mudar suas vidas e se decepcionaram. A crise será positiva se elas
entenderem que a responsabilidade pela própria vida é delas.
ISTOÉ -- Muitas pessoas acham que é fácil para o Roberto Shinyashiki dizer essas coisas, já que ele é bem-sucedido. O senhor tem defeitos?
Shinyashiki -- Tenho minhas angústias e inseguranças. Mas aceitá-las faz minha vida fluir facilmente. Há várias coisas que eu queria e não consegui. Jogar na Seleção Brasileira, tocar nos Beatles (risos). Meu filho mais velho nasceu com uma doença cerebral e hoje tem 25 anos. Com uma criança especial, eu aprendi que ou eu a amo do jeito que ela é ou vou massacrá-la o resto da vida para ser o filho que eu gostaria que fosse. Quando olho para trás, vejo que 60% das coisas que fiz deram certo. O resto foram apostas e erros. Dia desses apostei na edição de um livro que não deu certo. Um amigão me perguntou: "Quem decidiu publicar esse livro?" Eu respondi que tinha sido eu. O erro foi meu. Não preciso mentir.
ISTOÉ - Como as pessoas podem se livrar dessa tirania da aparência?
Shinyashiki -- O primeiro passo é pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno. Elas ensinam a tocar como o Steve Vai, o B. B. King ou o Keith Richards. Os MBAs têm o mesmo problema: ensinam os alunos a serem covers do Bill Gates.. O que as escolas deveriam fazer é ajudar o aluno a desenvolver suas próprias potencialidades.
ISTOÉ -- Muitas pessoas têm buscado sonhos que não são seus?
Shinyashiki -- A sociedade quer definir o que é certo. São quatro loucuras da sociedade. A primeira é instituir que todos têm de ter sucesso, como se ele não tivesse significados individuais. A segunda loucura é: Você tem de estar feliz todos os dias. A terceira é: Você tem que comprar tudo o que puder. O resultado é esse consumismo absurdo. Por fim, a quarta loucura: Você tem de fazer as coisas do jeito certo. Jeito certo não existe! Não há um caminho único para se fazer as coisas. As metas são interessantes para o sucesso, mas não para a felicidade. Felicidade não é uma meta, mas um estado de espírito.. Tem gente que diz que não será feliz enquanto não casar, enquanto outros se dizem infelizes justamente por causa do casamento. Você pode ser feliz tomando sorvete, ficando em casa com a família ou com amigos verdadeiros, levando os filhos para brincar ou indo a praia ou ao cinema. Quando era recém-formado em São Paulo , trabalhei em um hospital de pacientes terminais. Todos os dias morriam nove ou dez pacientes. Eu sempre procurei conversar com eles na hora da morte. A maior parte pega o médico pela camisa e diz: "Doutor, não me deixe morrer. Eu me sacrifiquei a vida inteira, agora eu quero aproveitá-la e ser feliz". Eu sentia uma dor enorme por não poder fazer nada. Ali eu aprendi que a felicidade é feita de coisas pequenas. Ninguém na hora da morte diz se arrepender por não ter aplicado o dinheiro em imóveis ou ações, mas sim de ter esperado muito tempo ou perdido várias oportunidades para aproveitar a vida...
segunda-feira, 23 de março de 2009
Não sumam dessa rede...
Por favor se comentar deixe um email para contato.
Eu tenho que dizer isso: a quantidade de pessoas que eu conheço na internet, por causa do blog, do livro, dos trabalhos que se cruzam, é algo surpreendente. Quando eu digo: somos igualmente importantes, preciso reforçar, cada um de vocês que falam comigo me adicionam força e eu preciso retribuir. Não se trata de uma causa pessoal, é uma causa humanitária. Eu fiz mais de 200 palestras sobre Economia Ecológica, nunca cobrei por elas, exceto quando decidiram me pagar pró-labore em quatro ocasiões. Aí aceitei. Mas o dinheiro que eu ganho eu uso – todo mundo sabe isso – para ajudar muitas pessoas. Os meus pensamentos sobre a vida vão além do que as pessoas acham que devem fazer e um dia eu acordei com uma frase: “nossa importância não deriva daquilo que fazemos para nós mesmos, nem do que temos, nem da nossa inteligência ou sabedoria; nossa importância deriva de tudo aquilo que fazemos para os outros seres vivos e para o planeta, nada mais.” A importância que se busca numa vida espiritual quase sem respostas e cheia de segredos só pode entender quem é um corpo com alma. Num planeta de corpos sem alma, não se espantem com o se sentir um extravagante, porque é assim mesmo. Corpos sem alma, porque a pior morte que existe não é a do corpo, mas a do espírito. Infelizmente, é o principal destino – aterrorizande - dos caronistas da Terra.
Foi por isso que cheguei na economia ecológica e tentei fazer eco, com o pouco que eu ainda aprendi, das vozes que algumas já nem estão mais aqui, mas que só falaram a verdade. Nicholas Georgescu-Roegen, Kenneth Boulding, Clóvis Cavalcanti, Herman Daly, Bastian Reydon, Rachel Negrão, Carlos Lessa, Leonardo Boff, etc. A lista é infinita e não está aí em ordem de importância, as omissões são igualmente importantes, porque somos igualmente importantes e nosso futuro não depende de um ou de outro, mas de todos. Para nos salvar de nós mesmos e continuarmos navegando com esse planeta, teremos que abandonar o pronome na primeira pessoa: eu, meu não podem existir mais. Nosso, é a vez do nosso. É o tempo dos bons.
Vai existir um momento que esse grupo vai se unir de forma única, desesperada para conseguir falar. Precisamos e precisaremos disso em um momento no qual, por conta do que fizemos ao planeta, ele irá nos ameaçar sem chance de evitarmos várias tragédias. O pior do Tchernobyl, por exemplo, ainda nem aconteceu. O pior de muitas coisas que já fizemos ainda nem aconteceu. Desculpa a sinceridade, mas é o que eu vejo andando nas ruas impermeabilizadas da cidade de um povo que não toca mais na terra nem com as mãos, nem com os pés e vivem como zumbis, a maior parte do grupo sem despertar!
Sei que é tudo muito esotérico o que eu disse, mas precisava dizer. Foi uma força imperiosa escrever o que senti ao receber vários emails hoje em casa, ouvindo os ruídos lamuriantes da cidade e de um cachorro com medo nas ruas sempre despertas com seus carros em explosão. Quase toda noite existe uma serra elétrica na minha janela (são 20 horas, isso é permitido). Quase toda noite carros buzinam para o porteiro e os ônibus sobem a ladeira como trovões. Essa é a minha cidade, a cidade cheia de luz, impermeabilizada, inumana.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Colapso global como freio de arrumação
VALOR 17/03/2009
Colapso global como freio de arrumação
José Eli da Veiga
Por que essas 18 altas autoridades em ciência econômica imaginam que aumentos do PIB não tenham custos socioambientais? A resposta aponta um raciocínio muito comum, que também é dos mais falaciosos. Como em um dólar de PIB é declinante a participação relativa de recursos como petróleo e minérios, deduz-se que não existam limites naturais ao crescimento econômico. Um duplo sofisma. Ignora que continua a aumentar o fluxo de recursos naturais que atravessa a economia, mesmo que diminua no PIB seu peso monetário relativo. E também ignora que o valor é sempre acrescentado pelos humanos, mediante sua força e meios que criam para produzir (trabalho e capital), o que inclui evidentemente conhecimento e inteligência. Raciocina-se como se fosse possível a criação de valor adicionado sem uma coisa à qual ele se adicione, em geral recursos naturais.
Quem ler esse relatório também ficará sem saber que desde meados da década de 1990 outros economistas comparam as evoluções do PIB às evoluções de indicadores de bem-estar. E que o fenômeno constatado nas nações mais avançadas foi de clara divergência a partir do início dos anos 1980, mostrando que em países de alto consumo os custos do crescimento passaram a superar seus benefícios, tornando-o antieconômico.
A constatação empírica de divergência entre desempenho econômico (medido pela evolução do produto) e a efetiva qualidade de vida, assim como entre ela e as perspectivas das gerações futuras (sustentabilidade ambiental), são os primeiros sinais daquilo que no plano teórico havia sido antecipado desde 1966 pela genial contribuição de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994). Foi quem mostrou que as teorias da ciência econômica simplesmente fazem de conta que não existe a termodinâmica, porque seria muito incômodo aceitar a sua segunda lei, da entropia.
Toda transformação energética envolve produção de calor que tende a se dissipar. E calor é a forma mais degradada de energia, pois embora parte dele possa ser recuperada para algum propósito útil, não é possível aproveitá-lo totalmente por causa de sua tendência à dissipação. A degradação energética tende a atingir um máximo em sistema isolado, como o universo. E não é possível reverter esse processo. O que quer dizer que o calor tende a se distribuir de maneira uniforme por todo o sistema. E calor uniformemente distribuído não pode ser aproveitado para gerar trabalho.
Como as mais diversas formas de vida são sistemas abertos, elas só se mantêm como oposição temporária ao
processo entrópico. Há entrada de energia e materiais, mas nem toda energia pode ser utilizada: o calor dissipado não é capaz de realizar trabalho. Energia e matéria aproveitáveis são de baixa entropia, e quando utilizadas na manutenção da organização do próprio sistema, são dissipadas, tornando-se de alta entropia. Os organismos vivos existem, crescem e se organizam importando energia e matéria de qualidade de fora de seus corpos, e exportando a entropia.
No entanto, obcecados pelo fluxo circular monetário, os economistas convencionais se esqueceram do fluxo metabólico real. Por isso chegam ao absurdo de pensar que o crescimento econômico nada tenha a ver com a capacidade do ambiente de assimilar os resíduos, colocando em risco suas funções de suporte à vida. E não há como se saber qual será o nível de impacto a partir do qual os danos ao ambiente serão irreversíveis.
A mais prática decorrência é que poderá ser muito melhor que o PIB mundial aumente, por exemplo, a uma taxa média de 2%, dobrando em 35 anos, em vez de 7%, quintuplicando em 24. Mais importante ainda será que essa média resulte de taxas das mais elevadas em uma centena de países periféricos e das mais baixas nas duas ou três dezenas de países centrais. Só isso poderá permitir que a qualidade do crescimento econômico seja compatível com a conservação ecossistêmica, gerando algo bem mais próximo do generoso ideal que só emergiu no final do século passado: o desenvolvimento sustentável. E, neste caso, o colapso global terá sido um bem vindo freio de arrumação.
José Eli da Veiga, professor titular do departamento de economia da FEA-USP e autor de diversos livros sobre desenvolvimento sustentável, escreve mensalmente às terças. Página web: www.zeeli.pro.br
quarta-feira, 18 de março de 2009
Sinais da crise planetária
Estou doente, com gastrite em casa, enjoado até dizer chega, gastrite que eu adquiri tomando café demais. Tomei café demais por nervoso, talvez. É tudo, a crise econômica e a cegueira à nossa volta, tudo me aflige. O dia de ontem enquanto deitado na cama me sentia como se estivesse nauseado num navio, vi a chuva forte, protegido, mas rezando baixinho, sabia que não era assim que as coisas estavam lá fora.
Acordei nauseabundo ainda, com a gastrite e assisti quatro vídeos no uol. Abaixo os endereços dos vídeos e os comentários que fiz.
Chuva em São Paulo: vídeo 1, vídeo 2 e vídeo 3
Isso mostra que o homem não manda na natureza, é limitado por ela, dependente do planeta e da natureza e agora, pela sua alucinação coletiva, irá colher os piores desastres enquanto os governos do Brasil e do mundo todo insistem no erro de manter a idéia de crescimento econômico infinito como se isso fosse feito pelo bem da coletividade, sem prestar atenção que o crescimento econômico é um mecanismo de diferenciação social e opressão que deixa só os ricos mais ricos e a natureza cada vez mais vingativa. É hora de abolir essas idéias retrógradas e voltar vários passos para trás, se quisermos salvar parte da humanidade. Do jeito que vai, com mais carros, mais construções, mais pessoas, sempre aumentando num espaço finito, um dia São Paulo não vai parar apenas por um dia, vai parar de vez. Espero que a gente possa mudar nossa consciência antes disso. Hugo Penteado
Frangos morrem por falta de energia: vídeo 4
Por isso parei de comer carne, a crueldade a qual são submetidas as criaturas de Deus, que não sei porque razão achamos que não sentem dor e podem ser "usadas por nós" é um dos maiores horrores que existem na nossa civilização atual. O frango industrializado, confinado, cheio de hormônios é visto como causador de doenças e nas mulheres câncer de mama. Se ao invés de comermos tanta carne, comêssemos mais vegetais, a oferta de alimentos aumentaria muitas vezes, porque não comemos a vida dos bichos, comemos a sua morte. A vida horrenda, aterrorizante e karmática que eles viveram ficaram para eles. E nós não temos falta de alimentos, temos excesso de gente, ainda alguém vai ganhar um prêmio nobel ao lembrar que o território dos países é constante e não aumenta de tamanho. Porque então podemos aumentar a produção de coisas, pessoas, bens, casas, carros, infinitamente se o espaço é finito? E pelo bem de quem isso é feito? Nosso? Hugo Penteado
terça-feira, 17 de março de 2009
Transformamos a Terra em lixeira e não queremos arcar com as consequências...
Só existe uma solução: lixo zero. A natureza da qual dependemos não joga nada no lixo. Nós, os seres humanos coisificados individualizados achamos que temos o direito divino de transformar a Terra, nossa casa e a casa de todos os seres vivos, em lixeira. Pior, achamos que nossas almas irão fazer isso sem consequência alguma, revogando a lei universal de causa e efeito...
O planeta está ameaçado pela poluição
Entre o litoral da Califórnia e o Havaí, uma área enorme ganhou um triste apelido: o Lixão do Pacífico. Levadas pela corrente marítima, toneladas e toneladas de sujeira, produzidas pelo homem, se acumulam num lugar que já foi um paraíso.
Um oceano de plástico, uma sopa intragável, de tamanho incerto e aproximadamente 1,6 mil quilômetros da costa entre a Califórnia e o Havaí e que, segundo estimativas, seria maior do que a soma de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás.
É o Pacífico, o maior dos oceanos, agredido pela humanidade onde a humanidade raramente chega. Há plástico e plâncton, lixo e alimento, tudo misturado. Poluindo o paraíso, confundindo as aves, criando anomalias - como a tartaruga que cresceu com um anel de plástico em volta do casco - e matando os moradores do mar.
Mas qual será afinal o tamanho exato gigantesca massa de lixo que se acumula no Oceano Pacifico? Será que a gente ainda tem tempo para limpar tudo isso? E os animais? Se adaptam ou sofrem as consequências?
Charles Moore viajava pelo Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, quando resolveu arriscar um novo caminho. "Foi perturbador. Dia após dia não víamos uma única área onde não houvesse lixo. E tão distantes do continente”, lembra o capitão.
Como um descobridor nos tempos das Navegações, Charles Moore foi o primeiro a detectar a massa de lixo. E batizou o lugar de Lixão do Pacífico. Primeiro, viu pedaços grandes de plástico, muitos deles transformados em casa para os mariscos. Depois, quando aprofundou a pesquisa, o capitão descobriu que as águas-vivas estavam se enrolando em nylon e engolindo pedaços de plástico. O albatroz tinha um emaranhado de fios dentro do corpo.
"Antes não havia plástico no mar, tudo era comida. Então os animais aprenderam a comer qualquer coisa que encontram pela frente. Você pode ver que eles tentaram comer isso [pedaço de embalagem]. Mas não conseguiram", diz o capitão.
Com a peneira na popa, o capitão e sua equipe filtram a sopa de plástico e fazem medições. Já descobriram, por exemplo, que 27% do lixo vem de sacolas de supermercado. Em uma análise feita com 670 peixes, encontraram quase 1,4 mil fragmentos de plástico.
São informações valiosas, fonte de pesquisa e argumentos para a grande denúncia de Charles Moore: "Gostaria que o mundo inteiro percebesse que o tipo de vida que estamos levando, isso de jogar tudo fora, usar tantos produtos descartáveis, está nos matando. Temos que mudar, se quisermos sobreviver".
Um gesto despreocupado, uma simples garrafa de plástico esquecida em uma praia da Califórnia. Muitas vezes ela é devolvida pelas ondas e recolhida pelos garis. Mas grande parte do material plástico que é produzido nessa região acaba embarcando em uma longa e triste viagem pelo Oceano Pacifico.
Pode ser também depois de uma tempestade. O plástico jogado nas ruas é varrido pela chuva, entra nas galerias fluviais das cidades e chega até o mar; ou vem de rios poluídos que desembocam no oceano.
No caminho, os dejetos do continente se juntam ao lixo das embarcações e viajam até uma região conhecida como o Giro do Pacífico Norte. Diversas correntes marítimas que passam às margens da Ásia e da América do Norte acabam formando um enorme redemoinho feito de água, vida marinha e plástico.
Mas, outra vez uma tempestade, um vento forte, talvez, e parte do lixo viaja para fora da sopa, até uma praia distante.
Estamos numa praia linda e deserta de uma região praticamente desabitada do Havaí. Não era para ser um paraíso ecológico? Mas Kamilo Beach recebe tantos dejetos marítimos que acabou virando um lixão a céu aberto. Basta procurar um pouquinho para entender a origem de todo o plástico que chega até a praia. Em uma embalagem, caracteres chineses. Uma bóia de pescadores provavelmente veio do Japão. Um pouco mais adiante, há o pedaço de um tanque de plástico com ideogramas coreanos.
E olha que Kamilo Beach está mais de 1 mil quilômetros distante do Lixão do Pacífico, no extremo sudoeste da ilha de Hilo, no Havaí. Kamilo Beach dificilmente vê um gari. O plástico que chega lentamente pelo mar vai ficando esquecido no paraíso.
Há dois anos, depois que se mudaram para cá, Dean e Suzzane Frazer resolveram fazer de Kamilo um alerta planetário. Suzanne pergunta: "Será que o governo japonês, por exemplo, sabe quanto plástico o Japão está mandando para o Havaí?"
Dean vem trazendo um galão que, sem dúvida, chegou da Ásia. Tem também tubo de shampoo usado nos Estados Unidos e sacos de plástico sabe-se lá de onde. Agora, são todos farrapos do mar. As mordidas impressas no plástico levaram os ambientalistas a mudar de alimentação.
"O que acontece é que as toxinas estão se acumulando ao longo da cadeia alimentar. Os predadores no topo da cadeia, que somos nós, estamos comendo plástico também", alerta Suzzane Fraser.
O casal toma notas, calcula as quantidades, recolhe o equipamento de pesca para saber os pesos e as medidas de cada tipo de poluição. Não é pessimismo. Por enquanto, praticamente nada está sendo feito e não dá para dizer que existe um ou outro culpado. Estamos todos com as mãos completamente sujas de plástico.
Maldivas têm ilha só de lixo
Haveria depósito de lixo em cinco régios dos oceanos. Nas Ilhas Maldivas, no Oceano Índico, uma nova ilha está sendo criada. É uma ilha de lixo. Em pouco menos de duas décadas, a ilha já tem 50 mil metros quadrados e abriga indústrias e depósitos. Caminhões chegam em barcos o tempo todo.
O lixo orgânico é queimado na hora. Garrafas de plástico e pedaços de metal são separados e exportados para Índia, onde são reciclados. O resto forma a base do território que avança sobre o oceano.
O nativos das Maldivas se recusam a fazer esse tipo de trabalho. Eles ganham mais se passarem o dia inteiro na praia, só pescando. Por isso, os trabalhadores do lixão são 150 imigrantes de Bangladesh, que aceitam trabalhar ganhando o equivalente a US$ 60 e US$ 100 por mês.
A maior parte do lixo vem da capital, Malé, que concentra 100 mil habitantes, um terço da população do país. Mas os 10 mil turistas que visitam as ilhas por dia provocaram uma explosão na produção de lixo e a criação da ilha das Maldivas que ninguém quer visitar.
Fonte: Globo.com
segunda-feira, 16 de março de 2009
A destruição das florestas é contínua - a cada dia amanhecemos com menos natureza
Sem a Amazônia e o Cerrado milhões de brasileiros irão morrer. Leiam o artigo abaixo.
16/03/2009 - 16h31
Relatório mostra que 42% de matas perdidas em cinco anos no planeta são do Brasil
Da Agência Estado
Em Genebra
O Brasil registrou a maior perda absoluta de floresta no mundo entre 2000 e 2005 e 42% de hectares de mata cortada no planeta nesses anos ocorreu dentro do território nacional. A conclusão é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), que destaca que os lucros com a expansão da agricultura e do etanol continuarão a predominar nos próximos anos sobre a tentativa de frear o desmatamento e toda a América do Sul continuará a perder sua cobertura florestal.
No mundo, a FAO alerta que a crise internacional deve aumentar a vulnerabilidade das florestas e secar os financiamentos para projetos ambientais.
200 km² a menos por dia
Entre 2000 e 2005, 200 quilômetros quadrados de florestas foram perdidos no mundo a cada dia e o temor é de que os investimentos em manejo sustentável sejam substituídos por uma exploração ilegal de madeira.
Segundo a FAO, o Brasil perdeu 3,1 milhões de hectares de florestas por ano no período. Isso significou uma redução anual de 0,6% na cobertura florestal. O órgão da ONU informou que o País observou uma aceleração no desmatamento em comparação ao período entre 1995 e 2000. Naqueles anos, a perda de floresta foi de 2,6 milhões de hectares por ano, 0,5% da cobertura.
No mundo, a perda florestal chegou a 7,3 milhões por ano, 200 quilômetros quadrados por dia. Isso representou 0,18% do território por ano.
O ritmo de desmatamento no Brasil, portanto, foi seis vezes superior à média mundial e o crescimento das exportações de grande escala de soja, biocombustíveis e carnes é considerada pela entidade como "responsável pela grande parte do desmatamento da região". O levantamento conclui ainda que 75% do desmatamento na América do Sul ocorreu no Brasil.
Em comparação a outros países, o Brasil lidera amplamente com a maior área desmatada no planeta, mesmo que seu território ainda esteja coberto por floresta em 57,2%.
sábado, 14 de março de 2009
O fracasso da economia acadêmica
O fracasso da economia acadêmica
Antonio Delfim Netto
10/03/2009
Em 1609, Galileu Galilei, (1564-1642) depois de ter aperfeiçoado um instrumento construído um pouco antes por óticos holandeses, produziu uma luneta que chamou de "Perspicillum". Com ela deu origem a uma revolução na astronomia. Por isso, a União Astronômica Internacional e a Unesco elegeram 2009 como o Ano Internacional da Astronomia. Qual é a profunda importância de Galileu? A resposta é simples, como nos informa o ilustre prof. Antonio Augusto Passos Videira (revista "Ciência Hoje", jan./fev. 2009: 18): "Suas descobertas contribuíram para minar a primazia da concepção aristotélica do cosmo, baseada na beleza dos corpos celestes e na imutabilidade dos céus. Em longo prazo, suas ideias - sustentadas pela matemática, por medidas e por uma retórica afiada - ergueram uma visão do mundo na qual se buscavam leis para os fenômenos naturais".
Mas qual a importância disso agora, há de perguntar-se, irritado, um daqueles economistas que se pensa portador da "verdadeira" ciência econômica? Eu também uso a matemática! A pequena diferença é que o seu "tipo" de conhecimento tem muito mais a ver com Aristóteles esteticamente matematizado do que com Galileu. Em lugar de tentar entender como funciona o sistema econômico, tenta ensiná-lo como deveria funcionar em resposta à beleza dos seus axiomas...
Essa é uma crítica antiga, mas que a corrente majoritária dos economistas (que à falta de nome melhor chama-se a si mesma de neoclássica) recusava-se a considerar diante do aparente sucesso da sua teoria na "explicação" do mundo dos últimos 25 anos. A cavalar crise financeira (em parte produzida pelos equívocos propagados pela própria "teoria") desconstruiu essa ilusão. Um grupo de oito importantes economistas (todos um pouco mais ou um pouco menos críticos, mas sem dúvida, competentes membros do "mainstream" e senhores da mais sofisticada matemática e econometria) acabam de publicar um trabalho, "A Crise Financeira e o Fracasso Sistêmico da Economia Acadêmica" 1. É um verdadeiro réquiem de corpo presente para a economia pré-galileliana, que foi dominante na última geração.
A síntese do artigo (em tradução livre) é a seguinte:
"A profissão dos economistas parece ter ignorado a longa construção que terminou nesta crise financeira internacional e ter significativamente subestimado as suas dimensões quando ela começou a manifestar-se. Na nossa opinião, essa falta de entendimento foi devida à má alocação dos recursos de pesquisa na economia. Fixamos as raízes profundas desse fracasso na insistência da profissão em produzir modelos que - por construção - ignoram elementos fundamentais que controlam os resultados no mundo dos mercados reais. A profissão falhou, lamentavelmente, na comunicação ao público das limitações e fraquezas e, mesmo, dos perigos que caracterizam os modelos de sua preferência. Esse estado de coisas deixa claro a necessidade de uma fundamental reorientação das pesquisas que devem ser feitas pelos economistas e, também, do estabelecimento de um código de comportamento ético, que exija deles o conhecimento e a comunicação (para o público) das limitações e dos maus usos potenciais possíveis de seus modelos".
O final do trabalho é ainda mais preocupante:
"Acreditamos que a teoria econômica caiu numa armadilha de um equilíbrio subótimo, no qual o grosso do esforço de pesquisa não foi dirigido para as mais angustiantes necessidades das sociedade. Paradoxalmente, um efeito retroativo, que se autorreforça dentro da profissão, levou à dominância de um paradigma que tem base metodológica pouco sólida e cuja performance empírica é, para dizer o menos, apenas modesta. Pondo de lado os mais prementes problemas da moderna economia e fracassando na comunicação das limitações e das hipóteses contidas nos seus modelos mais populares, a profissão dos economistas tem certa responsabilidade na produção da crise atual. Ela falhou na sua relação com a sociedade. Não produziu tanto conhecimento quanto seria possível sobre o comportamento da economia e não a alertou dos riscos implícitos nas inovações que criava. Além do mais, relutou em enfatizar as limitações da sua análise. Acreditamos que o seu fracasso em sequer antecipar os problemas gerados pela crise do sistema financeiro e a sua incapacidade de prover qualquer sinal antecipado dos eventos que iriam se passar exigem uma reorientação fundamental dessas áreas e uma reconsideração de suas premissas básicas".
Trata-se de um trágico "requiescat in pace", não para a teoria econômica, mas para o "mainstream" pré-galileliano, que se apropriou dela com imensa irresponsabilidade. Podemos voltar agora à modesta e útil economia política?
1 Os autores são David Colander, Katarina Inlesuis, Alan Kirman e outros
Antonio Delfim Netto é professor emérito da FEA-USP, ex-ministro da Fazenda, Agricultura e Planejamento. Escreve às terças-feiras
sexta-feira, 13 de março de 2009
Crise significa oportunidade de mudança, mas até agora significa mais do mesmo
Hugo Penteado
Mestre em Economia pela USP e autor do livro Ecoeconomia – Uma nova Abordagem – 2ª.edição 2008
Eduardo Passeto
Mestre em Planejamento Energético pela UNICAMP
quinta-feira, 12 de março de 2009
Recomendações dos analistas
Hugo Penteado
quarta-feira, 11 de março de 2009
Quer salvar o planeta?
Quer salvar o planeta? Não tenha filhos. Leia dados aqui.
Hugo Penteado
terça-feira, 10 de março de 2009
Carlos Minc sobre a Amazônia
Sempre lembrando que sem a Amazônia e o Cerrado (80% do Brasil) milhões de brasileiros como eu e você, meu leitor, irão morrer. Todas as políticas propostas e preconizadas pelo ministro vão na direção da defesa da vida, que é mais importante que a economia. Por isso, recuperar áreas degradadas, que somadas hoje são maiores que a França e o Reino Unido juntos, com mais de 650.000 km2 transformados em deserto praticamente, faz muito mais sentido do que destruir as áreas intactas.
Pelo bem de todos nós. Pelo bem da economia, mas não podemos esquecer que as pessoas e o planeta sempre são e serão sempre mais importantes que a economia. A economia depende das pessoas e do planeta, não o inverso.
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Hoje é mais fácil e barato um agente desmatar a floresta nativa do que produzir mais em área degradada. Temos de inverter esse quadro
A DEGRADAÇÃO ambiental da Amazônia não pode ser enfrentada apenas com o Ibama e a Polícia Federal. Sem o ordenamento fundiário e o planejamento territorial, sem o incremento da pesquisa e das tecnologias florestal e regional, a falta de alternativas sustentáveis e a impunidade ameaçarão sempre o ecossistema e provocarão sucessivos aumentos de emissão de CO2.
Os artigos publicados com assinatura não traduzem a opinião do jornal. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate dos problemas brasileiros e mundiais e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo. debates@uol.com.br
segunda-feira, 9 de março de 2009
Leis da física sempre determinaram que o ser humano é dependente da natureza ...
A CHINA E A CRISE GLOBAL
Uma interpretação termodinâmica
José Lisboa
“É impossível fazer justiça à magnitude do sacrifício
que os camponeses fizeram no sentido de viabilizar
o acúmulo de capital para a industrialização da China.
É seguro dizer que o edifício da indústria chinesa está
alicerçado na carne e no sangue dos trabalhadores
camponeses, e o desenvolvimento urbano pôde apenas
ser alcançado através de sua dor e abnegação”.
Chen Guidi e Wu Chuntao - O Segredo Chinês
(Rio de Janeiro,Record,2008)
Antoine-Laurent Lavoisier (1743-1794) descobriu,no século XVIII,uma das leis fundamentais da ciência,o princípio da conservação da massa.Embora,com a descoberta da radioatividade,esse princípio tivesse que admitir uma exceção,o enunciado geral da Lei de Lavoisier permanece válido para todo o sempre:”Na natureza nada se cria,nada se perde,tudo se transforma”.
Um século mais tarde,esse princípio foi estendido à energia por Lord Kelvin (1824-1907),que enunciou a 1ª Lei da Termodinâmica:”A energia total envolvida num processo é sempre conservada.Pode mudar de forma do modo mais complicado,mas nenhuma porção dela se perde” (1).
Einstein ampliou essa idéia na famosa relação de equivalência E=mc², em que E é energia, m é massa e c é a velocidade da luz.Isto é,energia e massa se conservam em conjunto.
Pela 2ª Lei da Termodinâmica,a energia se conserva,mas a energia útil diminui.Essa lei foi formulada em 1850 por Rudolf Clausius que,em 1865,descobriu uma fórmula para medir a parte da energia que não pode mais ser transformada em trabalho.Deu a essa medida o nome de entropia.
“O estilo de vida criado pelo capitalismo industrial sempre será o privilégio de uma minoria.O custo em termos de depredação do mundo físico,desse estilo de vida,é de tal forma elevado que toda a tentativa de generaliza-lo levaria inexoravelmente ao colapso de toda uma civilização,pondo em risco as possibilidades de sobrevivência da espécie humana (...).A idéia de que os povos pobres podem algum dia desfrutar das formas de vida dos atuais povos ricos é simplesmente irrealizável”(Celso Furtado,O Mito do Desenvolvimento Ecnômico,Rio de Janeiro,Paz e Terra,1974.p. 75).
Em decorrência da 1ª Lei da Termodinâmica,o homem não tem capacidade para criar ou destruir matéria ou energia;não há forma de aumentar os recursos do planeta.Do ponto de vista global,o crescimento econômico é apenas um mito.
Os países ricos,os emergentes e as classes ricas de todos os países são ilhas de afluência,rodeadas por mares cada vez maiores de desordem.É por esse motivo que a entropia também pode ser considerada uma medida da desordem.
.A China não é um país rico.Mas,com uma população de 1.300.000.000 de habitantes e um governo ditatorial,conseguiu espremer os seus pobres e dotar-se de um mercado de 250 milhões de pessoas com poder de compra.Ora,um mercado com essa dimensão,maior que toda a população da Rússia,tornou-se um atraidor de capitais e um devorador de recursos próprios e alheios..
Esse imenso mercado acelerou a desordem no mundo e é o pano de fundo da atual crise,embora a causa próxima desta sejam as hipotecas de alto risco.
Se um 1.300.000.000 de chineses fossem pobres,a desordem ficaria só por conta do consumo dos Estados Unidos e,em menor escala,do consumo dos demais países ricos e das classes ricas de todos os países.
Notícia recente diz que a China já consome 15% de toda a capacidade biológica do planeta.Nos próximos anos,o consumo da China provavelmente continuará a impor desafios ao próprio sistema chinês e pressionará a biocapacidade dos demais países do mundo.
Nota: 1) James Prescott Joule (1818-1889) já havia demonstrado experimentalmente,entre 1843/47, que a energia não se perde..
Bibliografia: Jeans, Sir James- L’ évolution des sciences physiques, Paris,Payot,1950.
Capra,Fritjof-A teia da vida, São Paulo,Cultrix, 1997.
domingo, 8 de março de 2009
Noam Chomsky: entrevista sobre Obama e a crise
Cético Autor de mais de 70 livros, Chomski diz que Obama não será muito diferente de Bush e que o Brasil está no caminho certo
Entrevista
Noam Chomsky
"Capitalismo só existe no terceiro mundo"
Intelectual americano critica protecionismo dos EUA e diz que o poder do capital é imposto à força nos países pobres
por Maíra Magro
ISTOÉ - Barack Obama pode mudar o que o sr. chama de "Estado fracassado"?
ISTOÉ - O sr. está dizendo que Obama é igual a George W. Bush?
ISTOÉ - Os Estados Unidos são uma democracia fracassada?
ISTOÉ - Alguns presidentes sul-americanos são chamados de populistas.
Chomsky - Populista quer dizer alguém atento à opinião popular.
ISTOÉ - Mesmo quando a distribuição de recursos não é sustentável?
ISTOÉ - O presidente Hugo Chávez acaba de passar por um referendo que permite suareeleição ilimitada. Isso é aceitável em uma democracia?
ISTOÉ - O sr. avalia o governo Chávez positivamente?
ISTOÉ - O sr. acha que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva representou alguma mudança para o Brasil?
ISTOÉ - E qual o papel do Brasil?
ISTOÉ - Como o sr. vê o ressurgimento de medidas protecionistas nos Estados Unidos e na União Européia?
ISTOÉ - O capitalismo está entrando em colapso com a crise?
Chomsky - O único lugar onde o capitalismo existe é nos países do Terceiro Mundo, onde ele é imposto à força.
ISTOÉ - Os anticapitalistas têm algum modelo para oferecer?
ISTOÉ - Vê algo de positivo no papel dos Estados Unidos atualmente?
ISTOÉ - O sr. concorda que os intelectuais de hoje são menos engajados que nos anos 60 e 70, por exemplo?
ISTOÉ - O sr. dedicou a vida a pensar as questões mais importantes do mundo.Como se sente hoje?
sábado, 7 de março de 2009
Sem a Amazônia só alguns milhões de brasileiros sobreviverão
Esse título em uma postagem anterior chamou muita atenção dos meus leitores. Aqui devo alguns esclarecimentos, não muito profundos, mas que remetem, espero, à necessidade de entendermos a nossa relação com o planeta Terra e o reconhecimento do quão erradas estão as decisões dos economistas, dos governos, das empresas no mundo todo e o quanto estamos profundamente ameaçados num futuro próximo.
Espero que essa curta mensagem sirva de alerta para todos mudarmos. Não queremos mais mensagens ambientais frias, queremos a verdade e é sobre ela que poderemos agir. Lá vai:
A atmosfera possui um equilíbrio químico que é fruto de várias causas, por exemplo, os ecossistemas e sua biodiversidade contribuem para manter o equilíbrio químico da atmosfera (do solo e do ar também). Por isso, os cientistas dizem com segurança que todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos, é uma teia de vida interdependente. Enquanto estamos aqui na Terra, respiramos, comemos e vivemos graças a uma série de seres vivos que trabalham incessantemente em conjunto para nós.
Não podemos só pensar em conter a pressão econômica doméstica e internacional sobre a Amazônia, mas também em mudar todo um sistema econômico que transformou a Terra em uma lixeira, no qual o aquecimento global é apenas um dos problemas e a consequência daquilo que estamos fazendo.
Precisamos mudar o que estamos fazendo. Do contrário, iremos todos nós, quem puder, claro, terminar essa conversa no Valhala.
Hugo Penteado
sexta-feira, 6 de março de 2009
Sem a Amazônia poucos brasileiros irão sobreviver
Após estiagem, Amazônia não é mais capaz de frear aquecimento global
EDUARDO GERAQUE
A dramática falta d'água no ambiente amazônico em 2005 não afetou apenas a vida dos moradores da região. Com a seca, a floresta, que normalmente absorve carbono, passou a emiti-lo no ambiente.
As sequelas deixadas pelo grande estiagem, segundo medições inéditas divulgadas hoje, vão durar por décadas. Com menos água, as árvores morreram mais. Cresceram menos. E a floresta passou a colaborar para a piora do aquecimento global.
"A Amazônia, antes de 2005, absorvia 400 milhões de toneladas de carbono por ano. Durante o fenômeno [seca], não absorveu nada e passou a emitir 900 milhões de tonelada de carbono", diz Luiz Aragão, brasileiro pesquisador da Universidade de Oxford (Inglaterra).
Os 400 milhões de toneladas de carbono que a floresta costuma sequestrar por ano, segundo Aragão, servem para empatar com todo o carbono que é lançado no ar por causa do desmatamento e das queimadas.
O número apresentado pelo pesquisador, um dos 66 dos autores de artigo científico publicado hoje na revista científica "Science", foi o primeiro extraído de dados concretos com medidas sistemáticas em toda a Amazônia. Estudos anteriores sobre a seca eram estimativas com imagens de satélite.
O grupo de Aragão monitorou árvores em 136 parcelas --áreas de floresta-- de 100 m por 100 m, em várias regiões da Amazônia.
"Temos estudos, por exemplo, na Bolívia, no Peru, na Guiana e na Colômbia", disse o pesquisador, que trabalha na Floresta Nacional de Caxiuanã, no Pará, onde o Museu Goeldi, de Belém, mantém uma estação de pesquisa.
A contribuição da seca de 2005 na Amazônia para o agravamento do aquecimento global não será imediato, afirma Aragão. O carbono que passou a ser emitido pelo sistema não está ainda todo liberado na atmosfera, explica. Ele continua preso, por exemplo, em folhas ou galhos mortos.
"A seca acabou jogando mais combustível no sistema. A floresta, de uma forma geral, ficou mais vulnerável. Isso amplia o problema das queimadas, um dos fatores que vão contribuir para que o carbono excedente do sistema vá para o ar", afirma o pesquisador brasileiro. "Esse processo dura décadas."
Outro estudo já publicado pelo mesmo grupo, segundo Aragão, havia mostrado que em determinadas regiões da floresta a seca de 2005 aumentou o número de queimadas em 33%.'Esses resultados podem ser projetados para o futuro', diz o pesquisador.
Segundo ele, o círculo vicioso visto para os meses de seca da floresta em 2005 poderá ficar cada vez mais intenso nas próximas décadas. "Os modelos mostram que a floresta vai ficar mais seca em alguns locais. Claro que esse balanço desfavorável de carbono poderá ser mais frequente", disse.
O resultado disso é que enquanto a seca de 2005 é atribuída a um fenômeno natural --anomalias climáticas no Atlântico--, a culpa sobre as estiagens futuras provavelmente vai recair sobre a humanidade.
Os dados obtidos nas 136 áreas reais da floresta amazônica durante vários anos, diz o pesquisador brasileiro Luiz Aragão (Universidade de Oxford), não estão de acordo com a tese de que, mesmo com a drástica seca de 2005, a pior em 60 anos, a floresta amazônica verdejou.
"Nossos dados não mostram a mesma coisa. A perda de biomassa ocorreu em grandes áreas", diz Aragão.
De acordo com o cientista, os dados apresentados antes sobre o verdejar da floresta, na mesma revista 'Science', foram obtidos apenas por meio de satélites.
"Talvez isso explique as diferenças dos resultados", afirma. A validação dos dados dos satélites muitas vezes não se confirma nas medições reais, diz Aragão.
A tese do verdejar na seca poderia significar que o sistema antiestresse da floresta amazônica teria funcionado bem durante uma forte, mas curta, estiagem.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ambiente/ult10007u530345.shtml
domingo, 1 de março de 2009
Agentes da mudança sustentável
Agentes da mudança sustentável
Por Ricardo Voltolini, da Revista Idéia Socioambiental
Com base no conceito de "campeões da responsabilidade socioambiental", Wayne Visser, autor do livro Making a Diference (ainda sem tradução no Brasil), estabeleceu quatro categorias para definir os profissionais que atuam em sustentabilidade nas empresas. Eles podem ser especialistas, facilitadores, catalisadores e ativistas.
Para chegar a essa classificação, o professor da Universidade de Mannheimm (Alemanha) usou como fator distintivo o modo como cada indivíduo se envolve, sente-se mais confortável, satisfeito e feliz com o seu trabalho. Na prática, todo profissional que trabalha com responsabilidade socioambiental têm um pé nas quatro categorias e se orienta pelo mesmo desejo de fazer a necessária mudança. Mas a fonte principal de satisfação está associada, segundo Visser, a um certo dado do seu perfil psicológico, decorrendo normalmente da maneira com que ele se motiva e se identifica mais com as atividades.
O primeiro tipo de agente de mudança é o especialista. Para este indivíduo, sustentabilidade representa um campo de oportunidades técnicas. Por ser um conceito sistêmico, desenvolver soluções sustentáveis requer inteligência e especialização. Exatamente como uma criança que se dedica a montar um quebra-cabeça, pelo simples prazer de superar-se, o que motiva o especialista é o desafio de colocar sua capacidade de observação e análise a serviço da mudança de processos e produtos. O engajamento se dá primeiro em um nível intelectual. Nesse perfil, incluem-se, por exemplo, os engenheiros ambientais que trabalham para construir processos mais limpos, com os quais geram economia de insumos e ganhos de produtividade. A racionalidade que imprimem às suas atividades os torna imprescindíveis. Sua lógica costuma ser aliada importante no esforço de derrubar as barreiras que se interpõem às mudanças socioambientais.
Na segunda categoria estão os facilitadores. Ao contrário dos que compõem o primeiro grupo, esses indivíduos são generalistas e mais preocupados com o modo com que os diferentes elementos de um time se apropriam do conceito para promover a mudança. A fonte primária de significado à qual recorrem é o empoderamento de pessoas. Satisfazem-se em desenvolver as condições internas, removendo eventuais obstáculos comportamentais e assegurando uma gestão eficaz de recursos humanos e técnicos.
Um bom facilitador ajuda a criar cultura. Enquanto o especialista diverte-se com o poder da solução, o facilitador sente prazer em ver os profissionais trabalhando a solução no cotidiano da empresa. Fazer funcionar é a sua missão. E ele sabe que, para cumpri-la, terá de extrair o melhor de um grupo que precisa estar motivado para abrir mão de práticas consagradas em nome de outras mais inovadoras. Nos tempos de hoje, não se concebe mais que o facilitador seja um chefe, com autoridade concentrada no velho binômio de comando-controle. É fundamental que se mostre um líder. Nesse perfil, vale destacar os gestores de áreas estratégicas gerais como as de recursos humanos, ou de específicas do universo da sustentabilidade, como as de segurança, saúde e meio ambiente.
Os catalisadores são indivíduos normalmente localizados em posições estratégicas nas corporações. Visionários e bons observadores de tendências, eles compreendem que não há alternativa para a empresa senão a de incorporar a sustentabilidade nas estratégias de negócio. Líderes e gestores qualificados, procuram cercar-se de especialistas e facilitadores competentes para garantir a realização cotidiana da macrovisão sustentável que estabeleceram para a empresa. Não precisam ser aficcionados pelo tema, a ponto de o adotarem como mote principal de seus discursos. Mas nunca deixam de considerá-lo entre as prioridades da organização. Nem se furtam de estabelecer metas ousadas, cobrar o cumprimento de diretrizes ou de analisar o quanto a empresa está caminhando na direção de ser sustentável.
No quarto grupo encontram-se os ativistas. O nome já sugere o que os distingue dos demais. Enquanto os indivíduos das três primeiras categorias extraem prazer de gerar benefícios sustentáveis para o negócio, os ativistas valorizam a contribuição maior para o planeta e a sociedade. Eles precisam ter certeza de que trabalham em corporações nas quais os resultados econômico-financeiros não ocorrem em prejuízo da conservação ambiental ou da justiça social. Bastante colaborativos, destacam-se também pela convicção com que questionam comportamentos potencialmente danosos às comunidades e ao meio ambiente. Como o personagem Grilo Falante, de Walt Disney, fazem o papel do superego nas organizações e estão sempre prontos a apontar eventuais falhas mas também os melhores caminhos. Na maioria das empresas há muitos ativistas de sustentabilidade, ocupando todas as posições hierárquicas. Quando não possuem o poder das grandes mudanças, dedicam-se às pequenas (redução de consumo de recursos ou mudanças de hábitos perdulários) como se fossem adeptos de uma religião, o que os torna muitas vezes incompreendidos. Caracteriza-os a obstinação, a paixão pela causa e o espírito coletivista.
Na impossibilidade de contar com indivíduos fortes nos quatro perfis, o ideal para as organizações seria ter, em seus quadros, especialistas, facilitadores e catalisadores com, pelo menos, um décimo da paixão dos ativistas. A mudança virá não apenas mais rápida, mas também com mais consistência.
Existem 4 categorias que atuam em sustentabilidade nas empresas, são elas: especialistas, facilitadores, catilisadores e ativistas
* Ricardo Voltolini é publisher da revista Ideia Socioambiental e diretor de Idéia Sustentável: Estratégia e Conhecimento em Sustentabilidade. ricardo@ideiasustentavel.com.