segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Fracasso do COP15 deriva do fracasso do modelo econômico

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Assusta e muito a forma como estamos sendo incapazes de enxergar os limites da Terra para a humanidade, não só no quesito clima, mas em muitos outros. Existe uma passagem na bíblia na qual Deus pergunta a Joh: “Por ventura foste tu que deste lei à luz da manhã?” A cegueira dos economistas então nem se fale, quando faço essas perguntas, eles oferecem um silêncio ignominioso, embora esteja mais do que provado há mais de 50 anos que a teoria econômica tem todos os seus postulados e princípios de conservação que modelam todas as suas pilastras na mecânica clássica. O significado disso é um dos maiores erros teóricos que se teve notícia: dentro desse corpo teórico, a economia é vista como totalmente independente do meio ambiente e, para piorar, o meio ambiente é considerado inesgotável. A salvação tecnológica é a pá de cal desse modelo contrário a todas as evidências da realidade socioambiental. Nem a restrição territorial (o tamanho dos países é constante) é levada em conta e sobre um mesmo território cometemos o absurdo de adicionar estruturas crescentes, como carros e construções e casas, a maior parte deles absolutamente desnecessária, ruindo com os 20 serviços ecológicos que dão sustentação à vida. Não é só o clima que nos ameaça, aquecimento global não é o problema, mas um dos problemas. E não é o planeta que está ameaçado, somos nós, a ponto de Stephen Jay Gould ter dito sobre a maior extinção da vida registrada agora em curso: “É muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores.” A humanidade provocou a maior extinção de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões de anos, a terceira maior de todas.

O erro segue sem correção: para os economistas, a economia pode ser maior que o planeta, ou na verdade, eles consideram o planeta um subsistema da economia. Alguém desse grupo tem noção do quanto isso é completamente fora da realidade? Essa visão econômica tem agradado os interlocutores gananciosos (nossa sociedade se tornou extremamente gananciosa) e criou a idéia falsa de escassez. Só existe escassez quando há ganância e necessidades ilimitadas, para um crescimento de coisas e pessoas também ilimitado. Embora a economia seja uma irmã siamesa bem menos desenvolvida que a física clássica, ignorou seus avanços e não se adaptou às novas formas de realidade sistêmica que vieram nos últimos 200 anos. Isso é mais surreal do que o fiasco da COP15. Essa visão equivocada é a razão desse fiasco.

Sinto calafrios quando ouço o discurso dos nossos políticos, imantado nessa visão megalomaníaca suicida dos economistas que criaram a economia como um bicho que não tem boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa), nem intestino nem reto (para onde vão os resíduos pouco importa). É um sistema circulatório apenas, sem contato com as extremidades, poderia estar flutuando em marte e mesmo assim não precisaríamos adaptar a teoria em nada. Daí deriva a nossa adoração pelo deus crescimento econômico e aquilo que é considerado solução dos nossos problemas, é seu agravante. E o agravo é tal agora que não podemos contar mais com a possibilidade da vida ser sustentada pela Terra. Na verdade temos um conflito de identidade horroroso, não sabemos se somos deuses ou apenas mais uma espécie animal. Se formos o último e se a vida está ameaçada, não podemos contar que sairemos ilesos. Essa forma filosófica de encarar a questão é semelhante a dizermos: “Nunca morri até agora e isso significa que nunca irei morrer” ou “o planeta nunca expulsou a humanidade inteira, portanto isso nunca acontecerá.”

Na lista das excentricidades, dias antes da COP15, os Estados Unidos aprovaram seu orçamento militar de 2010: US$ 630 bilhões. Os chineses possuem só 16 ogivas nucleares, porque sabem que elas são suficientes para destruir a humanidade duas vezes. Os Estados Unidos possuem 60.000, pois o plutônio, subproduto da energia nuclear, é comprado continuamente como única forma de financiar a energia nuclear. A cada 10 anos, as ogivas têm que ser refeitas, um negócio, por assim dizer, da China, que talvez copie o modelo quando abandonar o carvão a favor do urânio. Por ora, carvão não é abandonado nem na China, nem no estado de Dakota nos Estados Unidos, porque os governantes dizem que se mudarem a matriz apenas por questões ambientais, isso inviabilizaria a economia. É a mágica das externalidades, custos relacionados ao nosso sistema que são socializados com todos e com o futuro, se fossem reconhecidos, descobriríamos que mais da metade do nosso progresso é falso e o sistema inteiro é insustentável. Esse mesmo mesmo argumento aparece na questão ambiental e agrícola da Amazônia. Graças aos economistas e seus modelos, tudo é regido pela total separação mesquinha: quanto mais viável economicamente for uma atividade, mais ambientalmente inviável ela é. Os economistas não se preocupam com isso, porque acreditam que nada é feito com o meio ambiente e os recursos da natureza são insignificantes e possuem substitutos perfeitos através da engenhosidade humana. Os físicos caem de costas ao ouvirem essas baboseiras.

Mas um ponto não pode passar despercebido: a total falta de finalidade de se ter 60.000 ogivas é equivalente a quantidade enorme de veículos, consumo estúpido, quantidade de lixo a cada minuto grotesca, casas gigantescas e obras absurdas como Dubai, transposição do Rio São Francisco, usina das Três Gargantas ou construção de novas usinas hidrelétricas na Amazônia. Tudo isso feito lado a lado com o colapso do transporte nas cidades, quando 50% da energia é desperdiçada no mundo todo, quando não existe mais relação alguma entre crescimento econômico e qualidade de vida ou bem estar. Se falta energia no mundo, é porque falta “produzir” mais energia, não é porque há excesso de demanda nem porque há desperdício. Se há fome no mundo, é porque falta “produzir” alimentos, não é porque há excesso de gente, desperdício e enormes ineficiências, como o consumo de carne. Adeus ecossistemas e a vida na Terra, esse será o resultado final da nossa visão de mundo. Estamos céleres a caminho desse resultado e tudo indica que somente quando o planeta revidar os estragos que fizemos, iremos repensar esse modelo que passou por uma degeneração socioambiental opressiva e acelerada, principalmente nos últimos 40 anos, mas que perto do que virá pela frente, será nada.

8 comentários:

Marta Caputo disse...

... e assim caminha a humanidade.

taxicomum disse...

Sr Hugo, oque é texto:


1.- Relatório Brundtland é o documento intitulado Nosso Futuro Comum, publicado em 1987, no qual o desenvolvimento sustentável é concebido como “o desenvolvimento que satisfaz as necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

(IHU On-line)

inserido na entrevista do professor José Eli da Veiga
no link:
http://mercadoetico.terra.com.br/arquivo/mundo-em-transe-os-desafios-do-ecodesenvolvimento/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=mercado-etico-hoje

Obrigado.

taxicomum disse...

Esse professor é louco ou, se possível comenta.
Por Carlos Madeiro
Especial para o UOL Ciência e Saúde

Com 40 anos de experiência em estudos do clima no planeta, o meteorologista da Universidade Federal de Alagoas Luiz Carlos Molion apresenta ao mundo o discurso inverso ao apresentado pela maioria dos climatologistas. Representante dos países da América do Sul na Comissão de Climatologia da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Molion assegura que o homem e suas emissões na atmosfera são incapazes de causar um aquecimento global. Ele também diz que há manipulação dos dados da temperatura terrestre e garante: a Terra vai esfriar nos próximos 22 anos.

Em entrevista ao UOL, Molion foi irônico ao ser questionado sobre uma possível ida a Copenhague: “perder meu tempo?” Segundo ele, somente o Brasil, dentre os países emergentes, dá importância à conferência da ONU. O metereologista defende que a discussão deixou de ser científica para se tornar política e econômica, e que as potências mundiais estariam preocupadas em frear a evolução dos países em desenvolvimento.
Mais detalhes:
http://raivaescondida.wordpress.com/2009/12/12/%E2%80%9Cnao-existe-aquecimento-global%E2%80%9D-diz-representante-da-omm-na-america-do-sul/

taxicomum disse...

Sr. Hugo, lendo seu texto, refleti rapidamente. E tenho certeza que os donos do poder irão fazer gerigonças imensas pra mudar o clima. Já vi até alguns nas mídia como foguetes irão montar espelhos pra sombrear a Terra.
Assim a economia num para de crescer e assim se vai....até quem sabe.
BOA SORTE NA SUA ARCA DE NOÉ!

Andreia Vedder disse...

Pizza de Kyoto ao molho de sangue dos golfinhos Camerom!
Acho que Copenhagen tem de começar a limpar o seu rabo sujo e podre para depois pensar em fazer média sediando acordo climático! É tudo "businesses" pra trouxa ver e acreditar... Os Golfinhos Cameron estão sendo mortos todos os anos lá mesmo, na Dinamarca e ai alguém falou a respeito nessa reunião, ah não né.. porquê será?
Copenhagen não merece sediar reunião da ONU sobre o clima, DINAMARCA cheira a sangue dos Golfinhos Camerom!! Não são confiáveis. "Há algo de podre no Reino da Dinamarca" http://bit.ly/PE6jr

Andreia Vedder disse...

andreiavedder@hotmail.com, esqueci de deixar o e-mail :/

Grazi disse...

Hugo, bom dia!

Acho importante lhe enviar esse link sobre a Felicidade Interna Bruta que tem tudo a ver com o movimento da nova civilização que está por vir mas que depende dos esforços de todos nós que somos conscientes que o sistema atual impregnado no mundo todo não é sustentável e não nos torna indivíduos mais felizes.

Abraço e espero que realmente possa aproveitar este movimento que precisa muito de apoio de todos os tipos para sua expansão.

http://felicidadeinternabruta.blogspot.com/

meu nome é Graziela S.Teixeira, fui funcionário do Real por 12 anos e saí recentemente em nov/2009. Já tive o prazer de sentar-me ao seu lado para uma de suas palestras para clientes.
Conheci pessoalmente o Instituto Visão Futuro e a Susan Andrews que é monja e está nesta luta incansável para disseminação do amor pelo mundo começando pelo Brasil, terra onde os indivíduos ainda possuem amor no coração.

bjos
Graziela
grazist@hotmail.com

Semente Sustentável disse...

Hugo, texto muito bom. Concordo com tudo... é desanimador ver que os líderes e governantes não podem dar mais do que deram na COP15, por falta de visão, egoísmo, e etc...

Abraços

Carol
http://sementesustentavel.blogspot.com

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