quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Novos Mitos

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A discussão sobre a questão ambiental planetária até agora não revogou – ou criticou duramente – o paradigma econômico atual e, ao contrário, criou novos mitos que o reforçam, como sustentabilidade, energia limpa, empregos verdes, investimentos em meio ambiente, economia de baixo carbono, metas de redução dos gases do efeito estufa. É muito simples entender porque cada um desses temas tão caros para o debate são novos mitos: eles seguem reafirmando a necessidade de crescimento econômico eterno como salvação ambiental e social. Até os graves problemas da China com a adição contínua de 70 nova-iorques por ano são vistos como benesses, onde a impossibilidade de preservação ambiental local e a enorme pressão sobre ecossistemas globais via comércio internacional são completamente ignoradas.

O mundo inteiro segue com projetos megalomaníacos e suicidas de crescimento e caminha para um colapso possivelmente total de sustentação da vida na Terra. Não haverá um centímetro quadrado sequer do planeta a salvo dessa transformação já em curso e que a elite pensante e iluminada ignora porque seus níveis de conforto continuam inalterados, ao lado de massas cada vez maiores de expropriados socioambientais.

Como revogar esses mitos e criar um novo paradigma? O caminho parece bem claro: ênfase no local, no conhecimento das diversas culturas, estancamento imediato do crescimento populacional e material, com moratória imediatamente decretada de construções e produções impactantes. Atenção a planos sociais ligados a atividade produtiva, com ênfase às três únicas áreas geradoras de empregos no mundo todo: a microempresa, o auto-emprego e os produtos sem marca. Desmaterialização da economia, com alteração de rotas importantes, do transporte privado para o coletivo e público, fim do desperdício que gera uma pressão insustentável e injustificável sobre os estoques de matéria e energia, cujo desgaste e esfacelamento dos serviços ecológicos são evidentes demais para insistirmos no mesmo erro que precisamos de mais para ter mais, quando na verdade temos menos.

Acato sugestões, há algumas por aí?

Hugo Penteado

5 comentários:

AngelMira disse...

Venho acompanhando há algum tema as postagens desse blog e quero parabenizar o autor pelo trabalho.
Qto ao texto, se é que tive a capacidade de compreender, penso ser indiscutível q o novo século se iniciou já com novo paradigma, que envolve os problemas do Ambiente.
Quanto à economia, ao invés de ser pior p os profissionais, creio que ela se encontra no ápice, ou numa posição privilegiada, para alguns, que estão diante de novo olhar da ciência e se esta não se modifica e se adapta, perde a razão de ser.
Gostaria de salientar que as discussões q envolvem o tema, devem contemplar as (des)vantagens q as medidas de mitigação dos problemas climáticos e ambientais podem oferecer tanto ao país, no sentido macro, como às firmas e indústrias, em sentido micro, a nível de competitividade. O que urge necessária a conscientização dos agentes, para que isso de fato ocorra.

nadja disse...

olá caro, vc nos pergunta o que fazer a meio a este mundo caótico, pouco civilizado, muito menos democrático? estes dias fui censurada no site carta maior ao me posicionar a favor da deportação daquele "elemento" Cesare Battisti, admitindo q a atitude do Sr. Tarso Genro contra a deportação era tal qual seus alvitres comunistas; e lembrei de nossa atitude mesquinha e pouco ética ao deportamos os atletas cubanos. Dos trinta comentários a favor de Battisti, o meu representou a única negação ao entendimento majoritário de q a decisão seria mais política do que jurídica, o que não concordo. No que tange a seara ambiental, o predomínio da força e poder prevalecem. Veja: os maiores infratores das leis ambientais são as concessionárias públicas e as empresas a elas subordinadas. Por sua vez, nas ocasiões em que se precisa desmatar em áreas legalmente protegidas – em especial sob os auspícios da lei do SNUC, declara-se o empreendimento de utilidade pública! Portanto, seu desalento coincide com o meu. Na verdade, estamos seguindo corretamente o manual: nada democráticos!

E_nlima disse...

Infelizmente todo o "progresso" se orienta pelo crescimento do PIB (ou, quando muito na evolução do IDH). O IDH nada mais é do que um PIB disfarçado... de desenvolvimento humano tem apenas o nome.
O que é necessário urgentemente é de se mudar este "modelo mental" que mede o sucesso da humanidade pela mera evolução do PIB.
É o primeiro passo!

Leonardo la Janz disse...

Caro, Hugo.

Some-se a isso tudo a perigosa idéia do Transumanismo que evolui silenciosamente por trás das cortinas e eis que temos um cenário futuro verdadeiramente sombrio.

Isto porque, o amplo debate midiático em torno da questão ambiental não é mero acaso. Ele serve, principalmente, para tirar do foco mundial o real projeto que está em curso pela busca da assim chamada 'Singularidade Tecnológica'.

De uma olhada nestes dois temas (que, via de regra, não aparecem na mídia) e terás então uma boa idéia do 'grande caminho' que têm preparado para nós todos os 'senhores do mundo'.

Abraços, Léojanz.

Grazi disse...

Muito se fala do PIB, que mede somente a "riqueza " gerada mas que nao leva em consideracao outras variaveis muito importantes como meio ambiente, pessoas, saude, felicidade. Nasceu no Butao ha alguns anos o FIB _ Felicidade Interna Bruta que mede principalmente a felicidade do povo e varios outros itens considerados importantes e que sao considerados sustentaveis. Este novo indicador chegou ao Brasil e estâ sendo aplicado em diversas empresas como natura, governo do estado de SC entre outras. Vale a pena conhecer e divulgar este trabalho. Acredito que este ê um dos caminhos. quanto mais pessoas falando de coracao pra coracao e pensando no bem de todos e do planeta, teremos chances de mudar a realidade atual;
Graziela
grazis@hotmail.com

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