ECOLOGIA ENERGÉTICA
Maurício Andrés Ribeiro
Cadeias alimentares são as transferências de energia alimentar desde os produtores básicos – as plantas –, para os animais herbívoros – consumidores primários –, até os animais carnívoros, que, por sua vez, se alimentam dos herbívoros.
As cadeias alimentares se sobrepõem como parte do ciclo da vida na Terra. Quando morre um ser vivo, as bactérias o decompõem em substâncias orgânicas e inorgânicas, usadas pelos vegetais para alimentar-se.
O homem está entre as espécies que absorvem energia de vários elos da cadeia alimentar. Como a cada transferência de um nível para outro, grande parte da energia é degradada, quanto maior a cadeia alimentar, menor será a energia disponível.
A demanda por alimentos que se encontram no alto da cadeia alimentar – constituídos pelos produtos de origem animal – consome grande quantidade de terra, água, recursos naturais e defensivos agrícolas; motiva os fazendeiros a expandir as áreas destinadas a pastagens, provoca a destruição de florestas e perdas de solo fértil. Assim, quanto maior o consumo de carne e de produtos animais, que se encontram no topo da cadeia alimentar, maior a pressão sobre os recursos naturais. A dieta alimentar baseada em proteínas animais, quando comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteína vegetal, tem elevado custo energético e sua produtividade energética é baixa. Se o produto é usado para o consumo alimentar humano direto há menores perdas energéticas; se entretanto, é usado para alimentar animais, que por sua vez servirão de alimentos para as populações humanas, ocorrem perdas energéticas substanciais. Washington Novaes aponta que “ O problema está em que produzir uma caloria de carne (bovina, suína ou de aves) exige de 11 a 17 calorias em alimentos para os animais. Uma dieta de carnes, para ser produzida, precisa de quatro vezes mais terras que uma de vegetais. E produzir um quilo de carne bovina exige até 15 mil litros de água, segundo os relatórios da ONU no Fórum Mundial da Água, no ano passado, em Kyoto (um quilo de grãos, em média 1.300 litros de água).”
As dietas vegetarianas são poupadoras de espaço, dos recursos naturais e do meio ambiente, conseguindo, com baixo uso de recursos naturais, um alto rendimento energético alimentar dessas populações. Eminentes cientistas ocidentais, como biólogo Paul Erlich[1] afirmam que ¨a capacidade de suporte do planeta seria aumentada se todos se tornassem predominantemente vegetarianos.” O professor E. O. Wilson, de Harvard, tem apontado para a necessidade de adotar estilos de vida ecologizados. Em seu livro recente, “O Futuro da vida”, Wilson expressa as vantagens da possibilidade de renunciar ao consumo de carne: "Se todos aceitassem uma dieta vegetariana, o atual 1,4 bilhão de hectares de terras aráveis seria suficiente para produzir alimentos para 10 bilhões de pessoas" Esse é um exemplo da compreensão e do reencontro da ciência moderna com práticas de vida adotadas em civilizações milenares que souberam sobreviver ao adotar dietas vegetarianas.
O modo como cada sociedade equaciona sua demanda de alimentos provoca diferentes impactos ambientais e sobre o uso da terra. Uma dieta alimentar baseada em proteínas animais tem elevado custo ecológico e pressiona o uso da terra, se comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteínas de origem vegetal. A opção pelo vegetarianismo foi uma opção ecológica que evitou a necessidade de colonizar outros territórios para dali extrair o abastecimento alimentar em antigas civilizações que não foram expansionistas. Entre elas, destaca-se a Índia, que, em função de sua enorme população, precisou desenvolver a inteligência ecológica, pautada pela adoção de padrões de consumo conscientes, compatíveis com os recursos naturais disponíveis. A Índia adotou há milênios o vegetarianismo como dieta alimentar, por razoes éticas e ecológicas. Eticamente trata-se de um cuidado com os seres vivos animais. O vegetarianismo é um dos aspectos materiais do espiritualismo indiano e baseia-se no princípio do ahimsa ou não-violência. As vacas foram sacralizadas e o vegetarianismo é um hábito alimentar com conseqüências positivas do ponto de vista da ecologia energética e também do uso e ocupação do espaço.
As cadeias alimentares se sobrepõem como parte do ciclo da vida na Terra. Quando morre um ser vivo, as bactérias o decompõem em substâncias orgânicas e inorgânicas, usadas pelos vegetais para alimentar-se.
O homem está entre as espécies que absorvem energia de vários elos da cadeia alimentar. Como a cada transferência de um nível para outro, grande parte da energia é degradada, quanto maior a cadeia alimentar, menor será a energia disponível.
A demanda por alimentos que se encontram no alto da cadeia alimentar – constituídos pelos produtos de origem animal – consome grande quantidade de terra, água, recursos naturais e defensivos agrícolas; motiva os fazendeiros a expandir as áreas destinadas a pastagens, provoca a destruição de florestas e perdas de solo fértil. Assim, quanto maior o consumo de carne e de produtos animais, que se encontram no topo da cadeia alimentar, maior a pressão sobre os recursos naturais. A dieta alimentar baseada em proteínas animais, quando comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteína vegetal, tem elevado custo energético e sua produtividade energética é baixa. Se o produto é usado para o consumo alimentar humano direto há menores perdas energéticas; se entretanto, é usado para alimentar animais, que por sua vez servirão de alimentos para as populações humanas, ocorrem perdas energéticas substanciais. Washington Novaes aponta que “ O problema está em que produzir uma caloria de carne (bovina, suína ou de aves) exige de 11 a 17 calorias em alimentos para os animais. Uma dieta de carnes, para ser produzida, precisa de quatro vezes mais terras que uma de vegetais. E produzir um quilo de carne bovina exige até 15 mil litros de água, segundo os relatórios da ONU no Fórum Mundial da Água, no ano passado, em Kyoto (um quilo de grãos, em média 1.300 litros de água).”
As dietas vegetarianas são poupadoras de espaço, dos recursos naturais e do meio ambiente, conseguindo, com baixo uso de recursos naturais, um alto rendimento energético alimentar dessas populações. Eminentes cientistas ocidentais, como biólogo Paul Erlich[1] afirmam que ¨a capacidade de suporte do planeta seria aumentada se todos se tornassem predominantemente vegetarianos.” O professor E. O. Wilson, de Harvard, tem apontado para a necessidade de adotar estilos de vida ecologizados. Em seu livro recente, “O Futuro da vida”, Wilson expressa as vantagens da possibilidade de renunciar ao consumo de carne: "Se todos aceitassem uma dieta vegetariana, o atual 1,4 bilhão de hectares de terras aráveis seria suficiente para produzir alimentos para 10 bilhões de pessoas" Esse é um exemplo da compreensão e do reencontro da ciência moderna com práticas de vida adotadas em civilizações milenares que souberam sobreviver ao adotar dietas vegetarianas.
O modo como cada sociedade equaciona sua demanda de alimentos provoca diferentes impactos ambientais e sobre o uso da terra. Uma dieta alimentar baseada em proteínas animais tem elevado custo ecológico e pressiona o uso da terra, se comparada com dietas baseadas em grãos, hortaliças e proteínas de origem vegetal. A opção pelo vegetarianismo foi uma opção ecológica que evitou a necessidade de colonizar outros territórios para dali extrair o abastecimento alimentar em antigas civilizações que não foram expansionistas. Entre elas, destaca-se a Índia, que, em função de sua enorme população, precisou desenvolver a inteligência ecológica, pautada pela adoção de padrões de consumo conscientes, compatíveis com os recursos naturais disponíveis. A Índia adotou há milênios o vegetarianismo como dieta alimentar, por razoes éticas e ecológicas. Eticamente trata-se de um cuidado com os seres vivos animais. O vegetarianismo é um dos aspectos materiais do espiritualismo indiano e baseia-se no princípio do ahimsa ou não-violência. As vacas foram sacralizadas e o vegetarianismo é um hábito alimentar com conseqüências positivas do ponto de vista da ecologia energética e também do uso e ocupação do espaço.
O padrão de consumo alimentar de sociedades que adotaram dietas baseadas em proteína animal drena energia e recursos naturais que são incorporados em produtos que importam de outros países.
Em termos de impactos ambientais, a expansão da pecuária aumenta destruição da Amazônia. A crescente exportação de carne bovina está aumentando a destruição da floresta amazônica, segundo estudo do Centro para Pesquisas Florestais Internacionais (Cifor, na sigla em inglês) devido ao que a entidade chama de "conexão hambúrguer".
Segundo o estudo, nos últimos anos as exportações nacionais de carne bovina aumentaram de forma expressiva devido à desvalorização do real, à erradicação da febre aftosa em boa parte dos estados e ao surgimento de doenças em rebanhos internacionais. o crescimento do rebanho foi motivado pelas exportações", diz a pesquisa, argumentando que 80% da expansão ocorreu na Amazônia. O Brasil é hoje o maior exportador de carne bovina do mundo e o rebanho bovino na Amazônia mais que dobrou, passando de 26,25 milhões para 57,4 milhões cabeças, entre 1990 e 2002. De acordo com o documento, para cada hectare destinado à agricultura na Amazônia, existem hoje seis hectares de pastagens para o gado.”
O ciclo de vida do produto, do berço ao túmulo, precisa ser conhecido integralmente para se permitir realizar uma análise integral dos sistemas alimentares. O Brasil substitui áreas de florestas por culturas de exportação de soja, e dedica grandes extensões de terras à produção de animais de corte. A pecuária extensiva ocupa muita terra e outra parcela substancial destina-se ao cultivo de produtos para alimentar animais, seja no País, seja no exterior: assim, a soja é, em sua maior parte, exportada para alimentar animais e essa crescente produção de soja para exportação tem pressionado os ecossistemas amazônicos. Essa pressão pela produção é parte da cadeia produtiva da produção ao consumo.
Para ser ecologizado e garantir o alimento necessário à população humana, o desenvolvimento precisa basear-se em padrões de consumo alimentar e dietas alimentares e energéticas que não pressionem excessivamente a capacidade de suporte do planeta e que não esgotem as fontes de sustento.
[1] In Folha de São Paulo, 2-7-1999,caderno especial, página 10.
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