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Assusta e muito a forma como estamos sendo incapazes de enxergar os limites da Terra para a humanidade, não só no quesito clima, mas em muitos outros. Existe uma passagem na bíblia na qual Deus pergunta a Joh: “Por ventura foste tu que deste lei à luz da manhã?” A cegueira dos economistas então nem se fale, quando faço essas perguntas, eles oferecem um silêncio ignominioso, embora esteja mais do que provado há mais de 50 anos que a teoria econômica tem todos os seus postulados e princípios de conservação que modelam todas as suas pilastras na mecânica clássica. O significado disso é um dos maiores erros teóricos que se teve notícia: dentro desse corpo teórico, a economia é vista como totalmente independente do meio ambiente e, para piorar, o meio ambiente é considerado inesgotável. A salvação tecnológica é a pá de cal desse modelo contrário a todas as evidências da realidade socioambiental. Nem a restrição territorial (o tamanho dos países é constante) é levada em conta e sobre um mesmo território cometemos o absurdo de adicionar estruturas crescentes, como carros e construções e casas, a maior parte deles absolutamente desnecessária, ruindo com os 20 serviços ecológicos que dão sustentação à vida. Não é só o clima que nos ameaça, aquecimento global não é o problema, mas um dos problemas. E não é o planeta que está ameaçado, somos nós, a ponto de Stephen Jay Gould ter dito sobre a maior extinção da vida registrada agora em curso: “É muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores.” A humanidade provocou a maior extinção de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões de anos, a terceira maior de todas.
O erro segue sem correção: para os economistas, a economia pode ser maior que o planeta, ou na verdade, eles consideram o planeta um subsistema da economia. Alguém desse grupo tem noção do quanto isso é completamente fora da realidade? Essa visão econômica tem agradado os interlocutores gananciosos (nossa sociedade se tornou extremamente gananciosa) e criou a idéia falsa de escassez. Só existe escassez quando há ganância e necessidades ilimitadas, para um crescimento de coisas e pessoas também ilimitado. Embora a economia seja uma irmã siamesa bem menos desenvolvida que a física clássica, ignorou seus avanços e não se adaptou às novas formas de realidade sistêmica que vieram nos últimos 200 anos. Isso é mais surreal do que o fiasco da COP15. Essa visão equivocada é a razão desse fiasco.
Sinto calafrios quando ouço o discurso dos nossos políticos, imantado nessa visão megalomaníaca suicida dos economistas que criaram a economia como um bicho que não tem boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa), nem intestino nem reto (para onde vão os resíduos pouco importa). É um sistema circulatório apenas, sem contato com as extremidades, poderia estar flutuando em marte e mesmo assim não precisaríamos adaptar a teoria em nada. Daí deriva a nossa adoração pelo deus crescimento econômico e aquilo que é considerado solução dos nossos problemas, é seu agravante. E o agravo é tal agora que não podemos contar mais com a possibilidade da vida ser sustentada pela Terra. Na verdade temos um conflito de identidade horroroso, não sabemos se somos deuses ou apenas mais uma espécie animal. Se formos o último e se a vida está ameaçada, não podemos contar que sairemos ilesos. Essa forma filosófica de encarar a questão é semelhante a dizermos: “Nunca morri até agora e isso significa que nunca irei morrer” ou “o planeta nunca expulsou a humanidade inteira, portanto isso nunca acontecerá.”
Na lista das excentricidades, dias antes da COP15, os Estados Unidos aprovaram seu orçamento militar de 2010: US$ 630 bilhões. Os chineses possuem só 16 ogivas nucleares, porque sabem que elas são suficientes para destruir a humanidade duas vezes. Os Estados Unidos possuem 60.000, pois o plutônio, subproduto da energia nuclear, é comprado continuamente como única forma de financiar a energia nuclear. A cada 10 anos, as ogivas têm que ser refeitas, um negócio, por assim dizer, da China, que talvez copie o modelo quando abandonar o carvão a favor do urânio. Por ora, carvão não é abandonado nem na China, nem no estado de Dakota nos Estados Unidos, porque os governantes dizem que se mudarem a matriz apenas por questões ambientais, isso inviabilizaria a economia. É a mágica das externalidades, custos relacionados ao nosso sistema que são socializados com todos e com o futuro, se fossem reconhecidos, descobriríamos que mais da metade do nosso progresso é falso e o sistema inteiro é insustentável. Esse mesmo mesmo argumento aparece na questão ambiental e agrícola da Amazônia. Graças aos economistas e seus modelos, tudo é regido pela total separação mesquinha: quanto mais viável economicamente for uma atividade, mais ambientalmente inviável ela é. Os economistas não se preocupam com isso, porque acreditam que nada é feito com o meio ambiente e os recursos da natureza são insignificantes e possuem substitutos perfeitos através da engenhosidade humana. Os físicos caem de costas ao ouvirem essas baboseiras.
Mas um ponto não pode passar despercebido: a total falta de finalidade de se ter 60.000 ogivas é equivalente a quantidade enorme de veículos, consumo estúpido, quantidade de lixo a cada minuto grotesca, casas gigantescas e obras absurdas como Dubai, transposição do Rio São Francisco, usina das Três Gargantas ou construção de novas usinas hidrelétricas na Amazônia. Tudo isso feito lado a lado com o colapso do transporte nas cidades, quando 50% da energia é desperdiçada no mundo todo, quando não existe mais relação alguma entre crescimento econômico e qualidade de vida ou bem estar. Se falta energia no mundo, é porque falta “produzir” mais energia, não é porque há excesso de demanda nem porque há desperdício. Se há fome no mundo, é porque falta “produzir” alimentos, não é porque há excesso de gente, desperdício e enormes ineficiências, como o consumo de carne. Adeus ecossistemas e a vida na Terra, esse será o resultado final da nossa visão de mundo. Estamos céleres a caminho desse resultado e tudo indica que somente quando o planeta revidar os estragos que fizemos, iremos repensar esse modelo que passou por uma degeneração socioambiental opressiva e acelerada, principalmente nos últimos 40 anos, mas que perto do que virá pela frente, será nada.
O erro segue sem correção: para os economistas, a economia pode ser maior que o planeta, ou na verdade, eles consideram o planeta um subsistema da economia. Alguém desse grupo tem noção do quanto isso é completamente fora da realidade? Essa visão econômica tem agradado os interlocutores gananciosos (nossa sociedade se tornou extremamente gananciosa) e criou a idéia falsa de escassez. Só existe escassez quando há ganância e necessidades ilimitadas, para um crescimento de coisas e pessoas também ilimitado. Embora a economia seja uma irmã siamesa bem menos desenvolvida que a física clássica, ignorou seus avanços e não se adaptou às novas formas de realidade sistêmica que vieram nos últimos 200 anos. Isso é mais surreal do que o fiasco da COP15. Essa visão equivocada é a razão desse fiasco.
Sinto calafrios quando ouço o discurso dos nossos políticos, imantado nessa visão megalomaníaca suicida dos economistas que criaram a economia como um bicho que não tem boca nem estômago (de onde vem os recursos pouco importa), nem intestino nem reto (para onde vão os resíduos pouco importa). É um sistema circulatório apenas, sem contato com as extremidades, poderia estar flutuando em marte e mesmo assim não precisaríamos adaptar a teoria em nada. Daí deriva a nossa adoração pelo deus crescimento econômico e aquilo que é considerado solução dos nossos problemas, é seu agravante. E o agravo é tal agora que não podemos contar mais com a possibilidade da vida ser sustentada pela Terra. Na verdade temos um conflito de identidade horroroso, não sabemos se somos deuses ou apenas mais uma espécie animal. Se formos o último e se a vida está ameaçada, não podemos contar que sairemos ilesos. Essa forma filosófica de encarar a questão é semelhante a dizermos: “Nunca morri até agora e isso significa que nunca irei morrer” ou “o planeta nunca expulsou a humanidade inteira, portanto isso nunca acontecerá.”
Na lista das excentricidades, dias antes da COP15, os Estados Unidos aprovaram seu orçamento militar de 2010: US$ 630 bilhões. Os chineses possuem só 16 ogivas nucleares, porque sabem que elas são suficientes para destruir a humanidade duas vezes. Os Estados Unidos possuem 60.000, pois o plutônio, subproduto da energia nuclear, é comprado continuamente como única forma de financiar a energia nuclear. A cada 10 anos, as ogivas têm que ser refeitas, um negócio, por assim dizer, da China, que talvez copie o modelo quando abandonar o carvão a favor do urânio. Por ora, carvão não é abandonado nem na China, nem no estado de Dakota nos Estados Unidos, porque os governantes dizem que se mudarem a matriz apenas por questões ambientais, isso inviabilizaria a economia. É a mágica das externalidades, custos relacionados ao nosso sistema que são socializados com todos e com o futuro, se fossem reconhecidos, descobriríamos que mais da metade do nosso progresso é falso e o sistema inteiro é insustentável. Esse mesmo mesmo argumento aparece na questão ambiental e agrícola da Amazônia. Graças aos economistas e seus modelos, tudo é regido pela total separação mesquinha: quanto mais viável economicamente for uma atividade, mais ambientalmente inviável ela é. Os economistas não se preocupam com isso, porque acreditam que nada é feito com o meio ambiente e os recursos da natureza são insignificantes e possuem substitutos perfeitos através da engenhosidade humana. Os físicos caem de costas ao ouvirem essas baboseiras.
Mas um ponto não pode passar despercebido: a total falta de finalidade de se ter 60.000 ogivas é equivalente a quantidade enorme de veículos, consumo estúpido, quantidade de lixo a cada minuto grotesca, casas gigantescas e obras absurdas como Dubai, transposição do Rio São Francisco, usina das Três Gargantas ou construção de novas usinas hidrelétricas na Amazônia. Tudo isso feito lado a lado com o colapso do transporte nas cidades, quando 50% da energia é desperdiçada no mundo todo, quando não existe mais relação alguma entre crescimento econômico e qualidade de vida ou bem estar. Se falta energia no mundo, é porque falta “produzir” mais energia, não é porque há excesso de demanda nem porque há desperdício. Se há fome no mundo, é porque falta “produzir” alimentos, não é porque há excesso de gente, desperdício e enormes ineficiências, como o consumo de carne. Adeus ecossistemas e a vida na Terra, esse será o resultado final da nossa visão de mundo. Estamos céleres a caminho desse resultado e tudo indica que somente quando o planeta revidar os estragos que fizemos, iremos repensar esse modelo que passou por uma degeneração socioambiental opressiva e acelerada, principalmente nos últimos 40 anos, mas que perto do que virá pela frente, será nada.