quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o planeta"

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Somos todos um, do ponto de vista biológico. Charles Darwin escreveu que nada diferencia o ser humano dos demais animais.  Essa perda ou extinção é aterradora, porque podemos ter certeza, ela irá se voltar contra nós. Portanto, é muito importante que todas as atividades acessórias que estão sendo criadas (energia limpa, sustentabilidade, mecanismos de desenvolvimento limpo, economia verde, precificação dos serviços da natureza, tecnologias, crédito socioambiental, investimentos responsáveis, etc.) consigam provar ou mostrar que esse quadro de extinção da vida e de mudança climática está sendo revertido com essas atividades.  Se a resposta for não, temos que rever todas essas propostas e entender porque elas estão dando com os burros n´água.

Planeta perdeu 50% de sua fauna em 40 anos

Herton Escobar
30 setembro 2014 | 17:02
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Um gorila das montanhas em Ruanda, país assolado por pobreza e guerras. Foto: © Andy Rouse / naturepl.com

O planeta perdeu metade de seus animais nos últimos 40 anos, segundo um relatório divulgado hoje pela rede WWF, em parceria com a Sociedade Zoológica de Londres. Segundo o estudo, chamado Living Planet Report (Relatório Planeta Vivo), ao mesmo tempo que a população humana cresceu substancialmente, a população global de animais vertebrados terrestres, aquáticos e marinhos encolheu 52% desde 1970.
Em outras palavras, o número de animais em terra firme, nos rios e nos mares de todo o planeta (a soma de todos os elefantes, ursos, tucanos, onças, peixes e baleias, etc) caiu pela metade em menos de meio século, enquanto que o número de seres humanos seguiu o caminho inverso: praticamente duplicou no mesmo período, passando de aproximadamente 3,5 bilhões para mais de 7 bilhões de pessoas. Uma coisa, obviamente, tem tudo a ver com a outra.
E a tendência é que a situação piore ainda mais daqui para frente, considerando que a população humana global poderá passar de 12 bilhões de pessoas até o final deste século, conforme relatei na semana passada, no post: Água no feijão, que mais 5 bilhões de pessoas vêm aí
O quadro mais preocupante é justamente na “casa do Brasil”, a América Latina: a redução populacional dos vertebrados no continente foi de 83% desde 1970, segundo o WWF.
Apesar de não ser uma publicação científica propriamente dita, o relatório está em consonância com vários trabalhos publicados por cientistas nos últimos anos, que apontam nessa mesma direção de uma “sexta extinção em massa” provocada pelo homem. Em julho, a revista Science publicou uma edição especial dedicada ao tema, com o título Vanishing fauna(Fauna em desaparecimento). Um dos artigos da edição, intitulado Defaunação do Antropoceno, é de co-autoria do pesquisador brasileiro Mauro Galetti, da Unesp de Rio Claro. O artigo destaca que 322 espécies de vertebrados terrestres foram extintas desde o ano 1500, e que as populações das espécies remanescentes mostram declínios da ordem de 25% para vertebrados e 45%, para invertebrados.
Um planeta e meio. Segundo o relatório, a espécie humana já consome e deteriora recursos naturais (incluindo itens básicos de sobrevivência como água, comida e fertilidade do solo) numa velocidade 50% maior do que a Terra é capaz de repor naturalmente. O que significa dizer que, pelas nossas práticas atuais de consumo, nós precisaríamos de um planeta 50% maior para garantir nossa sobrevivência a longo prazo.
Precisaríamos de 1 Terra e meia; mas, infelizmente, só temos 1. Qual a consequência disso para o futuro? Basta pensar no que aconteceria se você gastasse 50% mais do que o valor do seu salário a cada mês: Você pode até viver uma vida de bacana por um tempo, mas em algum momento a conta chega, e aí a casa cai.
Os números de biodiversidade do relatório são baseados na avaliação de mais de 10 mil populações de mais de 3 mil espécies de vertebrados de mamíferos, aves, répteis, anfíbios e peixes. (ou seja, não leva em conta os invertebrados, como insetos e moluscos, que também passam por maus bocados)
Abaixo, mais alguns destaques do sumário executivo do relatório, que pode ser baixado aqui: http://goo.gl/DJCFim. A versão na íntegra, em inglês, está disponível aqui: http://goo.gl/rtMHq4
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Um jovem rinoceronte que teve seu chifre arrancado por caçadores. Veja reportagem: Matança de rinocerontes é recorde na África do Sul
Espécies Terrestres:
“Espécies terrestres diminuíram 39% entre 1970 e 2010 e esta tendência não mostra sinal de desaceleração. A perda de habitat para abrir o caminho para atividades humanas – particularmente para a agricultura, desenvolvimento urbano e geração de energia – agravada pela caça, continua a ser uma grande ameaça.”
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Peixe fisgado no Sri Lanka. Foto: Herton Escobar/Estadão — Veja reportagem sobre a crise da pesca em São Paulo: Cadê o peixe que estava aqui?
Espécies de água doce:
“O LPI (Living Planet Index) de espécies de água doce diminuiu em média 76%. As principais ameaças para espécies de água doce são a perda e fragmentação de habitat, poluição e espécies invasoras. Mudanças no nível da água e conectividade dos sistemas de água doce – causado, por exemplo, por irrigação e represas de usinas hidrelétricas – têm um grande impacto nos habitats de água doce.”
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Uma raia marinha australiana. Foto: Australian National Fish Collection, CSIRO — Veja reportagem: 25% das raias e tubarões correm risco de extinção
Espécies marinhas:
“Espécies marinhas diminuíram 39% entre 1970 e 2010. A redução mais acentuada aconteceu no período entre 1970 e meados dos anos 80, seguido por um período de certa estabilidade, antes de outro período de declínio em anos recentes. As reduções mais marcantes são nos trópicos e Oceano Austral– espécies em declínio incluem tartarugas marinhas, várias espécies de tubarões, e grandes aves marinhas migratórias como o albatroz-errante.”

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