quarta-feira, 23 de março de 2011

Troca de cartas

Por favor se comentar deixe um email para contato.

Hugo,

Na Exame que está nas bancas (edição 987, de 9/3/2011), na página 116 tem uma matéria sobre “O Poder do Petróleo”.

Ela diz que “mesmo com a alta repentina, a situação ainda está sob controle, pois a soma do gasto mundial com petróleo hoje equivale a 4% do PIB global, percentual bem abaixo dos registrados a partir de 1979 e em 2008.”

Ou seja, sugere que, se não existir mais petróleo, o impacto na atividade econômica será em torno de 4%!

Me parece o mesmo raciocínio míope daquele economista (quem era mesmo?) que disse que o problema alimentar não era relevante, pois a participação da agricultura no PIB mundial seria em torno de 3%.

Ou seja, sugere que, se não existir mais alimentos, o impacto na atividade econômica será em torno de 3%!

Abraço,

CE

Carlos,

É uma idiotice manter uma relação direta entre importância e participação no PIB, que também apareceu nos alimentos (não lembro o nome do bestunto), quando os cientistas alertam para os riscos contra produção agrícola que emergem da crise climática atual (pois é, já podemos chamar de crise). Eu até brinquei, quando li isso, que nós teremos que nos preparar para comer carros e celulares. Mas você deve saber isso, o primeiro a fazer essa crítica foi Roegen. Outros devem ter feito também: a importância das coisas não é nada relacionada ao seu valor monetário, avisava o coitado do Roegen. Isso em termos biológicos, ecológios, mas até na atividade profissional temos certeza disso, quando compararmos uma enfermeira ou professora com um jogador de futebol ou apresentador de televisão. Depende do que significa importância, conceito relativo também, para impedir silogismos dos insatisfeitos. NEF tem uns trabalhos bons sobre isso, na parte de profissões.

Vou mandar lá de casa uma troca que eu tive com uma autor de artigos controversos sobre Malthus, Ehrlich e Simon. Enfim, o processo de negação é muito forte, os mitos se multiplicam a uma velocidade incrível, como uma derivação inevitável da negação e da dissociação individual dos riscos (quando só nos deveria interessar a questão coletiva). Está no fim, na minha opinião, a zona de conforto que muitos estão. É a hora do fim do ataque à razão.

Abraço

Hugo

Nenhum comentário:

Colaboradores