segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bobagens de Paul Krugman

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Neste texto (download aqui) tentativamente bom de Paul Krugman (leiam com atenção), o processo de negação dos limites da Terra e a incompreensão de não ser possível crescer eternamente no planeta finito continua infalivemente esquecido nas mentes de economistas como ele. A frase abaixo é exemplar:

"By 2050, when the emissions limit would be much tighter, the burden would rise to 1.2 percent of income. But the budget office also predicts that real G.D.P. will be about two-and-a-half times larger in 2050 than it is today, so that G.D.P. per person will rise by about 80 percent. The cost of climate protection would barely make a dent in that growth. And all of this, of course, ignores the benefits of limiting global warming."

Essa frase aparentemente bem intencionada, contém a crença ingênua que conseguiremos expandir o PIB per capita em 80% e ao mesmo tempo limitar as emissões de gases do efeito estufa e, tal aumento de renda per capita, irá, em grande proporção, diminuir largamente o custo por família desse esforço. Vamos começar com o primeiro ponto. O que será que existe na cabeça do Krugam de significado físico e relativo à lei da Entropia ou de consumo de serviços ecológicos e água para atender esse estúpido crescimento de 80% da renda per capita de um já estúpido e desnecessário nível de renda per capita elevada dos estadunidenses? Resposta: nada, não existe nada na mente brilhante do Krugman que inclua uma variável que seja para incluir os itens referentes à natureza, nem mesmo água, sem o qual não teremos nada ou não somos nada e é um recurso finito. Sua mente brilhante trabalha com total separação do meio ambiente da economia e com a total irrelevância dos serviços da natureza - total, isso está dito, registrado e escrito nos livros de macroeconomia moderna que regem 100% das decisões econômicas à nossa volta.

O quanto estúpido é esse crescimento? Vamos começar com o modelo de crescimento eterno de novas construções residenciais, lástima que está chegando no Brasil, apesar de tantos imóveis abandonados. Tal expansão sob o rótulo de espalhamento urbano (sinônimo de esfacelamento contínuo e ininterrupto de ecossistemas e seus serviços) causou poluição de metade dos rios, lagos e zonas estuárias dos Estados Unidos, de acordo com dados oficiais. Não se assustem, metade dos recursos hídricos poluídos num pais de extensão continental não é menos assustadora que 30% dos lençóis freáticos da China estarem totalmente tomados por mercúrio (os metais foram acumulados na crosta terrestre há bilhões de anos e portanto não fazem parte de nenhum ciclo natural e são uma poluição em definitivo; se entendêssemos isso, usaríamos com extrema cautela ao invés de despejarmos bilhões de toneladas deles no lixão que é nosso planeta hoje...).

Pois bem, os Estados Unidos possuem 190.000.000 de moradias para 67.000.000 famílias. Na verdade os Estados Unidos possuem 75.000.000 famílias, mas 8.000.000 delas ou 30.000.000 indivíduos são homeless ou mendigos - o país mais rico do mundo tem tudo isso de mendigos e copiamos o mesmo modelo concentrador de riqueza e destruidor de empregos e da natureza e ainda exportamos nosso meio ambiente continuamente sendo devastado para eles a custo zero e alegremente, claro (ainda bem que atendemos a custo zero as demandas ambientais dos países que já esgotaram esses recursos, do contrário, eles já teriam entrado em colapso civilizatório). Isso quer dizer que cada família tem em média quase três moradias. E isso ainda vai crescer 80%. Detalhe: em 1970 as famílias americanas eram bem mais numerosas e hoje são em média quatro indivíduos. Nesse tempo, o tamanho médio das casas triplicou. Não nos importemos com isso, na economia megalomaníaca do desperdício de quase tudo, o que importa é expandir 80% como se a produção de tudo não tivesse relação alguma com o limite planetário e brotasse do nada, como passe de mágica. Onde estão os físicos que não se levantam de vez contra essa baboseira toda que rege o nosso mundo?

Acho, portanto, fantástica essa idéia do Krugman que, para diluir o custo de combater o aquecimento global, a renda per capita tem que praticamente dobrar. Finalmente, é fantástica também a sua crença ingênua que todo esse crescimento - anterior e futuro - não impõe sérias restrições a essa mudança, como se o aquecimento global tivesse brotado do nada, assim como a produção, e não fosse a causa fundamental desse desastre global - que não é único. De resto, nada de mudar a economia do crescimento eterno, com desperdício e descarte imediato dos bens, que trata a Terra como lata de lixo e que vive e se expande como se não estivesse cerceada pelo planeta e pelas suas leis...

Hugo Penteado

Um comentário:

E_nlima disse...

Ilustro com um exemplo que no meu mestrado em sustentabilidade na Suécia, o Prof. Karl-Henrik sempre mencionava...
"Em resposta aos resultados cada vez piores na pesca, construía-se mais barcos, mais velozes e mais potentes. O resultado era que a reprodução dos peixes era ainda mais ameaçada."
Moral da história: o capital financeiro jamais conseguirá substituir o capital natural - do qual ele depende inexoravelmente!

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