quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Mais uma da série: "Querida, acho que destruí o planeta!"

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Mudanças aceleradas
29/9/2009

Agência FAPESP – O Quarto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado em fevereiro de 2007, chamou a atenção dos meios de comunicação e alertou o público em geral de forma inédita sobre um dos mais preocupantes problemas na atualidade.

Mas, de acordo com uma nova análise, as estimativas do relatório podem ter sido modestas. O motivo é que tanto o ritmo como a escala das mudanças climáticas globais já teriam superado o que havia sido previsto há dois anos.

Os impactos estariam chegando mais rapidamente, segundo diversos indicadores, como a perda de gelo nas montanhas e no Ártico ou a acidificação dos oceanos. A conclusão é do relatório Climate Change Science Compendium 2009, divulgado no dia 24 pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).

Produzido por cientistas de diversos países, o relatório destaca a extrema importância de que a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP15), que será realizada em Copenhague, na Dinamarca, de 7 a 18 de dezembro, chegue a um novo acordo global para o clima para vigorar com o fim do Protocolo de Kyoto, em 2012.

“A COP15 tem importância fundamental para a sobrevivência do planeta, pois só com um esforço coletivo do qual participem todos os países, desenvolvidos, emergentes e em desenvolvimento, será possível estabelecer metas elevadas de redução da emissão de gases de efeito estufa e, efetivamente, atingir essas metas dentro de 20 anos”, disse Carlos Alfredo Joly, professor titular do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas e coordenador do Programa Biota-FAPESP.

O relatório do Pnuma destaca alterações por todo o planeta. Na Europa, além da aceleração do derretimento do gelo nos Alpes e Pirineus, há o aumento da aridez no solo que se espalha do Mediterrâneo para o norte e o deslocamento de espécies vegetais para altitudes mais elevadas.

Água mais ácida que pode corroer uma substância chamada aragonita, fundamental para o crescimento de corais e das conchas de moluscos, chegou à costa da Califórnia, décadas antes do que modelos haviam previsto.

O derretimento de glaciares e mantos de gelo nas regiões polares está mais rápido. No manto da Groenlândia, por exemplo, o derretimento observado recentemente foi 60% superior ao recorde anterior, em 1998.

O relatório destaca que novos estudos apontam que a elevação dos níveis do mar pode ser maior do que se estimava anteriormente. Os aumentos podem chegar a 2 metros até 2100 e de cinco a dezes vezes mais nos séculos seguintes.

Outra preocupação é que alterações drásticas podem ocorrer em algumas décadas, ou antes, em sistemas climáticos importantes, como as monções no Sudeste Asiático, Saara e oeste da África e sistemas que atuam no ecossistema amazônico.

Segundo o relatório, perdas de gelo em montanhas nas regiões tropicais e temperadas afetariam de 20% a 25% da população humana nessas áreas com prejuízos na irrigação e perda de água potável.

Tendências atuais de emissão de dióxido de carbono, de acordo com o documento, poderão levar a uma alteração irreversível nas condições em certas áreas na América do Sul, principalmente no Nordeste do Brasil, incluindo um aumento de 10% na aridez durante a estação mais seca.

O texto destaca ainda que é possível evitar a maior parte dos impactos que serão promovidos pelas mudanças climáticas, mas que isso só ocorrerá durante a existência da civilização atual se houver “ações imediatas, coesivas e decisivas para cortar emissões e auxiliar países mais vulneráveis a se adaptarem”.

Papel do Brasil

“O Climate Change Science Compendium 2009 é um alerta: o tempo de hesitar acabou”, alertou Ban Ki-moon, secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU). “Precisamos que o mundo inteiro realize, de uma vez por todas, que a hora de agir é agora e que devemos trabalhar juntos para enfrentar esse desafio monumental. Esse é o desafio moral de nossa geração”.

O compêndio do Pnuma reúne e revisa dados obtidos por cerca de 400 estudos feitos nos últimos três anos. O objetivo, segundo os responsáveis pelo programa, não é substituir os documentos do IPCC – que prepara o quinto relatório de avaliação –, mas atualizar o mais recente deles.

“O conhecimento científico sobre as mudanças e previsões climáticas tem avançado muito rapidamente desde o relatório do IPCC de 2007”, disse Achim Steiner, subsecretário da ONU e diretor executivo do Pnuma.

Nesse cenário, o coordenador do Biota-FAPESP ressalta a importância fundamental da COP15 e do papel brasileiro na conferência. Segundo Joly, o sucesso do encontro em dezembro passará por uma mudança substancial da postura do Brasil nas negociações, “saindo da defensiva que caracterizou nossa atuação nos últimos dez anos para uma participação propositiva e de liderança”.

“O Brasil é o único país que, em função de sua matriz energética, pode reduzir substancialmente a emissão de gases de efeito estufa sem que isso afete o seu desenvolvimento. Pelo contrário, para o Brasil, reduzir a taxa de emissão de gases de efeito estufa é sinônimo de um novo modelo de desenvolvimento, que tem como um dos sustentáculos uma economia de baixo carbono, baseada nos serviços ambientais da floresta e nos recursos gerados pelo uso sustentável da biodiversidade”, disse Joly à Agência FAPESP.

“Ao pararmos de incinerar nossa rica, e em grande parte ainda desconhecida, biodiversidade, dando uma oportunidade para que as gerações futuras se beneficiem do uso sustentável desse nosso patrimônio natural, estaremos, voluntariamente, atingindo uma meta significativa de redução de emissão de gases de efeito estufa”, afirmou.

O relatório do Pnuma pode ser lido em www.unep.org/compendium2009.


terça-feira, 29 de setembro de 2009

Sugestão

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Estamos cercados de mentiras que nos mantêm mergulhados na ignorância propositalmente e com finalidades bem objetivas.
A nossa maior ignorância, mantida pelo nosso sistema educacional, é que não somos dependentes da natureza e que dominamos o planeta.
Sugiro todos lerem o livro "O Cilindro de Crísipo", de António Faria (encontra em www.estantevirtual.com.br) e assistir o filme Zeitgeist.

Hugo

LIMITES DA TERRA

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LIMITES DA TERRA


Agência FAPESP (24/9/2009)

Identificar e quantificar os limites da Terra que não podem ser transgredidos ajudaria a evitar que as atividades humanas continuem causando mudanças ambientais inaceitáveis. A afirmação, de um grupo internacional de cientistas, está em artigo destacado na edição desta quinta-feira (24/9) da revista Nature.

Segundo eles, a humanidade deve permanecer dentro dessas fronteiras para os processos essenciais do sistema terrestre se quiser evitar alterações ambientais de dimensões catastróficas. Esses limites representariam os espaços seguros para a ação e para a vida humana.

O conceito de limites (ou fronteiras) planetários representa um novo modelo para medir as agressões ao planeta e define espaços seguros para a existência humana. Seguros tanto para o sistema terrestre como para o próprio homem, por consequência.

Johan Rockström, da Universidade de Estocolmo, na Suécia, e colegas sugerem nove processos sistêmicos principais para esses limites:
mudanças climáticas; acidificação dos oceanos; interferência nos ciclos globais de nitrogênio e de fósforo; uso de água potável; alterações no uso do solo; carga de aerossóis atmosféricos; poluição química; e a taxa de perda da biodiversidade, tanto terrestre como marinha.

Para três desses limites da ação humana - ciclo do nitrogênio, perda da biodiversidade e mudanças climáticas -, os autores do artigo argumentam que a fronteira aceitável já foi atravessada. Afirmam também que a humanidade está rapidamente se aproximando dos limites no uso de água, na conversão de florestas e de outros ecossistemas naturais para uso agropecuário, na acidificação oceânica e no ciclo de fósforo.

O estudo dá números para esses limites. Para o ciclo do nitrogênio, por exemplo, antes da Revolução Industrial a quantidade de nitrogênio removido da atmosfera para uso humano era zero. O limite estabelecido pelo estudo é de 35 milhões de toneladas por ano. Parece muito, mas os valores atuais são de 121 milhões, mais de três vezes além do limite aceitável.

A taxa de perda de biodiversidade, calculada em número de espécies extintas por milhão de espécies por ano era de 0,1 a 1 até o início da era industrial. O limite proposto pelo estudo é de 35, mas o valor atual passou de 100.
O consumo de água potável por humanos era de 415 quilômetros cúbicos por ano antes da Revolução Industrial. Hoje, chegou a 2.600, perigosamente próximo ao limite sugerido de 4.000 quilômetros cúbicos por ano.

Os pesquisadores destacam a necessidade de se estabelecer os limites também para a emissão de aerossóis atmosféricos e de poluição química, apesar de não haver, atualmente, dados suficientes para tal definição.

Transgredir uma única dessas fronteiras planetárias por um tempo demasiadamente longo é o suficiente, argumentam, para promover alterações ambientais "abruptas e inaceitáveis que serão muito danosas ou até mesmo catastróficas à sociedade". Além disso, quando um limite é derrubado, os níveis de segurança dos outros processos acabam sendo seriamente afetados.

"Embora a Terra tenha passado por muitos períodos de alterações ambientais importantes, o ambiente planetário tem se mantido estável pelos últimos 10 mil anos. Esse período de estabilidade - que os geólogos chamam de Holoceno -viu civilizações surgirem, se desenvolverem e florescerem. Mas tal estabilidade pode estar em risco", descrevem os autores.

"Desde a Revolução Industrial, um novo período surgiu, o Antropoceno, no qual as ações humanas se tornaram o principal condutor das mudanças ambientais globais", destacam. Segundo os pesquisadores, se não fosse a pressão promovida pelo homem, o Holoceno continuaria ainda por muitos milhares de anos.

O artigo A safe operating space for humanity, de Johan Rockström e outros, pode ser lido por assinantes da Nature em www.nature.com.




segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Bobagens de Paul Krugman

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Neste texto (download aqui) tentativamente bom de Paul Krugman (leiam com atenção), o processo de negação dos limites da Terra e a incompreensão de não ser possível crescer eternamente no planeta finito continua infalivemente esquecido nas mentes de economistas como ele. A frase abaixo é exemplar:

"By 2050, when the emissions limit would be much tighter, the burden would rise to 1.2 percent of income. But the budget office also predicts that real G.D.P. will be about two-and-a-half times larger in 2050 than it is today, so that G.D.P. per person will rise by about 80 percent. The cost of climate protection would barely make a dent in that growth. And all of this, of course, ignores the benefits of limiting global warming."

Essa frase aparentemente bem intencionada, contém a crença ingênua que conseguiremos expandir o PIB per capita em 80% e ao mesmo tempo limitar as emissões de gases do efeito estufa e, tal aumento de renda per capita, irá, em grande proporção, diminuir largamente o custo por família desse esforço. Vamos começar com o primeiro ponto. O que será que existe na cabeça do Krugam de significado físico e relativo à lei da Entropia ou de consumo de serviços ecológicos e água para atender esse estúpido crescimento de 80% da renda per capita de um já estúpido e desnecessário nível de renda per capita elevada dos estadunidenses? Resposta: nada, não existe nada na mente brilhante do Krugman que inclua uma variável que seja para incluir os itens referentes à natureza, nem mesmo água, sem o qual não teremos nada ou não somos nada e é um recurso finito. Sua mente brilhante trabalha com total separação do meio ambiente da economia e com a total irrelevância dos serviços da natureza - total, isso está dito, registrado e escrito nos livros de macroeconomia moderna que regem 100% das decisões econômicas à nossa volta.

O quanto estúpido é esse crescimento? Vamos começar com o modelo de crescimento eterno de novas construções residenciais, lástima que está chegando no Brasil, apesar de tantos imóveis abandonados. Tal expansão sob o rótulo de espalhamento urbano (sinônimo de esfacelamento contínuo e ininterrupto de ecossistemas e seus serviços) causou poluição de metade dos rios, lagos e zonas estuárias dos Estados Unidos, de acordo com dados oficiais. Não se assustem, metade dos recursos hídricos poluídos num pais de extensão continental não é menos assustadora que 30% dos lençóis freáticos da China estarem totalmente tomados por mercúrio (os metais foram acumulados na crosta terrestre há bilhões de anos e portanto não fazem parte de nenhum ciclo natural e são uma poluição em definitivo; se entendêssemos isso, usaríamos com extrema cautela ao invés de despejarmos bilhões de toneladas deles no lixão que é nosso planeta hoje...).

Pois bem, os Estados Unidos possuem 190.000.000 de moradias para 67.000.000 famílias. Na verdade os Estados Unidos possuem 75.000.000 famílias, mas 8.000.000 delas ou 30.000.000 indivíduos são homeless ou mendigos - o país mais rico do mundo tem tudo isso de mendigos e copiamos o mesmo modelo concentrador de riqueza e destruidor de empregos e da natureza e ainda exportamos nosso meio ambiente continuamente sendo devastado para eles a custo zero e alegremente, claro (ainda bem que atendemos a custo zero as demandas ambientais dos países que já esgotaram esses recursos, do contrário, eles já teriam entrado em colapso civilizatório). Isso quer dizer que cada família tem em média quase três moradias. E isso ainda vai crescer 80%. Detalhe: em 1970 as famílias americanas eram bem mais numerosas e hoje são em média quatro indivíduos. Nesse tempo, o tamanho médio das casas triplicou. Não nos importemos com isso, na economia megalomaníaca do desperdício de quase tudo, o que importa é expandir 80% como se a produção de tudo não tivesse relação alguma com o limite planetário e brotasse do nada, como passe de mágica. Onde estão os físicos que não se levantam de vez contra essa baboseira toda que rege o nosso mundo?

Acho, portanto, fantástica essa idéia do Krugman que, para diluir o custo de combater o aquecimento global, a renda per capita tem que praticamente dobrar. Finalmente, é fantástica também a sua crença ingênua que todo esse crescimento - anterior e futuro - não impõe sérias restrições a essa mudança, como se o aquecimento global tivesse brotado do nada, assim como a produção, e não fosse a causa fundamental desse desastre global - que não é único. De resto, nada de mudar a economia do crescimento eterno, com desperdício e descarte imediato dos bens, que trata a Terra como lata de lixo e que vive e se expande como se não estivesse cerceada pelo planeta e pelas suas leis...

Hugo Penteado

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dia mundial sem carro

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Mais detalhes nesse link:

http://www.ciclobr.com.br/diasemcarro/noticias93_4_Desafio_Intermodal_de_Sao_Paulo.asp

Detalhe, a outra bicicleta só chegou 30 segundos atrás da moto porque o ciclista teve seu pneu furado no túnel da 9 de julho e foi até a prefeitura no sacrifício.

[]s

André Pasqualini

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21 de Setembro de 2009 - 17h28

Helicóptero perde para bicicleta em desafio de transporte em SP
Os organizadores do 4º Desafio Intermodal, realizado nesta noite de quinta-feira (17) em São Paulo, afirmam que novamente as bicicletas foram o meio de transporte mais rápido em um teste realizado entre a Zona Sul e o Centro.

A largada ocorreu às 18h na Praça General Gentil Falcão, no Brooklin. O objetivo era chegar o mais rápido possível, sem desrespeitar as regras de trânsito, até a sede da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá.

Vinte e dois minutos e 33 segundos depois da largada, um ciclista que utilizava uma bicicleta sem marchas foi o primeiro a chegar ao ponto de encontro. Na sequência, um motociclista cumpriu o trajeto com 25 minutos, seguido de um ciclista que trabalha com entrega de encomendas (bike courier). O terceiro colocado fez o trajeto em 25m30s.

Apenas em quarto lugar chegou o participante que optou por um helicóptero. O tempo de deslocamento até o heliponto e a espera de liberação do tráfego aéreo contribuíram para o desempenho do meio de transporte.

O quinto a chegar foi outro ciclista, mais experiente e que recorreu a avenidas de trânsito mais rápido. Ele precisou de 37 minutos. Em sexto, mais um ciclista, que utilizou vias alternativas, levando 38m20s. Em sétimo, foi um motoboy, que gastou 42m28s, mas dispendeu R$ 1,50 e emitiu 1,44 kg de gás carbônico.

Correndo, o primeiro pedestre a chegar levou 66m03s e ficou na nona posição. Quem cumpriu o trajeto de ônibus chego em 11º e precisou de 71m20s, mas foi mais rápido de quem utilizou o carro. O motorista foi apenas o 12º, com 82m.

O pedestre caminhando levou 92m e ficou à frente até mesmo de quem recorreu ao trem, à ponte orca e o metrô, que gastou 99m. A pior opção foi a integração ônibus e metrô, o último colocado, com 109m.

O desafio acontece desde 2006 em São Paulo, sempre na quinta-feira anterior ao Dia Mundial Sem Carro, 22 de setembro. Todos os anos, o horário de saída e trajeto são os mesmos.

No 1º Desafio Intermodal, realizado em 2006, quem seguiu de moto ou bicicleta concluiu o trajeto em menos tempo. Nos outros dois anos, a bicicleta se mostrou de novo o meio de transporte mais rápido nesse percurso.

Fonte: G1

Is Bjorn Lomborg Dangerous or Helpful?

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Is Bjorn Lomborg Dangerous or Helpful?

This weekend, the New York Times gave Bjorn Lomborg -- the self-proclaimed "skeptical environmentalist" -- more air time. Lomborg wrote an op-ed that railed against those who want to cut greenhouse gas emissions dramatically. He offered his opinion on a better solution: "make low-carbon alternatives like solar and wind energy competitive with old carbon sources."

As usual, Lomborg sets up a false straw-man to knock down. He says "we are often told that...we must cut emissions immediately and drastically." Then he worries that people just don't get that we actually need to make renewables cheaper. Really? So none of the major environmental NGOs, or country delegations to global climate negotiations, have thought of that? So to tackle obesity we shouldn't just talk about weight, but also about exercising more and eating right? So insightful...

Lomborg has a long habit of tilting at windmills that he mostly imagines. His most famous argument is that we shouldn't prioritize climate change over other pressing social priorities like poverty alleviation -- as if they're all separate. The poorest people in the world are energy poor and don't have access to clean water -- the two biggest environmental challenges of our time. He's always setting up false tradeoffs to establish his more "reaonsable" middleground.

I will say that one overarching aspect of his arguments is important. Of course we should constantly ask ourselves, "What's the cheapest way to solve that problem, and where should we allocate scarce resources?" He's always pushing for that discussion. But as we've seen time and again, whenever a group -- usually a particular industry most affected by a change -- says it will be too expensive to solve an environmental challenge, it ends up being much cheaper. We innovate, get smarter, get leaner, and move away from what's ailing us.

To me, Lomborg's arguments seem couched in a way to just maximize attention, not for the ideas themselves, but for Lomborg. And I'm guilty of spilling ink on him now. Climate change deniers use his work to say, wait, let's not rush into anything (which makes me ask, you mean rushing into things that might save us money, keep cash and jobs here instead of sending them to parts of the world that hate us, and improve our health -- you mean those things?).

Lomborg's arguments are more subtle than he usually gets credit for. Probably 75% of what he says is dead on -- but that's what makes him so dangerous. It's the other 25% that gets us in trouble.

I welcome your thoughts on his role...

Andrew Winston helps companies use environmental thinking to grow and prosper. He is author of the upcoming Green Recovery -- a special preview is available free here. He is also co-author of the best-seller Green to Gold,

Read more at: http://www.huffingtonpost.com/andrew-winston/is-bjorn-lomborg-dangerou_b_191650.html?view=print

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Água do São Francisco chega à Paraíba em 2010

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Oi,
Socializamos com os senhores, notícia do dia 06 de agosto, editada no Correio da Paraíba, a qual trata dos destinos da água do São Francisco naquele estado.

Na nossa opinião é um desvario sem precedentes. A transposição está apenas no começo - com cerca de 14% de seu cronograma em andamento - e seria muita pretensão se imaginar que as águas do Velho Chico cheguem naquele estado, em 2010. Lembro que para vencer um relevo de 304 metros no Eixo Leste (existência dos contrafortes da Borborema, próximos ao município de Arcoverde), seria necessária a implantação de um sistema de bombeamento extremamente sofisticado e potente, coisa que ainda sequer foi pensada. Além do mais, a geologia da área por onde irão passar os canais, é cristalina (granito puro), sendo um dos elementos naturais que estão atrasando o cronograma de execução das obras. Na nossa modesta opinião, em 2010 o presidente Lula virá à região para a inauguração de um pequeno trecho do projeto, com a barulheira infernal e normal aos políticos em campanha, com direito a foguetório e tudo mais, onde haverá uma peque área com culturas irrigadas e, no entanto, esse trecho estará ligando “nada” à absolutamente “coisa alguma”. Outra ilusão é imaginar que as águas do São Francisco serão priorizadas para o consumo humano. Uma vez realizado o projeto, elas irão abastecer o açude de Boqueirão para uso do parque industrial de Campina Grande, um dos maiores do Nordeste. A notícia nada mais é do que o início, na Paraíba, de gestões políticas, na deflagração do processo sucessório do presidente Lula. Está em nossa página. Confiram.

http://www.remaatlantico.org/Members/suassuna/noticias/agua-do-sao-francisco-chega-a-paraiba-em-2010

Abraço

João Suassuna.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Aquecimento Global

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Esse tipo de imagem deveria servir de base no currículo escolar do mundo. O estado de fragilidade do fluxo que entrelaça a vida é assustador.

Olha o balanço: em 100 anos A HUMANIDADE emitiu 65 milhões de anos de energia solar fotosintetizada numa camada de apenas 10 kilômetros de troposfera (1). Desequilibraram TUDO no momento em que destruíram o meio onde todo o carbono e nitrogênio se organizam para gerar os serviços biológicos da Terra. As conseqüências são incontáveis, onde os incêndios florestais representam apenas o começo do problema. Agora sobra tentar resolver o problema dando água em garrafa PET para os animais vítimas das queimadas... . É para rir ou para chorar??

Ricardo Peres

(1) A Troposfera é a camada atmosférica que se estende da superfície da Terra até a base da estratosfera. É aí que rola a vida pois responde por oitenta por cento do peso atmosférico e é a única camada em que os seres vivos podem respirar normalmente. Dá uma olhada na divisão da atmosfera.


quarta-feira, 16 de setembro de 2009

2.800 mm de chuva

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Nos dias 7, 8 e 9 de agosto de 2009, choveram 2.800 milímetros no sul da Ilha de Taiwan. Para ser mais exato, foram 2.777 mm, ou quase 3 metros de água, em apenas três dias de chuva.

O Tufão Morakot parecia ser mais um tufão de classe F2, que passaria por Taiwan rumo à China e ao Japão, mas os extremos climáticos mostraram toda a sua força naquele final de semana de verão.

A foto acima, da AFP, mostra o deslizamento de terra que soterrou uma pequena cidade no sul da Ilha de Taiwan, deixando centenas de pessoas desaparecidas, durante a passagem do Tufão Morakot.

Para termos uma comparação, a catástrofe ocorrida no estado de Santa Catarina, em novembro de 2008, foi ocasionada por menos de 1.000 mm de chuva em trinta dias, também durante o verão.

No dia 08 de setembro de 2009, na grande São Paulo, choveram cerca de 70 mm em menos de 24 horas e em pleno inverno, ocasionando diversos problemas como alagamentos, deslizamentos de terra e, infelizmente, algumas vidas humanas foram perdidas.

Segundo algumas informações, o próximo verão no Brasil será bastante chuvoso e com extremos climáticos, em função do El Niño e, também, da alta concentração dos gases causadores do efeito estufa na atmosfera do nosso planeta.

Carlos Aranha

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Europa planeja inclusão de indicador ambiental no PIB Por Redação do Carbono Brasil

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A União Européia utilizará a partir de 2010 indicadores ambientais como suplemento ao Produto Interno Bruto (PIB), anunciou o secretário de meio ambiente da Comissão Européia, Stavros Dimas.

“Para mudar o mundo precisamos mudar a maneira como entendemos o mundo”, falou Dimas adicionando que o PIB é nada mais do que um indicador da atividade econômica e não visa mensurar o bem estar.

O índice utilizará como indicadores o nível de poluição e de impactos ambientais dentro do bloco europeu, incluindo questões como biodiversidade, mudanças climáticas, uso de água e geração de resíduos.

As críticas ao PIB como ferramenta para a construção de políticas e para a avaliação dos países crescem há décadas, já que este índice não leva em consideração o capital natural das nações e o passivo ambiental das atividades.

A União Européia também se comprometeu a melhorar o tempo de divulgação dos dados ambientais, que atualmente levam dois a três anos para serem atualizados. Dimas usou como exemplo o PIB, que dentro de poucas semanas é divulgado.

O índice ambiental será “tão simples, confiável e amplamente aceito quando o PIB”, comentou. “Seria um catalisador para mudar a maneira como vivemos”.

Outros padrões, criados por diversas instituições, já podem ser utilizados para se ter uma visão mais ampla do que a oferecida pelo PIB. Por exemplo, as Nações Unidas lançaram o Índice de Desenvolvimento Humano, que une dados do PIB, saúde e educação.

A organização londrina New Economic Foundation criou o Índice do Planeta Feliz (HPI - Happy Planet Index), que leva em consideração três indicadores particulares, a pegada ecológica, satisfação de vida e expectativa de vida. A última edição do índice foi encabeçada pela Costa Rica, que se obteve um dos maiores níveis de satisfação de vida, expectativa de vida longa de 78,5 anos e 99% da sua necessidade energética suprida com fontes renováveis.

Fonte: Agências Internacionais


(Envolverde/CarbonoBrasil)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Como puderam os economistas errar tanto?

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Não há uma só variável para explicar recursos naturais ou a contribuição indispensável e valiosíssima da natureza e do planeta na teoria econômica tradicional e quando há o resultado é: "irrelevante para o processo econômico e o crescimento." Água então, sem o qual nada teremos, não há uma só variável nos modelos fantasiosos dos economistas. No passado, a única coisa que se aproximada de algo assim era a terra ricardiana. Nada mais. É surrealista, mas isso tem um objetivo: manter uma prosperidade desigual, que só beneficia quem menos precisa, através de externalidades, que se não existissem, não haveria nem um terço dessa prosperidade megalomaníaca que estamos vivendo. Só um exemplo: estudos apontam que o custo real de um litro de gasolina, sem as externalidades, seria 10 vezes maior. Imagina cada um de nós abastecendo essas aberrações chamadas automóveis com 1000,00 ao ínvés de 100? Imagina o povo dos Estados Unidos inteiro comprando carros que fazem dois quilômetros por litro, pagando tudo isso. Impossível. Pior são os refrigerantes, que transformam água potável em corantes, contribuição de um amigo: "sujam muita água potável com seus corantes e estabilizantes pra gerar algum prazer e muitas complicações de saúde aos seus consumidores e ainda vendem seus produtos em plástico!"

Enfim tudo existe através de um modelo que externaliza ou socializa os custos e privatiza os lucros de forma concentrada, a ponto de cada 160 dólares adicionado à riqueza mundial, só 60 centavos chegam aos mais pobres!

No futuro - mesmo os mais ricos e poderosos - não iremos achar vencedores.

Hugo

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090906/not_imp430245,0.php

O Estado de São Paulo

Domingo, 6 de setembro de 2009 – Aliás – pág2. B 8-9

Como puderam os economistas errar tanto?

Paul Krugman *
1. Confundindo beleza com verdade

É difícil acreditar agora, mas pouco tempo atrás os economistas estavam parabenizando a si mesmos pelo sucesso da própria profissão.

Este - suposto - sucesso era tanto teórico quanto prático, proporcionando à profissão uma era dourada.

Do ponto de vista teórico, eles pensaram ter resolvido suas disputas internas. Assim, num estudo publicado em 2008 intitulado "O estado da macro" (ou seja, a macroeconomia, o estudo de questões econômicas mais amplas, como as recessões por exemplo), Olivier Blanchard do MIT, atual economista-chefe do Fundo Monetário Internacional, declarou que teríamos chegado a uma "ampla convergência de visões".

E no mundo real, os economistas acreditavam ter tudo sob controle: o "problema central da prevenção das depressões foi resolvido", declarou em 2003 Robert Lucas, da Universidade de Chicago, no seu pronunciamento presidencial endereçado à Associação Econômica Americana. Em 2004, Ben Bernanke, ex-professor de Princeton e atual presidente do Federal Reserve(o BC dos EUA), celebrou a era da Grande Moderação no desempenho econômico durante as duas décadas anteriores, a qual ele atribuiu, em parte, a melhores decisões tomadas na política econômica.

No ano passado, tudo desabou.

Na sequência da crise, as fissuras na profissão dos economistas aumentaram, tornando-se fendas jamais vistas antes. Lucas chamou os planos de estímulo do governo Obama de "charlatanice econômica", e seu colega de Chicago, John Cochrane, diz que tais planos têm como base "contos de fadas" já descartados. Como resposta, Brad DeLong, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, escreveu sobre o "colapso intelectual" da Escola de Chicago, e eu mesmo já escrevi que os comentários feitos pelos economistas de Chicago são o produto de uma Idade das Trevas da macroeconomia, durante a qual foi esquecido um conhecimento adquirido a um custo muito elevado.

O que houve com a profissão dos economistas? E para onde ela vai a partir do ponto atual?

2. De Smith até Keynes, voltando ao princípio

O nascimento da economia enquanto disciplina costuma ser creditado a Adam Smith, que publicou A riqueza das nações em 1776. Nos 160 anos seguintes, um extenso volume de teorias econômicas foi desenvolvido a partir de uma mensagem central: confie no mercado. Esta era a premissa básica da economia "neoclássica" (batizada a partir dos economistas do fim do século 19 que refinaram os conceitos de seus predecessores "clássicos").

Esta fé foi, no entanto, esmagada pela Grande Depressão. Ao final, a maioria dos economistas se voltou para as propostas de John Maynard Keynes, tanto para explicar o que acontecera quanto para encontrar uma solução para as depressões futuras.

Apesar do que dizem alguns, Keynes não queria que o governo administrasse a economia. Ele descreveu como "moderadamente conservador em suas implicações" o raciocínio publicado em 1936 na sua obra-prima, Teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Keynes queria consertar o capitalismo, e não substituí-lo. Mas ele de fato desafiou a ideia de que as economias de livre mercado possam funcionar na ausência de um zelador. E ele defendeu uma intervenção governamental ativa - imprimir mais dinheiro e, caso necessário, gastar muito com obras públicas - para combater o desemprego durante os períodos de declínio.

A história da economia enquanto disciplina ao longo dos últimos 50 anos é, em boa medida, a história do recuo do keynesianismo e do retorno do neoclassicismo. A retomada neoclássica foi inicialmente liderada por Milton Friedman, da Universidade de Chicago, que afirmou já em 1953 que a ciência econômica neoclássica funciona bastante bem enquanto descrição da maneira pela qual a economia de fato funciona, fazendo desta teoria "ao mesmo tempo extremamente frutífera e merecedora de grande confiança". Mas e quanto às depressões? O contra-ataque de Friedman a Keynes começou com a doutrina conhecida como monetarista. Os monetaristas não discordavam, em princípio, da ideia de que uma economia de mercado necessite de estabilização deliberada. Entretanto, os monetaristas afirmavam que uma forma bastante limitada e circunscrita de intervenção governamental - qual seja, instruir aos bancos centrais que mantenham em crescimento constante o suprimento de dinheiro do país (a soma do dinheiro em circulação e dos depósitos nos bancos) - seria suficiente para evitar as depressões.

Friedman combateu com grande credibilidade a ideia de iniciativas governamentais deliberadas para empurrar o desemprego até um patamar inferior ao seu nível "natural" (atualmente estimado em 4,8% para os Estados Unidos): de acordo com a previsão dele, medidas excessivamente expansionistas levariam a uma combinação entre inflação e alto desemprego - uma previsão confirmada pela estagflação da década de 1970, a qual contribuiu muito com o aumento da credibilidade do movimento antikeynesiano. Entretanto, a posição de Friedman acabou vista como relativamente moderada em comparação com a de seus sucessores.

Enquanto isso, alguns macroeconomistas enxergaram as recessões como algo positivo, parte do ajuste da economia às mudanças. E mesmo aqueles que não se dispunham a ir tão longe argumentavam que qualquer tentativa de combater um declínio econômico acabaria provocando mais males do que benefícios.

Muitos macroeconomistas se tornaram novos keynesianos autoproclamados, que continuaram a acreditar num papel ativo desempenhado pelo governo.

Mas mesmo eles aceitavam a noção de que investidores e consumidores são racionais e os mercados em geral costumam acertar.

É claro, alguns economistas desafiaram o pressuposto do comportamento racional, questionaram a crença na confiabilidade dos mercados financeiros e sublinharam o longo histórico de crises financeiras de consequências econômicas devastadoras. Mas eles não foram capazes de avançar muito contra uma complacência difusa e, retrospectivamente, tola.

3. O cassino das finanças
Na década de 1930, os mercados financeiros, por motivos óbvios, não eram muito respeitados. Keynes considerava péssima ideia permitir que tais mercados - nos quais os investidores gastavam seu tempo correndo uns atrás do rabo dos outros - ditassem importantes decisões de negócios: "Quando o desenvolvimento do capital de um país se torna o subproduto das atividades de um cassino, é provável que o serviço resulte mal feito".

Entretanto, perto de 1970, os debates sobre a irracionalidade dos investidores, sobre as bolhas e sobre a especulação destrutiva tinham virtualmente desaparecido do discurso acadêmico. A disciplina foi dominada pela "hipótese do mercado eficiente", promulgada por Eugene Fama, da Universidade de Chicago, teoria que afirma a capacidade dos mercados financeiros de estabelecer com precisão o preço dos ativos exatamente no seu valor intrínseco como produto de todas as informações disponíveis publicamente.

E na década de 1980, os economistas financeiros, principalmente Michael Jensen, da Escola de Administração Harvard, argumentavam que devido ao fato de os mercados financeiros sempre acertarem ao definir os preços, o melhor que os caciques corporativos podem fazer, não apenas pelo seu próprio bem como pelo bem de toda a economia, é maximizar o preço de suas ações. Em outras palavras, os economistas financeiros acreditavam que deveríamos entregar o desenvolvimento do capital do país àquilo que Keynes chamara de "cassino".

O modelo teórico desenvolvido pelos economistas financeiros ao suporem que cada investidor busca um equilíbrio racional entre o risco e a recompensa - o chamado Modelo de Precificação de Ativos Financeiros (CAPM, em inglês) - é de uma maravilhosa elegância. E para quem aceita suas premissas, o modelo é também muito útil. O CAPM não apenas ajuda a escolher o portfólio - ele ensina a atribuir preços aos derivativos financeiros, títulos sobre títulos, o que é ainda mais importante do ponto de vista da indústria financeira. A elegância e a aparente utilidade da nova teoria levou seus criadores a receberem uma sequência de prêmios Nobel, e muitos professores da faculdade de administração se tornaram cientistas brilhantes de Wall Street, recebendo cheques dignos deste centro financeiro.

Somos obrigados a reconhecer que os teóricos das finanças produziram boa quantidade de provas estatísticas, o que, de início, pareceu ser uma sólida base de apoio para suas hipóteses. Mas tais provas eram curiosamente limitadas. Os economistas financeiros raramente fizeram a pergunta, aparentemente óbvia (e de resposta difícil), de se os preços dos ativos faziam sentido quando eram levados em consideração fundamentos econômicos do mundo real, como a renda. Em vez disso, eles perguntavam apenas se o preço dos ativos fazia sentido em relação ao preço de outros ativos.

Mas os teóricos das finanças continuaram acreditando que seus modelos estavam essencialmente corretos, e o mesmo pensaram muitas pessoas que tomavam decisões no mundo real. Entre estas pessoas estava Alan Greenspan, que na época era presidente do Fed e defensor de longa data da desregulamentação financeira, cuja rejeição dos apelos por um maior controle sobre os empréstimos subprime ou por medidas para combater o inchaço da bolha imobiliária se deveu principalmente à crença de que a ciência econômica financeira moderna tinha tudo sob controle.

Em outubro do ano passado, Greenspan admitia estar em estado de "choque e descrença", porque "todo o edifício intelectual" tinha "desabado".

4. Ninguém poderia prever...
Em recentes e pesarosos debates econômicos, "ninguém poderia prever..." se tornou uma das principais frases de efeito multiuso. É o que dizemos em relação a desastres que poderiam ser previstos, deveriam ser previstos e de fato foram previstos por alguns economistas, os quais foram ridicularizados pelo seu esforço.

Tomemos como exemplo a aguda alta e queda no preço dos imóveis. Alguns economistas, principalmente Robert Shiller, de fato identificaram a bolha e alertaram para as dolorosas consequências do seu estouro. Ainda assim, em 2004 Alan Greenspan rejeitou comentários sugerindo que uma bolha imobiliária estivesse em formação: a existência de "uma aguda distorção nacional dos preços", declarou ele, era "muito improvável". O aumento no preço dos imóveis, segundo disse Bernanke em 2005, "reflete principalmente a solidez dos fundamentos econômicos".

Como puderam eles deixar de reparar na bolha? É verdade que as taxas de juros estavam abaixo do normal, o que possivelmente explicaria parte do aumento nos preços. Pode ser também que Greenspan e Bernanke quisessem comemorar o sucesso do Fed em tirar a economia da recessão de 2001; admitir que boa parte deste sucesso se deveu à criação de uma monstruosa bolha teria esfriado as festividades.

Mas havia algo mais acontecendo: uma crença generalizada no princípio de que as bolhas simplesmente não se formam. O mais chocante, ao relermos as garantias de Greenspan, é que elas não foram feitas com base em provas - elas tinham como base a suposição, a priori, de que simplesmente não pode haver uma bolha no mercado imobiliário.

E os teóricos das finanças foram ainda mais inflexíveis neste ponto.

Em entrevista concedida em 2007, Eugene Fama, pai da hipótese do mercado eficiente, declarou que "a palavra ?bolha? me deixa louco", e na sequência explicou por que podemos confiar no mercado imobiliário: "O mercado imobiliário apresenta menor liquidez, mas as pessoas são muito cuidadosas quando compram casas. Trata-se provavelmente do maior investimento que farão, e portanto elas pesquisam atentamente e comparam preços".

De fato, os compradores de imóveis costumam comparar cuidadosamente o preço de suas potenciais aquisições com os preços de outras casas. Mas isto não nos diz se o preço dos imóveis se justifica.

Em resumo, a crença nos mercados financeiros eficientes cegou muitos economistas, se não todos, para a emergência da maior bolha financeira já vista. E a teoria do mercado eficiente também desempenhou um papel significativo na criação da bolha em primeiro lugar.

Agora que o verdadeiro risco associado aos ativos supostamente seguros foi revelado, os lares norte-americanos testemunharam a evaporação de US$ 13 trilhões no valor de suas propriedades. Mais de 6 milhões de empregos foram perdidos e a taxa de desemprego parece rumar para o nível mais alto registrado desde 1940. Assim, que tipo de orientação a ciência econômica moderna tem a oferecer diante do nosso apuro atual? Será que podemos confiar nesta orientação?

5. A querela do estímulo
Durante uma recessão normal, o Fed responde por meio da compra de notas do Tesouro - títulos de curto prazo da dívida do governo - que estejam em poder dos bancos. Isto provoca uma redução nas taxas de juros sobre a dívida do governo; investidores em busca de uma maior proporção de retorno procuram outros ativos, provocando uma redução nas demais taxas de juros ; e normalmente estas taxas de juros mais baixas provocam, afinal, uma reversão no declínio econômico. O Fed combateu a recessão que teve início em 1990 derrubando de 9% para 3% as taxas de juros para os títulos de curto prazo. Combateu a recessão que teve início em 2001 cortando as taxas de juros de 6,5% para 1%. E tentou lidar com a recessão atual baixando as taxas de 5,25% para zero.

Mas a taxa zero revelou-se alta demais para pôr fim à recessão. E o Fed não pode reduzir as taxas de juros para menos do que zero já que, com mais taxas próximas do zero, os investidores simplesmente açambarcam o dinheiro em vez de emprestá-lo. Assim, perto do fim de 2008, com as taxas de juros basicamente definidas como aquilo que os macroeconomistas chamam de "patamar menor ou igual a zero" enquanto a recessão continuava a se aprofundar, a política monetária convencional tinha perdido todo o seu poder de tração.

E agora? Esta é a segunda vez que os EUA enfrentam juros menores ou iguais a zero, sendo que a primeira vez foi a Grande Depressão. E foi precisamente a observação de que existe um limite inferior para as taxas de juros o que levou Keynes a defender um maior gasto governamental: quando a política monetária é ineficaz e o setor privado não pode ser convencido a gastar mais, o setor público deve assumir seu lugar no apoio à economia. O estímulo fiscal é a resposta keynesiana para o tipo de situação econômica semelhante a uma depressão - como a que vivemos atualmente.

Tal pensamento keynesiano forma a base das medidas econômicas do governo Obama. Cochrane, da Escola de Chicago, indignado diante da ideia de que os gastos governamentais pudessem aliviar a mais recente recessão, declarou: "Isto não faz parte daquilo que se ensina aos estudantes de economia desde 1960. Elas (ideias keynesianas) são contos de fadas que já foram desacreditadas pelas provas. Em tempos de crise, é muito confortável voltar aos contos de fadas que ouvíamos quando crianças, mas isto não faz deles menos falsos".

Mas como destacou Brad DeLong, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, a posição atual da escola pode ser resumida também numa rejeição completa das ideias de Milton Friedman. Friedman acreditava que as medidas do Fed - e não as mudanças nos gastos governamentais - deveriam ser usadas para estabilizar a economia, mas nunca afirmou que um aumento no gasto governamental seria incapaz, sob quaisquer circunstâncias, de aumentar o emprego. Na verdade, ao relermos o resumo elaborado por Friedman em 1970 de suas próprias ideias, Contexto teórico para a análise monetária, o que mais impressiona é a aparência keynesiana do seu pensamento.

E Friedman certamente jamais comprou a ideia de que o desemprego em massa represente uma redução voluntária no esforço de trabalho e nem a ideia de que as recessões sejam de fato benéficas para a economia.

Ainda assim, Casey Mulligan, da Escola de Chicago, sugere que o desemprego esteja tão alto porque muitos trabalhadores tem optado por não aceitar empregos. Ele sugeriu, em especial, que os trabalhadores estejam optando por permanecerem desempregados porque isto melhora suas chances de receber a concessão de alívios para suas hipotecas. E Cochrane declara que o alto desemprego é, na verdade, algo positivo: "Precisamos de uma recessão. Pessoas que passam suas vidas martelando pregos em Nevada precisam de algo diferente para fazer." Particularmente, acho que isto é loucura. Por que seria necessário o desemprego maciço em todo o país para tirar os carpinteiros de Nevada? Será que alguém é capaz de afirmar com seriedade que perdemos 6,7 milhões de empregos porque um número menor de americanos deseja trabalhar? Mas se partirmos do princípio que as pessoas são perfeitamente racionais e os mercados, perfeitamente eficientes, temos de concluir que o desemprego é voluntário e as recessões são desejáveis.

6. Falhas e atritos
A economia, enquanto ciência, enfrentou problemas porque os economistas foram seduzidos pela visão de um sistema de mercado perfeito e desprovido de atrito. Se a profissão almeja a redenção, ela terá de conciliar-se com uma visão menos deslumbrante - a de uma economia de mercado que apresenta muitas virtudes, mas que também está repleta de falhas e atritos.

Já existe um exemplo relativamente desenvolvido do tipo de ciência econômica que tenho em mente: a escola de pensamento conhecida como behaviorismo financeiro. Os adeptos desta abordagem enfatizam duas coisas. Primeiro, muitos investidores do mundo real em pouco se assemelham aos frios e calculistas investidores da teoria do mercado eficiente: eles são bastante sujeitos ao comportamento de manada, a surtos de exuberância irracional e a pânicos injustificados. Segundo, mesmo aqueles que tentam basear suas decisões no cálculo frio com frequência descobrem que não são capazes de fazê-lo, pois problemas de confiança, credibilidade e garantias reais limitadas os obrigam a seguir o restante da manada.

Enquanto isso, como fica a macroeconomia? Acontecimentos recentes refutaram de maneira bastante decisiva a ideia de que as recessões sejam uma resposta ideal à flutuação no ritmo do progresso tecnológico; uma visão mais ou menos keynesiana é a única possível no momento. Ainda assim, os modelos padronizados do novo keynesianismo não deixaram espaço para uma crise como a que estamos vivendo, pois estes modelos aceitaram de maneira geral a visão do setor financeiro promovida pela teoria do mercado eficiente.

Uma linha de pesquisas, cujos pioneiros foram o próprio Ben Bernanke e seu colega Mark Gertler, da Universidade de Nova York, enfatizava a maneira pela qual a falta de garantias reais suficientes pode prejudicar a capacidade das empresas de arrecadar fundos e buscar oportunidades de investimento. Uma linha de pesquisas parecida, em boa parte estabelecida por meu colega de Princeton, Nobuhiro Kiyotaki, em parceria com John Moore, da London School of Economics, argumenta que os preços de ativos como propriedades imobiliárias podem sofrer declínios autoacentuantes que, por sua vez, provocam uma depressão na economia como um todo. Mas até o momento, o impacto das finanças disfuncionais não esteve no centro nem mesmo da ciência econômica keynesiana. Isto, claramente, precisa mudar.

7. Recuperando Keynes
Eis o que acho que os economistas precisam fazer. Primeiro, eles precisam enfrentar a inconveniente realidade de que os mercados financeiros estão muito aquém da perfeição; que eles estão sujeitos a extraordinários delírios e à loucura das multidões. Segundo, eles precisam admitir que a ciência econômica keynesiana ainda é o melhor arcabouço teórico de que dispomos para compreender as recessões e depressões. Terceiro, eles terão de se esforçar ao máximo para incorporar as realidades das finanças à macroeconomia.A visão que deve emergir conforme a profissão repensa seus fundamentos pode não ser muito clara; certamente não será arrumada; mas temos de manter a esperança de que ela terá a virtude de estar, ao menos, parcialmente correta.

*O autor é colunista do New York Times e ganhador do prêmio Nobel da economia de 2008.

Seu livro mais recente é O retorno da economia da depressão e a crise de 2008

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

“Quem busca o equilíbrio através da religião precisa ser sustentável”

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O jornalista André Trigueiro, da Globonews, vai lançar seu novo livro “Espiritismo e Ecologia”, dia 12 de Setembro, na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, no Riocentro. O evento funcionará como um debate, onde o público pode fazer perguntas ao autor. Em seu livro, Trigueiro identifica como a preservação ecológica se identifica com o espiritismo, e com a espiritualidade, em um sentido mais amplo. “Se equilíbrio é sinônimo de sustentabilidade, quem busca o equilíbrio através da religião precisa ser sustentável”, diz. Trigueiro explica isso em detalhes na entrevista que concedeu à Época.

Continue lendo aqui.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Fluxo versus estoque

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Acordei pensando nas lojas grandes de varejo. Até sonhei com aquela megalomania de coisas ganhando vida, enquanto as pessoas caiam mortas a seu lado. Tive uma forte sensação de ser exatamente isso o que significa nosso sistema econômico - sancionado por teorias falsas. Essas lojas deveriam sair do fluxo contínuo de vendas de novos produtos com obsolescência programada e durabilidade curta e INOVAR. Como? Parar de focar em fluxo e focar em estoque, na sua durabilidade, na ecoeficiência e assistência de reparos dos produtos vendidos, que passariam a ser mantidos ou substituídos, mas sem aumento de estoques. Isso deveria ser a ênfase dessa NOVA empresa, vale para outros setores, como carros, petróleo, metalurgia, etc. Os lucros diminuíriam com aumento de custos, mas os preços aos consumidores deveriam ser mantidos, afinal precisamos de mais lucros ou de sustentabilidade real? A filosofia de não podemos abrir mão dos lucros, mas podemos abrir mão do planeta não faz mais sentido.

Enquanto não fizermos uma moratória da expansão de coisas, carros, casas, construções, energia e pessoas, falar de sustentabilidade é apenas uma quimera. Isso vem sendo alertado pelos maiores cientistas da Terra, foi dito por Nicholas Georgescu-Roegen, mas foram ignorados, infelizmente. O desenvolvimento da nossa sociedade precisa ter novas metas, novas métricas e respeitar, acima de tudo, a finitude da Terra e seus serviços ecológicos, sem os quais nada teríamos, nem nossas vidas. Nessas novas métricas, o bem estar social deveria estar acima da acumulação estúpida de riquezas nas mãos de poucos. De resto, sem isso, não existe sustentabilidade alguma, podem pavonear por aí se auto-entitulando sustentáveis, mas sem esse passo solidário com todos, sem alcançar novos estágios de valores morais e espirituais, de identificação com a situação dos outros seres humanos, estamos mentindo para nós mesmos.

O planeta é finito, não comporta crescimento contínuo de estruturas vivas ou não e nem comporta esfacelamento ou interferências contínuas e exponencialmente crescentes nos ecossistemas e nos serviços ecológicos. Por isso a humanidade está em risco de extinção pela primeira vez na sua história. Antes houve sim colapsos locais, mas dessa vez, pela explosão de coisas e pessoas e pelo apego no crescimento contínuo dessas estruturas, atingimos o limite. Os países ricos só conseguiram atingir o nível estelar de consumo da sua sociedade porque fizeram isso sozinhos. Eles só conseguiram manter fluxos da natureza contiuamente sendo destruída para dentro de suas fronteiras através do comércio global onde o meio ambiente, como tudo na economia, segue gratuito e invisível trabalhando por todos nós. Se o resto do mundo for atrás da mesma idéia falsa que não existe o suficiente, estamos fritos. Se não focarmos na enorme concentração de riqueza que vem a reboque desse modelo, sem falar nas guerras, nas pressões políticas, etc., estamos realmente fritos. As empresas todas deveriam parar de focar em engordar as riquezas dos seus gordos donos e a sociedade em redor deveria parar de endeusar essa opulência, porque a nossa maior desgraça não são os ricos, os políticos e as celebridades. Nossa maior desgraça é nossa admiração por eles.

Cada um dos abastados pode aceitar que não precisa de mais e que passou da hora de devolver os recursos que tirou ao planeta e à sociedade. Tudo que existe à nossa volta só existe porque adotamos um modelo econômico onde as transformações são qualityless (não geram mudanças qualitativas no meio ambiente). Com isso as externalidades são invisíveis e se fossem visíveis ou incluídas, não sobraria quase nada daquilo que chamamos de melhora de vida, bem estar e prosperidade. Ficaria muito claro que tudo não passa de um saque planetário, de uma enorme injustiça social e de uma horrível submissão total das pessoas a um sistema que tirou de cada um de nós qualquer possibilidade de se sentir feliz e útil aos outros.

Parecemos bem intencionados, tentamos aparar as arestas, mas a sensação de perda é hoje muito grande hoje, parece que não temos mais nada a perder. Esse problema é da humanidade toda, não dá mais para trabalhar a idéia de salvadores ou de capitães resolvendo esses problemas. Todos são e serão igualmente importantes e essa é a questão principal: inclusão de todos. As estruturas empresariais atuais cuspindo produtos e coisas e construções a cada minuto, um carro a mais a cada segundo, isso dá calafrios. A cegueira é tanta ao ponto de ninguém se incomodar com o soterramento das nossas condições de vida, da paz, tudo com enorme falta de justiça e equidade, elementos que em muitos momentos da história humana norteou as lutas e que agora acabaram nesse teatro mal intencionado à nossa volta.

O poder foi feito para servir e não para se servir dele. Deve ser horrível estar na pele dessas pessoas que excluem a humanidade da sua própria história. Não dá para imaginar o karma que construíram para si, mas tudo indica que só descobrirão isso tarde demais.

Hugo Penteado

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Discursos de Formatura

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Fernando Lanzer Pereira de Souza

Logo estaremos no final do ano, época em que milhões de jovens passam pelos ritos de passagem que são as cerimônias de formatura, tanto no Segundo Grau como na Universidade. Invariavelmente essas cerimônias incluem um belo discurso, proferido por um “paraninfo” convidado pela turma de formandos. Cabe ao paraninfo inspirar aos formandos (e a seus parentes e amigos da platéia), espelhando o júbilo da comunidade com o acontecimento e oferecendo sábios conselhos para que os jovens enfrentem a vida que têm pela frente. Estive na platéia várias vezes, assistindo às formaturas das minhas filhas (tenho quatro filhas, duas formadas na Universidade, uma no Segundo Grau, uma a caminho).

A maioria dos discursos que assisti (ao vivo ou em video) são realmente inspiradores e oferecem grande valor moral, tanto para os jovens quanto para os velhinhos da platéia (como eu). Suas palavras reforçam nossos valores éticos coletivos e expressam a esperança de que as novas gerações levarão adiante esses valores e alcançarão novos patamares, criando um mundo melhor e uma sociedade mais justa para as gerações seguintes. Infelizmente, nem todos os discursos que assisti foram assim. Na verdade, alguns deles eram “uma cerda”, como diria o “Cillôr Fernandes”…

Permita-me explicar. Existem alguns mitos na nossa sociedade, que são justamente aquelas noções que me fazem ter vergonha desse mundo, que fazem nossa sociedade ser ainda muito injusta e precisando de grandes mudanças. Esses mitos precisam ser denunciados e destruídos. Precisamos todos lutar contra eles e especialmente os jovens precisam evitar que se propaguem e perpetuem. A última coisa de que precisamos é ver esses mitos exaltados e recomendados num discurso de formatura… Nesse “rito de passagem”, os jovens precisam ser inspirados a mudar o “status quo” e não a manter uma sociedade tão necessitada de mudança.

Portanto, ofereço a seguir meus comentários com o objetivo de desmantelar alguns desses mitos. Espero com isso ajudar os jovens a manter seu espírito crítico diante de algumas bobagens às quais serão submetidos no final de ano. Peço perdão pela minha eventual falta de moderação. Faço exageros de propósito, para contrabalançar a exaltação desses mitos que precisam ser destruídos.

Mitos a Destruir

Em muitos discursos se ouvem exaltações ao Trabalho, à Disciplina, ao Foco. As pessoas recomendam aos jovens que estudem com afinco e que desenvolvam sua capacidade de Raciocínio e sua Força de Vontade. Na verdade, essas noções foram desenvolvidas nas culturas dos anglo-saxões e dos germânicos e são noções que alimentam uma atitude de que “só existe um determinado jeito certo de fazer as coisas, os outros estão todos errados”. Essa atitude inclui uma tendência a tentar impor esses valores sobre todo o planeta, até ,mesmo pela força. Exemplos disso foram as invasões do Iraque e do Afeganistâo, bem como as operações da OTAN no leste europeu, tentando impor uma “democracia” à força, mesmo que milhares de pessoas tenham que morrer no processo. Um pouco na linha do “prendo e arrebento quem for contra a abertura”, para não ir muito longe. Está na hora de acabarmos com essas coisas.

O Foco pode ser uma coisa boa, mas também é fácil “passar do ponto” e acabar transformando uma coisa boa num desastre. É como “o lado negro da Força”, para quem foi fã de “Guerra nas Estrelas”. Uma virtude levada ao exagero logo se transforma em defeito. O Foco se transforma em bitolamento. Ele leva você a ficar alienado do que está acontecendo à sua volta. O excesso de foco leva à irresponsabilidade ambiental (falta de responsa-habilidade, ou seja, capacidade de responder adequadamente ao que acontece no ambiente).

Margaret Wheatley chama nossa atenção ao fato de que os animais não são “focados”. Pelo contrário, os animais dedicam atenção igual ao que estão fazendo (comendo, bebendo, caçando, brincando, acasalando, alimentando os filhotes) e ao que está se passando à sua volta. Porisso, são capazes de fugir dos seus predadores (como o “Homem”) quando surge uma ameaça. Os animais podem dedicar metade de sua atenção ao que estão fazendo, mas sempre reservam uma outra metade para o que se passa a seu redor. Ao exaltarmos a necessidade de “focar”, estamos nos distanciando do nosso meio-ambiente e nos tornanndo mais vulneráveis a ameaças.

Não estou falando apenas do nosso ambiente físico. Isso se aplica também a nossas relações interpessoais e à economia. Os executives dos bancos de investimento que criaram a “bolha” do mercado imobiliário americano e a posterior crise de crédito no Mercado internacional estavam todos muito bem focados! Estavam focados em ganhar dinheiro e ganhar bonus espetaculares. Perderam o contato com o impacto que estavam provocando na economia e na sociedade como um todo. Não perceberam os sinais de que a bolha estava prestes a estourar, mas os sinais estava, lá, por toda parte. Muitos inclusive viram os sinais anunciando o dsastre iminente, mas preferiram ignorá-los. Estavam focados demais em salvar seus traseiros e resolveram deixar que o Mercado “se exploda”, como dizia a Rita Lee.

Portanto, ao invés de aconselhar os formandos a “manter o foco”, prefiro dizer “percam o foco!” Jamais percam sua capacidade de perceber o que está acontecendo à sua volta. Jamais percam sua noção do que as pessoas à sua volta estão fazendo, pensando e sentindo. Estejam sempre dispostos a largar o que estão fazendo para interagir com outras pessoas. Jorge Luis Borges disse que, no seu leito de morte, as pessoas não se arrependem de não ter passado mais tempo no escritório. Elas não desejam ter focado mais tempo nas suas carreiras. Pelo contrário, se arrependem de não ter feito o oposto. Se arrependem de ter colocado foco demasiado no seu trabalho e não terem dedicado tempo suficiente aos relacionamentos com outras pessoas e com o mundo ao seu redor. Se arrependem de não ter passado mais tempo em contato com a natureza, caminhando de pés descalços no barro ou sentindo a chuva batendo no rosto.

A Disciplina é exaltada de tal forma que até parece que penitência é coisa boa. A auto-limitação é uma forma de disciplina e ela também é exaltada. Os conselhos dados incluem que devemos resistir à tentação de aproveitar a vida e nos sentirmos livres para fazer o que quisermos. Ao invés disso, devemos “ter disciplina”, ao ponto de sacrificar seus próprios juízos e sentimentos em prol de executar o que algum maluco mandou fazer. Essa é a justificativa de todos os crimes de guerra, dos nazistas aos torturadores da CIA. “Estávamos cumprindo ordens”. De novo, o “lado negro da Força”. A disciplina levada ao exagero leva à irresponsabilidade.

Na verdade, a disciplina deve vir de dentro de cada um, e não imposta de fora para dentro. A disciplina vinda de dentro tem mais a ver com engajamento, ao invés de comprometimento (a diferença pode ser sutil, mas é muito importante).

O engajamento tem a ver com inspiração e não com seguir ordens de terceiros. Tem origem na paixão, nas emoções, e não na obediência a normas externas.

Caros integrantes da Turma de 2009: (todos que estão se formando este ano, quer seja no Segundo Grau ou na Universidade), quero exortá-los a serem mais engajados e menos disciplinados. Sejam fiéis ao seu coração, mais do que à sua cabeça. Estejam conscientes do que estão sentindo, não só do que estão pensando. Decidam o seu próprio caminho, ao invés de seguir cegamente o caminho de outros. Escutem seu corpo e seu coração tanto quanto sua mente.

O trabalho duro pode às vezes ser sinal de burrice, portanto não deve ser exaltado “per se”. Você pode acabar se matando ou provocando acidentes que matam as pessoas à sua volta se você trabalhar sem pensar. Trabalhar duro só pelo esforço exigido pode ser uma forma de auto-punição. Pense no que você está tentando realizar, ao invés de simplesmente se esforçar ao ponto de exaustão. Você não está fazendo penitência. Você deve estar tentando conseguir algum resultado com o seu trabalho, alguma coisa que vai gerar valor para outras pessoas. O trabalho é um meio, não uma finalidade em si. A finalidade última do trabalho é fazer desse mundo um lugar melhor para todos. Se você pensar no trabalho como um fim em si mesmo, você vai acabar ficando dopente ou maluco e vai levar os outros à sua volta também à loucura. E se estiver trabalhando na coisa errada, pode gerar dano ao invés de benefício. Uma explosão acidental pode matar a você e aos seus colegas. É o mesmo que atirar nos seus aliados ao invés de nos seus inimigos. Um exemplo terrível, dentre vários acontecidos na Segunda Guerra Mundial: houve mais civis franceses mortos sem querer pelos próprios Aliados durante a invasão da Normandia do que vítimas civis inglesas durante toda a Guerra. E depois criticam-se os franceses por não demonstrarem gratidão aos ingleses e americanos que os “liberaram”…

Trabalhar com a cabeça é melhor do que trabalhar sem pensar. Descobrir um jeito melhor de se fazer as coisas é melhor do que repetir as coisas do mesmo jeito, cada vewz com mais esforço. Trabalhar com a cabeça evita acidentes. E não esqueçam também de amar, além de trabalhar.

Ao ser perguntado por um jornalista sobre qual seria o critério para definir se alguém é doente mental ou é sadio, Sigmund Freud deu uma resposta simples: “amar e trabalhar”. Uma pessoa sadia é capaz de amar e trabalhar. Expressar carinho pelos outros e produzir algo de valor. Este é o melhor conselho para os formandos: amem e trabalhem. Pessoalmente, eu manteria inclusive esta ordem de importância, embora não saiba se essa era a intenção de Freud.

Estudar com afinco, para mim, também é um mito, baseado nos mitos da supremacia do pensamento racional e da força de vontade e da disciplina. Não me entendam mal, não estou dizendo que ninguém deva estudar. O que estou dizendo é que estudar, para mim, é aprender alguma coisa pela qual você tem interesse. Você não precisa estudar “duro”. Se você não tem interesse por um assunto, não vai aprender esse assunto gastando horas e horas lendo e re-lendo textos quando você preferia estar fazendo outra coisa. Ficar sentado recitando páginas e páginas para si próprio não leva à aprendizagem. A aprendizagem só acontece quando envolve suas emoções. Não se trata de raciocínio, nem de força de vontade para forçar-se a fazer alguma coisa pela qual você não tem nenhum interesse genuíno.

A aprendizagem tem mais a ver com o engajamento e o talento natural e não com o comprometimento e a força de vontade. Se você tiver interesse, vai aprender qualquer coisa, por pior que seja o professor. Um bom professor é aquele que desperta o interesse dos alunos, ao invés de tentar impor “disciplina”. Os melhores aprendizes e alunos são os que se apaixonam pelo assunto. Aprender se torna mais fácil e fonte de prazer. O segredo está em estar em sintonia com suas emoções e sentimentos, sentir-se “completo” e não um escravo da sua mente racional. Assim fazendo, você descobrirá as coisas que despertam sua paixão e terá muito prazer em aprender cada vez mais sobre elas.

Conclusão

Meus caros integrantes da classe de 2009, procurem descobrir qual é o seu jeito individual preferido de aprender, como pessoa. O processo de aprendizagem é singular, diferente para cada um. Cada pessoa aprende de uma forma ligeiramente diferente de outra. Isso sempre envolve mais o seu lado emocional do que o seu lado racional. Tem mais a ver com oseu talento do que com a sua força de vontade. Conheça a si mesmo (Sócrates já disse isso, não é novidade). Procure tornar-se “completo”, plenamente consciente das suas emoções, pensamentos e sensações. Deixe seu talento natural desabrochar. Isso vai lhe ajudar a encontrar seu próprio cvaminho. Continue aprendendo sempre. Sofrer como um mártir não é pré-requisito para ser feliz ou bem sucedido.

O melhor discurso de formatura que vi neste ano foi o do Prof. Tweedie, um professor do Segundo Grau na Escola Internacional de Amsterdam. Não falou em “vencer”, nem em “foco”, “disciplina” ou qualquer dessas bobagens. Falou sobre o que ele observava olhando pela janela do seu escritório na escola, vendo as crianças do jardim de infância brincando no pátio, na hora do recreio. Ele percebeu que ás vezes uma criança caía de algum brinquedo e esfolava um braço ou um joelho. Ele notou que sempre surgia um coleguinha para ajudar o outro a levantar do chão, dando um tapinha nas costas, oferecendo um gesto de apoio ou uma palavra de consolo. Este foi o conselho do Prof. Tweedie aos formandos: ofereçam apoio, ajuda e consolo quando alguém cair. Isso vai fazer do nosso mundo um lugar melhor para todos. Foi uma lição aprendida das crianças e não de algum “guru” consagrado. Concordo cem por cento com a sua mensagem. E acho que temos muito mais a aprender com nossos filhos do que com alguns “gurus” que andam por aí.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Marina Silva, um futuro sustentável para o Brasil

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No sábado, dia 29 de agosto, um grupo se reuniu, sem alarde, num hotel paulistano para pensar o Brasil. E contribuir com ideias para a plataforma de um eventual governo da candidata do PV.

Que o sistema político brasileiro está vencido não é novidade alguma. Que a polarização da próxima disputa à presidência da República provoca bocejos, idem. Serra, o mal humorado, ou Dilma, a destemperada? Você prefere um gerente burocrata para nosso país que use calças ou saias? Totalmente inconformado com esse cenário desolador, que se pretende inescapável, um grupo de pessoas se reuniu nesse sábado no hotel Georges V, em São Paulo, disposto a interferir nessa paisagem.

Durante o sábado inteiro empresários, economistas, cientistas sociais, professores, lideranças políticas e sindicais, jovens estudantes, catedráticos da GV e da USP, jornalistas – éramos cerca de 40 pessoas – vivenciamos, num ambiente informal, denso de ideias e superdemocrático, um debate de princípios seguido da firme convicção de que podemos mudar o Brasil.

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quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Interdependência

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INTERDEPENDÊNCIA: todos os seres vivos dependem de todos os seres vivos.
Só os seres humanos, por um erro e ignorância, acreditam que não.
E seguem destruindo aquilo que terminará impedindo o seu viver.

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http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090828/not_imp425882,0.php

O Estado de São Paulo – ESPECIAL SUSTENTABILIDADE – H2

Sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Ligando os pontos da natureza

Thomas L. Friedman*, THE NEW YORK TIMES

Quem sabia que nas profundezas do Delta do Okavango, em Botsuana, onde não há estradas pavimentadas, telefones ou TVs, todo dia você pode ter o jornal do dia diante da sua barraca, com as notícias sobre clima e esportes? Na verdade não é um jornal comum. O jornal, aqui em Jao Flats, a noroeste de Okavango, é publicado nas estradas - literalmente. Os pântanos são bisseccionados por trilhas de hipopótamos e estradas estreitas feitas de areia do Kalahari. E quando você sai para investigar a mata, não é raro um guia descer do jipe para analisar rastros de insetos e animais, dizendo que está "lendo as notícias da manhã".

Tivemos sorte em ter como guia Map Ives, diretor de sustentabilidade do Wilderness Safaris, que promove o ecoturismo em Botsuana - e foi fascinante vê-lo ler os hieróglifos da Mãe Natureza. A notícia do dia, explicou Ives, estudando um trecho da estrada, era que alguns leões tinham passado em disparada por ali, o que ele conseguiu saber por causa da profundidade anormal das pegadas dos animais e da distância entre elas. Eles seguiam a passos largos. Quanto ao clima, acrescentou que um vento soprava do leste, apontando para o lado em que as marcas estavam um pouco apagadas. Os rios estavam transbordando nessa manhã, porque as pegadas das hienas tinham formado poças d?água no chão. "Notícias de esportes" hoje? Bem, por aqui, as hienas vinham arrastando uma presa, provavelmente um pequeno antílope, o que está bastante claro pelas pegadas leves na areia que entram 40 metros no meio dos arbustos. A cada quilômetro você lê um jornal diferente.

É mentalmente exaustivo acompanhar Ives, que cresceu na margem do Delta. Ele me aponta todas as conexões e os serviços grátis que a natureza oferece a cada dois segundos: as plantas limpam o ar; o papiro e o junco filtram a água. As palmeiras crescem num monte de terra criado originalmente por cupins. Sim, agradeçamos a Deus pelos cupins. Todas as ilhas de verde que cresceram no Delta começaram com eles. Os cupins mantêm seus montículos de terra quentes. Isso atrai os animais cujo esterco traz sementes e fertilizantes que fazem brotar as árvores, criando ilhas maiores. Ives falava sobre zebras, quando, de repente, um pássaro passou por nós e ele observou: "Um estorninho de olhos azuis", voltando imediatamente às zebras.

"Se você passar bastante tempo na natureza e se permitir diminuir o seu ritmo para deixar que os seus sentidos trabalhem, então com essa exposição e prática você começa a entender o sentido da areia, da relva, dos arbustos, árvores, o movimento da brisa, a densidade do ar, os sons das criaturas e os hábitos dos animais com os quais divide esse espaço", disse Ives. Na verdade, muito tempo atrás os humanos estavam conectados a tudo isso.

Infelizmente, acrescentou "a velocidade com que se desenvolveram as tecnologias desde a Revolução Industrial levou tantas pessoas para os grandes centros e cidades, dotando-as de recursos naturais processados", que a nossa capacidade inata para fazer essa conexão "pode desaparecer tão rápido quanto a biodiversidade".

E é isso que leva ao propósito deste artigo. Estamos procurando resolver, separadamente, uma série de problemas integrados - mudança climática, energia, perda da biodiversidade, redução da pobreza e a necessidade de plantar o suficiente para alimentar o planeta. Os que lutam para acabar com a pobreza se ressentem com o grupo da mudança climática: os envolvidos com a mudança climática realizam reuniões de cúpula sem fazer referencia à biodiversidade; os advogados da questão alimentar são contrários aos protetores da biodiversidade.

Todos deveriam fazer um safári juntos.

"Nós precisamos parar de pensar nesses diversos assuntos isoladamente - cada um com seu próprio paladino, eleitorado e programa - para tentar resolvê-los de modo integrado, como eles realmente ocorrem na prática", afirmou Glenn Prickett, vice-presidente sênior da instituição Conservation International.

"Nossa tendência é refletir sobre a mudança climática como um problema de energia, mas trata-se do uso abusivo da terra: um terço dos gases que contribuem para o efeito estufa decorre do desmatamento das florestas tropicais e da agricultura. Precisamos preservar as florestas e outros ecossistemas para resolver a questão da mudança climática, e não apenas salvar as espécies."

Mas precisamos também dobrar a produção de alimentos para nutrir uma população que cresce a cada dia. "E temos que fazer isso sem derrubar mais florestas e secar mais pântanos, o que significa que os agricultores precisarão de novas tecnologias e práticas para plantar mais no mesmo espaço de terra utilizado hoje, e com menos água", acrescentou.

"Savanas, regiões de pântanos e florestas saudáveis não só preservam a biodiversidade e armazenam carbono, mas também ajudam a amortecer os impactos da mudança climática. Portanto, nosso sucesso no trato dos problemas climáticos, da pobreza, da segurança alimentar e da biodiversidade dependerá de encontrarmos soluções integradas para a terra", concluiu Prickett.

Em resumo - e como qualquer leitor dos jornais diários de Okavango poderá lhe dizer - é preciso que nossas soluções políticas sejam tão integradas como a própria natureza. Hoje, não estão.

*É colunista de economia

Colaboradores