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http://www.observatorioeco.com.br/o-futuro-do-planeta-nas-maos-da-cidadania-ambiental/
O futuro do Planeta nas mãos da cidadania ambiental
Roseli Ribeiro - 26/05/10 - 12:26
“A sustentabilidade pode transformar o futuro do Planeta desde que não seja apenas o produtor quem decida sobre a origem dos insumos e o processo de produção, mas que a coletividade exerça sua cidadania ambiental no momento da compra”, na opinião do jurista Curt Trennepohl, procurador federal do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que dedica sua vida ao estudo, defesa, divulgação e aplicação do Direito Ambiental.
Em entrevista exclusiva ao Observatório Eco, Curt Trennepohl sustenta que a sociedade precisa exercer em seu cotidiano o hábito de pensar, por alguns instantes, antes da compra, “sobre a origem do bem que está colocando no carrinho do supermercado”. E completa, “assim como hoje se olha a data de validade do produto, e isto é um hábito relativamente recente, é importante que se torne comum verificar se o produto possui algum selo de certificação ambiental”.
Trennepohl tem vários artigos e livros publicados sobre direito ambiental, é pós-graduado em Administração Pública e participa como conferencista em inúmeros congressos e seminários.
Para o especialista, não podemos apenas “esperar que a indústria tome qualquer iniciativa ambiental, pois a mesma sempre terá em mente o lucro, que é o seu objetivo”. “Se, no entanto, a sociedade ameaçar o lucro, certamente a indústria tomará as medidas necessárias para mudar seus produtos, independente da regulação do Poder Público” afirma.
Segundo Trennepohl, “a sustentabilidade não é uma idéia nova, nem é uma fórmula mágica capaz de reverter a destruição das florestas, a poluição das águas, o aquecimento global ou a deterioração da qualidade de vida das futuras gerações”.
Contudo, sustentabilidade é “o instrumento mais eficiente disponível na atual fase do conhecimento humano para diminuir os efeitos adversos da constante demanda por insumos naturais destinados a satisfazer as necessidades do homem”.
Para o jurista, este é o momento de nos preocuparmos com a “formação da verdadeira cidadania ambiental”. “No dia que o eleitor confiar seu voto ao político que se propõem a trabalhar pelo saneamento básico, que geralmente é preterido em favor da praça ou da ponte, que são mais visíveis e a consumir os produtos cuja origem é ambientalmente correta, estaremos mais próximos de garantir o futuro do homem no Planeta. Isto não depende de mais leis, mas da vontade de cada um”, avalia.
Curt Trennepohl tem uma sólida carreira na administração pública brasileira, foi subprocurador geral do governo de Rondônia, procurador do governo de Roraima, diretor administrativo do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém (PA), diretor do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, em Teresópolis (RJ).
No IBAMA, na qualidade de procurador federal, exerceu vários cargos, foi superintendente no Rio de Janeiro, chefe da Procuradoria Federal Especializada de Santa Catarina e corregedor da Procuradoria Geral do IBAMA, no Distrito Federal. Veja com exclusividade a entrevista que Curt Trennepohl concedeu ao Observatório Eco.
Observatório Eco: O conceito de sustentabilidade tem sido apontado como uma palavra mágica, uma fórmula milagrosa capaz de equacionar o uso dos recursos naturais e o lucro das empresas. Contudo, esse conceito deixa de considerar a situação do homem atual e aspectos como fome, violência, alienação, crime organizado. Qual a sua avaliação sobre a sustentabilidade? Ela é milagrosa?
Curt Trennepohl: A sustentabilidade não é uma idéia nova, nem é uma fórmula mágica capaz de reverter a destruição das florestas, a poluição das águas, o aquecimento global ou a deterioração da qualidade de vida das futuras gerações. Mas é, certamente, o instrumento mais eficiente disponível na atual fase do conhecimento humano para diminuir os efeitos adversos da constante demanda por insumos naturais destinados a satisfazer as necessidades do homem.
Thomas Malthus, em 1798, defendeu que as guerras e as epidemias eram as melhores formas de equilibrar a relação entre a população e a produção de alimentos; o Clube de Roma, em 1968, propôs simplesmente suprimir o consumo de determinados produtos para evitar o colapso dos recursos naturais.
A idéia da sustentabilidade surgiu na primeira conferência mundial sobre o meio ambiente realizada em Estocolmo em 1972, na qual foi proposto o “eco-desenvolvimento”, depois popularizado por Ignacy Sachs como “desenvolvimento sustentável”.
Produzir cada vez mais bens de consumo para satisfazer as necessidades de uma população humana em constante crescimento sem exaurir os recursos naturais finitos e com o menor impacto sobre o meio ambiente já é uma preocupação antiga, mas a adoção das medidas necessárias para tanto ficava quase que exclusivamente por conta de quem produzia.
Atualmente, esta idéia ganha força diante do surgimento de um novo componente, ainda pouco difundido, mas certamente muito eficiente – o exercício da cidadania ambiental.
Observatório Eco: De que maneira a sustentabilidade pode ser um referencial sério na formação das pessoas, em seus hábitos. E como o cidadão pode exigir isso das empresas, por exemplo?
Curt Trennepohl: Qualquer política industrial ou comercial é planejada e implantada com base no consumidor. Ninguém fabrica ou comercializa um produto que a sociedade não deseja adquirir.
Portanto, em uma análise muito simplista, é o consumidor quem determina o que deve ser produzido. É necessário, agora, que este mesmo consumidor decida também como deve ser produzido tudo o que consome.
A sustentabilidade pode transformar o futuro do Planeta desde que não seja apenas o produtor quem decida sobre a origem dos insumos e o processo de produção, mas que a coletividade exerça sua cidadania ambiental no momento da compra.
Esta consciência tem que se tornar automática, como tantas outras regras básicas que já se incorporaram ao nosso cotidiano, independente de leis ou normas emanadas do Estado. Por exemplo, ninguém acende um cigarro dentro do metrô, pois a reação de repudio dos demais passageiros é instantânea. Não é apenas pelo fato de ser proibido fumar naquele ambiente, mas porque a sociedade se conscientizou do seu direito de não ser incomodada pela fumaça do cigarro. Vale dizer, é um exercício de cidadania que se incorporou ao comportamento coletivo, independente das normas reguladoras.
Com o meio ambiente pode acontecer a mesma coisa, isto é, a cidadania ambiental pode tornar automática a rejeição aos produtos que não comprovem a sua origem ambientalmente correta.
Portanto, a forma mais simples e eficiente do cidadão exigir das empresas que adotem políticas ambientalmente corretas é rejeitar os produtos resultantes de processos predatórios. Isto não depende da eficácia da lei ou do poder de polícia do Estado, mas da consciência de cada um. Automaticamente, esta atitude influenciará a produção e a comercialização, pois o mercado sempre acompanha as tendências e comportamentos do consumidor.
Observatório Eco: A França está discutindo com os fabricantes de celulares, por exemplo, a adoção de um carregador único, para evitar que a cada novo aparelho celular seja necessário mais um carregador. Iniciativas como essa não deveriam partir da indústria que levanta a bandeira da sustentabilidade?
Curt Trennepohl: Voltamos ao mesmo ponto. A indústria decide o que deve ser fabricado e o Estado procura determinar medidas mitigadoras da degradação ambiental. Enquanto isso, o consumidor se mantém omisso, mesmo possuindo um poder enorme sobre a decisão da indústria para determinar o que e como deve ser o processo produtivo.
Neste caso específico, nenhuma indústria tomará a iniciativa de adotar a postura ambientalmente correta se o consumidor não o exigir. Certamente, milhões de telefones celulares são vendidos semanalmente na França (outros tantos no Brasil, nos EUA, na Alemanha). Se houver uma ação coordenada de boicote aos modelos que não permitem a utilização de um carregador único, certamente em poucas semanas as indústrias adotarão um novo modelo, para escapar do prejuízo.
Portanto, não se deve esperar que a indústria tome qualquer iniciativa ambiental, pois a mesma sempre terá em mente o lucro, que é o seu objetivo. Se, no entanto, a sociedade ameaçar o lucro, certamente a indústria tomará as medidas necessárias para mudar seus produtos, independente da regulação do Poder Público.
Por falar nisso, você tem o hábito de olhar a origem dos produtos que compra? Tente na próxima ida ao supermercado. Veja se o carvão que está comprando para o churrasquinho do final de semana veio de um estabelecimento registrado e autorizado ou se veio de desmatamento ilegal. No site do IBAMA você encontra as áreas embargadas por desmatamento sem autorização.
Um comportamento que deve se incorporar ao cotidiano da coletividade é pensar, durante alguns segundos, sobre a origem do bem que está colocando no carrinho do supermercado. Assim como hoje se olha a data de validade do produto, e isto é um hábito relativamente recente, é importante que se torne comum verificar se o produto possui algum selo de certificação ambiental. Atualmente existem diversos produtos ambientalmente certificados, mas cujo selo é desconhecido ou desconsiderado pelo consumidor.
Ressalte-se que nem sempre um produto com origem de regularidade ambiental certificada é mais caro que seu similar originado numa atividade lesiva ao meio ambiente.
Observatório Eco: Avaliando o movimento ecológico, ele está melhor do que quando começou na década de 60, ou a evolução tem sido lenta se comparada com as atividades predatórias do homem no Planeta? Surge um novo conceito de cidadania global e ambiental para o século XXI?
Curt Trennepohl: O movimento ambiental evoluiu muito nas últimas décadas, principalmente em razão da velocidade da informação. Quando Rachel Carlson lançou o livro-denúncia Silent Spring, em 1962, o alerta ficou restrito aos meios científicos e às poucas organizações que atuavam na defesa do meio ambiente. Hoje, Al Gore e James Cameron lotam auditórios com milhares de pessoas e suas palestras são divulgadas nos maiores meios de comunicação do mundo.
A defesa do equilíbrio ambiental não é mais considerada coisa de “eco chato”, como há algumas décadas. E isto tem uma influência muito grande sobre as decisões políticas, pois os formadores de opinião influenciam o consumidor, desempenhando papel importante sobre as formas de produção.
Os meios de comunicação têm um papel importante na formação da cidadania ambiental. Por exemplo, a Operação Boi Pirata realizada pelo IBAMA no Estado do Pará em 2009, com ampla cobertura da imprensa, levou uma grande rede de supermercados a suspender a compra de carne de alguns frigoríficos que utilizavam gado de áreas embargadas por desmatamento ilegal.
Da mesma forma, a Vale do Rio Doce suspendeu em 2009 a compra de ferro-gusa de diversas siderúrgicas autuadas pelo IBAMA em razão da utilização de carvão proveniente de desmatamentos ilícitos.
Nenhuma empresa quer sua marca associada a ilícitos ambientais por causa da repercussão na opinião pública.
Observatório Eco: Dentro de tantas questões urgentes, como falta de saneamento básico, a pressão pela produção de mais alimentos, mudanças climáticas, qual a sua proposta para uma pauta da reunião da Eco 2012? E por quê?
Curt Trennepohl: Entendo que devemos deixar de depositar todas as nossas esperanças em decisões de cúpula como forma de melhorar a qualidade de vida das futuras gerações. Temos que começar a agir com cidadania, com responsabilidade individual, sem delegar o poder/dever que temos de mudar o futuro.
Portanto, antes de pensar numa proposta para a próxima cúpula global sobre o meio ambiente, acho que temos que nos preocupar na formação da verdadeira cidadania ambiental, principalmente fazendo valer nosso poder de optar pelo que realmente queremos.
Note que movimentos que começaram com chances mínimas de sucesso resultaram em grandes mudanças na história, como a cruzada dos pacifistas contra a Guerra do Vietnã, nos Estados Unidos, ou o Movimento Diretas Já, no Brasil. Por que não iniciamos uma campanha pela Cidadania Ambiental no Observatório Eco, buscando conscientizar o consumidor a observar a origem dos produtos que consome?
Talvez cheguemos à próxima reunião mundial com políticos e empresários (atentos aos anseios da sociedade porque precisam de votos ou do lucro) dispostos a mudar seus discursos e suas práticas para atender o que realmente interessa à coletividade.
No dia que o eleitor confiar seu voto ao político que se propõem a trabalhar pelo saneamento básico, que geralmente é preterido em favor da praça ou da ponte, que são mais visíveis e a consumir os produtos cuja origem é ambientalmente correta, estaremos mais próximos de garantir o futuro do homem no planeta. Isto não depende de mais leis, mas da vontade de cada um.
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Rússia investe na perfuração oceânica de petróleo no Ártico
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A exploração de petróleo é prova da nossa ineficiência energética e do mito que falta energia para nos atender, quando na verdade, se a eficiência energética fosse adotada, conseguiríamos manter o sistema atual com 73% menos energia produzida globalmente, segundo a New Scientist e com isso, os mecanismos de sustentação da vida na Terra, dos quais dependemos, não estariam tão ameaçados...
Rússia investe na perfuração oceânica de petróleo no Ártico
O oceano Ártico é um lugar proibido para a perfuração de petróleo. Mas isso não impediu a Rússia de mergulhar nele – ou as companhias de petróleo ocidentais de a seguirem ansiosamente.
A Rússia, onde as reservas de petróleo em terra estão lentamente se esgotando, assinou no mês passado um acordo de exploração do Ártico com a gigante do petróleo britânica BP, cujas perspectivas de perfuração oceânica nos Estados Unidos se reduziram por conta do desastre no Golfo do México no ano passado. Outras companhias de petróleo ocidentais, reconhecendo a abertura de Moscou para novas perfurações oceânicas, estão em negociações similares com a Rússia.
As novas reservas de petróleo russas se mostrariam essenciais para o fornecimento mundial nas próximas décadas, agora que o país ultrapassou a Arábia Saudita como maior produtor de petróleo mundial, e enquanto a demanda global por petróleo continuar aumentando.
Mas à medida que as iniciativas da Rússia em alto mar avançam, as companhias de petróleo estarão se aventurando onde outros grandes países em torno do oceano Ártico – principalmente os EUA e o Canadá – temem permitir que a exploração de reservas de petróleo avance, tanto por motivos de segurança quanto por motivos ambientais.
Depois que o acidente da BP no Golfo no ano passado evidenciou as consequências de um derramamento catastrófico no oceano, as agências reguladoras dos EUA e do Canadá se concentraram nos desafios especiais do Ártico. A camada de gelo e os icebergs representam grandes ameaças para as plataformas de perfuração e para as equipes. E se houver derramamento de óleo no inverno, a limpeza aconteceria em meio à escuridão total que engolfa a região durante esses meses.
Na semana passada, a Royal Dutch Shell postergou planos para perfurar na costa do Ártico no Alaska, enquanto a companhia ainda enfrenta obstáculos por parte de reguladores cautelosos em Washington.
Os russos, que controlam uma área de perfuração mais promissora no oceano Ártico do que os EUA e o Canadá juntos, têm uma visão bem diferente.
À medida que suas reservas na Sibéria envelhecem, a produção diária da Rússia, sem nenhuma nova exploração, poderá ser reduzida em quase um milhão de barris até 2035, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Com sua economia dependente do petróleo e do gás, que respondem por cerca de 60% de todas as exportações, a Rússia vê pouca escolha a não ser perfurar o oceano – usando parceiros estrangeiros para fornecer a tecnologia e dividir os bilhões de dólares de custos de desenvolvimento.
E além disso, o desastre do golfo encorajou a Rússia a seguir adiante com a BP como sua primeira parceira. Na visão do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, hoje a BP é a companhia mais segura de se contratar para fazer o trabalho no oceano, depois de ter aprendido sua lição no Golfo.
“Um homem que já apanhou vale por dois que nunca apanharam”, disse Putin, citando um provérbio russo, depois que a BP assinou seu acordo no Ártico com a Rosneft, a companhia de petróleo estatal russa. A parceria demanda que as companhias explorem três seções no Mar de Kara, um corpo de água costeira cercada por gelo ao norte da Rússia central.
O acordo da BP não obteve muita reação da população na Rússia, em parte porque o movimento ambientalista é fraco, mas também porque os políticos da oposição não têm como impedir ou bloquear o processo.
O Ártico tem um quinto das reservas mundiais de petróleo e gás natural não descobertas e passíveis de extração, estima a Pesquisa Geológica dos EUA. De acordo com um relatório de 2009 do Departamento de Energia, 43 das 61 reservas significativas de petróleo e gás do Ártico estão na Rússia. O lado russo do Ártico é particularmente rico em gás natural, enquanto o lado norte-americano é rico em petróleo.
Enquanto os EUA e o Canadá hesitam, outros países estão abrindo espaço no Ártico para o setor. A Noruega, que no ano passado resolveu uma disputa territorial com a Rússia, está se preparando para abrir novas áreas de perfuração no Ártico.
No ano passado, a Groenlândia, que se tornou semi-autônoma em relação à Dinamarca em 2009, permitiu que a Cairn Energy fizesse algumas perfurações preliminares. A Cairn, uma companhia escocesa, está planejando quatro ouros poços este ano, enquanto a ExxonMobil, Chevron e Shell também devem começar a perfurar na área nos próximos anos.
Mas dos cinco países com costa no oceano Ártico, a Rússia é o que mais se beneficiaria com a exploração e o desenvolvimento da região.
“A Rússia é uma das peças fundamentais do fornecimento mundial de petróleo”, disse Daniel Yergin, historiador do petróleo e presidente da IHS Cambridge Energy Research Associates. “Ela tem um papel crucial na balança global de energia. O Ártico será um dos fatores críticos para determinar quanto petróleo a Rússia produzirá em 15 anos e exportará para o resto do mundo.”
Seguindo o modelo do acordo da BP, a Rosneft está negociando acordos de parceria com outras grandes companhias de petróleo impedidas de atuar na América do Norte e com intenção de explorar o fundo o Ártico na costa norte da Rússia. Entre elas está a Shell, disse o seu diretor-executivo no ano passado. O diretor-executivo da Rosneft, Eduard Y. Khudainatov, disse que outros representantes de companhias de petróleo estrangeiras fizeram fila do lado de seu escritório nos últimos dias. Artur N. Chilingarov, explorador polar, tornou-se um símbolo das ambições de Moscou no Ártico desde que andou num minissubmarino e colocou uma bandeira da Rússia no fundo do oceano sob o Pólo Norte, alegando a posse do local pela Rússia numa expedição de 2007.
“O futuro está no fundo do oceano”, disse Chilingarov, membro do Parlamento russo, numa entrevista. “Já perfuramos a terra até secá-la.”
A Rússia tem sido uma potência dominante do petróleo no Ártico desde que a União Soviética começou a fazer descobertas importantes nas reservas em terra de Tazovckoye, no litoral da baía de Ob na Sibéria em 1962. Os EUA não ficaram muito atrás, com a descoberta da reserva da baía de Prudhoe, em águas rasas, no Alaska, cinco anos depois.
A novidade é a movimentação em direção ao oceano.
As águas do Ártico são particularmente perigosas para a perfuração por causa do frio extremo, longos períodos de escuridão, neblinas densas e ventos com força de furacão. O gelo cobre a região por oito a nove meses durante o ano e pode bloquear a passagem de navios de socorro no caso de uma explosão. E, observam os ambientalistas, as baleias, ursos polares e outras espécies dependem dos frágeis habitats da região.
Essas preocupações impediram novas perfurações nas águas árticas do Alaska desde 2003, apesar de um grande declínio na produção de petróleo no Estado e do lobby intensivo das companhias de petróleo.
No Canadá, a perfuração oceânica no Ártico foi postergada enquanto o Conselho Nacional de Energia revê as regulações após o derramamento do Golfo.
Mas a Rússia está pressionando para seguir adiante. A decisão central para abrir o Ártico russo foi aprovada pelo parlamento em 2008, como uma emenda a uma lei sobre recursos do subsolo. Ela permitiu ao Ministério de Recursos Naturais transferir trechos do oceano para companhias de petróleo estatais num processo sem concorrência que não envolveu relatórios ambientais detalhados.
Até recentemente a Rússia via o mar de Kara, onde a BP e a Rosneft pretendem perfurar, como um lixão de gelo. Durante anos, a marinha soviética jogou lixo nuclear no mar, incluindo vários reatores usados de submarinos que foram jogados de embarcações em lugares não revelados.
Executivos da Rosneft dizem que sua perfuração exploratória não produzirá radiação.
Mas em todo caso, Chilingarov, o defensor das alegações da Rússia sobre o pólo, diz que um pouco de radiação não é nada para se preocupar. Ele disse que seu filho nasceu em Novaya Zemlya, um local de teste de armas nucleares no Ártico durante a Guerra Fria, e hoje é “um pouco mais alto” que ele.
“Em pequenas doses”, diz Chilingarov, “a radiação é boa para o crescimento.”
Tradução: Eloise De Vylder
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/02/21/russia-investe-na-perfuracao-oceanica-de-petroleo-no-artico.jhtm
A exploração de petróleo é prova da nossa ineficiência energética e do mito que falta energia para nos atender, quando na verdade, se a eficiência energética fosse adotada, conseguiríamos manter o sistema atual com 73% menos energia produzida globalmente, segundo a New Scientist e com isso, os mecanismos de sustentação da vida na Terra, dos quais dependemos, não estariam tão ameaçados...
Rússia investe na perfuração oceânica de petróleo no Ártico
O oceano Ártico é um lugar proibido para a perfuração de petróleo. Mas isso não impediu a Rússia de mergulhar nele – ou as companhias de petróleo ocidentais de a seguirem ansiosamente.
A Rússia, onde as reservas de petróleo em terra estão lentamente se esgotando, assinou no mês passado um acordo de exploração do Ártico com a gigante do petróleo britânica BP, cujas perspectivas de perfuração oceânica nos Estados Unidos se reduziram por conta do desastre no Golfo do México no ano passado. Outras companhias de petróleo ocidentais, reconhecendo a abertura de Moscou para novas perfurações oceânicas, estão em negociações similares com a Rússia.
As novas reservas de petróleo russas se mostrariam essenciais para o fornecimento mundial nas próximas décadas, agora que o país ultrapassou a Arábia Saudita como maior produtor de petróleo mundial, e enquanto a demanda global por petróleo continuar aumentando.
Mas à medida que as iniciativas da Rússia em alto mar avançam, as companhias de petróleo estarão se aventurando onde outros grandes países em torno do oceano Ártico – principalmente os EUA e o Canadá – temem permitir que a exploração de reservas de petróleo avance, tanto por motivos de segurança quanto por motivos ambientais.
Depois que o acidente da BP no Golfo no ano passado evidenciou as consequências de um derramamento catastrófico no oceano, as agências reguladoras dos EUA e do Canadá se concentraram nos desafios especiais do Ártico. A camada de gelo e os icebergs representam grandes ameaças para as plataformas de perfuração e para as equipes. E se houver derramamento de óleo no inverno, a limpeza aconteceria em meio à escuridão total que engolfa a região durante esses meses.
Na semana passada, a Royal Dutch Shell postergou planos para perfurar na costa do Ártico no Alaska, enquanto a companhia ainda enfrenta obstáculos por parte de reguladores cautelosos em Washington.
Os russos, que controlam uma área de perfuração mais promissora no oceano Ártico do que os EUA e o Canadá juntos, têm uma visão bem diferente.
À medida que suas reservas na Sibéria envelhecem, a produção diária da Rússia, sem nenhuma nova exploração, poderá ser reduzida em quase um milhão de barris até 2035, de acordo com a Agência Internacional de Energia. Com sua economia dependente do petróleo e do gás, que respondem por cerca de 60% de todas as exportações, a Rússia vê pouca escolha a não ser perfurar o oceano – usando parceiros estrangeiros para fornecer a tecnologia e dividir os bilhões de dólares de custos de desenvolvimento.
E além disso, o desastre do golfo encorajou a Rússia a seguir adiante com a BP como sua primeira parceira. Na visão do primeiro-ministro russo, Vladimir Putin, hoje a BP é a companhia mais segura de se contratar para fazer o trabalho no oceano, depois de ter aprendido sua lição no Golfo.
“Um homem que já apanhou vale por dois que nunca apanharam”, disse Putin, citando um provérbio russo, depois que a BP assinou seu acordo no Ártico com a Rosneft, a companhia de petróleo estatal russa. A parceria demanda que as companhias explorem três seções no Mar de Kara, um corpo de água costeira cercada por gelo ao norte da Rússia central.
O acordo da BP não obteve muita reação da população na Rússia, em parte porque o movimento ambientalista é fraco, mas também porque os políticos da oposição não têm como impedir ou bloquear o processo.
O Ártico tem um quinto das reservas mundiais de petróleo e gás natural não descobertas e passíveis de extração, estima a Pesquisa Geológica dos EUA. De acordo com um relatório de 2009 do Departamento de Energia, 43 das 61 reservas significativas de petróleo e gás do Ártico estão na Rússia. O lado russo do Ártico é particularmente rico em gás natural, enquanto o lado norte-americano é rico em petróleo.
Enquanto os EUA e o Canadá hesitam, outros países estão abrindo espaço no Ártico para o setor. A Noruega, que no ano passado resolveu uma disputa territorial com a Rússia, está se preparando para abrir novas áreas de perfuração no Ártico.
No ano passado, a Groenlândia, que se tornou semi-autônoma em relação à Dinamarca em 2009, permitiu que a Cairn Energy fizesse algumas perfurações preliminares. A Cairn, uma companhia escocesa, está planejando quatro ouros poços este ano, enquanto a ExxonMobil, Chevron e Shell também devem começar a perfurar na área nos próximos anos.
Mas dos cinco países com costa no oceano Ártico, a Rússia é o que mais se beneficiaria com a exploração e o desenvolvimento da região.
“A Rússia é uma das peças fundamentais do fornecimento mundial de petróleo”, disse Daniel Yergin, historiador do petróleo e presidente da IHS Cambridge Energy Research Associates. “Ela tem um papel crucial na balança global de energia. O Ártico será um dos fatores críticos para determinar quanto petróleo a Rússia produzirá em 15 anos e exportará para o resto do mundo.”
Seguindo o modelo do acordo da BP, a Rosneft está negociando acordos de parceria com outras grandes companhias de petróleo impedidas de atuar na América do Norte e com intenção de explorar o fundo o Ártico na costa norte da Rússia. Entre elas está a Shell, disse o seu diretor-executivo no ano passado. O diretor-executivo da Rosneft, Eduard Y. Khudainatov, disse que outros representantes de companhias de petróleo estrangeiras fizeram fila do lado de seu escritório nos últimos dias. Artur N. Chilingarov, explorador polar, tornou-se um símbolo das ambições de Moscou no Ártico desde que andou num minissubmarino e colocou uma bandeira da Rússia no fundo do oceano sob o Pólo Norte, alegando a posse do local pela Rússia numa expedição de 2007.
“O futuro está no fundo do oceano”, disse Chilingarov, membro do Parlamento russo, numa entrevista. “Já perfuramos a terra até secá-la.”
A Rússia tem sido uma potência dominante do petróleo no Ártico desde que a União Soviética começou a fazer descobertas importantes nas reservas em terra de Tazovckoye, no litoral da baía de Ob na Sibéria em 1962. Os EUA não ficaram muito atrás, com a descoberta da reserva da baía de Prudhoe, em águas rasas, no Alaska, cinco anos depois.
A novidade é a movimentação em direção ao oceano.
As águas do Ártico são particularmente perigosas para a perfuração por causa do frio extremo, longos períodos de escuridão, neblinas densas e ventos com força de furacão. O gelo cobre a região por oito a nove meses durante o ano e pode bloquear a passagem de navios de socorro no caso de uma explosão. E, observam os ambientalistas, as baleias, ursos polares e outras espécies dependem dos frágeis habitats da região.
Essas preocupações impediram novas perfurações nas águas árticas do Alaska desde 2003, apesar de um grande declínio na produção de petróleo no Estado e do lobby intensivo das companhias de petróleo.
No Canadá, a perfuração oceânica no Ártico foi postergada enquanto o Conselho Nacional de Energia revê as regulações após o derramamento do Golfo.
Mas a Rússia está pressionando para seguir adiante. A decisão central para abrir o Ártico russo foi aprovada pelo parlamento em 2008, como uma emenda a uma lei sobre recursos do subsolo. Ela permitiu ao Ministério de Recursos Naturais transferir trechos do oceano para companhias de petróleo estatais num processo sem concorrência que não envolveu relatórios ambientais detalhados.
Até recentemente a Rússia via o mar de Kara, onde a BP e a Rosneft pretendem perfurar, como um lixão de gelo. Durante anos, a marinha soviética jogou lixo nuclear no mar, incluindo vários reatores usados de submarinos que foram jogados de embarcações em lugares não revelados.
Executivos da Rosneft dizem que sua perfuração exploratória não produzirá radiação.
Mas em todo caso, Chilingarov, o defensor das alegações da Rússia sobre o pólo, diz que um pouco de radiação não é nada para se preocupar. Ele disse que seu filho nasceu em Novaya Zemlya, um local de teste de armas nucleares no Ártico durante a Guerra Fria, e hoje é “um pouco mais alto” que ele.
“Em pequenas doses”, diz Chilingarov, “a radiação é boa para o crescimento.”
Tradução: Eloise De Vylder
http://noticias.uol.com.br/midiaglobal/nytimes/2011/02/21/russia-investe-na-perfuracao-oceanica-de-petroleo-no-artico.jhtm
terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
AS CAUSAS DO AUMENTO DE PREÇOS E DA CRISE ALIMENTAR NO MUNDO
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http://www.movimientos.org/show_text.php3?key=18960
Egidio Bruneto e Joao Pedro Stedile*
Companheiros/as,
Nas ultimas semanas tem circulado diversos artigos e comentarios sobre a crise do aumento dos preços de alimentos. A maioria das análises são boas. Embora alguns ficam presos a visão economicista de oferta e demanda. Ou de algum problema de seca ou enchente de algum país, que de fato não são a causa do aumento dos preços dos alimentos.
Dentro do MST e da via campesina temos produzido boas analises, e nunca é demais reforça-las. Por isso estamos compartilhando com voces, a nossa opiniao, como uma especie de resumo sobre as causas dos aumentos de preços dos alimentos e da crise alimentar que afeta a milhões de seres humanos, além do um bilhão de famintos que ja passam fome todos os dias, segundo a FAO.
1-O controle oligopólico que algumas poucas empresas tem do comércio agricola mundial, dos principais produtos, como :soja, milho, arroz, trigo, o leite e as carnes. E elas impoem um preço, independente do custo real de produção.
2-A especulação de grandes investidores fazem nas bolsas de mercadorias agricolas. E transformaram os alimentos em meros papeis de negocios. Comenta-se nos jornais que já estão vendidas nas bolsas as proximas sete safras de soja do mundo. Elas já tem dono, como titulos de vendas.
3-A especulação financeira: muitos bancos investem seus capitais volateis em mercadorias agricolas, para se proteger da crise. geral.
4-A produção agricola de agrocombutiveis, que tem seus preços baseados no petroleo, acabam influenciando a taxa media de lucro na agricultura para cima. E assim, por causa do preço do etanol elevado, sobem todos os produtos agricolas.
5- O elevado custo de transformar milhões de toneladas de cereais em proteina animal. Ou seja, as elites demandam cada vez mais carnes, e com isso parte da produçao de vegetais, que poderiam ser consumidas pela população vão para os animais e acabam influenciando o aumento de preço das carnes.
6-As privatizações dos serviços publicos para agricultura, entregando sob controle das empresas transnacionais. E com isso aumentam os custos no preço final.
7-As legislações ambientais de sanidade e certificações de patentes, ~foram organizdas no periodo dos governos neoliberais para favorecer o controle oligopolico de algumas empresas sobre a maioria dos produtos, que exigem transformação industrial. E esse poder, eles impoem seus preços.
8- A regra geral imposta pela OMC (Organização mundial do comercio) a partir de 1994, que transformou os alimentos em meras mercadorias, que devem ser regularizadas apenas pelo mercado. E como o mercado é controlado pelas grandes empresas transnacinais, isso tem efeito direto no preço.
9- A introduçao da propriedade privada das sementes transgênicas, impos uma nova matriz tecnologica com custos de produçao maiores e em beneficio das mesmas empresas que controlam o comercio, controlam as sementes e os insumos agricolas.
10. Há uma corrida dos capitalistas em geral e das grandes empresas, rumo ao hemisferio sul, para se apoderarem dos recursos naturais: terras, agua, lagos, reservas de madeira, etc. e com isso vão expulsando as populações nativas e os camponeses em geral, e impondo a regra geral do capital sobre os alimentos.
11- Nas últimas duas décadas com o processo de internacionalização do capital e das empresas capitalistas, os preços dos alimentos se internacionalizaram. Isso determina que os parametros de produçao e dos preços, não são mais o custo real de produçao de alimentos em cada país, mas se estabelece um preço ,medio, mundial, controlado pelas empresas, e que exclui completamente outras formas de produçao, locais, camponesas, etc.
Como se vê, a luta pela soberania alimentar que os movimentos da via campesina em todo mundo adotaram como prioridade é mais do correta, é necessária e urgente. A soberania alimentar é a politica de que cada povo, em sua região, municipio, e país, desenvolva condições para produzir os alimentos que precisa para sobreviver. E só exporte o excedente, e só importe o que vai alem de sua cesta basica de acordo com seus habitos alimentares.
Alem disso, todos os nutricionistas advertem que nossa dieta alimentar tem que ser a partir dos alimentos produzidos nos biomas aonde vivemos. Isso é que garante energia saudavel para reprodução de todos os seres vivos, em seu proprio habitat. As empresas transnacionais estão transformando o mundo, num único e grande supermercado, a base de soja e milho.
Esperamos que as contradições que o movimento do capital, nos apresenta a cada dia, nos ajude a conscientizar nossa base e a sociedade em geral, para as mudanças necessárias, para um novo modelo de produçao agricola, no Brasil e no Mundo.
Eta tarefinha, boa!
abraços
*Militantes do MST e da via campesina
http://www.movimientos.org/show_text.php3?key=18960
Egidio Bruneto e Joao Pedro Stedile*
Companheiros/as,
Nas ultimas semanas tem circulado diversos artigos e comentarios sobre a crise do aumento dos preços de alimentos. A maioria das análises são boas. Embora alguns ficam presos a visão economicista de oferta e demanda. Ou de algum problema de seca ou enchente de algum país, que de fato não são a causa do aumento dos preços dos alimentos.
Dentro do MST e da via campesina temos produzido boas analises, e nunca é demais reforça-las. Por isso estamos compartilhando com voces, a nossa opiniao, como uma especie de resumo sobre as causas dos aumentos de preços dos alimentos e da crise alimentar que afeta a milhões de seres humanos, além do um bilhão de famintos que ja passam fome todos os dias, segundo a FAO.
1-O controle oligopólico que algumas poucas empresas tem do comércio agricola mundial, dos principais produtos, como :soja, milho, arroz, trigo, o leite e as carnes. E elas impoem um preço, independente do custo real de produção.
2-A especulação de grandes investidores fazem nas bolsas de mercadorias agricolas. E transformaram os alimentos em meros papeis de negocios. Comenta-se nos jornais que já estão vendidas nas bolsas as proximas sete safras de soja do mundo. Elas já tem dono, como titulos de vendas.
3-A especulação financeira: muitos bancos investem seus capitais volateis em mercadorias agricolas, para se proteger da crise. geral.
4-A produção agricola de agrocombutiveis, que tem seus preços baseados no petroleo, acabam influenciando a taxa media de lucro na agricultura para cima. E assim, por causa do preço do etanol elevado, sobem todos os produtos agricolas.
5- O elevado custo de transformar milhões de toneladas de cereais em proteina animal. Ou seja, as elites demandam cada vez mais carnes, e com isso parte da produçao de vegetais, que poderiam ser consumidas pela população vão para os animais e acabam influenciando o aumento de preço das carnes.
6-As privatizações dos serviços publicos para agricultura, entregando sob controle das empresas transnacionais. E com isso aumentam os custos no preço final.
7-As legislações ambientais de sanidade e certificações de patentes, ~foram organizdas no periodo dos governos neoliberais para favorecer o controle oligopolico de algumas empresas sobre a maioria dos produtos, que exigem transformação industrial. E esse poder, eles impoem seus preços.
8- A regra geral imposta pela OMC (Organização mundial do comercio) a partir de 1994, que transformou os alimentos em meras mercadorias, que devem ser regularizadas apenas pelo mercado. E como o mercado é controlado pelas grandes empresas transnacinais, isso tem efeito direto no preço.
9- A introduçao da propriedade privada das sementes transgênicas, impos uma nova matriz tecnologica com custos de produçao maiores e em beneficio das mesmas empresas que controlam o comercio, controlam as sementes e os insumos agricolas.
10. Há uma corrida dos capitalistas em geral e das grandes empresas, rumo ao hemisferio sul, para se apoderarem dos recursos naturais: terras, agua, lagos, reservas de madeira, etc. e com isso vão expulsando as populações nativas e os camponeses em geral, e impondo a regra geral do capital sobre os alimentos.
11- Nas últimas duas décadas com o processo de internacionalização do capital e das empresas capitalistas, os preços dos alimentos se internacionalizaram. Isso determina que os parametros de produçao e dos preços, não são mais o custo real de produçao de alimentos em cada país, mas se estabelece um preço ,medio, mundial, controlado pelas empresas, e que exclui completamente outras formas de produçao, locais, camponesas, etc.
Como se vê, a luta pela soberania alimentar que os movimentos da via campesina em todo mundo adotaram como prioridade é mais do correta, é necessária e urgente. A soberania alimentar é a politica de que cada povo, em sua região, municipio, e país, desenvolva condições para produzir os alimentos que precisa para sobreviver. E só exporte o excedente, e só importe o que vai alem de sua cesta basica de acordo com seus habitos alimentares.
Alem disso, todos os nutricionistas advertem que nossa dieta alimentar tem que ser a partir dos alimentos produzidos nos biomas aonde vivemos. Isso é que garante energia saudavel para reprodução de todos os seres vivos, em seu proprio habitat. As empresas transnacionais estão transformando o mundo, num único e grande supermercado, a base de soja e milho.
Esperamos que as contradições que o movimento do capital, nos apresenta a cada dia, nos ajude a conscientizar nossa base e a sociedade em geral, para as mudanças necessárias, para um novo modelo de produçao agricola, no Brasil e no Mundo.
Eta tarefinha, boa!
abraços
*Militantes do MST e da via campesina
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Alimentos mais caros, e nas mãos de poucos
Por favor se comentar deixe um email para contato.
Dez empresas dominam mercado global e dificultam reação à alta de preços.
Dez empresas dominam mercado global e dificultam reação à alta de preços.
Sobre energia
Por favor se comentar deixe um email para contato.
Essa citação abaixo é boa para os que acham que temos só problema de energia e comemoraram com uma ingenuidade quase infantil descobertas tecnológicas sobre fontes incríveis (quase fantásticas) de mais energia, como se energia e matéria não se combinassem, como se existisse escassez de energia, como se só tivéssemos problema de energia e não tivéssemos problema de matéria, como se energia fosse obtida para ser contemplada como um fragor flutuante no espaço e não para mover coisas, construir coisas, alterar coisas e, acima de tudo, aumentar a entropia.
"Catastrophic drought occurred once every five years in the 1950s and once every two years in the 1990s. But in the past 10 years it's been almost every year," Li Maosong, director of the Agricultural Information Office at the Chinese Academy of Agricultural Sciences (CAAS), told China Daily. The continuing dry spell in northern China's wheat heartland has caused considerable international concern, and sparked a warning from the United Nations last week about the possible loss of winter crops, a key harvest for the world's biggest grain producer.
To read full article: http://www.chinadaily.com.cn/china/2011-02/18/content_12036054.htm
Essa citação abaixo é boa para os que acham que temos só problema de energia e comemoraram com uma ingenuidade quase infantil descobertas tecnológicas sobre fontes incríveis (quase fantásticas) de mais energia, como se energia e matéria não se combinassem, como se existisse escassez de energia, como se só tivéssemos problema de energia e não tivéssemos problema de matéria, como se energia fosse obtida para ser contemplada como um fragor flutuante no espaço e não para mover coisas, construir coisas, alterar coisas e, acima de tudo, aumentar a entropia.
"Catastrophic drought occurred once every five years in the 1950s and once every two years in the 1990s. But in the past 10 years it's been almost every year," Li Maosong, director of the Agricultural Information Office at the Chinese Academy of Agricultural Sciences (CAAS), told China Daily. The continuing dry spell in northern China's wheat heartland has caused considerable international concern, and sparked a warning from the United Nations last week about the possible loss of winter crops, a key harvest for the world's biggest grain producer.
To read full article: http://www.chinadaily.com.cn/china/2011-02/18/content_12036054.htm
quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011
E se o código garantisse mais floresta?
Por favor se comentar deixe um email para contato.
Correio Braziliense, 16/2/2011
E se o código garantisse mais floresta?
Roberto Smeraldi
Jornalista, é diretor da Oscip Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e autor
do Novo manual de negócios sustentáveis
Reformar o Código Florestal significa regular três grandes tarefas
estratégicas - conservar, restaurar e usar as florestas - assim como
estabelecer os instrumentos para que elas sejam realizadas na prática. O
código atual, filho de outra época, tem foco meramente em conservar, mas sem
os devidos instrumentos de implementação que a sociedade contemporânea
requer. Sendo que alguns, ainda hoje, nem sequer conservar querem - ou só
buscam emplacar propostas de anistia sobre os passivos acumulados no campo -
a necessária reforma do código ficou até hoje refém dessas ameaças. Tais
tentativas, mesmo frustradas no Congresso nas últimas três legislaturas, não
deixaram de ter duas consequências práticas.
A primeira tem sido o adiamento, ou mesmo a inviabilização, de programas de
regularização na área rural: os produtores foram instigados a boicotá-los,
com o argumento de que, ao aderir, eles perderiam a oportunidade futura de
uma impunidade ampla, geral e irrestrita. Dessa forma, o bolo dos passivos
cresceu de forma exponencial. A segunda foi a de impedir a atualização da
lei para atender as demandas da grande maioria da sociedade contemporânea,
que deixou de enxergar as florestas como restrição à atividade econômica e
as encara, ao contrário, como oportunidade de desenvolvimento e fonte de
serviços essenciais.
Nas últimas semanas, fiquei mais otimista sobre a possibilidade de destravar
o processo e criar as condições para uma efetiva reforma do código. A nova
conjuntura, mais promissora, depende de uma diversidade de fatores. Alguns
são de natureza política, como a confirmação de que a presidente da
República iria vetar quaisquer anistias que injustiçassem os que cumprem a
lei, caso tais propostas avançassem. Outros fatores vêm do campo: muitos
produtores cansaram de apostar em soluções políticas e, seja por estímulos
do mercado para obter certificações, por pressão do Ministério Público para
entrar nos cadastros rurais ou por simples necessidade de recuperar
produtividade na fazenda, começaram a pôr a mão na massa para superar os
passivos, independentemente de obrigações.
Alguns setores do agronegócio, exportadores e mais consolidados até
assumiram a recuperação ambiental como política e, legitimamente, desejam
ver esse investimento reconhecido e respeitado. Ao mesmo tempo,
ambientalistas que tendiam a ver no status quo do código, por conta das
ameaças constantes de retrocesso, um baluarte a ser mantido a qualquer
custo, começaram a entender que a mera defesa do código se tornava, ao longo
do tempo, uma vitória de Pirro.
Enquanto isso, a sociedade como um todo - chocada com as constantes
tragédias causadas, ou agravadas, pelo desmatamento - tolera sempre menos
qualquer vista grossa com o fenômeno. E aí aparece mais um fato novo: está
para se tornar público expressivo trabalho realizado pela comunidade
científica brasileira que altera as condições do debate, esclarecendo que
qualquer nova tentativa de mexer no código deve ser embasada pela ciência.
Eis que surge um caminho que rompe com o impasse convencional, entre defesa
do código e ameaças de retrocesso. Ao contrário do que muitos pensam, o novo
caminho não é algum meio-termo entre abordagens que pertencem ao passado,
seja um arcaico destrutivismo, seja um preservacionismo exclusivamente
dependente de uma capacidade de comando e controle que nunca se concretizou.
O caminho é buscar a solução na frente, com criatividade e inovação: um
código florestal inteligente, que reflita a diversidade e a complexidade da
malha territorial assim como os impactos diferentes de suas formas de uso;
que crie e regule mercado para os ativos e passivos florestais a partir de
mecanismos de troca e recomposição, inclusive para progressiva
regularização; que fomente a estruturação das cadeias relacionadas com os
produtos e serviços florestais em articulação com a indústria; que garanta
as condições de produtividade para a necessária competitividade da
agropecuária em suas diferentes escalas, ampliando os avanços expressivos
que alguns segmentos já alcançaram; que crie as condições para aumentar o
patrimônio florestal do país em vez de mitigar as condições de perda.
Se a sociedade souber sinalizar, com novas e ousadas articulações, que esse
é o caminho, dificilmente o governo deixará de pautar a proposta, em fase de
construção, em tais bases. E dificilmente o Congresso recém-empossado
perderá a oportunidade de superar um embate que já se tornou caricatural,
cumprindo a tarefa histórica de desenhar a regulação para as próximas
décadas em vez de olhar para as décadas passadas.
Correio Braziliense, 16/2/2011
E se o código garantisse mais floresta?
Roberto Smeraldi
Jornalista, é diretor da Oscip Amigos da Terra - Amazônia Brasileira e autor
do Novo manual de negócios sustentáveis
Reformar o Código Florestal significa regular três grandes tarefas
estratégicas - conservar, restaurar e usar as florestas - assim como
estabelecer os instrumentos para que elas sejam realizadas na prática. O
código atual, filho de outra época, tem foco meramente em conservar, mas sem
os devidos instrumentos de implementação que a sociedade contemporânea
requer. Sendo que alguns, ainda hoje, nem sequer conservar querem - ou só
buscam emplacar propostas de anistia sobre os passivos acumulados no campo -
a necessária reforma do código ficou até hoje refém dessas ameaças. Tais
tentativas, mesmo frustradas no Congresso nas últimas três legislaturas, não
deixaram de ter duas consequências práticas.
A primeira tem sido o adiamento, ou mesmo a inviabilização, de programas de
regularização na área rural: os produtores foram instigados a boicotá-los,
com o argumento de que, ao aderir, eles perderiam a oportunidade futura de
uma impunidade ampla, geral e irrestrita. Dessa forma, o bolo dos passivos
cresceu de forma exponencial. A segunda foi a de impedir a atualização da
lei para atender as demandas da grande maioria da sociedade contemporânea,
que deixou de enxergar as florestas como restrição à atividade econômica e
as encara, ao contrário, como oportunidade de desenvolvimento e fonte de
serviços essenciais.
Nas últimas semanas, fiquei mais otimista sobre a possibilidade de destravar
o processo e criar as condições para uma efetiva reforma do código. A nova
conjuntura, mais promissora, depende de uma diversidade de fatores. Alguns
são de natureza política, como a confirmação de que a presidente da
República iria vetar quaisquer anistias que injustiçassem os que cumprem a
lei, caso tais propostas avançassem. Outros fatores vêm do campo: muitos
produtores cansaram de apostar em soluções políticas e, seja por estímulos
do mercado para obter certificações, por pressão do Ministério Público para
entrar nos cadastros rurais ou por simples necessidade de recuperar
produtividade na fazenda, começaram a pôr a mão na massa para superar os
passivos, independentemente de obrigações.
Alguns setores do agronegócio, exportadores e mais consolidados até
assumiram a recuperação ambiental como política e, legitimamente, desejam
ver esse investimento reconhecido e respeitado. Ao mesmo tempo,
ambientalistas que tendiam a ver no status quo do código, por conta das
ameaças constantes de retrocesso, um baluarte a ser mantido a qualquer
custo, começaram a entender que a mera defesa do código se tornava, ao longo
do tempo, uma vitória de Pirro.
Enquanto isso, a sociedade como um todo - chocada com as constantes
tragédias causadas, ou agravadas, pelo desmatamento - tolera sempre menos
qualquer vista grossa com o fenômeno. E aí aparece mais um fato novo: está
para se tornar público expressivo trabalho realizado pela comunidade
científica brasileira que altera as condições do debate, esclarecendo que
qualquer nova tentativa de mexer no código deve ser embasada pela ciência.
Eis que surge um caminho que rompe com o impasse convencional, entre defesa
do código e ameaças de retrocesso. Ao contrário do que muitos pensam, o novo
caminho não é algum meio-termo entre abordagens que pertencem ao passado,
seja um arcaico destrutivismo, seja um preservacionismo exclusivamente
dependente de uma capacidade de comando e controle que nunca se concretizou.
O caminho é buscar a solução na frente, com criatividade e inovação: um
código florestal inteligente, que reflita a diversidade e a complexidade da
malha territorial assim como os impactos diferentes de suas formas de uso;
que crie e regule mercado para os ativos e passivos florestais a partir de
mecanismos de troca e recomposição, inclusive para progressiva
regularização; que fomente a estruturação das cadeias relacionadas com os
produtos e serviços florestais em articulação com a indústria; que garanta
as condições de produtividade para a necessária competitividade da
agropecuária em suas diferentes escalas, ampliando os avanços expressivos
que alguns segmentos já alcançaram; que crie as condições para aumentar o
patrimônio florestal do país em vez de mitigar as condições de perda.
Se a sociedade souber sinalizar, com novas e ousadas articulações, que esse
é o caminho, dificilmente o governo deixará de pautar a proposta, em fase de
construção, em tais bases. E dificilmente o Congresso recém-empossado
perderá a oportunidade de superar um embate que já se tornou caricatural,
cumprindo a tarefa histórica de desenhar a regulação para as próximas
décadas em vez de olhar para as décadas passadas.
quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011
MEDIDAS SIMPLES REDUZEM CONSUMO DE ENERGIA
Por favor se comentar deixe um email para contato.
E-mail enviado para o grupo Economia-ecológica
Todos nesse grupo sabem o quanto marretei nessa idéia. Não é só as enormes limitações tecnológicas do grande mito da energia limpa que são duramente ignoradas, mas o fato que a redução do desperdício no consumo da energia, com as tecnologias existentes, é o caminho mais eficaz para descarbonizar nossa economia. Óbvio ululante, mas gente ilustrada fica gastando tempo com coisas impossíveis de serem obtidas - energia limpa - e com exemplos impossíveis de serem universalizados - países nórdicos "limpos" - e perderam tempo em não se concentrar e aprofundar essa idéia. Na verdade, agora começa a ficar bem claro que grande parte das ditas idéias sustentáveis estão sob o mesmo regime megalomaníaco e suicida do modelo atual e não nos levarão a lugar algum, exceto ao despenhadeiro.
Hugo
MEDIDAS SIMPLES REDUZEM CONSUMO DE ENERGIA
New Scientist - 27/jan/2011
Um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) mostra que a energia global poderia ser economizada em 73% com a adoção de medidas simples e o uso de tecnologias existentes.
As discussões sobre a redução das emissões de gás-estufa geralmente se concentram em formas de gerar energia limpa, sem mexer no consumo mundial, e não no aproveitamento do que já está disponível.
Para chegar a esse número dos 73%, Julian Allwood e colegas de Cambridge analisaram prédios, veículos e indústrias, aplicando uma política de como aproveitá-los melhor.
As alterações em casas e edifícios incluem instalação de vidros triplos para melhorar o isolamento térmico, utilização de tampas de panelas ao cozinhar e redução da temperatura de máquinas de lavar roupa e louça, entre outras mudanças. No transporte, também é indicado que o peso dos carros seja limitado a 300 quilos.
"Se podemos promover uma redução séria de nossa demanda por energia", diz Allwood, "todas as opções [de fornecimento de energia] vão parecer mais realísticas".
Nick Eyre, líder do grupo Futuro de Baixo Carbono, da Universidade de Oxford, diz que alguns pressupostos da equipe de Cambridge são conservadoras demais. Há edifícios que hoje podem consumir, com o aquecimento, menos de 15 quilowatt-horas por metro quadrado a cada ano.
Ele, contudo, apoia Cambridge: "As ideias convencionais sobre o sistema energético e a política do setor precisam ser ampliadas e incluir a maneira como a energia é usada, e não somente a maneira como ela é obtida."
E-mail enviado para o grupo Economia-ecológica
Todos nesse grupo sabem o quanto marretei nessa idéia. Não é só as enormes limitações tecnológicas do grande mito da energia limpa que são duramente ignoradas, mas o fato que a redução do desperdício no consumo da energia, com as tecnologias existentes, é o caminho mais eficaz para descarbonizar nossa economia. Óbvio ululante, mas gente ilustrada fica gastando tempo com coisas impossíveis de serem obtidas - energia limpa - e com exemplos impossíveis de serem universalizados - países nórdicos "limpos" - e perderam tempo em não se concentrar e aprofundar essa idéia. Na verdade, agora começa a ficar bem claro que grande parte das ditas idéias sustentáveis estão sob o mesmo regime megalomaníaco e suicida do modelo atual e não nos levarão a lugar algum, exceto ao despenhadeiro.
Hugo
MEDIDAS SIMPLES REDUZEM CONSUMO DE ENERGIA
New Scientist - 27/jan/2011
Um estudo da Universidade de Cambridge (Reino Unido) mostra que a energia global poderia ser economizada em 73% com a adoção de medidas simples e o uso de tecnologias existentes.
As discussões sobre a redução das emissões de gás-estufa geralmente se concentram em formas de gerar energia limpa, sem mexer no consumo mundial, e não no aproveitamento do que já está disponível.
Para chegar a esse número dos 73%, Julian Allwood e colegas de Cambridge analisaram prédios, veículos e indústrias, aplicando uma política de como aproveitá-los melhor.
As alterações em casas e edifícios incluem instalação de vidros triplos para melhorar o isolamento térmico, utilização de tampas de panelas ao cozinhar e redução da temperatura de máquinas de lavar roupa e louça, entre outras mudanças. No transporte, também é indicado que o peso dos carros seja limitado a 300 quilos.
"Se podemos promover uma redução séria de nossa demanda por energia", diz Allwood, "todas as opções [de fornecimento de energia] vão parecer mais realísticas".
Nick Eyre, líder do grupo Futuro de Baixo Carbono, da Universidade de Oxford, diz que alguns pressupostos da equipe de Cambridge são conservadoras demais. Há edifícios que hoje podem consumir, com o aquecimento, menos de 15 quilowatt-horas por metro quadrado a cada ano.
Ele, contudo, apoia Cambridge: "As ideias convencionais sobre o sistema energético e a política do setor precisam ser ampliadas e incluir a maneira como a energia é usada, e não somente a maneira como ela é obtida."
terça-feira, 1 de fevereiro de 2011
Sobre Agenda 21
Por favor se comentar deixe um email para contato.
Na Agenda 21 global e num dos primeiros artigos está escrito:
2.5. Um sistema de comércio multilateral aberto, eqüitativo, seguro, não-discriminatório e previsível, compatível com os objetivos do desenvolvimento sustentável e que resulte na distribuição ótima da produção mundial, sobre a base da vantagem comparativa, trará benefícios a todos os parceiros comerciais. Além disso, a ampliação do acesso aos mercados das exportações dos países em desenvolvimento, associada a políticas macroeconômicas e ambientais saudáveis, terá um impacto positivo sobre o meio ambiente e conseqüentemente será uma importante contribuição para o desenvolvimento sustentável.
O que vocês, do grupo EcoecoBrasil acham disso?
Abraço Hugo
Eu diria que o texto pode alternativamente ser definido como utopia ou tautologia.
Utopia porque os qualificativos e requisitos do sistema são tantos que imaginar que sejam todos preenchidos simultaneamente é simplesmente utopico. Pelo mesmo motivo ele é tautologico: se o sistema realmente fosse aberto, equitativo, não discriminatorio, previsivel, compativel com a sustentabilidade, resultante numa distribuição otima, baseado na vantagem comparativa... é claro que todos os parceiros trariam vantagem dele! E se alem disso os parceiros tivessem politicas macroeconomicas e ambientais saudaveis... logico que contribuiria para a sustentabilidade!
O problema é justamente que na realidade pouquissimas (para não dizer nenhuma) das condições são preenchidas! A começar pela vantagem comparativa, verdadeira Meca da ortodoxia economica do comercio internacional... curiosamente os economistas liberais que ha mais de 1 século incansavelmente pregam, renovam e atualizam com modelos sofisticados a fé no modelo original de Ricardo, esquecem que o modelo foi formulado num contexto historico bem diferente e com uma condição de validade que na epoca era a regra mas que hoje nunca é preenchidas: a ausencia (total ou quase) de mobilidade do fator capital. So se os investimentos financeiros e produtivos se concentram maximamente dentro das fronteiras de cada pais ha um real incentivo mutualmente benefico de especialização na produção de bens com base na vantagem comparativa, e todos os parceiros se beneficiam do comercio internacional. Do contrario, se o capital é movel, ele simplesmente vai se delocalizar atras da vantagem absoluta, geralmente associada ao menor custo do fator trabalho e das condições fisicas e legais onde pode externalizar o maximo dos custos sociais e ambientais da produção. Ai qualquer discurso sobre a vantagem comparativa do comercio internacional vai simplesmente pro espaço...
Enzo
Enzo, excelente resposta. O papel aceita tudo, a realidade não. Bom ponto sobre a forma como na realidade a externalidade social e ambiental é maximizada (no fundo a produção está sendo feita às custas de trabalho praticamente escravo e indigno na Ásia, lembro alguns anos atrás de ter lido que para cada um dólar ganho por um estadunidense, os chineses ganhavam só dois centavos). O que me espanta é a cegueira de todos em relação a isso e um texto desses estar escrito dessa forma como se não houvesse vida inteligente na face da Terra.
O Ricardo Casetta aqui copiado foi quem me fez a pergunta sobre esse artigo da Agenda 21. Nem sei o que esperar do resto, ando com uma preguiça danada de ler textos como esses sem me desesperar. Eu não sei se ele está nessa lista, mas seria interessante tê-lo aqui.
Abraço Hugo
Enzo:
Herman Daly há tempo chama a atenção para o fato de que com mobilidade internacional do capital, o que prevalece não é o modelo das vantagens comparativas, de Ricardo, e sim o das vantagnes absolutas, de Bertil Ohlin. Você está certo.
Abraço,
Clóvis.
Na Agenda 21 global e num dos primeiros artigos está escrito:
2.5. Um sistema de comércio multilateral aberto, eqüitativo, seguro, não-discriminatório e previsível, compatível com os objetivos do desenvolvimento sustentável e que resulte na distribuição ótima da produção mundial, sobre a base da vantagem comparativa, trará benefícios a todos os parceiros comerciais. Além disso, a ampliação do acesso aos mercados das exportações dos países em desenvolvimento, associada a políticas macroeconômicas e ambientais saudáveis, terá um impacto positivo sobre o meio ambiente e conseqüentemente será uma importante contribuição para o desenvolvimento sustentável.
O que vocês, do grupo EcoecoBrasil acham disso?
Abraço Hugo
Eu diria que o texto pode alternativamente ser definido como utopia ou tautologia.
Utopia porque os qualificativos e requisitos do sistema são tantos que imaginar que sejam todos preenchidos simultaneamente é simplesmente utopico. Pelo mesmo motivo ele é tautologico: se o sistema realmente fosse aberto, equitativo, não discriminatorio, previsivel, compativel com a sustentabilidade, resultante numa distribuição otima, baseado na vantagem comparativa... é claro que todos os parceiros trariam vantagem dele! E se alem disso os parceiros tivessem politicas macroeconomicas e ambientais saudaveis... logico que contribuiria para a sustentabilidade!
O problema é justamente que na realidade pouquissimas (para não dizer nenhuma) das condições são preenchidas! A começar pela vantagem comparativa, verdadeira Meca da ortodoxia economica do comercio internacional... curiosamente os economistas liberais que ha mais de 1 século incansavelmente pregam, renovam e atualizam com modelos sofisticados a fé no modelo original de Ricardo, esquecem que o modelo foi formulado num contexto historico bem diferente e com uma condição de validade que na epoca era a regra mas que hoje nunca é preenchidas: a ausencia (total ou quase) de mobilidade do fator capital. So se os investimentos financeiros e produtivos se concentram maximamente dentro das fronteiras de cada pais ha um real incentivo mutualmente benefico de especialização na produção de bens com base na vantagem comparativa, e todos os parceiros se beneficiam do comercio internacional. Do contrario, se o capital é movel, ele simplesmente vai se delocalizar atras da vantagem absoluta, geralmente associada ao menor custo do fator trabalho e das condições fisicas e legais onde pode externalizar o maximo dos custos sociais e ambientais da produção. Ai qualquer discurso sobre a vantagem comparativa do comercio internacional vai simplesmente pro espaço...
Enzo
Enzo, excelente resposta. O papel aceita tudo, a realidade não. Bom ponto sobre a forma como na realidade a externalidade social e ambiental é maximizada (no fundo a produção está sendo feita às custas de trabalho praticamente escravo e indigno na Ásia, lembro alguns anos atrás de ter lido que para cada um dólar ganho por um estadunidense, os chineses ganhavam só dois centavos). O que me espanta é a cegueira de todos em relação a isso e um texto desses estar escrito dessa forma como se não houvesse vida inteligente na face da Terra.
O Ricardo Casetta aqui copiado foi quem me fez a pergunta sobre esse artigo da Agenda 21. Nem sei o que esperar do resto, ando com uma preguiça danada de ler textos como esses sem me desesperar. Eu não sei se ele está nessa lista, mas seria interessante tê-lo aqui.
Abraço Hugo
Enzo:
Herman Daly há tempo chama a atenção para o fato de que com mobilidade internacional do capital, o que prevalece não é o modelo das vantagens comparativas, de Ricardo, e sim o das vantagnes absolutas, de Bertil Ohlin. Você está certo.
Abraço,
Clóvis.
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