segunda-feira, 6 de outubro de 2014

NADA A COMEMORAR MESMO

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O nada a comemorar tem que se referir ao fato que esse atual modelo de consumo e produção, mesmo que bem sucedido, é um desastre suicida e não tem o menor grau de sustentação.  Trata-se de um processo auto-liquidante ao ignorar o sistema natural no qual se insere, do qual depende em 100% para sua concretização. 

O nada a comemorar também se aplica a um modelo de consumo e produção que alijou as pessoas do processo, criando um sistema moderno de escravidão que talvez na forma seja mais ameno, mas em abrangência nunca foi tão amplo como agora.  Ninguém tem poder algum para interferir positivamente no processo, exceto os 6.000 integrantes da superclasse apátrida e invisível que cria um grupo de celebridades via uma indústria de marketing que estão na sola dos seus sapatos. 

Apesar disso, ainda temos uns iluminados falando no poder da sociedade para transformar as empresas e suas práticas.  É de um autismo total: se pegarmos cada uma das iniciativas, vamos ver que as implicações publicitárias são enormes, mas as mudanças são praticamente nulas. Por exemplo, no balanço dos bancos se procurarmos quais operações de créditos foram bloqueadas pela análise de crédito socioambiental, encontraremos nenhuma ou praticamente nenhuma.  Ou seja, apesar dos descalabros socioambientais avassaladores que estão despencando sobre nossas cabeças (o fim da água de São Paulo iminente é apenas um deles), o fluxo de crédito segue inalterado como se estivéssemos num mundo de empresas magnânimas como Alice no Páis das Maravilhas.

Ah, é um desfrute caloroso para o espírito ler os textos de transformações induzidas pela sociedade.  Arremata aí com o mercado sendo capaz de dar os sinais corretos com a escassez de petróleo e induzir um boom de energia renovável.  Erro duplo: primeiro porque energia renovável tem limitações tecnológicas severíssimas, algo que ninguém quer ouvir, principalmente os vendedores dessa idéia como salvação do planeta e segundo porque o boom que o mercado está produzindo é de mineração submarina, ataques ao Alaska, Alberta, “shale gas”, etc.  Finalmente, não podemos esquecer: 73% da energia produzida é simplemente desperdiçada, mas o PIB é feito de desperdício, guerras e destruição e mede o sucesso das economias, portanto... melhor para nós é manter o desperdício e a geração de lixo grosseira que desmantela nossos ecossistemas.

Autismo novamente. O autismo aqui não é uma referência pejorativa, até porque minha irmã mais velha era autista.  Isso é apenas uma analogia de como o discurso atual parece que está acoplado a uma realidade fantasiosa impossível de ser vista ou percebida.  Os autistas não aprendem a falar (minha irmã só falou aos 16 anos, isso porque segundo os médicos possuía um QI elevadíssimo) porque não escutam nem vêem nada a sua volta, embora os sentidos estejam perfeitos.  O autismo dos economistas atuais explica grande parte das suas conclusões e propostas.   As eleições estão ricas deles, mesmo os que não são economistas mas colam no discurso clientelista e interesseiro dos economistas que só falam o que eles querem ouvir e não o que nossa ciência deveria mostrar. Excetuando o Eduardo Jorge que fala de entropia e Marina Silva que pensa nas questões socioambientais, mas ainda não na visão da entropia, o resto parece estar ainda com vendas nos olhos.

A venda nos olhos de todos os sete bilhões de habitantes coloca nossa espécie animal como uma das mais burras da Terra. E consequentemente, duramente ameaçada.  Quando ficarmos sem florestas, sem chuva, sem água e sem alimentos, aí sim acho que iremos discutir a revogação desse paradigma econômico de crescimento quantitativo a qualquer custo dentro de um planeta finito como a Terra.  Mas com certeza poderá ser tarde demais.  Sem perdas já sabemos que é impossível, não dá mais tempo para uma mudança sem perdas. Até porque as perdas já estão sendo contabilizadas desde o final dos anos 1990.


Nada a comemorar
CELSO MING
02 Outubro 2014 | 21:00
Não há nenhuma indicação de que esteja em curso uma recuperação sustentável da produção industrial.
Agosto foi melhor do que julho para a atividade da indústria. Cresceu 0,7%, com ajustes que levam em conta as variações sazonais. É um resultado um tanto inesperado, que merece atenção pelo simples fato de que se trata do segundo avanço mensal consecutivo – embora ainda pequeno – depois de cinco meses seguidos de queda.
Mas, decididamente, não dá para comemorar. Não há nenhuma indicação de que esteja em curso uma recuperação sustentável da produção industrial. Toda a economia fraqueja e o nível de confiança do empresário segue despencando, o que também é prenúncio de que a fase ruim tende a continuar. Nos oito primeiros meses de 2014, os resultados do setor são ruins: queda de 3,1% sobre igual período de 2013.
ProdIndlAGO2014
A disposição de investir por parte da indústria quase não existe, como vai sendo mostrado pelo desempenho do setor de bens de capital (máquinas e equipamentos). Nos oito primeiros meses deste ano, esse subsetor ostenta queda de produção de 8,8%. O número ruim é reforçado pelas estatísticas de importação de bens de capital que, em 2014, até setembro, mostram recuo de 5,7% quando comparado com igual período do ano passado.
Isso reforça a impressão de que ainda está longe o movimento de modernização do parque produtivo da indústria, hoje envelhecido. Seu maquinário tem, em média, 17 anos, contra 7 a 8 anos nos países que concorrem mais diretamente com o Brasil (dados do Ministério do Desenvolvimento). E, se não há a perspectiva de modernização do parque produtivo, também não há a de ganhos de competitividade. Ou seja, a indústria brasileira não terá condições de reagir para conquistar mais fatias do mercado externo e deve continuar perdendo mercado aqui dentro para o produto importado.
As autoridades do governo Dilma vêm repisando que o comportamento da produção no segundo semestre será melhor do que o do primeiro. Esse resultado melhor não pode ser descartado, mas se ele se confirmar, não deverá indicar uma virada firme do setor. Seria construído sobre uma base muito fraca, sem arranque para os meses seguintes. É como comparar o desempenho de uma mesma tartaruga medido na subida com o produzido no terreno plano. É muito difícil que, ao longo de todo 2014, a contribuição da indústria para o PIB deixe de ser negativa.
Enquanto não ficarem mais claras as diretrizes de política econômica que prevalecerão a partir de 2015, o empresário brasileiro permanecerá na defensiva, adiará decisões mais importantes e tenderá a perder ainda mais confiança na recuperação. Mas do ponto de vista de quem tem responsabilidade pela administração de um patrimônio – e não só de uma indústria – essa atitude de esperar e ficar olhando pode ser ruim.
Como a Coluna desta quinta-feira procurou mostrar, mesmo se a presidente Dilma vencer as eleições, parece bem mais provável uma virada na política econômica do que a manutenção pura e simples das atuais condições fortemente desfavoráveis. Se isso se confirmar, o administrador que tiver permanecido parado, poderá reagir tardiamente e perder oportunidades de sair na frente.
CONFIRA:
ICECConfiancaSET2014

O índice de confiança do Comércio também continua lá embaixo.
Desencontro
Nesta quinta-feira, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, observou que a economia mundial evolui de forma desigual. O Fed, o banco central dos Estados Unidos, prepara-se para começar a retirar moeda do mercado. Enquanto isso, o Banco Central Europeu ainda não começou a injetar moeda. O G-4, o G-7, o G-8 e o G-20 foram criados para coordenar a economia mundial. Com o mesmo objetivo, os presidentes dos grandes bancos centrais se reúnem em Basel. E o resultado é esse aí.

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