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Painel IPCC alivia previsões para Amazônia (ver matéria abaixo), mas aponta riscos que podem não mudar o seu cenário, dada a falta de decisão política para evitá-los nos Brasil e demais países sul-americanos. Sem falar na pressão advinda do projeto patrocinado por interesses econômicos, chamado de IRSA (Integração Regional Sul-Americana). Esse projeto é patrocinado por uma ideologia aina dominante que não vê valor algum na floresta em pé. Será que nós economistas esquecemos que nos ensinam na escola que uma árvore só tem valor quando derrubada ao chão? Ou que em todos os livros de macroeconomia ensinados até hoje e não na Idade Média está escrito que “os recursos da natureza são totalmente irrelevantes para o processo econômico”, apesar de ser uma teimosia nada científica completamente em desacordo com a realidade? E que os físicos sabem que tudo à nossa volta são recursos da natureza regidos por leis que não controlamos? A física é uma ciência, enquanto a economia não passa de fantasias voltada para solidificar o status quo dos que menos precisam de recursos, mas os que mais conseguem obtê-los, tanto na esfera social, como nacional e global.
Para salvar o lado ambiental, é necessário salvar primeiro o lado social. Mas isso é mudar como lidamos com o poder. O poder foi feito para servir e não para se servir dele. Estamos longe disso. De um pensamento integrado. Nas mãos de pessoas que nem percebem isso. Se tivéssemos nascido na favela do Alemão não estaríamos pensando na Amazônia – quem acredita em reencarnação deve temer as próximas, dada a situação de penúria social que bilhões já vivem. Se é que as próximasreencarnações ainda poderão ser nesse planeta. Como Nicholas Georgescu-Roegen vaticinou muito antes das descobertas científicas das últimas décadas: “Se a economia do descarte e do desperdício imediato dos bens continuar, seremos capazes de entregar a Terra ainda banhada em sol apenas à vida bacteriana.” Continuou de forma explosiva e exponencial como mostram os trabalhos do grupo de Meadows e a atualização do seu trabalho Limites ao Crescimento, com colocações extremamente válidas até hoje. Não adiantou nada os alertas da década de 1970. O que fará adiantar os alertas atuais?
Painel IPCC alivia previsões para Amazônia (ver matéria abaixo), mas aponta riscos que podem não mudar o seu cenário, dada a falta de decisão política para evitá-los nos Brasil e demais países sul-americanos. Sem falar na pressão advinda do projeto patrocinado por interesses econômicos, chamado de IRSA (Integração Regional Sul-Americana). Esse projeto é patrocinado por uma ideologia aina dominante que não vê valor algum na floresta em pé. Será que nós economistas esquecemos que nos ensinam na escola que uma árvore só tem valor quando derrubada ao chão? Ou que em todos os livros de macroeconomia ensinados até hoje e não na Idade Média está escrito que “os recursos da natureza são totalmente irrelevantes para o processo econômico”, apesar de ser uma teimosia nada científica completamente em desacordo com a realidade? E que os físicos sabem que tudo à nossa volta são recursos da natureza regidos por leis que não controlamos? A física é uma ciência, enquanto a economia não passa de fantasias voltada para solidificar o status quo dos que menos precisam de recursos, mas os que mais conseguem obtê-los, tanto na esfera social, como nacional e global.
A notícia do painel é boa, mas muito pouco animadora, porque mudança climática não é “o” problema, mas um deles, e nem o mais grave. E se o cenário mais ameno só vai acontecer se não houver desmatamento, fogo, especulação, avanço da fronteira agrícola, então esse cenário não é provável. Não há nenhum arcabouço institucional instalado nessa região sem lei capaz de impedir essas mazelas. Enfim, falta firmeza e decisão política para defender a floresta – e nossas vidas. Falta entender que sem a Amazônia estaremos todos mortos.
Quando nossos interesses estão em foco somos os piores juízes das nossas ações. Nós não mudamos simplesmente porque não queremos ou nem sentimos a necessidade de.
Falta barrar a especulação imobiliária, o fogo, com firmeza, mas com uma atuação 360 graus, dando àqueles que fazem isso outra opção de participar do sistema econômico, que não agir em desespero próprio. Nossas cidades, por exemplo, são motores de destruição contínua dos ecossistemas. Transporte de lixo, de alimentos, de matérias primas da Ásia para empresas de cosméticoserradamente consideradas sustentáveis, é tanta coisa errada que nem dá para pensar por onde começar. É por tudo.
É o que mais falta no nosso sistema e é o maior entrave para realmente mudarmos: vivemos um sistema que as oportunidades são distribuídas para poucos, enquanto a vasta maioria fica sem nada e isso só tem piorado. E esses poucos ainda viram líderes de uma sustentabilidade que inexiste. Nada mudou. Pior, nosso sistema só favorece pessoas no poder que tenham natureza psicopata, segundo estudos de universidades britânicas.
Para salvar o lado ambiental, é necessário salvar primeiro o lado social. Mas isso é mudar como lidamos com o poder. O poder foi feito para servir e não para se servir dele. Estamos longe disso. De um pensamento integrado. Nas mãos de pessoas que nem percebem isso. Se tivéssemos nascido na favela do Alemão não estaríamos pensando na Amazônia – quem acredita em reencarnação deve temer as próximas, dada a situação de penúria social que bilhões já vivem. Se é que as próximasreencarnações ainda poderão ser nesse planeta. Como Nicholas Georgescu-Roegen vaticinou muito antes das descobertas científicas das últimas décadas: “Se a economia do descarte e do desperdício imediato dos bens continuar, seremos capazes de entregar a Terra ainda banhada em sol apenas à vida bacteriana.” Continuou de forma explosiva e exponencial como mostram os trabalhos do grupo de Meadows e a atualização do seu trabalho Limites ao Crescimento, com colocações extremamente válidas até hoje. Não adiantou nada os alertas da década de 1970. O que fará adiantar os alertas atuais?
Stephen Jay Gould ao falar da maior extinção em massa de espécies animais e vegetais dos últimos 65 milhões, avisou que seria muita ingenuidade achar que essa extinção jamais se voltaria contra os causadores. Também avisou que nem faremos mossa à vida bacteriana, o que mostra a sabedoria também em biologia de Roegen.
Relatório de 2007 falava em catástrofe e savana; cientistas sugerem agora que é possível proteger a vegetação dos danos climáticos
Giovana Girardi - Enviada especial/O Estado de S. Paulo
YOKOHAMA (Japão) - Há pelo menos uma boa notícia, se é que se pode dizer assim, no novo relatório do IPCC (o painel científico da ONU sobre mudanças climáticas): a Amazônia não corre mais o risco de virar uma savana até o final do século. Essa era uma das principais previsões feitas no relatório anterior, de 2007, do IPCC.
Na época, modelos climáticos apontavam que o aumento da temperatura e as mudanças climáticas levariam a uma nova configuração da vegetação em busca de um reequilíbrio com o clima diferente. Assim, em vez de permanecer como uma floresta densa chuvosa, a Amazônia responderia apresentando um menor porte, menor diversidade, menor biomassa -- mais semelhante com o nosso cerrado. Isso acabou conhecido como savanização e foi um dos pontos de maior crítica ao IPCC.
Sete anos depois, e com mais estudos disponíveis, o cenário ficou menos pessimista. É o que se pode concluir de uma versão preliminar do relatório completo do grupo de trabalho 2 do IPCC (que fala sobre impactos, vulnerabilidade e adaptação) que vazou na internet nos últimos dias. O material será chancelado no final da semana em plenária do IPCC em Yokohama, no Japão.
No capítulo que fala sobre ecossistemas terrestres, e teve como um dos autores o americano Daniel Nepstad, do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), que há 30 anos estuda a floresta, o IPCC pontua que o novo conhecimento sobre a dinâmica da floresta melhorou e a probabilidade de ela sofrer essa transformação é bem menor que o que se imaginava anteriormente. "Apesar de que uma diminuição das chuvas e secas mais severas são esperadas no leste da Amazônia", escrevem.
O cenário do colapso da floresta foi duramente criticado alguns meses após o lançamento da segunda parte do relatório 4 do IPCC, em 2007. Na época ele se baseava em uma modelagem climática, feita pelo Hadley Center, da Inglaterra, que projetava um aumento de um ciclo vicioso: o desmatamento alimentaria uma seca, que interagiria com as mudanças climáticas e o aumento da presença de gás carbônico na atmosfera, levando a colapso de metade da floresta até o final do século 21.
O modelo, porém, nunca acertou direito o regime atual de chuvas da floresta, sempre estimava para baixo. Falava em uma média de 1.400 a 1.500 mm quando a medida nas estações meteorológicas ficava em mais de 1.700 mm. Esse erro na modelagem inicial acabou levando aos resultados mais catastróficos.
Além de os modelos terem melhorado, vários estudos experimentais conduzidos na própria floresta ao longo da última década mostraram um cenário um pouco diferente. A floresta continua sendo ameaçada por períodos de seca intensa, mas seu grande inimigo talvez seja o fogo.
"A melhor notícia trazida pelos últimos estudos é que, mesmo com a mudança climática, o homem pode mitigar os seus efeitos ao controlar o uso do fogo na agricultura", comenta o pesquisador Britaldo Soares-Filho, da Universidade Federal de Minas Gerais e especialista na dinâmica da floresta.
O fogo é ainda é um recurso bastante usado por agricultores para limpar o terreno. Mas num momento de seca ele pode se espalhar com potencial realmente danoso para a floresta. "Sem esse combate, há realmente o risco de perder a floresta, com mudança do clima ou não. É o grande gatilho para empobrecer a floresta", diz Britaldo. "Mas o clima pode agravar isso. Agora estamos em um ano muito chuvoso em Rondônia, no Acre, mas em Roraima o fogo está tomando conta. E tivemos duas grandes secas, de 2005 e 2010. A variabilidade está aumentando, a princípio", complementa.
Experimentos conduzidos por Nepstad em que trechos da floresta foram secados com painéis solares observaram o limiar da resistência à seca, com a morte de grandes árvores. "As secas naturais que tivemos depois em 2005 e em 2010 validaram o estudo: 1 bilhão de toneladas de carbono foi liberada com a morte das árvores por seca natural."
Depois foi investigado o potencial do fogo. Uma parcela da floresta queimada intencionalmente no Mato Grosso, nas cabeceiras do Xingu, teve uma mortalidade de 50% das árvores num momento de temperatura mais alta e ventos fortes.
"É possível evitar que o fogo entre na floresta. Por outro lado, o Brasil está conseguindo reduzir o desmatamento. Se essa conquista se consolidar e evitarmos o fogo, dá para manejar o que a mudança climática tem de pior a jogar no Brasil", diz Nepstad.