quinta-feira, 22 de setembro de 2011

ECOLOGIA...

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Autor desconhecido.


Na fila do supermercado, o caixa diz a uma senhora idosa que ela deveria trazer suas próprias sacolas para as compras, uma vez que os sacos de plástico não são amigáveis ao meio ambiente...

A senhora pediu desculpas e disse: “No meu tempo não havia essa onda verde...”

O empregado respondeu: "Esse é exatamente o nosso problema hoje, minha senhora. Sua geração não se preocupou o suficiente com o meio ambiente."

"Você está certo", responde a senhora, nossa geração não se preocupou adequadamente com o meio ambiente. Naquela época, as garrafas de leite, garrafas de refrigerante e de cerveja eram devolvidos à loja, que as mandava de volta para a fábrica, onde eram lavadas e esterilizadas antes de cada reuso, e eles, os fabricantes de bebidas, usavam as garrafas, umas tantas outras vezes.

Realmente não nos preocupamos com o meio ambiente no nosso tempo. Subíamos as escadas, porque não havia escadas rolantes elétricas nas lojas e nos escritórios. Caminhávamos até o comércio, ao invés de usar carros de 150 cavalos de potência, consumindo gasolina para deslocamentos de apenas quatro quarteirões.

Mas você está certo, nós não nos preocupávamos com o meio ambiente. Até então, as fraldas de bebês eram lavadas, porque não havia fraldas descartáveis. A secagem das roupas não era feita em máquinas bamboleantes de 220 volts. Energia solar e eólica é que secavam nossas roupas. As crianças usavam roupas que tinham sido dos seus irmãos ou parentes mais velhos, e não roupas sempre novas, descartáveis e de grife.

Mas é verdade: não havia preocupação com o meio ambiente, naqueles dias. Naquela época tínhamos somente uma TV ou rádio em casa, e não uma TV em cada quarto. E a TV tinha uma tela do tamanho de um lenço, não um telão do tamanho de um estádio; que depois serão descartadas como? E não havia videogames que hoje ficam ligados por muitas horas, todos de plástico.

Na cozinha, tínhamos que bater tudo com as mãos porque não havia máquinas elétricas, que fazem tudo por nós. Quando embalávamos algo frágil para envio pelo correio, usávamos jornal amassado para protegê-lo, não plastico bolha ou pellets de plástico que duram cinco séculos para começar a se degradar.
Naqueles tempos não se usava um motor a gasolina para cortar a grama, era utilizado uma tesoura de jardineiro ou um cortador de grama que exigia músculos. Fazíamos exercícios suficientes para não precisar ir a uma academia e usar esteiras que funcionam à eletricidade.

Mas você tem razão: não havia naquela época preocupação com o meio ambiente. Quando estávamos com sede, bebíamos água diretamente da torneira ou de uma bica, em vez de usar copos plásticos e garrafas pet que agora lotam os oceanos. Canetas, eram recarregáveis com tinta umas centenas de vezes ao invés de comprar e descartar essas de plástico. Para se barbear utilizávamos as navalhas, ou aparelhos metálicos, ao invés de jogar fora a cada semana os pequenos aparelhos de plástico...

Na verdade, tivemos uma onda verde naquela época. Naqueles dias, as pessoas tomavam o bonde ou de ônibus e os meninos iam em suas bicicletas ou a pé para a escola, ao invés de usar a mãe como um serviço de táxi 24 horas.

Nas residências havia somente uma tomada em cada quarto, e não um quadro de tomadas em cada parede para alimentar uma dúzia de aparelhos. E nós não precisávamos de um GPS (de plástico e que utilizam pilhas com metais pesados) para receber sinais de satélites a milhas de distância no espaço, só para encontrar a pizzaria mais próxima.

Então, não é risível que a atual geração fale tanto em meio ambiente, mas não queira abrir mão de nada e não pensa em viver um pouco como na minha época?

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dia mundial sem carro - 22 de setembro

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Não se esqueça, amanhã é dia mundial sem carro! Deixe seu carro em casa!


Rio + 20 + mudança social

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por Ricardo Abramovay em 56, Revista
Sem objetivos claros na redução da desigualdade, é forte o risco de que a própria legitimidade da economia verde seja colocada em questão


O desequilíbrio metabólico da atual relação entre a sociedade e os ecossistemas muda radicalmente a natureza, o alcance e o significado da questão da desigualdade no mundo contemporâneo. O principal desafio da Rio+20 não consiste em juntar economia verde e luta contra a pobreza. Essa junção já está em curso e faz parte do business as usual, da forma corriqueira de se levar adiante os negócios públicos e privados. O desafio fundamental é associar a construção da economia verde ao combate à desigualdade. Além de seu óbvio fundamento ético e funcional, a luta contra a desigualdade adquire uma dimensão material inédita, da qual se podem citar dois exemplos vindos de importantes documentos internacionais recentes.


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terça-feira, 20 de setembro de 2011

Imenso fardo para os senadores

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O projeto de lei da Câmara sobre a proteção da vegetação nativa (PLC/30) foi aprovado em estranhas circunstâncias por 410 dos 513 deputados. Para o bem da humanidade, ele passa agora por exame mais cuidadoso e sereno dos 81 senadores da República, sobre os quais acabou recaindo uma responsabilidade de incalculável alcance histórico.

Tem sido unânime a afirmação de que uma lei que substitua o velho Código Florestal não poderá de maneira alguma conter qualquer tipo de incentivo a novos desmatamentos, além de eventual inconstitucionalidade. Porém, esses dois anseios foram tão atropelados pelo PLC/30 que a missão revisora do Senado virou trabalho de Hércules dos mais complexos.

Como o respeito à Constituição tudo precede, é bom começar realçando que o ex-ministro Nelson Jobim foi contratado pelo setor elétrico para emitir parecer sobre um daqueles trechos que só entraram no PLC/30 na 25ª hora (furo de Daniel Rittner no Valor de 13/09, p. A7). Os deputados não sabiam o que estavam aprovando! É o que permite entender a existência de outras inconstitucionalidades apontadas na audiência pública com juristas da terça 13/09.

Talvez sejam todas evitadas, se forem aceitas ao menos sete emendas propostas por cinco senadores: Aloysio Nunes Ferreira (PSDB/SP), Ana Rita (PT/ES), Antonio Carlos Valadares (PSB/SE), Randolfe Rodrigues
(PSOL/AP) e Ricardo Ferraço (PMDB/ES). Se, ao contrário, prevalecer a equivocada avaliação favorável de certa parte do Executivo sobre o relatório do senador Luiz Henrique da Silveira (PMDB/SC), é certeza que a matéria exigirá o escrutínio do STF.

Esse relatório é tão desastrado que tenta fazer crer que relações interfederativas evoquem apenas questões de mérito, e não de constitucionalidade. Foi bem merecido o vexame do relator ao ouvir o elegante sabão que lhe passou Nelson Jobim na já referida audiência com juristas.
No tocante ao mérito, o principal é verificar se a atabalhoada votação da Câmara não acabou criando dispositivos que darão novo impulso à devastação, o que inclui a abrangência dos perdões aos que desmataram ilegalmente, com conexa punição aos que preferiram respeitar as regras que poderão ser revogadas ou alteradas.

Coube à promotora de justiça Cristina Godoy de Araújo Freitas, do Ministério Público de São Paulo, oferecer minuciosa demonstração das barbaridades que acabaram sendo introduzidas no PLC/30. Não poderiam ser mais chocantes suas imagens georeferenciadas, que simulam o que poderia ocorrer se as áreas de preservação permanente viessem a ser delimitadas pelos critérios do PLC/30.

Basta um exemplo: na delimitação do que precisa ser protegido em topos de morro, o PLC/30 foi bem inventivo ao escolher como referência "a cota do ponto de sela mais próximo da elevação". O suficiente para liquidar muitas dessas áreas de proteção permanente, ou só deixar ínfimos remanescentes. O que foi ilustrado por um caso no Paraná, onde a proteção cairia de 12.779 para 116 hectares (ha). Por outro no Ceará, de 6.118 para 7 ha. Um, melhorzinho, no Espírito Santo, com queda de 97%: de 1.253 para 34 ha. E assim por diante. Ficaria pelada até a Serra do Guararu, no tradicional balneário paulista do Guarujá, onde restariam menos de 5 ha de floresta, dos quase 500 hoje protegidos.

Não é preciso evocar outras das evidências de insensatez ingenuamente acatadas há 110 dias na Câmara para concluir que só o descortino dos senadores poderá impedir um sério retrocesso para as ambições competitivas do Brasil no século XXI.

Se pudesse faltar terra para produzir, até seriam admissíveis pleitos por menos prudência nas normas de proteção. Mas o país tem a sorte de ser um dos poucos onde ocorre exatamente o inverso. Por maior que venha a ser a expansão horizontal de atividades agro-silvo-pastoris, elas ficarão longe de utilizar os 420 milhões ha disponíveis. Com muito mais razão no caso das lavouras, pois será desnecessário passar dos atuais 60 milhões ha para os 300 milhões ha disponíveis.

O PLC/30 não responde a suposta necessidade objetiva de diluir regras de sustentabilidade para que o setor agropecuário possa crescer.
Exatamente o oposto, se a perspectiva for construir um modelo macroeconômico que transforme tradicionais vantagens comparativas em modernas vantagens competitivas. Produtividade e qualidade valerão muito mais que expansão horizontal.

Os setores mais lúcidos do agronegócio sabem que o conjunto da economia brasileira precisará se tornar intensiva em conhecimento e informação. Não deveriam conciliar, portanto, com as ambições de uma pecuária bovina que ancora sua competitividade na expansão de pastagens extensivas, principal vetor dos desmatamentos.

Em suma, prestará honroso serviço ao desenvolvimento sustentável quem perceber a tempo que o PLC/30 e o relatório Luiz Henrique vão em direção diametralmente oposta à estratégia formulada no plano Brasil Maior. É assustador que essa ficha ainda não tenha caído nos cérebros que conduzem a base governista e alguns ministérios.

José Eli da Veiga, professor da pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP) e do mestrado profissional em sustentabilidade do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ), escreve mensalmente às terças.

Valor  Terça 20/set/11,  p. A13

Santo Antônio e Jirau: os portões da Amazônia se escancaram para a destruição

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Foi muito triste quando aconteceu a primeira vez. Era 2007 e o Ibama concedeu a Licença Prévia (LP) para as duas usinas no rio Madeira – Santo Antônio e Jirau. Chorei como uma criança. Depois de anos de análises para mostrar as inconsistências e lacunas dos estudos ambientais e depois que a equipe técnica do Ibama assinou um parecer que atestava a inviabilidade dos empreendimentos, não fazia sentido emitir a LP. O famoso Parecer Técnico 14/2007, que não recomendava a emissão da LP, deu ao MPF de Rondônia e à sociedade civil esperanças de barrar a ignomínia. Ações Civis Públicas foram ajuizadas, mas a justiça não as apreciou até hoje.


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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Taxa de fecundidade

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 As pessoas que comemoram a redução da taxa de fecundidade parecem viver em outro planeta, por dois motivos: 1) o sistema e as instituições se desesperam toda vez que se depara com um crescimento vegetativo menor em termos percentuais (isso significa que a população não parou de crescer, apenas está crescendo mais devagar e sobre uma base maior, o que em quase todos os casos significa um número de pessoas a mais maior que qualquer momento anterior no passado) – para corrigir a enorme mazela do crescimento menor das populações são inventadas várias maneiras, como pagar para ter filhos (Itália e Alemanha), abandonar a política de um filho apenas (China), importar mulheres para países com desequilíbrios entre homens e mulheres e por aí vai – aqui o maior mito, abraçado também por Malthus, é que para o crescimento populacional humano não há qualquer limite; 2) os cálculos de fluxos, tanto da produção quanto da pessoa, ignoram que os estoques, tanto de produção quanto de pessoas, aumentam sobre uma restrição óbvia demais para ser ignorada, que é o fato dos territórios dos países não aumentarem de tamanho (a restrião menos óbvia mas muito mais preocupante é a ecológico-planetária, posto que o planeta não nos oferece restrição como fornecedor de recursos – sejam eles metais, petróleo, madeira – mas sim irá nos oferecer uma enorme restrição ou colapso como absorvedor das nossas atividades em conflito com os processos naturais dos quais tudo (tudo mesmo) depende para existir.
Hugo Penteado

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Cidades e Soluções - INÉDITO!

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POLUIÇÃO MATA! - Parte 2
Conheça os resultados finais da experiência científica que mediu os impactos da poluição de São Paulo sobre o jornalista André Trigueiro.
Durante seis horas ele foi constantemente monitorado pela equipe de especialistas coordenada pelo Dr. Paulo Saldiva (USP).
Sofisticados aparelhos registraram a pressão arterial, freqüência cardíaca, inalação de poluentes, exposição a ruído, umidade e temperatura.
Os resultados são impressionantes!
Confira a chamada do programa: http://glo.bo/iDGJvY

Cidades e Soluções: Hoje, 11/5 às 23h30 na Globo News

Brazil Debates Easing Curbs on Developing Amazon Forest

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Analisando friamente a matéria, alguns pontos interessantes:
1) A lei é boa, mas como tudo no Brasil, desde lei de S/A e outras coisas, não é respeitado. Um dos argumentos do Aldo Rebelo é que o código florestal, por ter sido universalmente desrespeitado, até por empresas famosérrimas e grandes, coloca quase todo mundo na ilegalidade. A lei é boa, mas ela não é efetiva, alias, Amazônia é terra sem presença do estado de forma dramática (se é que isso realmente mudaria alguma coisa...)
2) Acho engraçado essa baboseira toda de energia limpa, nuclear, carro elétrico, biocombustível, solar e a crença quase infantil que mais produção pode ser feita sem aumentar o desmatamento, mas a posição dos ruralistas é mais coerente com a realidade planetária do que a de muitos ambientalistas: pedem para abrir fronteira agrícola nas florestas (não com as florestas) para produzir mais. Ponto para eles enquanto a oposição vai na direção errada falando de mais bife para todos sem desmatar nada como se isso fosse possível;
3) Isso é o mais assustador, estive na Amazônia três vezes no ano passado e como a velocidade de reprodução da floresta é lenta e depende de pequenas aves, mamíferos, insetos, etc., a fragmentação florestal causada pela miríade de propriedades que se recortam em atividades e reservas e quebram a continuidade, criam bolsões de florestas a caminho da morte lenta, com o desaparecimento de uma biodiversidade crucial que não é possível de ser sustentada por quaisquer fragmentos estudados pelo INPA (vi a pesquisa de perto). Em outras palavras, essa parte é assustadora para quem quer que acredite ser parte de uma espécie animal e sabe que água e alimentos não são obtidos pela ação humana nem gratuitamente, mas sim fruto de uma teia viva e extremamente vulnerável. Por isso, esse alerta dá calafrios: “But despite Brazil’s efforts to slow deforestation, scientists say the Amazon is approaching a tipping point where enough tropical biomass has been lost to cause large areas of the forest to shift irreversibly into savanna or other less biodiverse landscapes”; Climactic changes in the rain forest have begun to alarm researchers. The Amazon suffered its worst two droughts on record last year and in 2005. “There are enough signals out there to not rush into this,” Mr. Lovejoy said. O que Lovejoy não sabe é que os dados de desmatamente são fracos, escondem a realidade e que a floresta está sendo queimada viva pelo primeiro vilão da destruição, que é a especulação imobiliária que vai sendo aberta com pontes, projetos e estradas pois lá, como no Brasil todo, um terreno só vale alguma coisa quando limpo, nada de terra de viúva, onde não tem o homem para carpinar.
Antonio Donato Nobre deu uma palestra no TEDxAmazônia que vale a pena ser assistida. Imagino o quando ele não consegue dormir, com o conhecimento que possui sobre o que está para acontecer conosco a partir do fim da Amazônia.
Enquanto isso no sul maravilha: copa do mundo, SUVs, trem bala, Neymar, morte do Bin Laden...

Hugo


May 11, 2011

Brazil Debates Easing Curbs on Developing Amazon Forest

By ALEXEI BARRIONUEVO
SÃO PAULO, Brazil — Brazil’s Congress fiercely debated changing a cornerstone environmental law on Wednesday night, a move conservationists warned could roll back one of the most effective pieces of legislation protecting forests and biodiversity in Brazil and undermine the country’s efforts to slow greenhouse gas emissions.
The debate pitted powerful agribusiness interests and the government’s own plans for infrastructure projects against scientists and environmentalists concerned that the Brazilian Amazon, one of the world’s largest forests, could be reaching a tipping point in its deforestation.
After announcing an agreement late Wednesday, the government's leader in Congress could not raise a quorum and the vote was pushed to next week.
A group of so-called Ruralistas in Congress, who favor expanding Brazil’s agribusiness, including Representative Aldo Rebelo of the Communist Party, proposed changes to the law that would open up more land for agricultural expansion. Currently the law, known as the Forest Code, requires that 80 percent of a property in the Amazon, and 20 to 35 percent of land in certain other areas, remain forest. The proposed revisions would exempt small farms from those rules, potentially accelerating deforestation, environmentalists said.
“It is a recipe for disaster,” said Thomas E. Lovejoy, of the Heinz Center for Science, Economics and the Environment.
A proposed revision was first submitted to Congress last June that claimed Brazil’s current law, first enacted in 1934, was holding back the country’s economic development.
With some countries scrambling to ensure food security, including China, Brazil stands as the nation with the greatest potential in the world to expand land for cultivation and cattle grazing, agricultural experts say. Despite restrictions in the Forest Code, Brazil has become the world’s largest exporter of beef and second only to the United States in the export of soybeans.
But despite Brazil’s efforts to slow deforestation, scientists say the Amazon is approaching a tipping point where enough tropical biomass has been lost to cause large areas of the forest to shift irreversibly into savanna or other less biodiverse landscapes. Opening up more land to cultivation could reduce rainfall in the Amazon and place vast stretches of the tropical forest at risk of this “dieback,” researchers say. About 18 percent of the Brazilian Amazon has been deforested, according to official figures.
Climactic changes in the rain forest have begun to alarm researchers. The Amazon suffered its worst two droughts on record last year and in 2005. “There are enough signals out there to not rush into this,” Mr. Lovejoy said.
Antonio Nobre, a researcher at Brazil’s National Institute of Space Studies, has complained about the lack of scientific input in the proposed changes to the Forest Code. “If we had more time to debate, we would have an opportunity to construct environmental legislation suitable for the 21st century,” Dr. Nobre said this month.
Some members of the government of President Dilma Rousseff, including her environment minister, have raised questions about the proposed revisions to the law. If it passes the lower house of Congress, it will need to be approved by the Senate. Ms. Rousseff could veto elements of the proposed changes before they become law.

Bolívia: Pare a Destruição da Amazônia

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Em apenas alguns dias, o governo da Bolívia poderá dar o sinal verde para a construção de uma gigantesca estrada ilegal que passará por uma área protegida da floresta amazônica -- mas os bolivianos estão lutando contra isso e nós podemos ajudá-los a ganhar essa causa!

O presidente Evo Morales está ajudando empresas estrangeiras a repartirem a Amazônia -- cortando árvores, explorando minérios e desenvolvendo a agricultura em grande escala no fértil solo da Amazônia. Morales está a ponto de aprovar a construção de uma estrada enorme que iria alimentar ainda mais esse ataque à floresta mais importante do mundo, mesmo tendo que violar suas próprias leis para fazer isso acontecer. Mas agora que as últimas permissões estão sendo avaliadas, as vozes dos cidadãos estão pedindo que o governo busque rotas alternativas para a estrada -- e Morales está começando a sentir a pressão.

Cerca de dois mil indígenas e suas famílias saíram em uma marcha de 600km e estão apelando para que a nossa comunidade se junte a eles. Clique abaixo para assinar a urgente petição para impedir a construção da estrada e envie essa mensagem para todos. Entregaremos a petição junto com nossos amigos indígenas no final da marcha em La Paz e diretamente ao gabinete do presidente.



Assine a petição aqui.

''Usamos em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor''

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IHU On-Line

Andrei Cechin é estudioso do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen (1906-1994), que foi um matemático e economista heterodoxo romeno, cujos trabalhos resultaram no conceito de decrescimento econômico e é considerado como o fundador da bioeconomia (ou economia ecológica).
Para Cechin, “uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir”.
Na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por e-mail, Andrei Cechin explica que “a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos”.
Andrei Cechin participará do Ciclo de Palestras Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades hoje, dia 22 de agosto, falando sobre os limites da economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen. É doutorando em Administração na Universidade de Wageningen, na Holanda, mestre em Ciência Ambiental pelo Programa de Pós Graduação em Ciência Ambiental da Universidade de São Paulo – USP, e economista formado na FEA-USP.
Andrei Cechin é autor do livro A Natureza Como Limite da Economia: A Contribuição De Nicholas Georgescu-Roegen (São Paulo: EDUSP, 2010).
Confira a entrevista.
IHU On-Line – Como definir o conceito de decrescimento econômico em Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A ideia de decrescimento em Georgescu vem como resposta a duas propostas de outros dois precursores da economia ecológica: a “condição estacionária” de Herman Daly, e a “economia do astronauta” de Kenneth Boulding. A condição estacionária é entendida como aquele estado em que a quantidade de recursos da natureza utilizada seria suficiente apenas para manter constantes o capital e a população. Significa obter desenvolvimento sem crescimento material: a escala da economia é mantida constante enquanto ocorrem melhorias qualitativas. Uma economia que dependesse inteiramente da utilização direta da radiação solar, e que reciclasse os materiais dissipados pelo processo industrial (“economia do astronauta” de Boulding) poderia, em tese, operar como um ciclo fechado. Dada a disponibilidade de energia advinda do Sol, não haveria barreira para reciclar os materiais dissipados pelo processo industrial.
No entanto, para Georgescu a “economia do astronauta” está fundada no mito de que todos os minérios passarão à categoria de recursos renováveis. A reciclagem total dos materiais não seria possível na prática. Por isso, a tendência de extração de recursos será necessariamente declinante a partir de determinado momento – por mais remoto que possa estar o início dessa tendência. Isso fará com que a escala da economia seja reduzida. A proposta de condição estacionária de Daly foi considerada igualmente um “mito de salvação ecológica”, pois transmitiria a ideia de que seria possível manter indefinidamente os padrões de vida e de conforto já alcançados nos países abastados e dá a falsa impressão de que o fim do crescimento e a manutenção de um determinado padrão de vida, com capital e população constantes, não implicam pressão nos ecossistemas.
O crescimento não é ambientalmente sustentável
Georgescu foi além da condição estacionária e da economia do astronauta. Dado o caráter inevitável do decrescimento, consequência da limitação material da Terra e dos limites à reciclagem, propõe que esse processo seja voluntariamente iniciado, em vez de vir a ser uma decorrência da escassez de recursos. A ideia é que não bastará parar de crescer, ou mesmo estabilizar o fluxo de recursos naturais que entra na economia. E para ele, nos anos 1970, algumas economias do mundo já deveriam estar pensando na redução desses fluxos.
Mais de trinta anos depois do alerta de Georgescu, a ideia de decrescimento planejado como maneira de evitar o colapso ambiental ganhou alguns adeptos. Segundo essa perspectiva, a sustentabilidade ambiental muito provavelmente não pode ser alcançada com aumento da produção e consumo. O fato é que ficou mais difícil ignorar o seguinte dilema: o crescimento não é ambientalmente sustentável, pelo menos em sua forma atual, por mais que se consiga uma desmaterialização/descarbonização relativa da economia, mas ao mesmo tempo o decrescimento é algo instável, pelo menos sob as condições atuais, pois leva ao aumento do desemprego e a uma espiral de recessão, como mostrou o relatório do governo britânico “Prosperity without growth?”.
Peter Victor no livro Managing without growth: slower by design, not disaster defende a ideia de que os países ricos já têm condições para abandonar o crescimento e, por isso, deveriam fazê-lo de imediato. A mensagem é que seria melhor reduzir o crescimento de forma intencional e projetada fazendo alterações em instituições-chave, como impostos e jornada de trabalho, do que ter de encará-lo por desastre. Talvez seja justamente pela força e pelo choque que causa o termo decrescimento, que um movimento de crítica radical ao economicismo e à ideologia do crescimento vem se apropriando dele e popularizando-o, principalmente na Europa. Quando surgiu esse movimento com um discurso mais ou menos afinado se autodenominando “decrescimentistas”, uma coletânea de artigos de Georgescu já havia sido publicada duas décadas antes com o título em francês La décroissance: entropie, écologie, économie (O decrescimento: entropia, ecologia, economia).
IHU On-Line – Há semelhanças entre esse conceito e o defendido por Serge Latouche?
Andrei Cechin – Serge Latouche (2), principal expoente desse movimento mais recente, insiste que não se trata, pura e simplesmente, de crescimento negativo do PIB. O movimento pretende libertar o imaginário coletivo da esfera do econômico. É um projeto de sociedade baseado numa crítica, principalmente cultural, do estado de coisas. É por isso que Latouche afirma que o lema mais adequado seria “acrescimento”, como em “ateísmo”.
Diferentemente da ênfase dada por Georgescu e pelos que consideram a sociedade do crescimento como algo insustentável, o discurso dos decrescimentistas enfatiza que a sociedade do crescimento não é sequer desejável. Embora as fontes por detrás da ideia e do movimento do decrescimento sejam distintas – uma ecológica e uma cultural –, recentemente há uma espécie de reforço mútuo entre as duas que pode ser visto nos trabalhos das duas edições da conferência internacional sobre “decrescimento econômico para a sustentabilidade ambiental e a equidade social” (www.degrowth.net), na edição especial sobre decrescimento da revista Journal of Cleaner Production (2010, vol 18), e no mais recente livro de Latouche (Pequeno tratado do decrescimento sereno) que dá muito mais ênfase às limitações ecológicas do que em seus trabalhos anteriores.
IHU On-Line – O que podemos entender pelo conceito de bioeconomia ou economia ecológica de Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – A consolidação do que hoje é chamado de economia ecológica deve tributo às contribuições independentes de Kenneth E. Boulding, Nicholas Georgescu-Roegen, Herman E. Daly e Robert U. Ayres e Allen Kneese, na década de 1960, ainda que a expressão economia ecológica não tenha sido usada por eles na época.
Georgescu chegou ao termo bioeconomia ao perceber que seu interesse era entender a sobrevivência da humanidade na Terra, e que isso requer atenção ao apego da espécie humana aos seus instrumentos exossomáticos (que permitem a conversão de energia fora dos corpos biológicos) – peculiaridade que a distingue de outros animais.
O problema ecológico surge com a transferência de parte substancial da conversão energética da humanidade para fora dos corpos humanos e se aprofunda de maneira inaudita com a combustão dos recursos fósseis que aumentou exponencialmente o fluxo de resíduos indesejados. Daí decorre a necessidade de se pensar a economia no seio da biosfera. Como a questão, para Georgescu, não é somente biológica, nem somente econômica, tampouco apenas social ou ambiental, a ciência capaz de dar conta da inter-relação socioeconomia/natureza seria uma “bioeconomia”.
Economia ecológica x economia convencional
Sua visão teve desdobramentos para economia ecológica principalmente através de Herman Daly. A economia ecológica, por maior que seja a pluralidade interior a essa comunidade, está preocupada com os limites biofísicos ao crescimento da produção e do consumo material e com a capacidade de absorção e assimilação dos resíduos pela natureza.
Em princípio, é essa ênfase na questão da escala, do tamanho físico da economia em relação à ecossistêmica que diferencia a economia ecológica. Alguns, como Herman Daly, defendem que, a partir de certo ponto (desconhecido), o crescimento deixa de ser benéfico e passa a comprometer seriamente a possibilidade de que as gerações futuras usufruam qualidade de vida semelhante a da geração atual. Georgescu nunca usou a expressão economia ecológica e não fazia nenhuma militância ambientalista. Mas alguns consideram suas contribuições como a linha demarcatória entre o que pode ser considerado economia ecológica e as vertentes ambientais da economia convencional. Há, contudo, economistas ecológicos que não o consideram um precursor e há quem considere que suas contribuições podem ser absorvidas e modeladas pela economia ambiental neoclássica.
IHU On-Line – Qual a atualidade em nossos dias da tese de inevitável degradação dos recursos naturais em decorrência das atividades humanas, defendida por Georgescu-Roegen?
Andrei Cechin – Comecemos com as evidências. Como mostra a Avaliação Ecossistêmica do Milênio, a humanidade causou alterações sem precedentes nos ecossistemas nas últimas décadas para atender a crescentes demandas por alimentos, água, fibras e energia. Isso tem enfraquecido a capacidade da natureza de prover outros serviços fundamentais, como a purificação do ar e da água e proteção contra catástrofes naturais. A biodiversidade global sofreu uma queda de 30% em menos de quarenta anos, segundo o Índice Planeta Vivo (2010). Apenas de 1998 para cá houve um salto de 35% nas emissões de gases de efeito estufa. E para completar, o indicador mais geral da pressão ecossistêmica das atividades econômicas – a Pegada Ecológica – mostra que em 2007 a sobrecarga imposta pelas atividades humanas foi 50% maior que a capacidade regenerativa do planeta.
Agora vamos à visão de Georgescu. São duas as fontes mais básicas para a reprodução material da humanidade: os estoques terrestres de minerais e energia, que são limitados, e sua taxa de utilização pela humanidade é facultativa. E o fluxo solar cuja fonte é praticamente ilimitada em quantidade total, mas altamente limitada em termos da taxa que chega à Terra. Há ainda outra diferença: os estoques terrestres abastecem a base material para as manufaturas, enquanto o fluxo solar é responsável pela manutenção da vida. A humanidade pode ter total controle sobre a utilização dos estoques terrestres, mas não sobre o fluxo solar. Dessa forma, a taxa de utilização determinará em quanto tempo esses recursos estarão inacessíveis.
A produção de resíduo
Outro aspecto da reprodução material da humanidade é a produção de resíduo, que gera um impacto físico geralmente prejudicial a uma ou outra forma de vida, e direta ou indiretamente à vida humana. Deteriora o ambiente de várias maneiras. Exemplos conhecidos são a poluição por mercúrio e a chuva ácida, o lixo radioativo, e a acumulação de CO2 na atmosfera. Georgescu deu muita atenção aos efeitos do esgotamento dos estoques de energia e materiais, ou seja, dos recursos naturais utilizados no processo produtivo, e menos aos efeitos dos resíduos, como lixo, poluição, resíduos tóxicos, gases de efeito estufa, etc., gerados pelo mesmo processo. E, hoje, talvez a maior preocupação seja com os resíduos da atividade econômica. No entanto, ele reconheceu que a poluição e os resíduos se tornariam um problema anterior ao esgotamento dos recursos devido à sua acumulação e por serem fenômenos visíveis e de superfície. Nesse contexto, o aquecimento causado por atividades humanas tem provado ser um obstáculo maior ao crescimento econômico sem limites do que a finitude de recursos acessíveis, como sugeriu Georgescu. Ora, a utilização dos recursos energéticos e materiais terrestres no processo produtivo e a acumulação dos efeitos prejudiciais dos resíduos no ambiente revelam que a atividade econômica de uma geração tem influência na atividade das gerações futuras. Assim, o que está em jogo é a possibilidade de que estas tenham qualidade de vida igual ou maior que a da atual geração. E este é o cerne do problema ecológico para Georgescu. As pressões sobre os ecossistemas aumentarão ainda mais em uma escala global nas próximas décadas se a atitude e as ações humanas não mudarem radicalmente. Precisamos, porém, entender que somos nós que dependemos dos ecossistemas, e não eles que dependem dos seres humanos.
IHU On-Line – Considerando a crise financeira internacional, em que sentido o pensamento de Georgescu-Roegen pode ser inspirador em relação à crítica que ele fazia a economistas liberais neoclássicos por defenderem o crescimento econômico material sem limites?
Andrei Cechin – O pensamento de Georgescu traz à tona o fato de as economias estarem inseridas nos ecossistemas e a sua dependência em relação aos fluxos de energia e materiais, cuja oferta depende em parte de fatores econômicos (tipos de mercados, os preços) e, em parte de limites físicos e biológicos. E o que isso tem a ver com crise financeira? Tradicionalmente, a economia é analisada em dois níveis. Há o nível financeiro, que pode crescer por empréstimos feitos ao setor privado ou ao Estado. O sistema financeiro empresta na expectativa de que o crescimento econômico indefinido dará os meios para pagar os juros e as dívidas. Então, há o que os economistas descrevem como a economia real, o PIB a preços constantes. Quando cresce, ela de fato permite que se paguem as dívidas .
Alguns economistas ecológicos (como Martinez-Alier e Herman Daly) diagnosticam a crise financeira como sendo devida ao crescimento excessivo de ativos financeiros em relação ao crescimento da riqueza real. Como consequência, o valor da riqueza real atual já não é suficiente para servir como uma garantia para a dívida. Ou seja, na raiz da crise estaria a crescente disjunção entre a economia real da produção e da economia “de papel” de financiamento. A velocidade a que o sistema financeiro se expande estaria totalmente defasada da capacidade de a economia real produtiva gerar riqueza para repagar as dívidas. Isso ocorre, pois a produção é dependente do seu sustento material e energético, onde o ritmo de crescimento é distinto e limitado. Ou seja, segundo uma visão inspirada em Georgescu, existe, abaixo da chamada “economia real” do PIB, a economia material no sentido mais forte.
Suposição otimista dos economistas neoclássicos
Ele forneceu o instrumental para se examinar a suposição otimista dos economistas neoclássicos, segundo a qual a substituição de recursos e as inovações tecnológicas sempre superariam os limites biofísicos e que, portanto, não haveria restrições ao crescimento do PIB. Mas, ao contrário, o crescimento da produção e consumo depende de fluxos de energia e de materiais. A possibilidade de esgotamento dos ativos ambientais, a degradação dos “sumidouros”, como a atmosfera global, e a crescente ocupação do espaço da Terra podem limitar de maneira decisiva a expansão contínua da escala da economia. É importante lembrar que o pioneiro nessa análise da disjunção não foi Georgescu, e sim o Nobel em Química, Frederick Soddy. Em seu livro Wealth, virtual wealth and debt (1926), Soddy argumentou que é fácil para o sistema financeiro aumentar as dívidas (dívidas privadas ou públicas), e confundir essa expansão do crédito com a criação de riqueza real. No entanto, no sistema industrial, o crescimento da produção e do crescimento do consumo implica crescimento na extração e destruição final de combustíveis fósseis, patrimônio acumulado de milhões de anos.
IHU On-Line – Como o senhor entende a ideia de economia sustentável na perspectiva de Georgescu-Roegen? Quais os limites deste pensamento hoje?
Andrei Cechin – No final da vida, Georgescu revelou seu profundo ceticismo quanto ao novíssimo valor “desenvolvimento sustentável”, que já havia ganhado alguma popularidade. Embora para ele estivesse bem claro que desenvolvimento e crescimento são coisas distintas, chegou a considerar o termo desenvolvimento sustentável como um tipo de consolo, útil apenas para desviar a atenção dos verdadeiros problemas, como a diferença existente entre os países ricos e pobres, os problemas da poluição e a futura sobrevivência da espécie humana. A expressão esconderia a falsa ideia de que o crescimento econômico pode ser sustentado indefinidamente, promovendo um otimismo insensato, porém lucrativo. Se economia sustentável, ou economia verde, significar apenas um aumento na participação/crescimento das atividades ou projetos verdes, tais como painéis fotovoltaicos, moinhos eólicos, parques nacionais, pontos de reciclagem de lixo, hortas orgânicas e ecoturismo, sem que se mudem os padrões de produção e consumo insustentáveis, então Georgescu revelaria seu ceticismo quanto a essa promessa. Assim como foi crítico ferrenho da ideia de desmaterialização da economia.
O mito de desmaterialização da economia
Para Georgescu, o mito de desmaterialização absoluta da economia, uma economia que prescinda de matéria ou energia, impede que os economistas pensem em termos de limites e escala. A tecnologia permite que bens e serviços sejam produzidos com menos recursos naturais e menos emissões. Aumentos na eficiência reduzem a quantidade de energia e matéria necessárias para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global. No entanto, esse aumento de eficiência tem se dado a uma taxa menor que a taxa de crescimento da economia, o que faz com que o impacto ambiental global continue a crescer em termos absolutos.
Algumas evidências sugerem essa hipótese. Por exemplo, a quantidade de energia primária necessária para produzir cada unidade de produção econômica mundial caiu mais ou menos continuamente durante a maior parte dos últimos cinquenta anos. A “intensidade energética” global – quantidade de energia necessária para produzir uma unidade de valor monetário do PIB global – é agora 33% menor do que era em 1970. No caso da “intensidade material”, embora esta tenha diminuído 26% de 1980 a 2007, o PIB global aumentou em 120% e a população mundial aumentou em 50% o que resultou em aumento absoluto de 62% na extração global de recursos . Para provar isso, Georgescu provavelmente apontaria o relatório Living Planet de 2010 que revela que a Pegada Ecológica da humanidade mais que duplicou desde 1966. Em 2007, o último ano para o qual se têm dados, a humanidade usava o equivalente a um planeta e meio para suportar suas atividades. Ou seja, estamos usando em um ano o que a natureza demora um ano e meio para recompor. Essa economia é qualquer coisa menos sustentável.
IHU On-Line – Quais as implicações do pensamento de Nicholas Georgescu-Roegen para a ciência econômica de forma geral e para o debate sobre desenvolvimento sustentável nos dias atuais?
Andrei Cechin – A implicação mais direta para a ciência econômica é a de que o processo econômico não pode contrariar as leis da física, entre elas a Lei da Entropia. Por isso, não pode ser mais representado como um digrama circular isolado do ambiente material. Deve ser encarado como um sistema aberto trocando energia e matéria com o ambiente, ou melhor, degradando energia e matéria para manter a própria organização. Como ele é um subsistema, o custo de manter a própria organização é o aumento na entropia, a desorganização do sistema maior no qual está inserido – o ambiente. Entender a economia como um subsistema faz com que se preste atenção ao seu tamanho, à sua escala. Há, num nível mais abstrato, implicações epistemológicas mais gerais da Lei da Entropia para a ciência. Uma delas é o reconhecimento do tempo como algo irreversível. A corrente chamada de neoclássica foi construída com base em modelos da Física pré-entropia, por isso não poderia deixar de estudar os fenômenos socioeconômicos como se fossem totalmente reversíveis, e de considerar irrelevante o estudo da história para a compreensão dos fenômenos econômicos de hoje.
Desenvolvimento sustentável
Quanto ao debate sobre o desenvolvimento sustentável, além de tudo que já foi dito nas respostas anteriores, se desenvolvimento exige necessariamente expansão econômica da produção e do consumo, a expressão “desenvolvimento sustentável” é uma contradição em termos, uma vez que a expansão da escala da economia provoca processos irreversíveis de degradação do mundo físico. Por isso, é preciso que o otimismo contido no ideal de desenvolvimento sustentável, ou de economia verde, seja aliado ao ceticismo da razão. O pensamento de Georgescu traz ceticismo quanto à capacidade de as economias continuarem crescendo sem solapar a base biofísica que permite a reprodução material das sociedades. Seu pensamento significou uma ruptura, uma vez que admitiu que o processo de produção econômica vem necessariamente acompanhado da geração de resíduo e poluição, sejam estes fenômenos locais ou globais, como as mudanças climáticas antropogênicas. Finalmente, uma importante implicação do pensamento de Georgescu para o debate sobre desenvolvimento sustentável é que, no fundo, qualquer tentativa de solucionar o problema da distribuição de recursos naturais entre as gerações depende da postura ética das atuais gerações em relação às gerações que ainda estão por vir.
Notas:
1.– Cf. KALLIS, Giorgos; MARTINEZ-ALIER, Joan; NORGAARD, Richard B. “Paper assets, real debts: An ecological-economic exploration of the global economic crisis”. Critical perspectives on international business, vol. 5, n. 1/2, 2009, p. 14-25.
2.– Serge Latouche estará na Unisinos, para uma série de atividades, dentro da programação do Ciclo Economia de Baixo Carbono. Limites e Possibilidades, promovido pelo Instituto Humanitas Unisinos. Confira a programação clicando aqui.
(IHU On-Line)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Enquete no EPTV sobre rodeio

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Casa, carro e viagem ao estrangeiro

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Nossa sociedade consumista, onde o ter é o seu único contorno, é hoje a maior geradora de problemas psicossociais e ambientais, com um uso de anti-depressivos recorde.  Isso é recente. Nem sempre fomos assim. Para mudar uma sociedade mais voltada para valores humanos, foi tudo culpa nossa: especialistas descobriram  que aquilo que mais nos agrada é a desgraça alheia; aquilo que mais nos incomoda é o sucesso alheio. Muito simples: para vender, basta colocar o produto do lado de alguém feliz e bem sucedido. O carro não é um meio de transporte, é um meio de divisão social.  Quanto  mais as classes C,D,E tem acesso aos carros, mais as classes abastadas divergem para carros maiores e inúteis, enormes, ineficientes, improdutivos, os chamados caminhões utilitários, que segundo estudos têm cinco vezes mais chances de sofrer acidentes fatais que os convencionais. 
O modelo casa, carro e viagem ao estrangeiro que é impulsionado pela vida pública das celebridades  poderia ser considerado exceção, dado que a fantasilândia do Brasil se restringe a poucos. No entanto, a verdade é que todos admiram e anseiam esse modelo, portanto é universal e na primeira possibilidade, embora escassa,as pessoas irão reproduzir exatamente o mesmo modelo perdulário dos mais ricos. Não é à toa que um novo bilionário da China resolveu construir uma réplica do Taj Mahal para morar. É muito difícil ver as classes emergentes questionarem o stablishment. Por isso que a nossa maior desgraça não são os ricos, os políticos e as celebridades; a nossa maior desgraça é nossa admiração por eles. Nem nós nem eles mudamos para o bem do futuro, cada vez menos possível.  A ciência já nos alerta e as consequências planetárias também: jamais conseguiremos disseminar o padrão de consumo dos países ricos para todos, a menos que acreditemos ter à nossa disposição mais planetas Terra. A dura realidade é que só temos um.
As conseqüências desse modelo são graves, algumas mais lentas e outras mais definitivas: será o fim da pegada humana na Terra e o planeta continuará sua viagem pelo universo ainda banhado em sol apenas entregue à vida bacteriana, como alertou aproximadamente quarenta anos atrás Nicholas Georgescu-Roegen, o pai da economia ecológia.  Poucos sabem que a humanidade já provocou a maior extinção da vida dos últimos 65 milhões de anos e que é muita ingenuidade achar que essa extinção jamais irá se voltar contra os causadores, como também alertou o paleontólogo estadunidense Stephen Jay Gould.
Por isso procuro não andar mais de avião na física, a menos quando realmente necessário, seja uma imersão científica ou cultural ou para ajudar ou aprender algo em uma comunidade e sempre, se possível, com a intenção de ser zero carbono; se eu ganhar um bilhão de reais vou continuar morando no meu apartamento de 100 metros quadrados; sou ciclista urbano; não como mais carne, mas claro tenho meus pecados planetários, não fosse isso meu consumo pessoal se disseminado a todos não seria de 1,2 planeta, segundo cálculo no site do Ecological Footprint.  Enquanto o sistema não for possível para todos em termos de planeta, espaço físico e sustentação ecológica, o máximo que iremos obter é um colapso e negá-lo é inútil: está cada vez mais evidente nosso destino como espécie animal.  A atitude é muito mais importante que as palavras. Atualmente só temos palavras e nenhuma atitude, por isso a mudança também é zero. Continuamos céleres em direção ao precipício com nossas cidades que fedem a fumaça, esgotos e poluição. Como mudar isso, se as pessoas não só não sentem a necessidade de mudança como são impelidas a reproduzir nas suas vidas o mesmo modelo de produção e consumo que deu errado em todos os lugares onde foi implementado?

Hugo Penteado

Colaboradores