segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Hora Final: Martin Rees

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Em 'Hora final', Martin Rees apresenta uma perspectiva alarmante do destino da humanidade. Segundo ele, a chance que tem de sobreviver ao século XXI não passa de 50%. O risco vem dos próprios avanços científicos e tecnológicos, postos como indispensáveis ao desenvolvimento do homem - a nanotecnologia, a engenharia genética e a tecnologia de comunicação, por exemplo. Nesta obra, Rees pretende mostrar aos cientistas e à sociedade a imensa responsabilidade que recai sobre todos e como é possível evitar os desastres ambientais.

O autor não me parece ser um maluco fundamentalista:
Martin John Rees, o barão Rees de Ludlow é um cosmologista e astrofísico britânico. Foi o presidente da Royal Society entre 2005 e 2010. Mestre (diretor eleito pelo corpo de Fellows e responsável pela administração do colégio) do Trinity College, Cambridge, desde 2004. Professor de cosmologia e astrofísica da Universidade de Cambridge e professor visitante da Universidade de Leicester e do Imperial College London. Foi promovido a Astrônomo Real Britânico em 1995 e foi designado para a Câmara dos Lordes em 2005 como membro independente.


Os cientistas avisam que bilhões, vários bilhões de seres humanos, irão perecer e levar consigo outros tantos bilhões de seres vivos. Provável não ter mais saída. A razão para essa crença é que fazemos parte de uma teia interligada, somos totalmente dependentes dela e nós já a destruímos de forma irreversível em vários itens, polinização, água, solo fértil, clima e sequer cogitamos parar de destruir. E muitos se enganam sobre a forma para pararmos. Para piorar, a maior parte das pessoas – os comuns – está completamente inconsciente sobre o que está por vir. Já a classe dirigente, a superclass, temos duas categorias: os que sabem e fingem não saber e os que não sabem ou escamoteiam as ameaças com soluções tecnológicas impossíveis de se concretizar. Enfim, ainda somos regidos pela ganância, individualismo e ignorância sobre os elos vitais que nos trouxeram até aqui. Teríamos que mudar para solidariedade, coletividade e conhecimento imediatamente e em escala universal para conseguirmos nos adaptar às mudanças inevitáveis que vem pela frente. Isso está fora de questão. As pessoas ainda são muito cruas e incompletas para tal mudança. Não consigo festejar nem com os seminários que parecem raves e reúnem bacharéis em torno da sustentabilidade, porque só se fala muito sobre isso, mas sem nada concreto, muito menos uma mudança profunda e reversão total de valores dos que falam. Na verdade, continuamos com o pé no acelerador em direção ao precipício. Os principais projetos pelo mundo afora ainda são megaconstruções, crescimento populacional contínuo, obesidade e falta de saúde alarmantes, erradicação da pobreza através de disseminação do consumismo para todos com a indústria cuspindo estruturas insustentáveis como carros, aviões, armas, etc. a cada segundo. Todos agem como se o território do planeta fosse inesgotável para essa materialização contínua e o projeto econômico e político é sempre o mesmo, só que a cada vez maior velocidade. Não tem jeito. Nós iremos continuar nosso aprendizado de forma intangível, em outras dimensões, onde até ali poucos de nós irão se encontrar. Rezo para depois achar o sentido disso tudo, dessa perda de consciência de coletividade tão profunda que está por trás da nossa extinção iminente e do fim da vida nesse planeta. O que mais assusta é ver o risco de fim da água e da comida, dois itens sem os quais não teremos nada e dois itens que nada contribuímos para existirem.

8 comentários:

Unknown disse...

O que fazer para obter maior conscientização e adesão a essas previsões? Como divulgar a simplicidade voluntária a uma quantidade maior de pessoas? Como evidenciar a rota de colisão em que nos encontramos, de forma aceitável pelas massas?
Será que a solução começa em cada um, fazendo suas mudanças internamente e vivendo de forma inovadora? Temos tempo para proceder desse modo?

Unknown disse...

Caríssimos, concordo totalmente que a sustentabilidade é uma questão de solidariedade - e de espiritualidade acima de tudo. Recente artigo em meu blog Sustentabilidade do Serexplora um pouco do assunto:
http://sustentabilidadedoser.blogspot.com/2010/12/por-uma-vida-que-valha-pena-ser-vivida.html

Clarissa
clarissarmedeiros@gmail.com

Hugo Penteado disse...

Chico, nas palestras vejo uma adesão enorme de muitas pessoas, mas ainda falta massa crítica. Meu maior problema é ver tanta gente interessada nesse tema mas desconectada. Quando vamos ter um linkedin de sustentabilidade para reunir todos os de boa vontade, de bom saber? A natureza, até seu limite, é muito generosa com o ser humano e normaliza ao máximo nossos impactos, até o ponto de ruptura ou o ponto de não retorno. O que vai acontecer com a natureza e seus serviços não é uma mudança linear, mas descontínua, e esse é o maior problema para mobilizar as pessoas, porque por agora a sensação de normalidade prepondera. As ciências são hoje verdadeiras Cassandras amaldiçoadas por Apolo: capazes de prever o futuro, mas ninguém acredita, por desinteresse, ganância, individualismo. Já os economistas são cassandras às avessas, porque não são capazes de prever o futuro, mas todo mundo acredita neles, por desinteresse, ganância, individualismo. Ano passado saiu um texto (posso resgatar) que mostra que as mudanças de hábitos individuais podem corrigir apenas 10% do problema, já as mudanças do sistema econômico, industrial, corporativo, ficam com os restantes 90% do problema. Ou seja, isso significa que podemos interferir pouco no problema se os quase 7 bilhões mudarem seus hábitos. Não temos muito tempo e não podemos nos ausentar de uma pressão política ingente para mudar a visão dos poucos que toma decisões por todos nós nesse mundo. Os 20% de votantes na Marina, se não foi voto de protesto mas de consciência, é um excelente sinal de mudança das vertentes políticas que podem e devem ser abraçadas por qualquer um, não somente por ela. Abraço Hugo

Hugo Penteado disse...

Clarissa, o grupo de estudo do MIT que publicou o livro LIMITS TO GROWTH que foi renegado pelos economistas, assim como os textos visionários de Roegen do final dos anos 60 e 70, terminam com mudança geral de valores, amor, crise espiritual como explicação básica do que estamos fazendo na Terra. No Natal de 2009, uma amiga dos Estados Unidos tomou a palavra para fazer um agradecimento muito simples: "Gostaria de agradecer aos bichos e as plantas por mais essa refeição." A água que bebemos diariamente só existe porque existem os bichos e as plantas e todo o resto. A desconexão é uma falha da nossa espiritualidade e o seu resultado é isso que vemos. O caminho inverso é o que mostra seu artigo. Abraço Hugo

Límerson disse...

Hoje assisti à sua palestra na Cpfl exibida pela Tv Cultura. Pela segunda vez, pois creio ter assistido quando foi transmitida no ano passado. Infelizmente, não consigo acessar a versão integral, talvez pela segunda vez. Desses dois anos passados, postagem e comentários, fico com uma pergunta comum, necessitada de respostas individuais: como fazer dessa conexão uma experiência de conhecimento e amadurecimento dentro de um processo maior e livre, ou talvez imune, ou talvez algo mais simples que um novo objeto de extração, produção, consumo e descarte?

Anne Luka disse...

Ontem assisti uma palestra sua na tv Cultura... Uma coisa que me deixou muito impressionada assim que liguei no canal é que você disse uma coisa que justamente estava martelando na minha cabeça a semana toda... O problema entre o modelo socioeconomico atual e a sustentabilidade... Eu faço faculdade de gestão empresarial e no ano passado cursei a matéria Economia... Infelizmente meu professor não sabia falar em outra coisa senão crescimento econômico a qualquer custo (ok... a realidade não foi tão dura assim... mas que ele nem tocou no tema sustentabilidade, ele não tocou)... Enfim... Para mim o problema maior não está em simplesmente reverter um processo que prejudica o meio ambiente... O maior problema é reverter este processo na cabeça das pessoas... E ISSO é muito complexo! Não estou falando apenas na massa, mas em toda uma sociedade que se acostumou em ser capitalista, se acostumou em ter um bichinho econômico um pouco mais desenvolvido preocupado em como conseguir os recursos(mas que continua sem prestar atenção para onde vão seus resíduos). Isso é alarmante... Para mim, são falhas que tropeçam em falhas e tornam a tropeçam em outras falhas... Sinceramente, vejo a educação como um fator importante que tem sido constantemente deixado de lado, seja pelo governo ou pelos jovens que se desmotivaram cada vez mais... É certo que a cultura da preservação ambiental não pode nascer sozinha como um passe de mágica... Não, isso não acontece tão fácil assim... Quem derruba árvores na Amazônia hoje, foi ensinado que a natureza é cíclica e infinita, e essa idéia não é inata. Os super-poderosos do mundo dos negócios exploram seus trabalhadores e nosso sistema natural, não apenas por ganância, mas por que foram ensinados a pensar deste jeito.
Este é um assunto que me interessa bastante... (cont)

Anne Luka disse...

Oi Hugo... Minha resposta a esta questão estava, segundo Google Chrome, muito grande para ser publicada... Então coloquei-a em meu blog www.anneluisebr.com.br ... Se tiver interesse por favor passe por la.

'Achei' você e suas idéias em uma palestra ontem na TV cultura, e agradeço imensamente por você ter esclarecido muitas das minhas idéias.

Marianne
lulusbessa@hotmail.com

Gustavo disse...

Olá pessoal do blog, assisti programa invenção do contemporâneo e fiquei muito feliz pelo tema abordado de sustentabilidade. Confesso que no começo eu fiquei meio cético: "Mas o Hugo Penteado é economista e está falando de meio ambiente, como assim???", mas fui convencido pelo seu conhecimento ao longo do programa.

Pensando bem agora, tenho amigos que são engenheiros ambientais e tem uma visão muito, muito restrita e limitada do mundo - o profissional que diminui o impacto de uma indústria no meio ambiente, mas na sua vida pessoal não se importa com o tema.

Falando sobre isso e dividindo a minha experiência de viver em um apartamento em uma cidade grande, algo que me ajudou muito, muito mesmo a expandir essa visão de mundo interdependente foi começar a cultivar plantas e flores em casa, isso coincidiu com a época que eu adotei uma cachorrinha. Tendo a oportunidade de trazer um "pedaço" da natureza pra dentro de casa faz com que a gente observe (e não só saiba ou tenha idéia de...) o funcionamento e as necessidades desse microcosmo e consiga extrapolar isso para o meio ambiente.

Pensando de forma idealista, to começando a achar que para sensibilizar o mundo inteiro para a preservação da Terra, seria necessário usar a economia em favor do meio ambiente e começar a sobretaxar pesadamente qualquer exploração e utilização dos recursos naturais... qual outra maneira???

Gustavo

gustavofujimura@gmail.com

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