terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cartas

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Carta de Lolita para Hugo

"não... eu nao vou morrer... eu nunca morri, nao vai ser agora!!"
(H.Penteado)
* * * * *

- os ecossistemas estao ameaçados, ha cada vez mais especies em extinção
- o clima está por um fio (quando o permafrost se for o ritmo do derretimento dos polos vai disparar exponencialmente)
-  sistema financeiro ja colapsou, mas esse titanic leva tempo pra acabar de afundar
- os governos nao se sustentam
- a producao industrial está para colapsar porque logo logo precisarmos gastar mais petroleo
para extrair petroleo, que o petroleo extraido
(e a prod. em massa de alimentos tb, porque o agribizness é inteiramente dependente de petroleo) e
- todos os sistemas de informacao dos governos, servicos sociais, justiça, bancos, industrias
estao sendo atacados - mas os governos nao podem admitir

veja isto - 


sobre como os hackers estao hoje em todo o  mundo comandando uma guerra (que nao vai para a midia)
contra os poderes estabelecidos, só que nao para consstituir um poder mais justo, simplesmente para quebrar 
o antigo sem ter nada melhor para por no lugar...

o colapso nao vai mandar avisar 
nao vai ter avisos, (fora esses).

-- 
Lolita __/\__


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Carta de Hugo para Lolita

Sim, a situação é no mínimo assustadora, para quem não foi lobotomizado pelo sistema.  Somos como os cíclopes, amaldiçoados pela previsão apenas da sua própria morte.  Ou como a Cassandra, que não quis se deitar novamente com Apolo (quem diria, um deus tão fescenino...) e ele que a tinha dotado de prever o futuro, fez com que ninguém acreditasse nela (na verdade, sempre brinco que os economistas são cassandras às avessas: não somos capazes de prever o futuro, mas todo mundo acredita na gente...).  Quando troco economia ciência autista por história me torno um muito melhor economista.

Será que ao invés de prever, não é hora de construir o futuro? Como escreveu sabiamente Erwin Laszlos: "O futuro não foi feito para ser criado, mas para ser construído."

Essa frase "não...eu não vou morrer..." fui eu?  Estranho, porque tive um sonho na montanha na virada do ano em que alguém desconhecido me disse que eu não ia durar muito. Fiquei sem medo. O sem medo ou é porque não acreditei no aviso ou porque não tenho medo algum de morrer. Não tem como eu saber. Fernando Pessôa estava claro ao dizer: "Our soul from us is infinitely far." 

Gosto de enigmas. Talvez tal sonho seja só o sinal de uma mudança brusca, não necessariamente morte significa morte, mas mudança. O sistema terá que morrer, para nascer outro. Nada fácil.  O meu mais profundo desejo é que fosse fácil. A mudança é inevitável.  Enquanto meditava muitos anos atrás na montanha, seguido de um sono profundo, sonhei e desci uma trilha no meio da floresta, onde passava por uma fileira de mulheres nos seus 60 anos, de todos os tons de pele com cabelos soltos ao vento ensolarado e vestidos muito brancos.  Elas todas sorridentes e no meio da descida, uma delas virou o rosto para mim e disse: "Agora é o tempo dos bons."  Acordei naquele instante e nunca esqueci esse sonho.

Gosto da frase da Emily Brönté: "Quem viveu uma vida, jamais morrerá." Autora do "Morro dos Ventos Uivantes" da época que eu lia esses livros pois minha mãe sempre nos avisou que a TV embrutece o espírito...  Hoje só leio notícias do mercado financeiro cada vez mais afundado.

Lolita, você tem razão. A crise que começou em 2008 é a crise final desse sistema.

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