quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Indicação de livro

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Assim como o Ted Trainer foi uma indicação do Carlos Eduardo Lessa Brandão, segue mais uma outra indicação dele valiosíssima.  Para os que abraçam sem pensar energia nuclear, energia limpa e tecnologia, ambos os autores - Ted Trainer e Huesemann jogam um banho de água gelada como o Ártico e com argumentos tão irrefutáveis quanto os do principal destruidor de mitos que todos conhecemos, o pai da Economia Ecológica, Nicholas Georgescu-Roegen.  Desde a época de Roegen, acho que ele nunca imaginou que fôssemos capazes de gerar quantidade quase infinita de mitos para continuar na mesma rota suicida pela qual ainda deixaremos a Terra ainda banhada em sol apenas à vida bacteriana, contra a qual sequer fazemos mossa...



Techno-Fix: Why Technology Won't Save Us Or the Environment

Techno-Fix: Why Technology Won't Save Us Or the Environment
Michael Huesemann, Joyce Huesemann

Book Description

Publication Date: October 4, 2011 | ISBN-10: 0865717044 | ISBN-13: 978-0865717046 | Edition: Original

Techno-Fix questions a primary paradigm of our age: that advanced technology will extricate us from an ever increasing load of social, environmental, and economic ills. Techno-Fix shows why negative unintended consequences of science and technology are inherently unavoidable and unpredictable, why counter-technologies, techno-fixes, and efficiency improvements do not offer lasting solutions, and why modern technology, in the presence of continued economic growth, does not promote sustainability but instead hastens collapse.

The authors explore the reasons for the uncritical acceptance of new technologies; show that technological optimism is based on ignorance and that increasing consumerism and materialism, which have been facilitated by science and technology, have failed to increase happiness. The common belief that technological change is inevitable is questioned, the myth of the value-neutrality of technology is exposed and the ethics of the technological imperative: "what can be done should be done" is challenged. Techno-Fix asserts that science and technology, as currently practiced, cannot solve the many serious problems we face and that a paradigm shift is needed to reorient science and technology in a more socially responsible and environmentally sustainable direction.

The authors of Techno-Fix are inside observers of the technological scene.  Educated and experienced in science and engineering, the authors deliver a highly readable, insightful and powerful critique of modern technology.

The readers of Techno-Fix will learn a number of inconvenient truths about science and technology, topics that are rarely, if ever, covered in the media or discussed among professionals. Readers will be challenged to re-examine their current worldview, their paradigms and assumptions about the so-called promises of modern technology. But they will also feel empowered and inspired by the fact that most problems confronting humanity have inherently simple, low-tech solutions. 

Who should read Techno-Fix? Anyone concerned about the effects of technology on society and the environment; anyone teaching or studying science, engineering, medicine, or related disciplines; anyone intending to create a better future.

Techno-Fix has been endorsed by Richard Heinberg, Bill McKibben, David Suzuki, William Rees, and many other important figures in the environmental and academic community.


Review

Technology has become our near-universal object of faith…but it is people who must provide the answers.  This book should be read and discussed in every home, school, and legislature.
Richard Heinberg, Senior Fellow at the Post Carbon Institute, author, The End of Growth.

Technology alone won't be our salvation. This book explains why. –
Bill McKibben, Schumann Distinguished Scholar at Middlebury College, author, Eaarth: Making a Life on a Tough New Planet.

Possibly the best myth-busting book the environmental movement has ever seen.
William Rees, Professor, University of British Columbia, author, Our Ecological Footprint.

Science and technology have advanced impressively and have promised much over the past century, but as this book shows, it is suicidal to put our hopes in such promises.
David Suzuki, Professor emeritus, University of British Columbia, host, The Nature of Things, author of 43 books.

Techno-fix shows how unsustainable and destructive technologies, shaped and driven by the profit motive, have emerged as a major cause of harm to people and the earth. We need to go beyond a blind techno-religion and this book shows us how.
Vandana Shiva, New Delhi based environmental and anti-globalization activist, philosopher, author of 20 books.

This book is outstanding, the most thorough, clear, systematic refutation that I've seen of the absurd idea that new technology will be our savior from advancing ecological breakdown - A must-read for anyone seeking realistic pathways forward.
Jerry Mander, Founder, International Forum on Globalization.

Salvation by technological advance and unlimited growth is the blind dogma of our age. The Huesemanns provide a devastatingly cogent and well-referenced critique of this modern Gnosticism, as well some good alternative ideas. Highly recommended!
Herman Daly, Former World Bank Senior Economist, author, Steady-State Economics, and Ecological Economics.

Techno-Fix deals with a wide range of issues at the core of the sustainability crisis, showing that these problems are not going to be solved by technical advances which leave the fundamental structures and values of rampant consumer society in place...Techno-Fix goes beyond technical issues to consider the social, economic and philosophical dimensions of our predicament.
Ted Trainer University of New South Wales

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Cartas

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Carta de Lolita para Hugo

"não... eu nao vou morrer... eu nunca morri, nao vai ser agora!!"
(H.Penteado)
* * * * *

- os ecossistemas estao ameaçados, ha cada vez mais especies em extinção
- o clima está por um fio (quando o permafrost se for o ritmo do derretimento dos polos vai disparar exponencialmente)
-  sistema financeiro ja colapsou, mas esse titanic leva tempo pra acabar de afundar
- os governos nao se sustentam
- a producao industrial está para colapsar porque logo logo precisarmos gastar mais petroleo
para extrair petroleo, que o petroleo extraido
(e a prod. em massa de alimentos tb, porque o agribizness é inteiramente dependente de petroleo) e
- todos os sistemas de informacao dos governos, servicos sociais, justiça, bancos, industrias
estao sendo atacados - mas os governos nao podem admitir

veja isto - 


sobre como os hackers estao hoje em todo o  mundo comandando uma guerra (que nao vai para a midia)
contra os poderes estabelecidos, só que nao para consstituir um poder mais justo, simplesmente para quebrar 
o antigo sem ter nada melhor para por no lugar...

o colapso nao vai mandar avisar 
nao vai ter avisos, (fora esses).

-- 
Lolita __/\__


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Carta de Hugo para Lolita

Sim, a situação é no mínimo assustadora, para quem não foi lobotomizado pelo sistema.  Somos como os cíclopes, amaldiçoados pela previsão apenas da sua própria morte.  Ou como a Cassandra, que não quis se deitar novamente com Apolo (quem diria, um deus tão fescenino...) e ele que a tinha dotado de prever o futuro, fez com que ninguém acreditasse nela (na verdade, sempre brinco que os economistas são cassandras às avessas: não somos capazes de prever o futuro, mas todo mundo acredita na gente...).  Quando troco economia ciência autista por história me torno um muito melhor economista.

Será que ao invés de prever, não é hora de construir o futuro? Como escreveu sabiamente Erwin Laszlos: "O futuro não foi feito para ser criado, mas para ser construído."

Essa frase "não...eu não vou morrer..." fui eu?  Estranho, porque tive um sonho na montanha na virada do ano em que alguém desconhecido me disse que eu não ia durar muito. Fiquei sem medo. O sem medo ou é porque não acreditei no aviso ou porque não tenho medo algum de morrer. Não tem como eu saber. Fernando Pessôa estava claro ao dizer: "Our soul from us is infinitely far." 

Gosto de enigmas. Talvez tal sonho seja só o sinal de uma mudança brusca, não necessariamente morte significa morte, mas mudança. O sistema terá que morrer, para nascer outro. Nada fácil.  O meu mais profundo desejo é que fosse fácil. A mudança é inevitável.  Enquanto meditava muitos anos atrás na montanha, seguido de um sono profundo, sonhei e desci uma trilha no meio da floresta, onde passava por uma fileira de mulheres nos seus 60 anos, de todos os tons de pele com cabelos soltos ao vento ensolarado e vestidos muito brancos.  Elas todas sorridentes e no meio da descida, uma delas virou o rosto para mim e disse: "Agora é o tempo dos bons."  Acordei naquele instante e nunca esqueci esse sonho.

Gosto da frase da Emily Brönté: "Quem viveu uma vida, jamais morrerá." Autora do "Morro dos Ventos Uivantes" da época que eu lia esses livros pois minha mãe sempre nos avisou que a TV embrutece o espírito...  Hoje só leio notícias do mercado financeiro cada vez mais afundado.

Lolita, você tem razão. A crise que começou em 2008 é a crise final desse sistema.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Ameaças ambientais

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Não se pode confundir terras produtivas, terras voltadas para a especulação (mesmo travestidas de pastagens) e sítios de recreio da classe alta
Para suceder o Código Florestal em vigor, o substitutivo do Senado ficou bem menos marrom do que o projeto da Câmara. Mas ambos contêm ao menos três desatinos que, se passarem, causarão sérios estragos socioeconômicos e políticos, além dos ambientais.
Primeiro, tratam duas realidades opostas como farinha do mesmo saco. Uma coisa é a consolidação de atividades produtivas em áreas rurais sensíveis, graças ao árduo e cuidadoso trabalho de abnegados agricultores. Outra são terras travestidas de pastagens para a especulação fundiária, responsáveis por 80% do rombo nas áreas de preservação permanente: 44 milhões dos faltantes 55 milhões de hectares.
Trata-se de um imenso estoque imobiliário em busca de dividendo, que pouco tem a ver com produção. Os felizardos serão os senhores desses domínios, não os agricultores.
Projeto e substitutivo também relaxam as exigências de conservação ambiental para todos os imóveis rurais com área de até quatro módulos fiscais, surfando na generalizada confusão entre imóveis e estabelecimentos.
"Imóvel rural" é propriedade ou posse fora de perímetro urbano. "Estabelecimento agrícola" é empreendimento. Nem toda propriedade imobiliária abriga negócio produtivo. Chega a 56 milhões de hectares o hiato entre a área ocupada por imóveis rurais de até quatro módulos fiscais e a área dos estabelecimentos agrícolas familiares.
A diferença também está relacionada com a especulação fundiária, nesse caso no mercado de sítios e chácaras de recreio, turbinado pela demanda de emergentes urbanos.
A solidariedade à agricultura familiar é uma bela cobertura para contemplar privilegiados para o andar de cima, com desobrigações de práticas conservacionistas.
Além desse dote de 100 milhões de hectares para a especulação, os projetos oferecem um grave retrocesso político e institucional. A lei atual amadureceu durante 15 anos de deliberações democráticas.
A mensagem que Dutra encaminhou ao Congresso no primeiro dia útil de 1950 só resultou no "Novo Código Florestal" em setembro de 1965. Na época, vivia-se a conjuntura que Elio Gaspari tão bem caracterizou como "ditadura envergonhada": antes do Ato Institucional nº 2, que dissolveu os partidos, tornou indireta a escolha do presidente e transferiu para a Justiça Militar o julgamento de crimes políticos.
Todavia, desmatamentos em áreas que deveriam ser de preservação permanente foram insidiosamente promovidos ao longo dos 27 anos seguintes.
Isso aconteceu não apenas nos dois decênios de ditadura "escancarada", "encurralada" e "derrotada" (1965-1985), mas também no tragicômico setenado de Sarney e Collor (1985-1992).
Só dez anos depois surtiram efeito as salvaguardas do artigo 225 da Constituição de 1988, com a aprovação da Lei de Crimes Ambientais, esmiuçada pelo Congresso entre 1992 e 1998.
Como consequência dessa catástrofe legal, é justo anistiar os produtores que até 1998 descumpriram a lei por terem sido oficialmente empurrados a suprimir vegetação nativa de áreas sensíveis.
O corolário, contudo, nada tem de anistia. Perdão a desmatamento feito sem licença a partir de 1999 constituiria um torpe indulto a circunstanciado crime ambiental.
É preciso torcer para que o Congresso dissipe ao menos essa tripla ameaça dos oportunistas, evitando assim emparedar a presidenta e desmoralizar, no limiar da Rio+20, o compromisso do Brasil com o desenvolvimento sustentável.

JOSÉ ELI DA VEIGA, 63, é professor dos programas de pós-graduação do Instituto de Relações Internacionais da USP (IRI/USP) e do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ)

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